Fase 3 - Conto Relâmpago | O garoto do hospital
- Só uma picadinha, ok? - diz a jovem enfermeira, antes de espetar a agulha do soro na idosa sorridente
Depois que se despede da idosa, a jovem vira-se com uma caixinha de agulhas em direção à porta ,quando um vulto passa de relance pelos seus olhos. O susto é tão grande que a jovem derruba a caixinha e todas as agulhas se espalham.
- Meu Deus, Amália! Preste mais atenção! - alerta sua colega Jéssica, que trocava a fralda de um paciente em estado vegetativo no mesmo quarto. - Você está bem? Vá descansar um pouco. Eu arrumo essa bagunça.
Antes de sair do quarto, ela olha ao redor de si. Tudo está normal, não há ninguém além de Jéssica e os dois pacientes. Aceitando que talvez seja fruto do cansaço, decide ignorar o acontecimento.
Amália é uma jovem enfermeira de 32 anos que trabalha há 5 na equipe de suporte de um hospital.
Há alguns meses, um garotinho de aproximadamente 9 anos entrou em atendimento no setor de traumas do hospital, localizado do terceiro andar da ala leste da edificação, por conta de um acidente de carro que teve como vítimas fatais sua mãe e seu irmão.
Após saber disso, mesmo não sendo seu setor no hospital, sempre que tinha um tempo livre ela visitava o pequeno.
Tinha a curiosidade de saber a cor de seus olhos, e esperava pacientemente o dia que ele despertaria e ela faria essa descoberta.
Mas, devido à correria nos atendimentos, Amália não teve mais tanto tempo para vê-lo. Quase não conseguia ter intervalos.
Discretamente, uma presença aproxima-se da jovem enfermeira no corredor.
- Amália? - Ela se assusta com o toque gentil de sua colega de turno, Jéssica. - Tire uma soneca na sala de descanso, eu cubro você por aqui.
Sem discordar, ela se levanta e segue e até o aposento.
Ao chegar, deita-se em uma das macas.
Estava exausta, o turno do dia fora muito cheio.
Seus olhos se fecham quase que instantaneamente. Mas um peculiar cheiro de rosas chama sua atenção.
Ao abrir os olhos, vê aquele mesmo vulto, dessa vez à sua frente.
Ela se assusta com aquela figura, que logo sai em velocidade absurda para fora da sala. Instintivamente, ela a segue.
Ao chegar ao corredor, a sombra novamente estava lá, e seguiu em direção à sala de traumas.
Ela segue calmamente até a porta do quarto. O quarto daquele menino.
Ao abrir, ela sente novamente aquele cheiro de rosas, dessa vez mais forte que antes.
E ali, ao pé da cama, a sombra se dissipa no ar.
Amália se aproxima do menino e começa a acariciar seus cabelos carinhosamente.
Alguns momentos depois, ela nota os olhos se abrindo rapidamente, e então pode ver que seus olhos possuem duas belas cores. Um azul, outro castanho.
Após poucos segundos, o pequeno fecha os olhos novamente.
A máquina que exibia a frequência cardíaca dele emite um som contínuo.
E então ela soube...
...Que ele havia se despedido...
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• 17/05/2020 •
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