Save your tears
Student Apartment, Ann Arbor, Michigan — Agora
Jace
— Você está encarando essa TV há quinze minutos sem nem piscar. Tem certeza de que não está apaixonado pela tela?
A voz debochada de Dylan me tira dos meus pensamentos, mas eu não dou o gostinho de responder. Mantenho os olhos fixos no jogo de basquete que mal estou acompanhando. Só quero que ele cale a boca.
— Ou será que o problema é outro? — ele continua, se jogando no sofá ao meu lado com aquele sorriso de quem sabe que está prestes a me irritar. — Quem diria, hein, Barrett? Nosso cara durão, todo focado no futebol, agora está todo derretido por uma certa garota do outro quarto.
Reviro os olhos e jogo uma almofada na cara dele, mas ele só ri.
— Você está delirando, Carter.
— Ah, claro, eu que estou. Porque faz todo o sentido você dormir no sofá ao lado da cama dela, só para ter certeza de que ela está bem. Isso não significa nada, não é?
Eu suspiro, tentando ignorá-lo, mas ele se recusa a parar.
— Por que você não chama ela para sair logo, cara? — Dylan insiste, apoiando os pés na mesa de centro, relaxado demais para alguém que está se intrometendo na minha vida. — Sei que você sabe o que ela gosta. Leva a garota para patinar ou algo assim.
— E você acha que ela vai topar? — pergunto, mais por reflexo do que por vontade de ouvir a resposta.
— Com você? Claro que vai. Você só precisa parar de agir como se estivesse com medo dela.
Dylan sempre fala como se as coisas fossem simples, como se uma garota como Ivy não fosse capaz de virar meu mundo de cabeça para baixo. Ele não sabe como é encará-la e sentir aquele aperto estranho no peito, como se eu fosse tanto o problema quanto a solução.
Mas ele não vai desistir.
— Escuta, Barrett, você vai continuar nesse jogo de "não é nada" até quando? A garota está aqui, no seu apartamento. É agora ou nunca.
— Você é irritante pra caramba, sabia?
Dylan ri alto, mas só responde com um dar de ombros.
— E você, meu amigo, é um covarde.
— Já disse que não é assim tão simples, Carter — murmuro, esfregando as mãos no rosto. — A Ivy não é só... uma garota qualquer.
Dylan arqueia uma sobrancelha, com um sorriso que só pode significar problemas.
— Ah, então você admite que ela não é como as outras? Isso está ficando cada vez melhor.
Jogo outra almofada nele, desta vez com mais força, mas ele desvia, gargalhando.
— Você vai me agradecer depois, Jace. Confia no pai aqui.
— Não preciso de ajuda, Carter.
Ele balança a cabeça, se levantando do sofá.
— Claro, porque você está lidando super bem com isso sozinho. — Ele se estica, como se estivesse se preparando para algum grande esforço. — Mas tudo bem, já que você não vai agir, talvez eu arrume alguém para ela.
Meu corpo tensiona antes que eu perceba. O sorriso de Dylan só cresce.
— Não ouse.
— Por quê? Está com ciúmes? — Ele me encara como se estivesse me desafiando a negar.
— Não é ciúmes, Carter. É só... — Engulo em seco, tentando escolher as palavras. — Não quero que você faça algo idiota.
— Aham. Claro. — Ele faz um gesto vago com as mãos, fingindo acreditar. — Olha, Jace, só estou dizendo que, se você não tomar uma atitude, vai acabar perdendo sua chance. E, honestamente, acho que ela merece algo especial.
Reviro os olhos, mas a verdade é que as palavras dele me atingem. Ivy merece algo especial. Algo que mostre que eu conheço quem ela realmente é, não só o que todo mundo vê.
— Tudo bem. Eu vou pensar em alguma coisa — digo, meio a contragosto.
— Isso aí! É assim que se fala! — Dylan dá um tapa nas minhas costas antes de ir para a cozinha. — Agora, com licença, vou deixar você planejar o encontro perfeito.
Ele sai assobiando, como se tivesse acabado de ganhar um jogo.
Eu afundo no sofá, com a mente já começando a trabalhar. Se vou mesmo convidar Ivy para sair, preciso fazer direito. Nada de clichês. Algo que seja... dela.
Meus pensamentos vagam para a pista de patinação. Ela sempre pareceu tão viva no gelo, como se aquele fosse o único lugar no mundo onde ela realmente pertencesse.
Sim, isso pode funcionar.
Mas o medo de estragar tudo permanece. Porque, por mais que eu queira, por mais que eu tente me convencer de que é só uma saída, sei que é mais do que isso. E, se eu fizer errado, talvez perca de vez a chance de ter Ivy na minha vida.
E isso não é algo que estou disposto a arriscar.
Reviro os pensamentos, tentando não pensar no sorriso de Dylan e no quanto ele está claramente se divertindo às minhas custas. Mas, é claro, ele tem um ponto. Se vou convidar Ivy para sair, preciso ser direto. Preciso mostrar que me importo, mas sem parecer desesperado.
— Patinação no gelo... — murmuro para mim mesmo.
Já faz tanto tempo que não a vejo no gelo. Na última vez, éramos apenas crianças, e Ivy brilhava de um jeito que eu nunca consegui esquecer. Sempre foi o lugar dela, o único espaço onde ela parecia realmente livre.
Mas será que ela ainda sente o mesmo? Será que um convite desses não vai trazer lembranças ruins?
Pego o celular e fico encarando o nome dela nos contatos. A coragem parece uma coisa tão simples até você realmente precisar dela. Respiro fundo, mas antes que eu possa me decidir, Dylan volta da cozinha com uma lata de refrigerante.
— Você vai ficar aí o dia todo, Barrett? — Dylan abre a lata com um estalo e se joga no sofá. — Só manda uma mensagem. Ou melhor, liga logo pra ela.
— Eu tô pensando em como fazer isso direito. — Coloco o celular na mesa, frustrado. — Não é só... convidar, sabe? Quero levar ela pra algum lugar que realmente importe.
Dylan dá um longo gole no refrigerante e me encara com um sorriso que mistura zombaria e curiosidade.
— E o que é "importar" pra ela? Você conhece a Ivy. Vai por mim, ela não é dessas que liga pra lugares caros ou programas clichês.
— Eu sei disso. — Respondo de imediato, o tom defensivo. — É por isso que tô tentando pensar em algo que tenha a ver com o que ela gosta.
Ele levanta uma sobrancelha, provocador.
— Tipo?
Hesito, mas acabo respondendo.
— Patinação no gelo.
Dylan me encara por um momento, e então um sorriso lento e perigoso aparece no rosto dele.
— Você quer levar ela pra patinar? Cara, isso é genial. E arriscado pra caramba.
— Como assim "arriscado"? — Franzo o cenho.
— Porque, se ela estiver afim de patinar, vai ser o encontro perfeito. Mas, se ela não estiver, você vai levar ela direto pra um lugar cheio de memórias antigas e sentimentais. E aí, meu amigo, boa sorte lidando com as consequências.
Minha mandíbula aperta, mas ele não está errado. Patinação sempre foi uma parte enorme da vida de Ivy, mas também carrega todo o peso da pressão que a mãe dela colocou sobre ela. Ainda assim, sinto que, de algum jeito, pode ser algo significativo pra ela.
— Não vou saber até tentar. — Digo, pegando o celular novamente.
Dylan dá de ombros, claramente se divertindo com a minha indecisão.
— Boa sorte, então. E, sério, tenta não parecer um completo idiota no convite.
— Você realmente sabe como motivar uma pessoa. — Reviro os olhos antes de me levantar e ir para o quarto, longe do olhar atento dele.
Assim que fecho a porta, encaro o celular por alguns segundos antes de finalmente desbloqueá-lo e digitar a mensagem.
"Oi, Ivy. Pensei que talvez você pudesse querer sair um pouco... Que tal patinar no gelo? Eu conheço uma pista tranquila, sem muita gente. Acho que seria legal."
Olho para o texto por mais tempo do que deveria, relendo cada palavra. Então, com um último suspiro, envio a mensagem e coloco o celular na mesa, me afastando como se ele fosse explodir.
Agora, é esperar.
Caminho de um lado para o outro no quarto, tentando não encarar o celular como se minha vida dependesse disso. A ideia parece boa na minha cabeça, mas a possibilidade de ela recusar ou, pior, não responder, fica rondando como uma nuvem pesada.
Alguns minutos se arrastam, e cada segundo parece uma eternidade. Finalmente, o som de uma notificação quebra o silêncio. Meu coração dispara.
Pego o celular rápido demais, quase derrubando-o no processo. A mensagem dela está lá, curta, direta, mas cheia de significado:
"Tudo bem. Que horas?"
Suspiro de alívio e não consigo evitar o pequeno sorriso que surge no meu rosto. Ela aceitou. Esse é o primeiro passo.
Respondo:
"Por volta das sete? Está na casa da Claire, né? Passo aí para te buscar."
Não demora muito para ela responder:
"Combinado."
Bloqueio o celular e me jogo na cama, soltando o ar que nem sabia que estava prendendo.
Uma batida na porta me faz olhar para cima. Dylan aparece com a cabeça meio inclinada, o sorriso irritantemente satisfeito.
— E aí?
— Ela aceitou.
— Olha só, o grande Jace Barrett, marcando um encontro. — Ele finge enxugar uma lágrima. — Estou tão orgulhoso.
— Cala a boca.
Ele ri, mas, para minha surpresa, não me provoca mais.
— Então, onde você vai levar ela?
— Na pista de gelo perto do parque. É mais afastada, quase ninguém vai lá à noite.
Dylan assente, e, por um momento, ele parece realmente interessado.
— Boa escolha. Só... sei lá, não tenta forçar nada. Se ela só quiser ficar quieta ou não lembrar de nada relacionado ao passado, respeita.
Eu balanço a cabeça em concordância.
— É claro. Não quero que isso vire um peso pra ela.
Dylan parece satisfeito com minha resposta e sai, murmurando algo sobre como deveria ser um coach de encontros.
Fico deitado na cama por um momento, o olhar perdido no teto. Não importa o quanto eu tente parecer tranquilo, a verdade é que estar perto de Ivy sempre me desarma. Ela tem esse jeito de me deixar em conflito — entre quem eu sou e quem eu gostaria de ser.
Eu só espero que essa noite seja o que ela precisa. Que seja o que nós precisamos.
Quando o relógio finalmente marca sete horas, uma sensação de nervosismo invade meu peito. Não é o tipo de nervosismo comum antes de um jogo, quando eu sei o que esperar. Não. Esse tipo de nervosismo é diferente, mais pessoal. Algo muito mais arriscado do que qualquer jogo de futebol. Porque, no fundo, o que está em jogo aqui é mais do que apenas uma noite agradável com Ivy. É a chance de realmente entender quem ela é agora, de tentar encontrar um pedaço de quem ela costumava ser.
Eu me levanto da cama, ajustando a camiseta enquanto dou uma última olhada no espelho. Tento respirar fundo, me forçando a parecer mais tranquilo do que realmente estou. Mas não adianta, a ansiedade ainda aperta meu peito.
Ao sair do quarto, pego as chaves do carro e desço para o andar de baixo. Dylan está na cozinha, mastigando alguma coisa e me lança um olhar de cima para baixo, um sorriso de canto surgindo.
— Vai com tudo, cara — ele diz, com a voz séria, como se estivesse me dando a última palavra de sabedoria.
Eu dou de ombros, sem saber o que responder. A última coisa que eu preciso é de conselhos sobre "ir com tudo" de Dylan, mas o sorriso dele tem um toque de aprovação que, no fundo, eu aprecio.
Saio pela porta, tranco atrás de mim e entro no carro, ligando o motor com um suspiro pesado. O caminho até a casa de Claire parece mais longo do que deveria, com o trânsito mais calmo do que eu esperava, mas minha mente está distante, cheia de lembranças e incertezas.
Quando chego, estaciono e fico alguns segundos olhando para a casa. A luz suave da janela do quarto de Claire brilha através das cortinas. Tudo parece tão simples, mas, ao mesmo tempo, tão difícil de decifrar.
Antes de sair do carro, dou uma última olhada na tela do celular, vendo a mensagem dela confirmando a hora. Eu queria ter mais certeza do que estou fazendo, mas não tenho. O que eu sei é que essa noite precisa ser diferente de todas as outras que passamos juntos, de todas as conversas não ditas.
Bato na porta e espero, sentindo o nervosismo crescer mais uma vez. Quando a porta se abre, Ivy está ali, com um sorriso discreto, mas que me faz parar por um momento. Ela está com um casaco simples, mas o brilho nos olhos e a suavidade no rosto tornam tudo mais difícil de ignorar.
— Pronta para essa aventura? — pergunto, tentando soar mais calmo do que me sinto.
Ela me encara por um instante, como se estivesse avaliando a situação, antes de responder com um sorriso tímido.
— Acho que sim.
Sem mais palavras, nós dois nos dirigimos para o carro. O silêncio entre nós não é desconfortável, mas parece carregado com algo não dito. Algo que ainda não estamos prontos para discutir.
O caminho até a pista de patinação é tranquilo, e, à medida que nos aproximamos, noto o leve sorriso nos lábios de Ivy, como se ela estivesse começando a relaxar um pouco. É um bom sinal, certo?
Quando estaciono e saímos do carro, o frio da noite nos envolve. A pista de patinação está quase vazia, exceto por algumas pessoas espalhadas, mas isso só faz o ambiente mais intimista, mais... nosso.
— Que bom que não está cheio. — Ivy fala, sua voz baixa, mas com um toque de alívio.
— Eu sabia que você não ia gostar de uma pista lotada — respondo, tentando brincar, mas a verdade é que eu também estou feliz com a tranquilidade ao redor.
Nós nos aproximamos da borda da pista, onde os patins estão esperando. Entrego a ela um par e, quando nossos olhos se encontram, algo no meu peito acelera. Talvez seja a expectativa, ou o medo, mas eu sei que estamos em um ponto de não retorno.
Ivy coloca os patins com a mesma habilidade e precisão que sempre teve nas competições. Ela é boa no gelo, e isso nunca foi uma surpresa para mim. Ela sempre foi incrível nesse esporte, com movimentos fluídos e confiança que vinha de anos de treino e dedicação.
— Vamos lá? — pergunto, minha voz mais baixa agora, enquanto estendo a mão para ela.
Ela hesita por um segundo, como se quisesse dizer algo, mas então toma minha mão. Não há palavras, apenas o som do gelo sendo cortado pelos patins e a sensação de que algo está mudando entre nós.
Eu estava me esforçando para não cair, mas, claro, o gelo não estava colaborando. Ivy estava lá, deslizando com uma graça que me fazia querer xingar mais uma vez a minha falta de habilidade. Ela estava rindo de mim, e, para ser sincero, não conseguia me importar tanto com isso quanto eu deveria. Eu tinha que admitir, era divertido vê-la tão à vontade no gelo.
— Talvez você devesse tentar não parecer um pinguim tentando dançar, Jace. — Ela provocou, e quase caí.
— Eu não sou um pinguim — Eu resmunguei, tentando manter o equilíbrio.
Ela riu, e aquilo só fez a situação ficar ainda mais irritante. Mas, ao mesmo tempo, tinha algo ali que eu não sabia bem explicar. Ela estava se divertindo tanto, e parecia que eu fazia parte disso. Era estranho... e, de algum jeito, gostoso de ouvir.
Decidi tentar fazer algo, qualquer coisa, para deixar de ser o centro da piada. Sem pensar direito, dei um passo rápido em sua direção e, antes que eu pudesse perceber, estava segurando sua cintura. O toque foi instantâneo, e ela foi puxada para mais perto de mim. Seus corpos colaram de um jeito que eu não esperava, e eu senti a respiração dela na minha pele. Era como se o tempo tivesse desacelerado, e, por um momento, eu não soubesse o que fazer.
Meu coração acelerou, e eu quase pude ouvir o som dele batendo forte no meu peito. Era... muito mais do que eu esperava. Estávamos tão perto, e o calor dela se espalhou pelo meu corpo. Não era como se eu não soubesse o que sentia, mas estar assim com ela... era diferente.
Ela olhou para mim, o sorriso dela mais suave do que eu já tinha visto, e os olhos dela brilhavam com uma mistura de diversão e algo mais. Algo que eu não sabia identificar, mas que me fez sentir uma tensão no ar.
— Você tem certeza de que sabe o que está fazendo, Barrett?— Ela perguntou, e sua voz foi suave, quase como se quisesse me provocar mais. Ela estava tão perto, eu quase podia ouvir seu coração também.
E, por um segundo, eu pensei que poderia ter feito alguma coisa errada, mas a sensação de tê-la ali, tão perto, foi... boa demais. Eu mal consegui pensar no que dizer.
— Talvez... — eu murmurei, sem saber se estava mentindo para ela ou para mim mesmo.
Eu fiquei ali por um instante, com ela ainda na minha frente, a respiração ainda entrecortada, mas nenhuma palavra parecia suficiente para quebrar o silêncio que se formou entre nós. A proximidade era demais para ignorar. O toque da minha mão na cintura dela, o calor que vinha de seu corpo, o olhar que ela me deu — tudo parecia se intensificar, como se o mundo ao nosso redor tivesse diminuído de tamanho.
Ela finalmente se afastou ligeiramente, mas eu ainda podia sentir o efeito da sua presença, quase como se ela tivesse deixado algo de si mesma na minha pele. O sorriso de Ivy estava lá, mas não era o mesmo sorriso de antes, como se algo tivesse mudado. Algo não dito, algo que estava prestes a explodir, mas ainda estava preso.
— Eu deveria me preocupar com você, Barrett — Ivy disse, mas havia uma leve diversão na sua voz. — Você pode até me fazer cair no gelo.
Eu ri, tentando disfarçar a tensão que ainda estava na minha garganta.
— Eu não sou tão ruim assim, Ivy. — Eu disse, com mais confiança do que realmente sentia.
Ela apenas levantou uma sobrancelha, como se soubesse que eu estava mentindo, mas não disse mais nada. O silêncio entre nós estava carregado de algo que eu não queria nomear, mas que parecia quase impossível de ignorar agora.
Enquanto ela começava a deslizar de volta para o centro da pista, sem olhar para trás, eu fiquei parado ali por um momento, observando seus movimentos. Ela parecia tão natural, tão em casa no gelo, e eu, de alguma forma, me sentia um pouco fora de lugar.
Mas havia algo mais agora. Algo que me puxava para ela, que me fazia querer mais daquele momento. Algo que eu não sabia se estava pronto para encarar, mas que, por algum motivo, estava começando a aceitar.
Eu respirei fundo, tentei me recompor, e então me juntei a ela. O gelo ainda estava escorregadio, mas, talvez, eu já não me importasse tanto com isso.
O que vinha depois, eu não sabia. Mas o que eu sentia agora... isso, eu não podia ignorar.
E, por mais que eu quisesse escapar daquilo, uma coisa era certa: nada nunca mais seria como antes.
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