Capítulo 26 | Te quero

Em algum lugar da Rebelião | Corte Sul | Horário xxx - 25/03/2020

Malakai Arsov


Cada passo dado para longe de Rosalie era um sacrifício. As pernas doíam, os músculos se retesavam, o coração palpitava.

Sua mente estava em completa combustão, buscando focar o pensamento em qualquer coisa que não fosse a meia vampira de cabelos avermelhados.

Entretanto, não conseguia. Rosalie estava em todo lugar.

O cheiro dela era tão, tão forte que empesteava a maldita caverna e dançava rente ao seu nariz, como se cada pedaço dela estivesse colado nele. 

Fosse ele.

Kai suspirou sofregamente, tentando conter o impulso de ir atrás dela.

Um passo de cada vez. Precisava chegar até a casa e se amarrar, ela precisava fugir como se isso custasse a vida.

Porque custava.

A necessidade que sentia de fazê-la dele era perigosa e maior que qualquer coisa. E sabia que não importava o quanto tentasse, se conseguisse senti-la uma única vez, se vincularia.

E isso significava que independente de cerimônia de união ou não, a necessidade de vincular a alma dela à dele, tornaria Rosalie sua mulher e uma fêmea alfa. E não precisava ser um gênio para saber que não podia fazer uma meia vampira a parceira que governaria os lobisomens junto dele.

Certo.

Não queria ser uma alfa dos alfas, e se pudesse, renunciaria. Mas não havia essa possibilidade, e se a tomasse como sua... Por Nuit! Ele rogou sabedoria pela primeira vez à Deusa Lua.

Estava quase na primeira casa, era só seguir assim, e...

- Kai? – a voz dela preencheu sua mente através do laço.

Ele se deteve, completamente imobilizado. Podia sentir a excitação correndo sob as veias grossas que partiam dos punhos cerrados.

- Tem certeza? – Rosalie perguntou, o timbre carregado de receio. Depois de um bom tempo que ele não respondeu, ela completou – Me responda!

- Rosalie. – pediu. – Não torne isso ainda pior.

Mais um passo, Kai.

Mas não importava o quanto se motivasse, suas pernas não se mexiam, e seu corpo não respondia a si. Pelo menos, não quando pelo laço ele sentia a vontade dela de estar com ele.

Kai fechou os olhos ainda de punhos cerrados, sentindo raiva crepitar no âmago e subir por sua espinha.

Raiva de si, por novamente não conseguir sucumbir aos impulsos. Já matara uma vez por instinto, e se deixar levar por aquela vontade era o mesmo de matar os ideais de Rosie, que mesmo sendo uma meia vampira aceitara matar um alfa por ansiar a liberdade acima de qualquer coisa.

Se a tocasse, a liberdade almejada jamais passaria de utopia. Estaria a amaldiçoando com o mesmo destino imposto a ele.

- Mas...

- Chega, Rosalie! – rosnou.

- Tudo bem.

Lá no fundo, conseguiu escutá-la. O farfalhar da água enquanto ela entrava no rio. Podia imaginar como as pernas torneadas se movimentavam, como o peito subia e descia com a respiração, como os cabelos serpenteavam como fúria vermelha em volta dos ombros.

Droga.

Não conseguiria chegar até a casa. Precisava de outro jeito, qualquer coisa... Abriu os olhos. Sabia exatamente o que precisava fazer.

Ele observou a garra do indicador surgir, pronto para...

- NÃO! – o grito de Rosalie ecoou pela parede da caverna. – Não, Kai. Por favor...não se machuque.

- Cala a boca, Rosalie! – engoliu em seco. – A dor é a única coisa que pode desviar essa... – seus olhos baixaram para o membro duro que marcava a calça jeans.

- Se você fizer isso, eu também serei atingida! – ela suplicou pelo laço.

Ele bufou.

- Você aguenta a dor.

- Aguento a minha dor. Mas a sua... por favor. – a voz aveludada o envolveu. – Não faça isso. Tem que ter outro jeito...

- Não tem.

Quando a unha cortou a própria carne, Kai tentou conter o urro de dor que irrompeu da garganta, ecoando pela parede das cavernas junto com o grito da meia vampira.

Seu joelhos falharam quando forçou a garra abaixo do peitoral, perto dos pulmões. Era proposital, desejava uma hemorragia interna, esperando que cada pulmão se enchesse de sangue em poucos minutos e o deixasse à beira da morte.

- KAI!

Ele caiu de joelhos, já sentindo o gosto metálico na língua. Sangue.

- Vai embora! – exclamou pelo laço.

- Você é louco! – ela brandiu. Mesmo sem ver, conseguia sentir que Rosalie voltava.

- Não... Rosie! Corra, vai embora!

- EU NÃO CONSIGO! – Rosalie gritou, o eco preenchendo novamente o ambiente, depois completou pelo laço, num murmúrio quase inaudível. – E não quero.

- Você não entende... Se eu tocá-la, você será minha. Pra sempre.

- Meu destino tem outras hipóteses bem piores. – ela se referia aos gêmeos Ivanov.

Kai tentou rir, mas acabou regurgitando sangue em uma crise de tosse.

A ponte estremeceu quando a dor reverberou pelo laço. E antes que pudesse perguntar se ela estava bem, o corpo de Rosalie tombou ao seu lado.

- Você...não devia estar a-qui. – gaguejou. E mesmo com o corpo em colapso, somente pela aproximação dela, toda a pele dele se arrepiou. Sem dizer que continuava tão duro quanto antes.

Quando ela ergueu a cabeça para cima, à procura de oxigênio, os olhos dele se encontraram rapidamente. Dentro daquela fração de segundos, uma onda elétrica os atravessou. E ignorando-a, as mãos dela pressionaram a sua ferida, numa medida paliativa de conter o sangramento.

– Não pode ser tão ruim ser somente sua. – Rosalie murmurou antes que toda a atenção recaísse sobre ele, assim como uma das mãos dela foram à sua face. Kai sustentou o olhar dela, observando aquele verde floresta abraçá-lo como lar.

- Enquanto eu for alfa, ser minha será o mesmo que ser da Coroa. – ele disse pelo laço – Você seria a Rainha dos Lobisomens, Rosie.

Ela uniu as sobrancelhas, parecendo finalmente entender seu martírio. Depois, chegou mais perto dele, estando a apenas um palmo de seu rosto.

Rosalie segurou a respiração já afetada, lutando contra a sede de Sangue. Já Kai sentiu os olhos arregalarem quando o corpo correspondeu, ignorando a dor pra ceder ao desejo.

Ela finalmente disse, o hálito quente o torturando em cada palavra:

- Então precisamos pensar em outra coisa, Kai. Porque nós dois sabemos que lutar contra isso... é o mesmo que adiar o inevitável.

- Não diga isso. – devolveu rápido pela conexão.

Podia sentir a cura sobrenatural acontecendo em uma velocidade nunca sentida. Era como se conscientemente cada célula tivesse ajuda extra para torná-lo novamente saudável. E a dor antes lancinante se atenuava segundo a segundo como uma reles dormência.

Já conseguindo engolir o próprio Sangue e respirar sem tanta dificuldade, Kai murmurou com o olhar nela, que também estava à um passo da cura completa:

- Rosalie, escuta com atenção. – pediu – Me leve para casa e amarre meu corpo de todas as formas que puder.

- Kai...

Ele rosnou, os caninos já amostra. O ferimento na barriga já não passava de uma cicatriz rosada.

- Vá!

A meia vampira meneou a cabeça um segundo antes de pegá-lo com destreza e levá-lo em direção a casa com a velocidade sobrenatural. Já na sala, Rosalie respirava compassiva enquanto amarrava as cordas e ferros. Primeiro em suas pernas, depois prendendo seus braços para trás.

Todo o tempo Kai lutava contra o impulso de dominá-la, enquanto também tentava ignorar o cheiro de Rosalie e a forma habilidosa como ela o amarrava.

As roupas ainda molhadas e coladas contra o corpo curvilíneo. A boca avermelhada. Os olhos languidos que vez ou outras piscavam em sua direção quando ela perguntava se estava forte demais.

Quando ela finalmente terminou e ficou de pé frente à ele, os seios estavam entumecidos novamente, e o peito subia e descia numa respiração acelerada.

Kai percebeu que nada daquilo daria jeito.

- Kai... – ela praticamente gemeu seu nome olhando para o volume entre suas pernas.

Puta que pariu.

- Rosalie...

- Rosie. –  o corrigiu, dando um passo para trás quando um rangido os fez notar que ele tinha quebrado um dos ferros dos braços inconscientemente.

Ele tentou, tentou mesmo respirar fundo e conter todo o desejo que ameaçava implodir por todos os poros. Mas Rosie ergueu uma das mãos, apertando um dos seios.

Kai praticamente surtou.

- ROSIE!

- Eu... – ela começou. – Não consigo, Kai. É mais forte do que eu... – a mão dela deixou o seio para subir aos lábios e chupar um dos indicadores.

Rosie soltou um gemido apertando uma coxa na outra, e quando a expressão da meia vampira mudou de prazer para dor, ele percebeu que algo estava errado. Os olhos dela viraram duas grandes órbitas verdes.

- Rosie... o que está acontecendo?! – se remexeu novamente, arrebentando todas as cordas das pernas de uma só vez.

Ela tirou o dedo da boca, grunhindo.

Dor. 

- Kai... está doendo.

Um alerta soou nele. E mesmo assim a excitação não o deixou, pelo contrário, aumentou em níveis exponenciais quando o sentimento chegou até ele pelo laço.

Então entendeu.

- Isso não é bom. – murmurou desviando os olhos dela e chegando mais perto da parede. No entanto, outra corda que prendia seus braços se arrebentou.

Restava somente uma ferragem que imobilizava seus braços.

- O que está acontecendo comigo, Kai?! – Rosie devolveu a pergunta cambaleando até a parede atrás dela. – Doí... doí muito. E em todos os lugares. Eu...não sei... – lágrimas escapavam dos olhos dela. – FAÇA PARAR!

- Rosalie, eu não posso... – balançou a cabeça repetida vezes em negativa, mas seus olhos deslizaram para ela novamente.

Era o ápice do Cio. E aquele cheiro que saia dela... Kai tentou prender a respiração  para que cessasse o odor delicioso que começava a sufocá-lo.

- KAI! – Rosalie gritou, levantando a blusa como se a pele estivesse em chamas.

Num misto de preocupação e excitação, ele a observou tirar o tecido e ficar somente de sutiã. A pele branca era como porcelana, e seus dedos queimaram com a possibilidade de sentir a maciez da carne.

Em resposta, seu corpo tremia e tinha todas as veias saltadas.

Estava por um fio.

- Não posso... – murmurou, contendo os punhos cerrados onde as garras já estavam no lugar das unhas. E os caninos impediam sua boca de fechar totalmente.

Rosie tinha as presas alongadas e as mãos passavam pelo próprio corpo, o friccionando repetidas vezes. Ela estava ao ponto de tirar o sutiã quando ele ordenou

- Não faça isso.

Os olhos dela grudaram nos dele. Kai continuou:

- Se fizer, não conseguirei me segurar.

Ela mordeu os lábios, murmurando:

- Eu preciso que faça exatamente o contrário.

- Você diz isso porque é a necessidade do cio falando. Não ouça essa vontade.

- Você não entende... – as mãos delas já tinham soltando o feixe, e o sutiã só estava sendo segurado pelo peso dos seios. Rosie pegou as alças, as soltando dos ombros quando disse com os olhos fixados nos seus. – Eu não só preciso de você, Kai. Eu o quero.

Quando seus olhos viram os mamilos rosados e o barulho do último ferro que o imobilizava tilintou, precedendo a liberdade dele, Kai já tinha Rosalie nos braços.


Continua...

Oi oi genteee <3 

Como prometido, voltei com mais um capítulo no mesmo fim de semana. O que acharam desse? A atração da conexão é realmente avassaladora, não é?! Eu já tô louca pelo hot do próximo capitulo aaaaa

Se preparem viu, porque vamos derreter!!!! 

Obrigada por quem comenta e acompanha Coração de Sangue. Realmente é muito importante pra mim e me estimula a continuar independente de todas as dificuldades <3 Não esqueça da estrelinha! 

Um beijão e até o próximo! 

Não está revisado. 


Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top