Capítulo 4

Jason puxou o príncipe e lhe deu um abraço apertado, como o de melhores amigos. O que eles eram, ou pelo menos nós achávamos. Podia ver as costas de Alexander tensas enquanto ele retribuía o abraço. Já Jason dava pequenos tapas como se o reconfortasse.

Eu não conseguia esboçar nenhuma reação, a não ser ficar olhando aquela cena. Ainda não tinha processado totalmente a ideia de que ele era a pessoa que estava passando informações para Nolan. Porque faria isso?

— Obrigada. — Alexander agradeceu se desfazendo discretamente do abraço.

— Mabel, como vai? — Jason cumprimentou parecendo finalmente me notar ali.

— Jason. — Dei um pequeno sorriso.

Estava com medo de falar mais do que devia e acabar jogando na cara dele tudo que nós já tínhamos visto e ouvido.

— Já tiveram notícias sobre rei Philliph? — Questionou olhando novamente para Alexander.

— Ainda não, mas vamos encontra-lo. — Afirmou endireitando mais os ombros — Victor e eu já estamos tomando as providencias necessárias.

— Victor. — Jason repetiu e pude sentir uma pontada de algo mais escondido em sua voz — Que bom!

— Lorenzo. — Victor chamou chegando até nós acompanhado da rainha — Jason, como vai? — Cumprimentou apertando sua mão cordialmente.

— Bem e você? — Jason sorriu levemente retribuindo o aperto.

— Bem... Na medida do possível, não é? — Victor comentou dando de ombros e olhou para a rainha que ainda estava ao seu lado.

Tia Elisabeth. — Jason deu um beijo aparentemente carinhoso em sua testa.

— Querido... — A rainha sorriu gentilmente.

Vi Alexander olhar os dois e a apreensão em seus olhos era evidente. Apertei sua mão novamente chamando a atenção.

— Calma. — Sussurrei e ele apenas assentiu concordando.

Olhei para Victor, que nos encarava com a testa franzida, com certeza já tinha notado a diferença no clima ali.

— Que tal um chá com biscoitos? — Sugeri.

— Ótima ideia querida. — A rainha concordou.

— Me ajuda Victor? — Questionei olhando-o em um tipo de aviso para que aceitasse.

— Claro. — Ele concordou mesmo não entendendo nada.

— Peça a uma das criadas. — A rainha comentou me olhando.

— Elas estão tão ocupadas com o palácio e não custa nada fazer isso. — Justifiquei sorrindo — Além de que sempre fiz em minha casa, então estou acostumada.

Ela assentou concordando e aceitou o braço oferecido por Alexander. Então devagar eles seguiram junto com Jason para o salão principal e aproveitei a deixa para seguir em direção à cozinha, com Victor logo atrás.

Assim que passamos pela porta ele segurou minha mão e nos parou. Como esperado o lugar estava vazio, isso porque todos os criados do palácio permaneciam ocupados o arrumando e limpando depois do ataque.

— O que aconteceu? — Questionou me encarando sério.

— Nós seguimos Nolan e conseguimos ver com quem estava falando. — Expliquei um pouco nervosa.

— E quem era? — Perguntou visivelmente curioso.

— Você estava com ele agora a pouco. — Murmurei.

Caminhei pela cozinha e peguei uma pequena vasilha. Despejei alguns biscoitos dentro e em seguida enchi a chaleira com água, colocando para esquentar.

— Como assim? — Victor franziu a testa confuso.

— Jason. — Sussurrei e virei o encarando — É ele quem estava com Nolan.

— Não. — Negou arregalando os olhos em surpresa.

— Sim. — Afirmei suspirando baixo — Infelizmente... Não imagino o porquê, mas nós o vimos.

— Lorenzo deve estar arrasado. — Comentou mais para si mesmo.

— Eles eram irmãos. — Exclamei jogando as mãos para o alto em sinal de desespero — Não consigo entender porque ele faria isso. Simplesmente não entra na minha cabeça.

— Tem que haver um por que. — Comentou pensativo.

— Sim, — Concordei — E nós vamos descobrir.

Fiz rapidamente nosso chá e coloquei na bandeja, junto com os biscoitos. Victor a pegou e enfim voltamos ao salão principal.

Assim que entramos vi Alexander e a rainha sentados em um dos sofás, e Jason logo à frente em uma das poltronas.

— Voltamos. — Victor anunciou colocando a bandeja sobre a mesinha de centro.

Servi nossas xícaras e entreguei uma a cada um ali. Depois peguei a minha e segui até o mesmo sofá em que a rainha e Alexander estavam. Sentei ao lado dela, que ainda tinha a aparência meio abatida, porém não chegavam nem perto do desespero que seus olhos aparentavam, mesmo tentando esconder.

Conversamos um pouco com Jason que era gentil e atencioso o tempo todo, típico dele, mas que agora não surtia efeito nenhum, pelo menos não em nós. Já a rainha estava visivelmente agradecida com sua atenção. Tadinha. Seria tão triste quando descobrisse tudo.

— Aí estão vocês! — Nolan anunciou sorrindo enquanto entrava no salão.

Observei atentamente enquanto ele cumprimentava Jason com um aperto de mão rápido, como se não se conhecessem. Sem me conter revirei os olhos em desdém. Queria muito levantar e dar um soco na cara desses dois dissimulados, mas não podia, afinal rei Philliph ainda estava desaparecido e tínhamos que encontra-lo.

— Quer um chá? — A rainha ofereceu gentilmente.

— Claro. — Aceitou sentando em um dos sofás.

Levantei e servi uma xícara, entregando a ele, que agradeceu com um sorriso que fingi não notar. Voltei ao meu lugar e peguei a xícara novamente, bebendo um pequeno gole.

— Como estamos nas investigações? — Nolan questionou olhando para Alexander.

— Avançando aos poucos. — Deu de ombros sendo vago.

Não podíamos dar detalhes a eles. Não agora que sabíamos de tudo. Era a vida do rei que estava em jogo e tínhamos que ser espertos.

— O que precisar pode contar comigo. — Nolan se prontificou e Alexander apenas assentiu concordando.

— Podemos bolar um plano para pegar o mandante destes ataques. — Jason sugeriu entrando na conversa.

— Primeiro precisamos de pistas. — Victor interveio olhando-o com seriedade, claramente se controlando para não falar nada demais.

— Claro, não podemos arriscar a segurança do rei. — Jason concordou.

— Só quero que isso termine bem. — A rainha sussurrou.

Peguei sua mão e apertei gentilmente, fazendo com que ela me olhasse.

— Vai sim! — Concordei sorrindo levemente para lhe passar confiança.

Nós daríamos um jeito de pegar esses dois no flagra. Tínhamos que bolar alguma estratégia, mas para isso não podíamos ter nenhum deles por perto. O que seria difícil, já que pareciam determinados em mostrar que queriam ajudar.

Ficamos ali mais alguns minutos, até a rainha Elisabeth pedir licença avisando que se recolheria para descansar. Me prontifiquei em acompanha-la, afinal não a queria sozinha pelo palácio enquanto não soubesse que o perigo estava mais perto do que pensávamos.

— Obrigada. — Agradeceu assim que paramos em frente ao seu quarto.

— Se precisar mande me chamar. — Sorri e beijei sua bochecha.

— Sempre tive plena certeza que a escolha do meu filho é a certa. — Confessou me surpreendendo completamente.

— Imagina. — Neguei com a cabeça, meio constrangida.

Ela sorriu mais uma vez e beijou minha bochecha, entrando finalmente no quarto. Suspirei baixo e virei voltando ao segundo andar. Queria ficar um pouco sozinha e colocar os pensamentos no lugar.

Entrei em meu quarto e tranquei a porta. Tirei as sapatilhas e deitei me encolhendo na cama, abraçando os joelhos.

Porque Jason estava fazendo isso? Ele não era melhor amigo do príncipe? Foram praticamente criados juntos. Pelo menos foi isso que os dois disseram assim que cheguei ao palácio. Jason sempre se mostrou um cara divertido e de bem com a vida, sem motivos aparentes para estar envolvido em tudo isso.

Sentei na cama assim que lembrei de algo que não tinha passado pela cabeça até aquele momento. Minha família. Jason estava cuidando deles e principalmente de Samantha.

Senti meu coração batendo acelerado enquanto pensava em como fazer para ter notícias deles. Precisava disso o mais rápido possível.

Levantei da cama e comecei a andar em círculos pelo quarto. Uma carta estava descartada, pois demoraria demais e tinha que ser urgente. Hoje e de preferência agora. Parei de andar com a ideia que acabava de ter. Sabia que podia arrumar confusão, mas no momento era a melhor alternativa.

Calcei novamente as sapatilhas e sai do quarto caminhando rápido pelo corredor. Desci a escada e encontrei um dos guardas pelo caminho.

— Com licença. — Chamei sua atenção.

— Senhorita. — Fez sua reverência.

— Pode me dizer se o guarda Jerremy está no palácio? – Perguntei.

— Ele está no jardim. — Avisou e assenti concordando, sorrindo agradecida.

Sai do palácio e segui pelo jardim procurando por Jerremy. Suspirei baixo de alivio quando o vi conversando com dois guardas perto de uma árvore com lindas flores amarelas, que caiam formando um tapete pelo chão.

— Guarda Jerremy? — Chamei parando a alguns metros.

Ele se virou assim que ouviu seu nome ser chamado e sorriu um pouco mais ao me ver ali. Em seguida se despediu dos colegas e caminhou calmamente em minha direção.

— Senhorita Mabel. — Fez sua reverência.

— Oi. — Sussurrei colocando uma mexa de cabelo atrás da orelha — Preciso que faça um favor.

— Um favor... — Repetiu me olhando avaliativo.

— Sim. — Concordei suspirando baixo — Quero que consiga notícias da minha família, o mais rápido que puder.

— Aconteceu algo? — Franziu a testa ao notar a aflição em minha voz.

— Só quero notícias deles. Estou morrendo de saudades e com esse ataque... — Expliquei meio rápido, me enrolando um pouco.

— Hm. — Murmurou, mas seu olhar ainda era desconfiado.

— Acha que consegue? — Questionei esperançosa.

— Posso tentar. — Deu de ombros — As coisas estão corridas aqui no palácio.

— Só tente, por favor. — Insisti sorrindo levemente.

— Ok. — Concordou — Não vai me contar mesmo o que está acontecendo?

— Não é nada. — Menti dando um sorriso meio amarelo.

Ele assentiu concordando e vi os dois guardas voltando, então me despedi rapidamente.

— Assim que tiver notícias eu a procuro. — Avisou já se virando e indo de encontro a eles.

Voltei ao palácio e encontrei Amanda e Betina descendo a escada e seguindo em direção ao salão principal. Elas gentilmente me convidaram para tomar um chá, mas recusei dizendo estar com dor de cabeça e na verdade, realmente estava, então apenas subi novamente ao quarto.

Sentei a beirada da cama e encarei o chão. Precisava organizar as ideias e não podia me desesperar, afinal nem sabia como minha família estava e como dizem: Notícia ruim chega rápido. Então isso queria dizer que não tinha acontecido nada demais, ou eu mesma acabaria com a raça de Jason.

Peguei um comprimido para dor de cabeça na gaveta da cômoda e depois de toma-lo finalmente me deitei. Fechei os olhos e respirei fundo tentando esvaziar um pouco todos aqueles pensamentos da minha mente, ou enlouqueceria e isso era o que menos precisava agora.

...

Acordei com a sensação de algo quente e macio passando pela minha bochecha. Me mexi um pouco e suspirei baixo, abrindo lentamente os olhos. Piquei algumas vezes para me localizar e encontrei com os verdes que tanto gostava.

— Oi Princesa. — Alexander sorriu levemente enquanto passava a ponta dos seus dedos suavemente pela minha bochecha.

— Alexander? — Questionei sem ter certeza de que não sonhava.

— Desculpe, te acordei... — Sussurrou com cara de culpado.

— Que horas são? — Virei de lado na cama e percebi que ele estava deitado ali comigo.

— Quase hora do jantar. — Avisou tocando novamente minha bochecha.

— E como você está? — Perguntei preocupada.

— Sinceramente? — Suspirou baixo — Em um pesadelo.

— Ah Alexander... — Lamentei chegando mais perto e encostando meu nariz no seu.

— Esses ataques, meu pai sumido e agora Jason. — Desabafou fechando os olhos.

— Vai dar tudo certo. — O consolei tentando passar confiança — Nós vamos encontrar seu pai e pegar Nolan e Jason. — Afirmei.

No fundo sabia que conseguiríamos. Tinha algo dentro de mim que dizia isso e acreditava que era verdade. Dizem que no final as coisas sempre acabam bem e conosco não seria diferente.

— Ainda bem que tenho você. — Declarou encarando meus olhos.

— Sempre vou estar aqui. — Prometi sorrindo e me inclinei beijando seus lábios demoradamente.

Ma Belle. — Sussurrou.

— Onde está Jason? — Questionei sentindo ele acariciar meu braço.

— Eu o designei para que cuidasse da reconstrução do palácio juntamente com Victor. Assim ele não tem tempo de ficar por aí planejando coisas com Nolan, ou sei lá mais quem, — Explicou me olhando — E Victor aproveita e fica de olho.

— Isso é bom. — Afirmei.

— Não consigo entender... Por mais que tente e queira. — Suspirou baixo — Porque Jason está fazendo isso? Quando os pais dele morreram foi meu que o cuidou e tratou como filho. — Desabafou negando com a cabeça.

— Existem pessoas que não sabem reconhecer o que os outros fazem por elas. — Comentei suspirando baixo.

— Queria poder apertar um botão e puf, tudo simplesmente voltar ao devido lugar. — Confessou.

— Você é forte e sei que vai conseguir resolver as coisas. — Afirmei pegando sua mão e apertando gentilmente — E quanto a Nolan?

— Quando estávamos só nós no salão, depois que você e minha mãe tinham subido, Nolan comentou sobre ter que voltar amanhã até a província dele para conferir como as coisas estão e trazer alguns guardas para ajudarem na busca pelo meu pai. — Explicou revirando os olhos em desdém.

— Acha que é um truque? Para fugir? — Franzi a testa.

— Não sei, — Negou com a cabeça — Estou meio perdido.

— E se nós o seguíssemos? Sabe... Quando ele for voltar a sua província. — Sugeri minha ideia repentina — Quem nos garante que ele vai mesmo fazer isso?

Nolan podia estar mentindo, na verdade, era uma grande possibilidade. Ele estava aqui em Thompson a um bom tempo e só agora se preocupou em voltar a sua província para saber como estavam as coisas por lá. Isso não estava me cheirando nada bem.

— É uma hipótese. — Comentou pensativo — Vou conversar com Victor. De qualquer forma Nolan volta só amanhã. — Deu de ombros.

— Podemos planejar algo. — Encarei o chão enquanto minha mente trabalhava várias opções.

— Victor quer contar a Ian, mas não sei se é uma boa ideia. — Alexander comentou com certo pesar.

— Porque não? — Questionei.

— Não quero envolve-lo nisso tudo. — Explicou dando de ombros novamente — Já tem gente demais nisso... Não queria nem você nessa confusão. — Suspirou baixo.

— Não deixaria você sozinho nunca. — Afirmei encarando seus olhos.

— Obrigada. — Agradeceu pegando minha mão e a beijando.

— Quero falar uma coisa... — Comecei, mas parei meio insegura.

— Fale. — Encorajou.

— Pedi ao guarda Jerremy que conseguisse informações sobre minha família. — Confessei com rapidez e assim que mencionei o nome do guarda vi seu rosto ficar sério — Jason estava cuidando deles e estou com medo que tenha acontecido algo. — Completei explicando meu motivo.

— Podia ter me pedido, que mandaria algum guarda fazer isso. — Comentou em tom de repreensão.

— Jerremy é um guarda, — Revirei os olhos como se isso fosse óbvio — Eu estava desesperada, então só pensei nele na hora... Além de que você já tem tantos outros problemas. — Dei de ombros.

— Não gosto que fique perto dele. — Confessou suspirando baixo.

— Não tem motivos para isso. — Neguei — Eu e ele não temos nada, nem amigos somos. — Expliquei sorrindo levemente para reconforta-lo.

— Só tenho ciúmes. — Confessou desviando os olhos para a parede a frente.

Sorri e toquei seu rosto, fazendo com que Alexander encarasse meus olhos novamente. Notei os seus brilhando com várias emoções guardadas ali.

— Não tenho nenhum interesse nele ou em qualquer outra pessoa. — Afirmei suspirando baixo — Desde o dia em que nos esbarramos no centro da província só tem uma pessoa que ocupa minha mente e coração, — Sussurrei com certa intensidade — E também tenho ciúmes de você... Principalmente com Amanda.

— Amanda? — Me olhou surpreso.

— Sim. Já vi como vocês se dão bem. — Expliquei dando de ombros — Ela seria uma ótima futura rainha.

— Sim, nós nos damos bem, mas não sinto nada por Amanda. — Confessou ainda encarando meus olhos — Não tem nem como comparar com o que sinto por você Bel... Toda vez que te vejo é como se aparecesse o sol em um dia nublado. — Declarou esfregando nossos narizes lentamente, em um beijo de esquimó — Você é meu sol Bel... Me aquece.

Sorri chegando ainda mais perto dele e beijei seus lábios demoradamente. Sua mão que acariciava meu braço deslizou até a cintura enquanto nos beijamos com calma.

— Vamos ser muito felizes. — Prometeu.

— Vamos sim. — Concordei lhe dando um selinho rápido.

— Agora acho melhor irmos, afinal já está quase na hora do jantar. — Comentou sentando na cama.

Sentei também e passei as mãos pelos cabelos tentando ajeita-los. Olhei para Alexander parado em frente à cama, me observando com um pequeno sorriso.

— Está linda. — Elogiou me fazendo corar levemente.

Levantei da cama e alisei o vestido, colocando novamente as sapatilhas. Alexander segurou minha mão e puxou para perto de si, colando nossos corpos.

— Assim que tudo isso acabar nós vamos nos casar e então vou te levar para nossa lua de mel. Não vejo a hora de passar um tempo a sós com você. — Confessou apertando mais suas mãos em minha cintura.

— Também quero isso. — Admiti sentindo meu rosto ficar quente novamente.

Ele sorriu e buscou meus lábios, mas dessa vez com certa urgência. Já sentia uma pequena falta de ar, mas não queria parar nosso beijo. Não quando meu corpo parecia pegar fogo, com o sangue correndo rápido e quente nas veias, mas infelizmente foi necessário.

Alexander se afastou tão ofegante quanto eu. Encostou nossa testa enquanto tentava normalizar a respiração pesada, não muito diferente da minha. Suspirei e abri os olhos, sorrindo timidamente.

— Agora temos que ir. — Avisou e assenti concordando.

Saímos do quarto e descemos a escada. Assim que entramos no salão vi as garotas já ali. Rainha Elisabeth estava sentada ao lado de Bianca, que me encarou de jeito nada amigável quando entrei de braços dados com o príncipe.

A ignorei e olhei para Alisson sentada em frente a Ian, que por sua vez estava entre Nolan e Victor. Já Jason sentou do outro lado, perto da ponta e ao seu lado havia um lugar vago, que provavelmente era de Alexander.

Me despedi dele com um pequeno sorriso e sentei ao lado de Amanda. Olhei para a ponta da mesa onde o lugar do rei estava vazio e permaneceria assim até que ele estivesse de volta. O que torcíamos para que fosse o mais breve possível.

Jantamos todos em silêncio. Acho que ninguém queria falar e quem sabe se comprometer, ou acabar dizendo algo que não devia, então optamos pelo silêncio. Já Jason vez ou outra conversava com a rainha e Alexander, e mesmo de canto de olho percebia ele respondendo não muito animadamente. Espero que Jason não desconfie, afinal como Alexander estaria animado com o sumiço do pai?

— Esse clima acaba comigo. — Amanda sussurrou.

— Entendo. — Concordei remexendo em meu prato.

Não tinha fome, apenas queria que Jerremy trouxesse logo notícias da minha família. Precisava saber como eles estavam.

Depois da sobremesa nós nos retiramos. Eu, Kelly e Amanda fomos para o salão principal tomar chá e conversar. Betina e Alisson optaram por subir aos quartos, e a rainha pediu licença alegando estar cansada e que por isso se recolheria para o seu também. Já Bianca para meu desagrado se juntou a nós no salão e sentou propositalmente, ou não, a minha frente.

— Estou tão sentida pela rainha. — Amanda murmurou suspirando alto.

— A rainha é forte e vai conseguir sair disso tudo. — Segurei sua mão a reconfortando.

— Rainha Elisabeth sabe como agir. — Bianca interveio me encarando com um sorriso meio presunçoso.

— Com certeza. — Concordei a encarando de volta.

— Como será que ficará a próxima eliminação com tudo isso? — Kelly questionou preocupada.

— Não estamos preocupadas com eliminações Kelly e sim com a volta do rei. — Bianca a repreendeu com seriedade.

— Só comentei, — Kelly se defendeu rapidamente – Afinal estamos aqui com um propósito.

— Sim, estão... — Bianca concordou sorrindo ironicamente — Mas mostrar compaixão também faz parte de uma futura rainha.

Conversamos um pouco mais, até que pedi licença. Dei boa noite a elas e me retirei do salão. Não sabia onde os homens estavam, mas provavelmente reunidos. Só esperava que Jason e Nolan não tentassem mais nada.

Estava andando pelo corredor indo em direção ao quarto, quando ouvi passos atrás de mim. Virei um pouco assustada e suspirei aliviada quando vi que era Jerremy meu perseguidor.

— Oi. — O cumprimentei.

— Olá. — Fez sua reverência.

— Notícias da minha família? — Perguntei sem conter a ansiedade.

— Sim. — Concordou.

— E... — Incentivei.

— Fui até sua casa e estão todos bem. — Sorriu levemente — Um pouco assustados com este ataque, mas estão bem. — Explicou dando de ombros.

— Verdade? — Não contive um sorriso gigante que se espalhou por meu rosto.

— Sim. Fica tranquila. — Assegurou — Mandaram uma carta para você. — Avisou estendendo um envelope.

— Ó... — Ofeguei pegando-o de sua mão — Obrigada. — Agradeci abraçando Jerremy.

Estava tão feliz e aliviada com a notícia que não contive o impulso.

— De nada. — Sorriu tocando levemente minhas costas, dando pequenos e leves tapas.

— Mabel? — Alguém chamou.

Me desfiz rapidamente de nosso abraço e virei encontrando com o príncipe. Ele estava parado e nos olhava com a testa franzida. Notei suas mãos ao lado do corpo fechadas em punho e o maxilar um pouco travado.

Alexander estava visivelmente tenso e eu sabia o porquê. Ele não gostava de me ver junto com Jerremy, mas teria que aprender a superar isso e acreditar nos meus sentimentos, assim como fiz com as outras garotas.

— Príncipe. — Cumprimentei dando alguns passos para longe de Jerremy.

Acabei ficando entre Alexander e o guarda. O que confesso que não era uma posição muito segura e inteligente no momento.

— Alteza. — Jerremy fez sua reverência a ele, que apenas continuou encarando-o de forma nada amigável.

— Conseguiu notícias? — Perguntou me olhando de relance, mas logo voltando a encarar o pobre guarda.

— Sim. — Afirmei dando um passo em sua direção enquanto erguia o envelope para mostra-lo — Eles mandaram uma carta.

— Que bom. — Sorriu me olhando novamente e notei algo estranho nos seus, só não sabia dizer o que era.

— Meu quarto? — Sussurrei chegando mais perto.

Alexander assentiu concordando e segurei sua mão, desfazendo os punhos cerados.

— Obrigada novamente guarda. — Agradeci dando um pequeno sorriso.

— De nada senhorita. — Fez sua reverência a nós.

— Está dispensado. — Alexander avisou.

Jerremy fez um pequeno aceno com a cabeça e seguiu pelo corredor, sumindo rapidamente.

Assim que nós estávamos sozinhos virei de frente para Alexander, que ainda olhava na direção em que o guarda tinha acabado de ir.

— Ei! — Chamei a atenção fazendo com que me olhasse e sorri levemente tocando seu rosto com a mão vaga — Está tudo bem! — Assegurei.

Alexander encarou meus olhos por algum tempo, até suspirar baixo e assentir concordando. Sua mão apertou a minha gentilmente e ele se inclinou colando nossos lábios.

Era meio arriscado, afinal estávamos no meio do corredor, mas eu não estava ligando. Queria que Alexander tirasse aquele olhar de quem estava perdido do rosto, então fiquei na ponta dos pés e prolonguei nosso beijo o máximo que podíamos.

Quando enfim nos afastamos ele tocou minha bochecha, acariciando.

— Você vem? — Chamei.

— Eu ganho um cafuné? — Pediu fazendo um bico adorável.

— Quantos quiser. — Prometi sorrindo e o puxei pelo corredor.

Alexander podia pedir o céu, quem sabe o sol ou um planeta, e eu traria. Faria isso por ele. Por que eu o amava e mal esperava o dia em que nós finalmente ficaríamos juntos.

E que esse dia chegasse logo!

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top