Capítulo 12
Estávamos a algum tempo sentadas no salão principal vendo os detalhes do casamento. As flores já estavam escolhidas, seriam as tulipas vermelhas símbolo do palácio, junto com algumas rosas brancas para dar contraste, mas com certa harmonia. Teríamos cadeiras revestidas com um tecido macio e brilhoso na cor gelo, com um laço vermelho para combinar.
A rainha já tinha feito a lista de convidados juntamente com Verônica, e as costureiras vieram hoje pela manhã tirar novas medidas para o vestido de noiva.
Lisa e Sisi estavam cheias de ideias e muito animadas. Elas prometeram que voltariam no dia seguinte com os esboços para que eu escolhesse, afinal tínhamos pouco tempo, uma semana apenas. Rainha Elisabeth disse que era tempo mais do que suficiente, e pela quantidade de criadas que passavam para lá e para cá obedecendo aos comandos dela e de Verônica, eu não duvidava disso.
— O que acha Mabel? — Verônica questionou.
Ela me olhava como se esperasse uma resposta e percebi que não era só ela, mas também vovó, a rainha e Sam.
— Desculpe, pode repetir? — Sorri meio amarelo.
— Sobre a música que tocará na entrada, — Explicou sorrindo gentilmente — Prefere algo pronto ou um pequeno conjunto com um piano, violino, algo mais clássico? — Perguntou.
— Acho que algo mais clássico. — Dei de ombros.
Verônica assentiu concordando e voltou a anotar algumas coisas em sua agenda, que já estava cheia e pelo visto não iria parar tão cedo.
Suspirei baixo e olhei para a porta do salão. Noite passada Alexander e eu passeamos pelo jardim antes do jantar. Nós nos deitamos na grama verde, em baixo de uma árvore, e olhamos as estrelas enquanto trocávamos vários beijos e juras de amor. Tudo estava sendo como um sonho. Um conto de fadas.
Alexander disse que seu pai estava colocando-o por dentro dos assuntos do palácio pois, assim que virasse rei todas às responsabilidades iriam definitivamente para as suas mãos. Deste modo, Alexander estaria bem ocupado durante estes próximos dias e eu também, já que a rainha e Verônica estavam determinadas com tudo isso sobre o casamento.
Senti alguém segurar minha mão e olhei Samantha que sorria gentilmente. Ela estava em um quarto ao lado e se não me engano era o antigo de Mila, mas é claro que foi redecorado e agora tinha a cara de Samantha. Já meus avós estavam em um quarto mais no começo do corredor, também preparado especialmente para eles.
— Acho que por hoje é só. — Verônica sorriu fechando sua agenda e suspirei baixo aliviada.
— Vou subir ao meu quarto. — Avisei levantando do sofá.
— Claro querida, descanse. — Rainha Elisabeth sorriu gentilmente.
Assenti concordando e me despedi de vovó com um beijo carinhoso em sua testa. Ela estava tão linda em roupas reais, assim como vovô, que provavelmente passeava pelos jardins do palácio. Ele adorava fazer isso e passava as tardes conversando com os jardineiros dali.
Comecei a subir a escada com calma, indo até o quarto. Quando estava fechando a porta uma mão a segurou e empurrou para abri-la novamente.
— Posso falar com você? — Samantha me olhava séria.
— Claro. — Concordei abrindo mais a porta para que ela entrasse.
Samantha andou até a cama e sentou na beirada. Fechei a porta novamente e me acomodei ao seu lado. Ela permanecia de cabeça baixa e encarava suas mãos, que torcia nervosamente.
— O que aconteceu Samy? — Segurei suas mãos.
— É sobre Jason. — Sussurrou temerosa.
— Ele fez algo? — Questionei erguendo seu queixo.
— Não, não. — Negou rapidamente — É só que... Eu soube o que ele fez. — Explicou me olhando tristemente.
— Soube? — A olhei surpresa.
— Sim, — Concordou suspirando baixo — Acha que Jason se arrependeu realmente? — Questionou visivelmente esperançosa.
— Não sei. — Sussurrei franzindo a testa — Lorenzo confiou nele e foi traído... Pessoas podem mudar, mas algumas não querem isso. — Dei de ombros.
— Mas e se ele estiver mesmo arrependido e mudado? — Insistiu.
Afaguei suas mãos e a encarei em silêncio por alguns minutos. Sabia que Jason tinha se tornado próximo da minha família e por um tempo isso me preocupou. Também sabia que a relação dele com Samantha era mais intensa, mas não tinha noção de até que ponto isso tudo tinha ido.
— Você gosta mesmo dele? — Questionei olhando-a avaliativa.
— Gosto. — Afirmou.
— E vocês... — Comecei a perguntar.
— Não! — Sam negou rapidamente enquanto suas bochechas ganhavam um tom rosado — Nós não tivemos nada e nem sei se é reciproco. — Confessou baixando os olhos.
Respirei fundo e a olhei com mais atenção. Samantha era tão nova ainda, tudo bem, nem tanto, afinal já tinha quinze anos, mas para mim sempre seria uma criança. Minha Samy. Jamais deixaria de cuidar dela e só queria sua felicidade.
— Sam, pode ser que ele tenha mesmo mudado, — Fiz uma pequena pausa e respirei fundo novamente, buscando as palavras certas — Isso só o tempo dirá. Você ainda é nova e tem muito pela frente, — Sorri a encorajando — Seu destino vai chegar... Na hora certa.
— Assim como o seu. — Completou.
— Assim como o meu. — Concordei me inclinando e beijei sua testa.
Ficamos algum tempo juntas em meu quarto, apenas deitadas conversando e fazendo planos para os futuros dias no palácio. Mais tarde Samantha se foi dizendo que iria desenhar em seu quarto e usar os retalhos que as costureiras tinham lhe dado pela manhã, quando vieram me ver.
— Toc Toc. — Ouvi uma voz já bem conhecida.
Sentei imediatamente na cama e olhei para a porta, onde Alexander estava parado com um lindo sorriso de canto nos lábios.
— Perdi meu lindo Romeu que entrava pela varanda? — Brinquei fazendo cara de decepcionada.
— Se quiser posso fazer isso, espere... — Sorriu e se virou já pronto para sair.
— Bobo! — Peguei um dos travesseiros e joguei em sua direção.
Ouvi sua risada enquanto se abaixava e pegava o travesseiro. Alexander entrou no quarto e fechou a porta, caminhando com calma até a cama. Sentou a beirada e segurou minhas mãos, beijando-as delicadamente.
— Como você está? — Perguntou com um pequeno sorriso.
— Bem e você? — Sorri levemente.
— Melhor agora. — Confessou.
Alexander se aproximou lentamente e colou seus lábios nos meus em um beijo lento e calmo. Suas mãos foram para minha perna e a acariciaram fazendo com que arrepios percorressem meu corpo.
Soltei um pequeno gemido e subi uma das mãos aos seus cabelos, enfiando os dedos e puxando-os levemente. Esse era um daqueles beijos perigosos em que sempre tínhamos que tentar nos controlar.
— Isso fica cada vez mais difícil. — Alexander confessou assim que nos separamos.
Dei uma risada baixa e assenti concordando, ainda sentindo minha respiração um pouco descompassada. Realmente era difícil me conter quando Alexander me beijava daquele jeito. Acendia meu corpo todo e eu sempre queria mais.
— Então... Como estão às coisas, os preparativos? — Questionou com visível interesse.
— Estão indo bem. Sua mãe e Verônica têm ótimas ideias. — Sorri.
— Mas e você? É o seu casamento Bel, — Revirou os olhos, como se aquilo fosse óbvio — Está como você quer?
— Sim. — Concordei sorrindo para tranquiliza-lo – Só preciso que você esteja lá, em frente ao altar me esperando, e será perfeito.
— Não seria louco de não estar. — Declarou se inclinando e beijando meus lábios rapidamente.
Alexander subiu mais na cama e se recostou a cabeceira. Abriu seus braços em um convite silencioso que prontamente aceitei. Deitei no meio das suas pernas, com a cabeça em seu peito. Alexander me envolveu com um dos braços e com o outro começou a acariciar meus cabelos.
Senti sua respiração ritmada e em algum momento tive a impressão de ouvi-lo cantarolar muito baixo uma cantiga de ninar, mas eu já não estava completamente alerta. Minha mente estava aérea, apesar do meu corpo ainda bem ciente da sua presença ali.
...
Mais tarde fui acordada com vários beijos no rosto e Alexander avisando que estava na hora do jantar. Então depois de recomposta nós saímos do quarto e descemos até o salão das refeições, onde Sam e Victor já estavam sentados à mesa, aparentemente trocando elogios. Esses dois eram piores que crianças.
— Vocês poderiam fingir ser adultos? — Sussurrei para Sam de forma repreensiva.
— Ele me provoca. — Se defendeu olhando-o ameaçadoramente.
— Você que dá bola. — Victor debochou dando de ombros e sorrindo de canto.
Neste momento meus avós estraram no salão e sorri indo até eles. Beijei a bochecha de vovó e abracei calorosamente vovô.
— Como está passarinha? — Ele perguntou sorrindo.
— Bem e o senhor? — Afaguei seu braço gentilmente.
— Muito bem. — Afirmou tocando minha bochecha carinhosamente.
Fomos interrompidos pelo casal real que acabava de entrar. Nós fizemos uma pequena reverência a eles, que sorriram nos cumprimentando e então finalmente nos sentamos à mesa.
O jantar foi servido e em certo momento parei, apenas observando todos a mesa. Vi minha família ali, feliz e enfim junto comigo, com o conforto que sempre quis dar a eles e que mereciam. Senti meu coração se encher de felicidade com aquilo. Eu tinha conseguido dar a eles uma vida melhor, como sempre disse que faria.
— Tudo bem? — Alexander sussurrou perto do meu ouvido.
— Só estou feliz. — Expliquei sorrindo.
Depois de terminarmos o jantar nós nos reunimos no salão principal para beber uma dose de licor e quem quisesse um pouco de café.
Algum tempo depois pedi licença para me recolher. No dia seguinte as costureiras estariam aqui logo cedo para começarmos com o vestido de noiva e depois a rainha disse que teríamos as degustações dos doces da festa, ou seja, seria um dia corrido novamente.
Alexander me acompanhou até a porta do quarto e ali nos demoramos mais alguns minutos, perdidos em beijos e caricias, até que finalmente nos despedimos.
Lucia apareceu alguns minutos depois e ajudou com o banho. Quando estava pronta agradeci e me despedi dela desejando boa noite. Deitei em minha confortável cama e suspirei de contentamento. Fechei os olhos e respirei fundo, deixando que minha mente se esvaziasse e que toda a correria do dia saísse.
***
Acordei cedo essa manhã pois, precisava começar com os preparativos do vestido. Lisa e Sisi tinham ideias ótimas e no final nós conseguimos decidir qual era o modelo perfeito. Havia insistido que elas fossem as costureiras, afinal sempre estiveram comigo e seus modelos eram lindos.
Samantha ficou sentada na cama enquanto elas trabalhavam com rapidez, ajustando o tecido em meu corpo e fazendo as marcações e pregas.
Era quase hora do almoço quando finalmente tínhamos terminado. Samantha e eu descemos ao salão das refeições, encontrando com os outros já a mesa. Sorri e segui até a cadeira vaga ao lado de Alexander. Era a primeira vez que nos víamos naquele dia pois, nem ele e o rei estiveram presentem no café da manhã.
Almoçamos com calma e vez ou outra sentia a mão de Alexander em minha coxa, acariciando-a levemente. Depois a sobremesa foi servida e comi devagar, saboreando ao máximo.
— O que acha de uma fugida bem rápida? — Alexander sussurrou quando já estávamos saindo do salão.
— Acho uma ideia tentadora. — Sorri.
— Então vamos. — Pegou minha mão e nos guiou ao lado oposto em que todos caminhavam.
Reconheci nosso caminho assim que passamos pelo enorme quadro com o retrato da família real. Alexander abriu a porta da biblioteca e nós entramos. As cortinas estavam abertas, assim como, as portas da varanda, o que fazia uma brisa gostosa entrar e refrescar a sala.
— Um pouco de paz. — Comentou sentando em um divã perto da porta.
— Muito trabalho? — Perguntei e ele suspirou alto, estendo sua mão.
— Muitas decisões a tomar. — Explicou enquanto me acomodava ao seu lado.
Deitei a cabeça em seu peito e senti Alexander me envolver em seus braços, puxando para mais perto. Suspirei baixo e beijei seu peito por cima da camisa social azul clara.
— Sei que vai tomar as decisões corretas. — O reconfortei.
— Você sempre sabe as coisas certas a falar. — Sussurrou acariciando minhas costas com calma.
— Impressão sua, só falo besteiras, — Dei uma risada baixa — Mas isso que acabei de dizer é a verdade, você é correto, justo e está sempre pensando nos outros. — Apoiei o queixo em seu peito e o encarei — É obvio que vai saber a coisa certa a se fazer.
— Tenho tanta sorte em ter te encontrado. — Declarou tocando meu rosto carinhosamente.
— Tem mesmo, — Brinquei dando de ombros, fazendo ele dar risada — Sou super demais. — Completei fingindo falar sério.
— Super. — Concordou sorrindo e me puxando mais para cima de si.
Dei uma risada baixa e mordi meu lábio. Seus olhos verdes esmeralda imediatamente desceram a minha boca e notei quando escureceram, mostrando seu desejo. Nossos rostos se aproximaram lentamente até finalmente nos beijarmos. Era um beijo calmo e sexy. Alexander moldava seus lábios aos meus com vontade enquanto as mãos seguravam minha cintura.
Quando o ar se fez necessário ele desceu a boca ao meu pescoço, chupando e mordendo algumas vezes para em seguida subir novamente aos meus lábios. Apoiei as mãos em seus ombros e apertei levemente, sentindo seus músculos. Alexander subiu uma das mãos pelo meu braço até chegar ao ombro. Seus dedos engataram na alça fina do vestido e a deslizaram lentamente para baixo, fazendo meu coração disparar.
Sabia que estávamos novamente no caminho perigoso. Ultimamente nós sempre acabávamos nele. Acho que nem Alexander e eu estávamos mais aguentando ficarmos tão perto e ao mesmo tempo longe.
— Você é linda, — Sussurrou me olhando intensamente — E eu te amo tanto.
Sorri abertamente e fechei os olhos, sentindo-os já marejando. Era tão bom ouvir suas palavras de carinho, elas enchiam meu coração de felicidade e amor.
Abri os olhos e toquei seu rosto, acariciando-o. Ele sorriu e inclinou levemente a cabeça, apreciando o momento.
— Eu te amo! — Sussurrei dando um selinho demorado em seus lábios.
Deitei a cabeça em seu peito e respirei fundo seu perfume amadeirado. Eram esses momentos que mostravam que tudo valeu apena e que com vontade e fé as coisas sempre acontecem.
***
Nesta manhã o sol entrava forte pela varanda do quarto quando acordei. Tinha deixado às cortinas abertas na noite anterior e um pouco das portas de correr também, assim uma brisa suave entrava e refrescava todo o ambiente.
Confesso que estava ansiosa, muito ansiosa. Meu corpo elétrico e a mente já trabalhava rapidamente pensando em tudo que aconteceria hoje. Sim era o grande dia. O dia do meu casamento com Alexander. O homem que amo e que também me amava.
— Bom dia princesa. — Lucia cumprimentou ao entrar no quarto e encontrar sentada na cama, com as costas apoiadas a cabeceira — Já acordada? — Sorriu gentilmente.
— Não consigo dormir mais do que isso. — Expliquei suspirando alto.
— Muito ansiosa? — Questionou ainda sorrindo.
— Muito. — Confessei dando uma risada baixa e nervosa.
— Vou preparar seu banho. — Avisou e assenti concordando.
Me espreguicei e levantei da cama, seguindo até o banheiro. Lucia tinha colocado a banheira para encher e despejava alguns sais, formando uma espuma cheirosa.
Entrei na água morna e respirei fundo algumas vezes. Não seria bom toda essa eletricidade e nervosismo. Tinha que relaxar o máximo e curtir esse momento, afinal era um dia especial e que eu queria guardar na memória para sempre.
Alguns minutos depois Lucia chamou e avisou que estava na hora de começar a me preparar. Sai da banheira e vesti o roupão que ela me oferecia. Quando voltamos ao quarto me deparei com duas mulheres, uma loira de cabelos compridos e lisos, e outra de cabelos escuro e ondulados que iam até a metade das costas.
— Estas são Sasha e Vasily, — Lucia nos apresentou — Serão elas quem a prepararão para a cerimônia. — Explicou sorrindo.
— É um prazer conhece-la princesa. — A mulher morena disse enquanto as duas faziam a reverência.
— Igualmente. — Sorri gentilmente.
— Vou buscar o desjejum da senhorita enquanto arrumam o que precisaram usar... — Lucia avisou já indo em direção a porta do quarto.
— Ok. — Concordei.
Assim que Lucia tinha ido as duas mulheres começaram a preparar todas as coisas que usariam. Ouvi uma batida na porta e em seguida um guarda entrou no quarto empurrando uma espécie de cama móvel. Era estreita e suspensa por armação de ferro.
A loira que descobri ser Sasha pela conversa baixa delas, arrumava minha penteadeira com muitos produtos. Não que já não tivesse o bastante. Já Vasily colocou um pano branco por cima da cama e em seguida abriu uma maleta, com vários cremes, óleos e sais.
Lucia voltou com minha bandeja de café da manhã e como de costume levou até a varanda. Sentei e comecei a comer com calma. Meu estômago estava estranho e não queria passar mal justamente hoje.
— Estou pronta para começar. — Avisei quando voltei ao quarto e encontrei as duas mulheres à minha espera.
— Pode se deitar de bruços, por favor. — Vasily pediu e indicou a cama que o guarda trouxe.
Assenti concordando e deitei na armação. Vasily puxou o roupão para baixo, até minha cintura. Ouvi o barulho de vidro se chocando e imaginei serem os óleos que havia em sua maleta. Eu estava de olhos fechados, distraída, quando senti Vasily começar a passar algo em minhas costas. O cheiro era meio doce, mas nada em excesso.
Suas mãos trabalharam ali por vários minutos, na verdade, perdi a noção do tempo. Eu já cochilava, quase entrando em um sono mais profundo, quando Vasily terminou seu trabalho. Abri os olhos, aos poucos voltando do meu estado de torpor e a vi guardando o óleo novamente em sua maleta.
— Como a senhorita se sente? — Perguntou me olhando com atenção.
— Muito bem, você tem mãos ótimas. — Elogiei notando seu sorriso orgulhoso.
Depois foi a ver de Sasha cuidar da pele do meu rosto. Senti quando ela passou algo gelatinoso e gelado, espalhando com cuidado.
— O que é isso? — Questionei quando colocou duas rodelas em cima de meus olhos.
— Pepinos... São ótimos para olheiras. — Explicou — Vou deixar este gel agindo por cinco minutos e então volto a cuidar da senhorita.
Ouvi seus passos se afastando e respirei fundo algumas vezes, sentindo o ar entrar e sair dos meus pulmões.
— Vai casar vestida de salada? — Perguntou uma voz melodiosa e conhecida.
— Samy. — A repreendi.
— Estou brincando. — Ouvi sua risada — Só passei para ver como está sendo seu dia.
— Já começou agitado, — Suspirei baixo — E nossos avós?
— Estão sentados no salão principal, tomando chá com algumas colegas da rainha. — Explicou — Uma delas é bem engraçada...
— Emily. — Lembrei imediatamente de seu nome.
— Sim, ela mesma. — Concordou.
Conversamos mais um pouco e depois Samantha saiu dizendo que logo sua fada madrinha, como denominou a moça que cuidou de sua produção para a cerimônia de coroação, cuidaria dela hoje também.
Samantha mal tinha saído e Sasha já voltou perguntando sobre o gel em meu rosto. Confirmei que estava tudo bem e então cuidadosamente ela começou a retira-lo com lenço umedecido.
— Agora vou fazer uma esfoliação e então sua pele ficará perfeita, — Avisou tirando as rodelas dos meus olhos — Não que já não seja... — Corrigiu rapidamente me fazendo dar uma risada baixa.
— Eu entendi. — A tranquilizei.
Sasha passou outro gel que parecia ter algumas pedrinhas de areia e começou a massagear com cuidado, fazendo círculos em minhas bochechas, testa e queixo.
Depois de pronto retirou novamente com o lenço e finalizou passando um óleo bem líquido, deixando-o secar por alguns minutos.
— Pronto. — Avisou e imediatamente abri os olhos.
— Me sinto bem melhor. — Comentei.
— Fico feliz. — Sorriu agradecida.
Ouvi o barulho da porta abrindo e logo Lucia entrava com mais uma mulher, que se chamava Andy e estava ali para fazer a depilação. Sim, nem tinha percebido que precisava fazer isso hoje, já que fatalmente esta noite não passaria sozinha. Eu e Alexander finalmente teríamos nossa primeira noite juntos.
Deitei novamente na cama e então Andy começou a preparar suas coisas. Não nego que doeu, principalmente quando chegamos a certos lugares, então depois de pronta estava consideravelmente dorida em várias partes do meu corpo.
Na hora do almoço Lucia o buscou, mesmo que não estivesse com tanto apetite assim.
— Onde estão todos os outros? — Questionei enquanto ainda comia.
— Almoçando em seus quartos. O palácio está bem tumultuado com os preparativos e transitar é difícil. — Explicou sorrindo gentilmente.
— Está ficando tudo muito lindo. — Vasily comentou.
Ela e Sasha estavam sentadas na cama esperando pacientemente para continuarem seu trabalho em me preparar.
Sorri animada e ansiosa para ver tudo pronto. Havíamos levado a semana toda escolhendo e preparando cada detalhe, então hoje tudo estaria perfeito. Não digo só pela festa e a cerimônia, mas por ser Alexander me esperando no altar.
Sentei em frente a penteadeira e imediatamente Sasha levantou da cama, vindo em minha direção com sua maleta. Ela mexeu em alguns produtos, mostrando e dando sugestões. Eu queria algo marcante hoje, não queria passar despercebida. Se bem que isso seria meio impossível, já que o vestido que usaria era maravilhoso. Sem falsa modéstia, mas as costureiras tinham arrasado, mesmo. Ele era um sonho de tão lindo. Eu havia feito a última prova ontem e estava perfeito.
Relaxei na cadeira e deixei Sasha trabalhar. Senti alguém segurar minha mão e outra pessoa segurar o pé. Me assuntei no começo, mas Lucia avisou que ela e Vasily fariam minhas unhas. Assenti concordando e então rapidamente elas começaram a trabalhar.
Estava me sentindo uma princesa, ops, eu era uma princesa, bom, vocês entenderam. Apenas não era acostumada com tantas pessoas ao meu redor. As três estavam a minha disposição e imaginei se sempre seria assim quando fosse oficialmente à rainha de Thompson.
Será que teria todas essas regalias regularmente? Algo me dizia que sim, já que rainha Elisabeth tinha a pele sempre bem cuidada, os cabelos sedosos e as unhas feitas. É, com certeza ela devia ter esse tipo de tratamento constantemente.
As duas terminaram minhas unhas e então Lucia avisou que iria separar o que seria usado essa noite, no caso, os sapatos, joias e outros acessórios. Já Sasha terminou a maquiagem e começou com os cabelos. Meu pescoço doía um pouco por ficar tanto tempo na mesma posição, mas ao pensar no porque daquilo esquecia a dor, e me pegava sonhando novamente com meu príncipe.
— Com licença. — Ouvi alguém e reconheci imediatamente a voz.
— Vovó! — Exclamei animada.
— Ah querida, você está ficando tão linda. — Elogiou sorrindo docemente.
— A senhora que está linda. — Afirmei admirando seu bonito vestido.
Era de um azul escuro, com mangas longas e decote quadrado. Na barra uma renda com brilho fazia com que ficasse mais chique e no cabelo vovó tinha um coque bem feito. Seu rosto levemente maquiado, nada exagerado, mas que a deixava adorável.
— Queria saber como está. — Explicou segurando minhas mãos — Muito ansiosa?
— Muito vovó. — Confessei dando uma risada baixa.
— Não se preocupe. Está tudo lindo querida. — Tranquilizou-me sorrindo — Tudo como planejamos.
— Que bom. — Suspirei aliviada — E vovô?
— Está terminando de se arrumar. Sabe como ele é com essas roupas mais formais. — Lembrou fazendo cara de desgosto.
— Sei. — Concordei sorrindo.
Meu avô sempre se embananava com essas roupas. Lembro de um dos poucos casamentos em que fomos e ele teve que usar roupas assim. Nós chegamos quase junto com a noiva pois, vovô implicou com a gravata borboleta dizendo que estava sufocando.
— Vou ver como Samantha está. — Avisou sorrindo e beijou minha bochecha com cuidado para não estragar a maquiagem.
— Tudo bem. — Sorri.
Suspirei baixo assim que a vi sair do quarto. Sasha voltou a cuidar do meu cabelo e quase meia hora depois estava pronto. Nós tínhamos escolhido um coque, assim poderíamos encaixar a coroa depois.
— Senhorita? — Alguém chamou e virei na cadeira encontrando Lisa e Sisi.
As duas mulheres acabavam de entrar no quarto trazendo um embrulho gigante nos braços. Meu vestido.
— Olá meninas. — Cumprimentei.
— Nossa... A senhorita está tão bonita! — Sisi elogiou me olhando com visível admiração.
— Muito obrigada. — Agradeci sorrindo abertamente.
Com cuidado elas colocaram o embrulho em cima da cama e abriram o zíper que havia na frente, revelando o tecido branco do vestido. Senti o coração acelerar ao toca-lo com a ponta dos dedos e suspirei baixo sentindo a macies do tecido.
— É... Acho que está quase na hora. — Comentei dando uma risada baixa e totalmente nervosa.
— Vai ser um belíssimo casamento. — Vasily afirmou sorrindo.
Assenti concordando e encarei novamente o vestido estendido na cama. Ele estava ali para mostrar que tudo aquilo era real e não um sonho. Sim, me casaria com o homem que amava e seria princesa de Thompson.
— Vamos colocá-lo? — Lucia sorria gentilmente, tentando me acalmar.
— Vamos. — Concordei respirando fundo.
Lucia me ajudou com o roupão enquanto as costureiras tiravam o vestido do embrulho com todo cuidado, e ainda mais cuidadosamente me ajudavam colocá-lo. Era um pouco complicado por causa da cauda e eu teria que me concentrar na hora de andar para não enroscar em nada e o estragar, mas valeria a pena, afinal ele era simplesmente magnifico. Tinha ficado exatamente do jeito que imaginei.
Lucia fechou o zíper nas costas e Vasily junto com Sasha ajeitaram a cauda para que não amassasse muito. Olhei pela varanda e encontrei o entardecer, que começava a tomar conta do céu em um tom de laranja meio avermelhado.
Lucia voltou com os saltos e me ajudou a calçando-os, já que não conseguiria me abaixar e se sentasse acabaria amassando o vestido, o que também não era nada bom.
— Obrigada. — Agradeci.
— A senhorita gostaria de ver como está? — Lucia perguntou sorrindo.
— Sim. — Concordei ansiosa.
Lisa e Sisi pegaram a cauda e a ergueram. Com calma caminhei ao closet, onde havia um espelho gigante em uma das paredes. Assim que parei em frente a ele senti uma boa quantidade de água se acumular no canto dos meus olhos. Sim, estava emocionada em me ver ali, daquele jeito.
Nunca pensei que tudo isso aconteceria comigo um dia e mesmo já tendo superado de certa forma a perda dos meus pais, sempre sentiria falta deles, isso era óbvio. Queria muito que estivessem aqui hoje, desfrutando de tudo que estava acontecendo e do conforto que teríamos agora.
Lucia saiu rapidamente do closet, mas voltou alguns segundos depois com um pequeno sorriso no rosto. Não tive tempo de perguntar o que tinha acontecido pois, no instante seguinte meu avô já entrava no closet. Ele estava tão fofo naquela roupa, que senti meu rosto doer com o sorriso enorme que surgiu ali. Seu fraque preto o deixava parecendo um lorde.
— Vovô. — Sussurrei ainda sorrindo.
— Passarinha... — Segurou minhas mãos e afagou gentilmente.
Seus olhos desceram pelo meu rosto até o vestido. Vovô estava emocionado, era visível. Com cuidado se inclinou e beijou minha testa, mantendo os lábios ali por alguns segundos. Suspirei baixo deixando que aquele ato levasse todo meu nervosismo embora.
— Está maravilhosa. — Elogiou sorrindo.
— Obrigada. — Agradeci — Estou tão nervosa. — Confessei mordendo o lábio.
— Não fique meu anjo. — Apertou levemente minhas mãos — Tudo vai dar certo... Acredite!
— Eu acredito. — Concordei deixando que aquelas palavras entrassem em meu coração.
— Seu noivo está tão ansioso quanto você. — Deu uma risada baixa.
— O senhor o viu? — Perguntei interessada.
— Sim, estive em seu quarto para uma última conversa. — Confessou ficando um pouco vermelho.
Vovô estava corando? Isso era bem estranho.
— E está tudo bem? — Franzi a testa.
— Sim, — Concordou rapidamente — O príncipe é um bom homem, sei que a fará feliz... E você sabe que sempre terá sua família passarinha.
— Sei disso... Obrigada por tudo. — Sussurrei emocionada.
— Então... Pronta? — Questionou sorrindo.
Sei que era costume as noivas atrasarem, mas não queria exagerar e se dependesse de mim estaria no altar antes de Alexander.
— Pronta! — Afirmei respirando fundo.
Sim, eu estava pronta. Nunca tive tanta certeza em toda minha vida sobre alguma coisa. Chegou o dia e esse era o meu momento
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