Goosebumps

Student Apartment, Ann Arbor, Michigan —
Agora
Jace

Eu achei que nunca teria isso.

Durante anos, imaginei como seria tê-la assim, perto o suficiente para eu ouvir sua respiração tranquila, para sentir seu calor ao meu lado sem que houvesse uma barreira invisível entre nós. Mas agora ela está aqui. E, pela primeira vez, não há hesitação em seus olhos.

Ivy está deitada ao meu lado, as pernas dobradas, o cabelo espalhado pelo travesseiro, a ponta do dedo deslizando pelas páginas do livro que ela lê em silêncio. O abajur do meu quarto lança uma luz suave sobre ela, destacando cada detalhe seu—o jeito que ela franze a testa em concentração, o leve movimento dos lábios quando lê uma frase que gosta, o modo como seu corpo parece relaxado, sem os traços de tensão que costumavam estar sempre presentes.

Ela parece... em paz.

E eu nunca quis nada tanto quanto quero manter esse momento intacto.

Minha mão se move quase sem que eu perceba, traçando o contorno de seu braço com a ponta dos dedos. Ivy me lança um olhar breve, um sorriso discreto surgindo antes que ela volte a atenção para o livro. E é isso. Simples. Natural. Como se sempre tivesse sido assim.

Mas não foi.

Por muito tempo, tudo entre nós foi um jogo de afastamento. Eu tentando convencê-la de que não me importava. Ela tentando me manter a distância. E agora... agora ela está aqui. Não porque foi empurrada por uma situação inesperada, mas porque escolheu ficar.

E isso muda tudo.

A ponta dos meus dedos desliza pelo lençol até tocar a pele quente do braço dela. É um toque leve, quase incerto, mas ela não se afasta. Pelo contrário, seus ombros relaxam ainda mais, como se estivesse se acostumando à ideia de que podemos simplesmente existir juntos, sem que nada nos puxasse para trás.

Ela continua lendo, mas posso sentir o pequeno sorriso no canto de seus lábios. O mesmo sorriso que sempre me desarmou, que fez minha vida inteira girar em torno de um único pensamento: quero que ela seja feliz.

E agora, ela parece estar.

— Você tá me encarando — Ivy murmura sem tirar os olhos do livro, sua voz arrastada e calma.

— E se eu estiver? — provoco, apoiando a cabeça na mão e deixando o cotovelo afundar no travesseiro.

Ela vira a página, finge que não se importa. Mas o canto da boca dela se curva um pouco mais, e eu sei que ela está gostando da atenção.

— Eu não consigo entender como você lê tão rápido. — Mudo de assunto só para ver até onde ela aguenta fingir indiferença. — Tem certeza de que você tá realmente entendendo o que tá acontecendo ou só passa os olhos pelas palavras e torce pelo melhor?

Dessa vez, ela se vira para mim, arqueando uma sobrancelha.

— E se eu dissesse que estou lendo o livro pela segunda vez?

Eu estreito os olhos.

— Então você é oficialmente a pessoa mais nerd que eu conheço.

Ela ri, fechando o livro e o deixando de lado. Então se vira de frente para mim, me estudando de um jeito que sempre me faz sentir como se ela pudesse ver mais fundo do que qualquer outra pessoa.

— E você? O que estava pensando tão intensamente enquanto me encarava?

Por um segundo, penso em inventar alguma desculpa qualquer. Dizer que estava distraído, que minha mente divagou. Mas esse tempo já passou. Não preciso mais esconder nada dela.

— Em como é bom ter você aqui — admito, minha voz saindo mais baixa do que eu pretendia.

Os olhos de Ivy brilham. Ela não diz nada, mas sua expressão fala por si só. Com uma lentidão quase torturante, sua mão desliza pelo colchão até encontrar a minha. Nossos dedos se tocam, depois se entrelaçam.

— Eu também gosto de estar aqui.

Meu peito aperta. Não por dor, nem por medo. Mas por algo muito maior. Algo que eu quis durante tanto tempo que parece surreal ouvir isso da boca dela.

Silêncio se instala entre nós, mas não é desconfortável. Pelo contrário, é o tipo de silêncio que diz tudo sem precisar de palavras. Apenas respiramos juntos, compartilhando o mesmo espaço, o mesmo momento.

E eu sei. Sei que a noite não precisa de mais nada além disso.

Mas então ela solta minha mão e se apoia nos cotovelos, os olhos presos aos meus com uma intensidade que faz minha respiração acelerar.

— Você disse que queria que a próxima vez não demorasse tanto — Ivy murmura, seu tom carregado de algo que eu ainda estou aprendendo a decifrar.

Minha garganta seca.

— E...?

Ela se inclina ligeiramente para frente, sua voz um sussurro contra minha pele:

— E a próxima vez não demorou nem cinco minutos.

E então, antes que eu possa reagir, ela me puxa pelo pescoço e sela nossos lábios nos dela.

E eu juro, nunca um beijo teve tanto gosto de lar.

A boca dela encontra a minha com uma urgência silenciosa, sem hesitação, sem dúvidas. Apenas nós dois, presos nesse momento que já deveria ter acontecido há muito tempo.

Meu corpo responde antes mesmo que eu possa pensar. Meu braço envolve sua cintura, puxando-a para mais perto, enquanto minha outra mão sobe até sua nuca, segurando-a com uma delicadeza que contrasta com o turbilhão dentro de mim.

Ela suspira contra minha boca, e eu perco qualquer vestígio de controle.

Agarro sua cintura com um pouco mais de força, sentindo a pele quente sob meus dedos. Meu coração martela contra o peito, tão rápido que parece que vai explodir. Eu já imaginei esse momento tantas vezes, mas nada se compara à realidade. Nada se compara ao jeito que Ivy se encaixa contra mim, ao jeito que suas mãos deslizam por meus ombros, como se não houvesse mais barreiras entre nós.

Ela se afasta um segundo para respirar, os olhos encontrando os meus. Seus lábios estão inchados, suas bochechas coradas.

— Você não faz ideia de quantas vezes eu quis fazer isso — ela confessa, a voz baixa, quase um sussurro.

Eu sorrio, deslizando o polegar por sua bochecha.

— Se for mais do que eu quis, então acho que a gente perdeu a conta.

Ela solta uma risada leve, mas há algo mais ali. Uma emoção crua que faz meu peito apertar.

E então, sem dar tempo para pensar, ela me beija de novo.

Dessa vez, eu a viro na cama, posicionando meu corpo sobre o dela, meus cotovelos apoiados no colchão para não colocar todo o peso sobre ela. Nossos lábios se movem em sincronia, sem pressa, sem medo. Apenas a certeza de que não há mais volta.

As mãos dela deslizam para meus cabelos, os dedos entrelaçando nos fios. Cada toque dela acende algo dentro de mim, algo que eu nem sabia que estava ali, esperando para ser libertado.

Mas o que mais me atinge não é a intensidade dos beijos, nem o calor do corpo dela contra o meu.

É o fato de que, pela primeira vez, Ivy está aqui por escolha.

Não porque fomos jogados um na vida do outro. Não porque o destino decidiu brincar conosco. Mas porque ela quis.

E isso muda tudo.

Ela se afasta levemente, o rosto ainda próximo do meu, e um pequeno sorriso brinca nos lábios dela.

— Eu gosto disso — Ivy murmura, passando os dedos pelo meu rosto.

— Do quê?

— De nós dois assim. Sem barreiras.

Minha garganta aperta. Eu também gosto disso. Gosto mais do que deveria.

Meus dedos traçam círculos suaves na pele da cintura dela, e um suspiro escapa de seus lábios.

— Eu nunca quis te machucar, Ivy — digo, a voz carregada de algo que não consigo esconder. — Nunca.

Ela me encara, os olhos escuros brilhando na pouca luz do quarto.

— Eu sei.

E então ela me puxa de volta para um beijo, como se quisesse me provar que o passado já não importa mais.

E, pela primeira vez em anos, eu acredito.

Seu telefone vibra, e a tela se ilumina, sinalizando uma nova mensagem. Ivy se afasta do beijo apenas o suficiente para olhar a notificação. Não me incomodo — deve ser importante.

Mas, no instante em que seus olhos encontram a mensagem, o brilho no rosto dela desaparece.

Dou uma espiada, e Ivy percebe, mas não tenta esconder. Pelo contrário, vira a tela na minha direção, permitindo que eu veja melhor. Um sorriso triste se forma em seus lábios — aqueles lábios nos quais eu poderia me perder para sempre.

No topo da conversa, um nome em negrito salta aos meus olhos: Riggs.

Meu olhar corre rapidamente pela mensagem. É sobre as competições nacionais. Ivy mencionou há alguns dias que ainda estava indecisa sobre participar ou não. Apesar de tudo, apesar da pressão da mãe, eu sei que a patinação ainda significa algo para ela.

E, por mais que eu queira que ela escolha por si mesma, sem as sombras do passado pesando sobre seus ombros, não posso ignorar a tensão que se instala nela agora.

Ela não merece isso.

Ela ficou ali, encostada em mim por alguns segundos, o celular ainda jogado ao lado dela. Meu queixo descansava contra o topo de sua cabeça, e eu podia sentir a respiração dela ficando mais calma.

— Você tem que responder agora? — perguntei, mantendo minha voz baixa.

Ela negou com a cabeça.

— Ele só quer uma resposta até amanhã.

— Então você tem tempo para pensar.

Ela soltou um suspiro e se afastou um pouco para me olhar. Seus olhos estavam cheios de incerteza, mas também havia algo mais ali, algo que ela mesma ainda parecia estar tentando entender.

— Eu não sei se quero.

— Então não faça.

Ela franziu o cenho.

— Não é tão simples assim.

— Eu sei — passei a mão pelos seus cabelos, afastando uma mecha do rosto dela. — Mas o que eu tô dizendo é que não precisa ser tão complicado também.

Ivy me encarou por um momento, como se estivesse tentando encontrar alguma falha nas minhas palavras. Mas não havia nenhuma. Ela sempre viveu sob pressão, sempre teve alguém ditando o que ela deveria fazer, o que era certo para sua carreira. Talvez pela primeira vez, a escolha estava inteiramente em suas mãos.

E isso parecia assustá-la tanto quanto libertá-la.

— Você tem que pensar no que você quer, não no que esperam de você — continuei. — E, qualquer que seja sua decisão, eu tô aqui.

Ela baixou os olhos, e um pequeno sorriso apareceu no canto de sua boca.

— Eu sei.

Por um momento, o silêncio entre nós foi confortável. Ela pegou meu moletom que estava jogado na cama e o vestiu antes de deslizar para fora do colchão.

— Eu preciso de um café.

Deixei escapar um sorriso.

— Já tava preparando quando ouvi seu silêncio dramático.

Ela revirou os olhos, mas a vi esconder um sorriso antes de desaparecer pela porta do quarto.

Segui atrás dela e, enquanto tomávamos café juntos, percebi que o dia de hoje poderia definir muitas coisas. Se ela decidisse competir, isso significaria voltar a um mundo que a machucou. Se não, significaria abandonar de vez algo que já foi parte da sua identidade.

Mas, independentemente do que Ivy escolhesse, eu estaria ao lado dela.

E, por agora, isso era o suficiente.


Encostei no batente da porta do quarto, observando Ivy enquanto ela terminava de se arrumar. Meu moletom ainda estava em seu corpo, e algo sobre isso fazia meu peito aquecer de um jeito estranho.

— Você não vai tirar isso, né? — provoquei.

Ela se virou para mim com um sorriso divertido.

— Tá confortável.

— E tem o meu cheiro.

Ela bufou, pegando a mochila na cama.

— Convencido.

Dei de ombros, sem esconder o sorriso. A verdade era que eu gostava de vê-la assim, usando algo meu, como se fosse um lembrete silencioso de que ela estava aqui, comigo.

— Pronta? — perguntei.

— Acho que sim.

Peguei as chaves e saímos do apartamento. O caminho até a universidade foi tranquilo, mas eu percebia Ivy mordendo o canto do lábio, perdida em pensamentos. Sabia que a mensagem do treinador ainda estava em sua mente.

Quando estacionei em frente ao prédio onde ela teria aula, ela se virou para mim.

— Nos vemos mais tarde?

— Sempre.

Ela sorriu e se inclinou para deixar um beijo rápido na minha bochecha antes de sair do carro. Fiquei observando até ela entrar no prédio, só então soltando um suspiro e ligando o motor novamente.

Agora era minha vez.

Segui para o campo de treinamento, e assim que cheguei, vi os caras já se aquecendo. Dylan acenou para mim antes de voltar a conversar com Caleb, nosso quarterback. O treino de hoje era importante — a partida contra os Spartans estava chegando, e sabíamos que não seria fácil. Eles eram agressivos e jogavam pesado, e se quiséssemos vencer, precisaríamos estar preparados.

Assim que pisei no gramado, o treinador me chamou.

— Barrett, quero você e Dylan ajustando a defesa. Os Spartans vão tentar quebrar nossa linha com jogadas rápidas.

Assenti, pegando meu capacete.

— Pode deixar.

O treino começou intenso. Corridas, jogadas ensaiadas, marcação cerrada. Eu me concentrei no jogo, mas em algum lugar no fundo da minha mente, ainda pensava em Ivy. Na decisão que ela precisava tomar.

E, no fundo, eu só queria que ela escolhesse o que a faria feliz.

O treino foi puxado. Depois de quase duas horas de jogadas intensas, marcação cerrada e algumas quedas no chão, o treinador finalmente apitou para encerrar.

Minhas pernas estavam cansadas, meu corpo suado, mas minha mente estava mais leve. Futebol sempre foi minha válvula de escape, e hoje, mais do que nunca, eu precisava disso.

— Isso foi um massacre — Dylan disse ao meu lado, respirando fundo.

— Se a gente quiser vencer os Spartans, tem que ser assim — respondi, pegando minha garrafa de água. Dei um longo gole antes de completar: — Eles jogam sujo.

Dylan bufou.

— Nem me fala. No último jogo contra eles, quase quebrei o tornozelo por causa daquela entrada desleal.

— E é por isso que temos que estar prontos.

Ele assentiu, mas um sorriso apareceu no canto de sua boca.

— Mudando de assunto... você tava inspirado hoje. Aconteceu alguma coisa boa?

Revirei os olhos.

— Cala a boca, Carter.

Ele riu, dando um tapa no meu ombro antes de pegar a toalha e começar a caminhar para o vestiário.

Eu fui atrás, sem conseguir evitar o pensamento que passou pela minha mente.

Sim, algo bom tinha acontecido.

Ivy.

Ela tinha escolhido ficar. Tinha escolhido ficar comigo.

E isso significava mais do que eu podia colocar em palavras.

Depois do banho e de me trocar, peguei o celular para ver se ela tinha mandado alguma mensagem. Nada. Talvez ainda estivesse na aula.

Mas então, assim que destravei a tela, vi uma notificação dela.

"A aula acabou mais cedo. Tá ocupado?"

Sorri para a tela antes de responder.

"Não pra você. Onde você tá?"

"Na cafeteria do campus. Você pode vir?"

Peguei minha mochila sem hesitar.

"Tô indo."

Saí do vestiário apressado, ignorando os olhares curiosos de alguns companheiros de time. Não importava. Eu tinha algo mais importante me esperando.

Ou melhor, alguém mais importante.

Atravessei o campus com passos rápidos, o vento frio ainda grudando um pouco na minha pele depois do treino. Minhas pernas ainda estavam um pouco cansadas, mas isso não me impediu de acelerar quando avistei a cafeteria.

Assim que entrei, meus olhos a encontraram de imediato.

Ivy estava sentada perto da janela, um livro aberto na mesa e uma xícara de café ao lado. O sol da tarde entrava pelo vidro, iluminando seus cabelos escuros e criando um contraste perfeito contra sua pele clara. Ela mordia levemente o lábio inferior enquanto lia, distraída, e eu senti meu peito apertar com aquela cena.

Se alguém me dissesse anos atrás que eu teria esse momento, que ela estaria aqui, comigo, por escolha própria... eu não teria acreditado.

Aproximando-me sem pressa, apoiei as mãos no encosto da cadeira à sua frente.

— Que livro é esse?

Ela levantou os olhos, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios.

— O que você está fazendo aqui?

— Você me chamou, esqueceu? — arqueei uma sobrancelha, puxando a cadeira e me sentando. — Mas agora estou curioso. Que livro te deixou tão concentrada que nem me viu chegando?

Ela fechou o exemplar devagar e virou a capa para mim. Reconheci na hora.

— Você gosta desse livro? — perguntei, genuinamente surpreso.

— Gosto. Tem uns momentos meio dramáticos, mas acho que combina comigo.

Soltei uma risada baixa.

— Combina mesmo.

Ela estreitou os olhos, mas seu sorriso suavizou qualquer possível ameaça.

— Você tá tirando sarro de mim?

— Eu jamais faria isso. — Peguei o cardápio da mesa, fingindo concentração total.

Ela revirou os olhos, mas antes que pudesse retrucar, sua xícara foi deslizada em minha direção.

— Prova. Tá muito bom.

Eu olhei para ela, depois para a xícara, e peguei o copo sem questionar. O café ainda estava quente, e o gosto era forte, mas tinha um toque doce, do jeito que ela gostava.

— Não é ruim — murmurei, devolvendo a xícara.

Ela riu.

— Você adorou.

— Eu não disse isso.

— Tá na sua cara, Jace.

Antes que eu pudesse responder, meu celular vibrou no bolso da minha calça. Peguei o aparelho e franzi o cenho ao ver a mensagem.

Treinador Thompson.

"Reunião amanhã cedo. Se preparem. Preciso que esteja 100% para o jogo dos Spartans."

Suspirei. O jogo estava se aproximando, e a tensão aumentava a cada dia.

Ivy inclinou a cabeça, percebendo minha mudança de expressão.

— Algum problema?

— O treinador. — Coloquei o celular de volta no bolso. — Só mais um lembrete do jogo.

— Você tá nervoso?

Eu hesitei por um segundo antes de negar.

— Não. Só focado.

Ela assentiu, observando-me por um momento antes de dizer:

— Então, se é foco que você precisa, acho que posso te ajudar.

Eu ergui uma sobrancelha.

— Como?

Ela deu um sorriso misterioso, pegando seu livro e colocando a alça da bolsa no ombro.

— Vamos dar uma volta. Você precisa relaxar antes de começar a pensar só no jogo.

Eu a encarei por um segundo antes de me levantar.

— Você só quer um motivo pra me arrastar pra alguma livraria, né?

Ela riu, entrelaçando os dedos nos meus antes de me puxar para fora da cafeteria.

E eu percebi que, se era para ser arrastado por alguém, que fosse por ela.

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