Capítulo 5 | Quem faz as perguntas?
Covil do Alfa - Morretes/PR - 20/03/20, 23:36 - Corte Sul
Rosalie Armstrong
- De qual corte? – Perguntou o alfa. Rosie deu de ombros.
- Nenhuma.
- O que quer comigo? – Malakai murmurou outra indagação, a encarando firme através dos olhos cinzentos. Rosie inspirou fundo, e com o último resquício de confiança que tinha, inventou:
- Estava prestes a acampar... Na verdade, eu que deveria perguntar, não? Você quem me seguiu e sequestrou.
- Você está no meu território. – Ele disse. Porém, como se houvesse outra pessoa na caverna, os olhos dele escorregaram para a direita, resmungando entredentes - Cala a boca.
Rosie procurou no arredores qualquer vestígio de companhia. Mas nada. Ou Malakai era louco, o que não a surpreenderia...ou tinha um dom raro, há muito tempo desaparecido.
- Quem está com você? – Rosie tentou a pergunta novamente. O lobo apontou outra adaga na direção dela.
- Sou eu quem faço as perguntas.
- Tudo bem. – ergueu as mãos presas em um sinal de rendição falso. – Mas... aqui é território da Corte Sul. – Rosie levantou os olhos em desafio: - Os Ivanov lhe deram esse pedaço de terra ou você está roubando?
- Nenhum dos dois. – ele resmungou a contragosto.
Rosie enrugou o nariz, infeliz por não conseguir tirar nada dele. Malakai suspirou e devolveu outra pergunta:
– Por que ia se matar?
- E por que não me deixou morrer? – rebateu.
O alfa balançou os cabelos molhados, impaciente. Algumas gotículas de água se espalharam pelo ambiente, e desceram-lhe pelo corpo musculoso em direção ao peitoral.
- Ainda quero saber o que veio fazer aqui. – ele disse, se levantando e indo até ela. Rosie prendeu o ar quando ele se agachou a sua frente, fazendo uma corrente de calor a envolver. – E essa história mole não me convence. Se queria mentir pra mim, devia ter inventado um enredo melhor...com um cheiro decente.
As narinas dele se dilataram, a farejando. Rosie olhou para si mesma, não acreditando que todo o esforço de se embrenhar às camas de parceiros humanos não surtira nenhum efeito. Mas então, a pergunta faiscou na mente dela.
- Se não sentiu cheiro de vampiro, como me identificou como uma?
- Não está cheirando a vampiros. Está cheirando a outra coisa.
- O quê?
Os olhos dele se cravaram nos dela novamente, conectando-a com aquela sensação estranha de antes. Rosie queria uma resposta, mas o alfa nada fez senão levantar-se e caminhar para a fogueira novamente.
- Me conte a verdade, Rosalie.
Ela estava ponderando quando notou as costas nuas dele, onde duas tatuagens tribais estavam estampadas na pele morena. Já as tinha visto antes, não? Mas onde?
- Não sei se vai gostar da verdade, Malakai.
- Deixe que eu avalio isso.
Rosie suspirou, e finalmente disse:
- Estou aqui para te matar ou quem sabe, para conseguir uma morte misericordiosa... – admitiu, o fazendo olhá-la sob os ombros. Uma das sobrancelhas dele se ergueu, numa sutil diversão.
- Não pode me matar. Mas quanto à outra opção, por que eu a mataria?
- Porque é um lobo. – respondeu, como se fosse uma charada óbvia.
- Sou um lobo, Rosalie. Não um vampiro. – a alfinetou. – Não mato por diversão, mas por necessidade ou consequência.
Rosie estava perplexa com aquela resposta. Malakai achava que, como meia vampira, ela queria matá-lo por diversão? Além do mais, não se lembrava de sua raça ser tão violenta assim. Claro, tinham muitas guerras e às vezes "brincavam" com humanos, mas não eram assassinos.
Bem...nem todos.
- Acha que estou aqui por diversão?
- E por que mais seria senão pode me matar? – ele devolveu outra pergunta, ainda de costas. Rosie ignorou, rebatendo:
- Se não vai me matar, por que não me deixou morrer? – Ela repetiu a indagação feita antes, apesar de que talvez não morresse. O alfa parou de atiçar o fogo com um graveto.
- Porque tinha desistido de tentar.
Era bom que ele pensasse assim.
- Não tenho mais pelo o quê viver... – resmungou, dando de ombros e encostando a cabeça na parede pedregosa. A meia verdade não o permitiu detectar a mentira.
- Sempre há.
- Por que então você vive, Malakai? – Rosie indagou, ajeitando as correntes que lhe machucavam os pulsos. Sua pele humana vibrava devido ao frio cortante. – Por que está se escondendo quando é um alfa dos alfas?
Houve um grunhido, mas nenhum retorno.
Ela queria saber o que Ravi diria sobre a conversa estranha que estava tendo com o alfa. Acreditaria o amigo que Malakai era tão bonzinho, apesar de irradiar periculosidade a cada respiração e movimento?
Fazia mais de um mês que o perseguia, e bem... ainda que soubesse todos os passos dele, não sabia nada sobre ele. Sua capacidade de reconhecimento nunca fora tão infrutífera.
Mas pera lá! Tente estudar alguém que passa metade dos dias correndo feito um louco e a outra metade comendo igual dez mendigos em inanição.
Deu de ombros.
A conclusão dela era que Malakai era alguém que gastava e consumia muita energia.
E agora que estava ali, a menos de um metro de distância dele, as coisas não eram diferentes. Rosie tinha adicionado três características às informações essenciais do alfa: sereno, atlético e...quente.
Malakai estava de costas, algo que muitos inimigos – por mais fortes que fossem – não faziam. Os músculos dele pareciam talhados à mão, e aquelas tatuagens... Os olhos dela analisaram a criatura com rabo de peixe, cabeça de pássaro e corpo de homem. Já no ombro esquerdo, uma grande espiral circulava, tendo uma tartaruga ao meio.
- Ficar me observando não vai lhe fazer descobrir nada, Rosalie.
Rosie foi acordada de sua análise, sentindo um calafrio lhe percorrer o corpo. Lá fora devia fazer menos de dez graus, no mínimo. E ela estava ensopada, com fome e fraca, numa caverna medieval úmida que cheirava a cachorro molhado.
Ótimo.
Suas provisões de sobrevivência decaiam a segundo naquele martírio, e a fogueira do alfa não estava ajudando. Ela tinha de ficar mais perto do fogo, porém se não pudesse, talvez ele pudesse ficar mais perto dela.
Havia uma ondulação de energia quente que emanava de Malakai, como um aquecedor ambulante. Rosie suspirou e abriu a toalha, já úmida devido a absorção da água no cabelo. Um silêncio estranho se apoderou do covil do alfa, e cansada de passar frio e estar presa, finalmente perguntou:
- Malakai. – o chamou, tendo a atenção dele. – Se não represento nenhum perigo e você não vai me matar, por que não me solta? - indagou, erguendo os pulsos acorrentados.
O lobisomem levantou uma sobrancelha, parecendo analisar por um segundo, mas logo depois se levantou.
Rosie adorava quando a subestimavam.
Mais um cap, pessoinhas.
E aí, o que acham que nossa Rosie fará para cumprir a promessa de Sangue?
Final de semana terá mais um episódio dessa saga, e será contada por Malakai. Não percammm <3
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