Dez minutos para meia-noite
Com o último barbante ela amarrou o pai. A primeira a acordar foi a mãe, "Que isso Letícia?", ela disse.
"Especial de natal, sogrinha."
"Porque diabos amarrou a gente?"
O pai acordou com a gritaria e notou que ele, a esposa e o filho estavam amarrados às cadeiras em volta da mesa, a nora de pé. "Que que tá acontecendo?"
"Essa vaca— ela... você botou sonífero no pudim?", a mãe disse.
"Sua mãe é uma Sherlock Holmes, amor", Letícia disse pra Hugo que ainda dormia com o queixo no peito. "Amor, amor, acorda, amor", ela dava tapas na cara dele.
"Ah? Oi. Que?", ele abria os olhos lentamente.
"Hugo essa vaca amarrou a gente!", a mãe disse.
"Letícia, que isso?", Hugo disse.
Letícia virou pra um canto vazio e começou a conversar sozinha.
"Tá conversando com quem sua louca?", a mãe perguntou.
"Não com você, sogrinha irritada."
"Letícia, você parou com os remédios?", o pai perguntou.
"E se tiver parado, sogrinho?"
"Amor", disse Hugo, "Aquela mensagem... eu já falei, é de uma amiga de trabalho."
"Trabalho. Que trabalho? Agora é hora de diversão, família. Urruu!" Letícia bateu o celular no tampo da mesa e desbloqueou a tela e disse, "Okay Google".
Oi! Como posso ajudar? O aplicativo do Google assistente respondeu na tela.
"Me dê um número aleatório de 1 a 6?"
"1", o celular respondeu.
Ela estapeou a perna. "Ahhhhnnn. Vamos começar devagar." Ela vasculhou com os olhos a mesa com a ceia posta, até pará-los no panetone.
"Letícia, cê usou alguma droga?", o pai perguntou.
"E se usei, sogrinho?"
"Sabia que você era maligna", a mãe disse.
Letícia pegou a faquinha de serrinha que repousava sobre o panetone.
"Que isso amor? Larga essa faca.", Hugo disse.
Ela sentou ao lado do pai. "Direito ou esquerdo, eu sempre esqueço..."
"Letícia, você está possuída ou algo do tipo?", o pai perguntou.
Ela sorriu, "E se eu tiver, sogrinho?", e estocou a faquinha no lado direito do peito dele. O sangue espichou como sachê de ketchup na roupa dela. "O coração sogrinho... nunca lembro de que lado fica." Ele se debateu, sangue saindo pelo ferimento e pela boca. A mãe berrou. Hugo chorou. O pai pereceu. "Acho que era direito mesmo", Letícia disse.
"Por favor, para! Eu confesso tudo..." Hugo disse.
"Você pode confessar pra quem se importa, já-já." Letícia apontou pra cima.
"Sua filha da puta eu vou te matar", a mãe disse.
"Sim, alguém vai morrer." Letícia fingiu coçar o nariz apontando o indicador pra mãe. "Quer spoiler de quem será?"
Hugo ainda chorava. Letícia voltou até perto do celular na mesa. "Okay Google. Mê de um número aleatório de 1 a 6"
"6."
"Yes!" Ela comemora com um soquinho no ar, "Esse vai ser divertido. Me esperem, vou ao carro e já volto."
Quando ela voltou, tinha uma motosserra na mão. Antes de puxar a manopla que liga o motor, ela pausou na mesa: "Okay Google. Toque Então é Natal da Simone."
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top