Adore you

Student Apartment, Ann Arbor, Michigan —
Agora
Jace

A luz do sol atravessava a cortina entreaberta, preenchendo o quarto com um brilho suave. A primeira coisa que fiz quando acordei foi olhar para o lado, onde Ivy ainda dormia. O rosto dela estava relaxado, e a respiração, leve. Ela parecia tão tranquila que eu me permiti ficar ali por alguns segundos, observando-a. A lembrança da noite passada — nós dois comendo pipoca enquanto assistíamos ao jogo de hóquei — me fez sorrir. Momentos simples como aquele pareciam cada vez mais raros, mas eu sabia que não iria esquecer tão cedo.

Com cuidado para não fazer barulho, me levantei e fui até a cozinha. Dylan já estava lá, mexendo nos ovos na frigideira, e Claire estava encostada na bancada, com uma xícara de café nas mãos.

— Finalmente, dormiu bem? — Dylan perguntou, sem nem olhar para mim enquanto mexia os ovos.

— Dormi o suficiente. E vocês? — respondi, pegando a jarra de café e servindo uma xícara para mim.

Claire deu um sorriso preguiçoso.
— Só acordei porque senti o Dylan levantando, mas acho que ainda vou voltar pra cama daqui a pouco.

— Bom plano. — Dei uma risada curta e me aproximei de Dylan. — Vai precisar de ajuda com isso aí?

Ele deu de ombros.
— Se quiser terminar aqui enquanto eu coloco as torradas na mesa, por mim tudo bem.

Começamos a preparar o resto do café da manhã enquanto falávamos sobre coisas aleatórias. Dylan comentou sobre o próximo jogo do time e uma aposta que tinha feito com Caleb sobre quem ia marcar mais pontos. Eu ria das histórias dele enquanto terminava de preparar a frigideira. Era bom ter momentos assim, descontraídos, antes de começar a correria do dia.

Quando tudo estava pronto, deixei Dylan e Claire na cozinha e voltei para o quarto para tomar uma ducha rápida antes do treino. Quando saí do banheiro, com o cabelo ainda pingando e a toalha sobre os ombros, Ivy estava acordada. Ela mexia nas cobertas, com os olhos meio sonolentos e os cabelos bagunçados, mas parecia mais desperta do que eu esperava.

— Bom dia, Fantasminha. — Sorri, encostando na porta do banheiro.

Ela ergueu as sobrancelhas, um sorriso preguiçoso surgindo nos lábios.
— Bom dia.

— Dorme mais um pouco. Ainda tá cedo, e você parece cansada. — Passei uma mão pelos cabelos para afastá-los do rosto.

— Talvez. — Ela se espreguiçou e me olhou com aquela expressão que parecia sempre procurar algo em mim.

— Mais tarde, que tal fazermos alguma coisa? Só nós dois. — Não sabia se era a ideia certa, mas as palavras saíram antes que eu pudesse pensar demais.

Ela hesitou por um momento, mas então sorriu, acenando com a cabeça.
— Tudo bem.

— Perfeito. — Sorri de volta, me aproximando da cama.

Antes de sair, me inclinei, dando um beijo suave no topo da sua cabeça. Ela ficou parada, meio surpresa, mas não afastou o olhar de mim.

— Bom treino, Barrett. — disse ela, sorrindo de um jeito que fazia meu peito aquecer.

Dei um passo para trás, ajustando a mochila no ombro e lançando um sorriso torto para ela.

— Não me espera acordada, Fantasminha. Sei que não resiste a me admirar, mas tenta descansar, ok?

Ela revirou os olhos, rindo baixinho.

— Vai logo antes que eu mude de ideia e te jogue uma almofada.

Saí do quarto com um sorriso no rosto, me sentindo estranhamente leve para alguém que tinha um treino puxado pela frente.

Depois de sair do quarto, segui pelo corredor até a cozinha, onde Dylan e Claire ainda estavam sentados, agora comendo calmamente. Peguei uma torrada e um copo de suco antes de me juntar a eles por alguns minutos.

— Ivy tá acordada? — Claire perguntou, levantando os olhos da xícara de café.

— Tá. Ainda meio sonolenta, mas acordou. — Dei de ombros, mordendo a torrada. — Pedi pra ela dormir mais.

— Aposto que ela não vai. — Claire riu de um jeito quase cúmplice. — Ivy não sabe relaxar.

Dylan ergueu as sobrancelhas e olhou pra mim.
— Acho que você tá influenciando ela. Já tá virando uma de nós.

— Engraçado, Carter. — Revirei os olhos, mas o sorriso denunciava que não me importava. — Agora, se me dão licença, eu realmente tenho que ir.

Peguei minha mochila e saí de casa, indo direto para o campo de treino.

O dia passou rápido. Entre corridas, exercícios e revisões táticas, não tive muito tempo para pensar em outra coisa que não fosse o próximo jogo. Mas sempre que minha mente escapava, eu me pegava lembrando do sorriso da Ivy, ou do jeito que ela tinha ficado surpresa com o beijo na cabeça.

Quando o treino finalmente terminou, o sol já começava a se pôr. Guardei meus equipamentos e mandei uma mensagem para Ivy.

"Tá acordada? Volto pra casa em meia hora."

Não demorou muito para ela responder.

"Sim. Vou esperar você aqui. Claire saiu, então estamos só eu e você."

Um sorriso puxou meu rosto sem que eu percebesse. Era engraçado como aquela ideia de ficarmos sozinhos parecia me afetar agora, de um jeito que nunca imaginei antes.

Quando cheguei no apartamento, encontrei Ivy sentada no sofá, com uma coberta sobre as pernas e um livro nas mãos. Ela levantou os olhos quando me viu entrar, e um sorriso suave apareceu no rosto dela.

— Sobreviveu ao treino? — perguntou, fechando o livro e o colocando de lado.

— Por pouco. — Respondi, jogando minha mochila perto da porta e me jogando no sofá ao lado dela. — E você? Fez alguma coisa ou só ignorou meu conselho de descansar?

Ela revirou os olhos, mas o sorriso não desapareceu.
— Eu descansei. Um pouco.

— Claro. — Fiz uma careta, me inclinando para pegar a coberta dela e puxar um pedaço para mim. — Sabe, quando eu sugeri fazermos algo mais tarde, não esperava que "algo" fosse ficar no sofá debaixo de uma coberta.

— Isso é uma crítica? — Ela cruzou os braços, tentando soar séria, mas havia uma diversão clara na voz dela.

— Nem de longe. — Me acomodei mais perto, dividindo a coberta com ela. — É um upgrade, na verdade. Melhor do que qualquer coisa que eu tenha feito hoje.

Ela olhou para mim por um segundo, como se estivesse tentando decidir o que dizer, mas acabou apenas balançando a cabeça e sorrindo.

— Acho que você tá cansado demais pra qualquer outra coisa.

— Talvez. — Dei de ombros. — Ou talvez eu só goste de estar aqui.

Dessa vez, ela desviou o olhar, meio sem graça, mas o sorriso nos lábios dela dizia tudo o que eu precisava saber.

Eu não fazia ideia de onde isso ia parar. Mas, naquele momento, não me importava. Estar com ela, de um jeito tão simples e tranquilo, era o suficiente.

Ela deu uma olhada rápida em mim, como se estivesse estudando algo. Depois, deu um sorriso travesso e, sem mais nem menos, mudou de assunto.

— Você devia tomar um banho, Barrett. — Ela disse, com um tom provocador na voz. — Você tá todo suado, e não acho que seja só o treino que tá te deixando assim.

Eu a olhei, com um sorriso querendo escapar. Sabia exatamente o que ela estava insinuando. Não era novidade que Ivy gostava de me provocar, mas algo me dizia que ela também gostava de me deixar desconcertado.

— Eu gosto de suar. — Respondi, me inclinando um pouco mais perto dela. — Mas, se você insiste...

Ela revirou os olhos, rindo baixinho enquanto se afastava um pouco.

— Você é impossível. Eu só tava tentando ser educada. Mas se você prefere ficar aí, com esse cheiro de suor e cansaço, tudo bem.

— Eu fico assim mais alguns minutos, só pra ver se você vai desistir. — Dei uma piscadinha, me esticando no sofá.

Ela bufou, claramente sem paciência, mas ainda com aquele sorriso travesso no rosto.

— Você só faz isso pra me irritar, né? Eu devia te jogar uma almofada de novo.

— Pode tentar, mas acho que vai ser difícil me acertar agora. — Respondi, com uma risada baixa.

Ela levantou uma sobrancelha, quase como se estivesse calculando a possibilidade de me atacar com algo. Então, sem mais nem menos, se levantou do sofá.

— Vou deixar você assim, então. Se quiser, posso te emprestar um desodorante depois, pra não deixar o cheiro tão forte. — Ela riu, enquanto se afastava em direção ao outro cômodo.

Fiquei ali, assistindo ela se afastar com um sorriso no rosto. Era engraçado como ela conseguia me fazer rir, mesmo quando parecia me provocar.

— Tudo bem, tudo bem. Vou tomar o banho. Mas você não vai me deixar esquecer disso, né?

Ela olhou para trás, seu sorriso mais largo.

— Não, com certeza não.

Eu fiquei parado por um momento, quase me perguntando o que mais ela tinha planejado para me deixar sem graça. Mas o que me deixou ainda mais curioso foi o quanto ela parecia se divertir com isso. E eu também estava começando a gostar.

Quando saí do banho, com o cabelo ainda úmido e pingando, senti o ar fresco do apartamento enquanto me encaminhava para a cozinha. Ivy estava encostada na bancada, um copo de água nas mãos, distraída olhando para o nada. Era engraçado como ela conseguia parecer impecável mesmo com um moletom e os cabelos bagunçados.

Eu mexia no celular enquanto caminhava, mas parei perto dela e guardei o aparelho no bolso, apoiando os braços na bancada.

— Pronta pra gente decidir o que fazer? — perguntei, olhando diretamente para ela.

Ela deu de ombros, casual, mas percebi um leve sorriso no canto dos lábios.
— Você que disse que tinha algo em mente. Eu só tô esperando pra saber o que é.

— Beleza. Sem enrolação. — Sorri, inclinando-me um pouco para mais perto dela. — Tava pensando em um restaurante japonês. Tem um aqui perto que é incrível.

Por um segundo, o rosto dela se iluminou, como se eu tivesse acertado em cheio. Seus olhos brilharam de empolgação.
— Japonês? — ela perguntou, com uma animação que me fez rir. — Eu amo comida japonesa!

— Isso é bom de saber. — Dei um sorriso torto, tentando não deixar transparecer o quanto era fofo vê-la empolgada assim. — Então, tá decidido. Restaurante japonês.

Ela inclinou a cabeça, parecendo pensar em algo, mas então falou:
— Tá bom. Me dá só um tempinho pra tomar um banho e me arrumar. Não vou demorar.

— Sem pressa. — Assenti, observando-a sair em direção ao quarto.

Quando ela desapareceu no corredor, eu soltei o ar que nem tinha percebido que estava segurando. Por que parecia tão fácil com ela? E, ao mesmo tempo, tão complicado?

Sacudi a cabeça, tentando afastar os pensamentos, e fui para o meu quarto me arrumar. Abri o guarda-roupa e optei por algo mais arrumado, mas ainda casual: uma camisa preta de botões, ajustada no corpo, e jeans escuros. Passei um pouco de perfume e arrumei o cabelo no espelho, tentando parecer apresentável, mas sem exagerar.

Quando voltei para a sala, ouvi os passos dela pelo corredor, e me virei para vê-la. Assim que Ivy surgiu, parei no lugar. Ela estava com um vestido azul-escuro, simples, mas que caía perfeitamente em seu corpo. Os cabelos soltos caíam sobre os ombros, e ela parecia casual e elegante ao mesmo tempo.

— Pronto. — Ela deu um pequeno giro, sorrindo, e apontou para o vestido. — Tá bom assim ou tô exagerando?

Eu fiquei alguns segundos sem responder, porque a verdade era que eu não conseguia desviar o olhar. Ela estava... hipnotizante.

— Você tá incrível, Fantasminha. — Sorri, de verdade, sem conseguir esconder a admiração. — O vestido... é perfeito.

Ela corou levemente, mas revirou os olhos, como sempre fazia quando eu a elogiava.
— É só um vestido, Barrett. Não exagera.

— Não tô exagerando. — Cruzei os braços, ainda sorrindo. — Mas se você não quiser aceitar o elogio, tudo bem. Eu só tô dizendo o óbvio.

Ela balançou a cabeça, rindo, e pegou sua bolsa.
— Vamos logo, antes que eu me arrependa de sair com você.

Dei uma risada baixa e segui para a porta, segurando-a aberta para ela.
— Não vai se arrepender, Fantasminha. Prometo que vai ser uma noite boa.

E, pela primeira vez, senti que talvez eu estivesse prometendo isso não só pra ela, mas também pra mim.

Saímos do apartamento, e o silêncio confortável entre nós foi preenchido pelo som dos nossos passos ecoando pelo corredor. Ela estava tão casual, tão natural, mas parecia carregar uma espécie de brilho que eu não conseguia ignorar.

Descemos juntos e caminhamos até o meu carro. Abri a porta do passageiro para ela, e Ivy me olhou com um ar desconfiado antes de entrar.

— Cavalheirismo agora, Barrett? Tá querendo impressionar quem? — ela provocou, com um sorriso no canto dos lábios.

— Só tô sendo legal, West. Não me complica. — Dei de ombros, entrando do lado do motorista. — Mas se quiser, eu paro.

Ela soltou uma risada suave.
— Não. Não para. Só não quero me acostumar mal.

Liguei o carro e logo estávamos na estrada, com as luzes da cidade passando pelas janelas. O rádio tocava uma música qualquer, baixa, mas a presença dela fazia com que tudo parecesse mais... vivo.

— Esse restaurante japonês... — Ivy começou, virando-se para mim. — É do tipo caro? Porque, se for, eu preciso preparar meu psicológico pra não gastar meu mês inteiro.

— Relaxa. É por minha conta.

Ela franziu o cenho, parecendo pronta para protestar, mas eu levantei a mão antes que ela pudesse falar.
— Sem discussão. Você ama comida japonesa, eu quero ir. Faz sentido.

— Isso é estranho vindo de você. — Ela estreitou os olhos, claramente desconfiada.

— Estranho como?

— Você. Fazendo algo fofo. Sem nenhuma segunda intenção.

Soltei uma risada curta.
— Talvez eu seja mais fofo do que você imagina.

Ela revirou os olhos de novo, mas o pequeno sorriso que permaneceu em seus lábios dizia que ela não estava tão irritada assim.

Chegamos ao restaurante pouco depois. Era um lugar pequeno, com luzes quentes e um ar acolhedor, mas ainda assim elegante. O cheiro do sushi fresco e dos pratos sendo preparados preenchia o ambiente, e só de olhar para Ivy percebi que ela já estava animada.

— Bom gosto, Barrett. — Ela olhou ao redor, admirada, enquanto eu segurava a porta para ela entrar.

— Eu sei. — Dei um sorriso provocador enquanto a acompanhava até uma mesa perto da janela.

Sentamos e começamos a olhar o cardápio. Não demorou muito para ela apontar algumas opções com os olhos brilhando de empolgação.

— Eu amo sashimi, e o combinado daqui parece incrível. — Ela parou, olhando para mim. — E você? Já sabe o que vai pedir?

— Tá meio óbvio que você é a especialista aqui. — Inclinei-me na mesa, cruzando os braços. — Então vou deixar você escolher.

Ela me lançou um olhar cético, mas aceitou o desafio. Quando o garçom chegou, ela fez o pedido com confiança, escolhendo uma combinação de pratos.

— Você vai amar. Confia em mim. — Ela sorriu, e naquele momento, eu percebi como era fácil confiar nela.

Enquanto esperávamos os pratos, a conversa fluiu de forma natural, como sempre acontecia com Ivy. Ela fazia comentários engraçados sobre as coisas ao nosso redor, e eu não conseguia evitar de rir.

Então, quando a comida chegou, eu a observei pegar os hashis com destreza e começar a comer. Tinha algo hipnotizante em vê-la tão à vontade, tão feliz.

— Tá me olhando por quê? — ela perguntou, levantando o olhar para mim com um pedaço de sushi na mão.

Dei de ombros, tentando não parecer tão afetado.
— Só tô impressionado. Você leva isso a sério mesmo.

— É comida japonesa, Barrett. Isso não se brinca.

Eu ri, mas por dentro sabia que não era só isso que estava me impressionando. Era ela. Era sempre ela.

Depois de terminarmos o jantar, saímos do restaurante. O ar lá fora estava mais frio do que antes, e imediatamente percebi Ivy se encolher um pouco, cruzando os braços sobre o peito para tentar se aquecer.

Sem pensar muito, tirei meu casaco e coloquei sobre os ombros dela.

— O que você tá fazendo? — Ela parou e olhou pra mim, surpresa.

— Não quero que você congele, Vy. Aceita.

Ela hesitou por um segundo, mas acabou segurando o casaco com as mãos e ajeitando-o em volta do corpo.
— Você vai ficar com frio.

— Eu sobrevivo. Além disso, eu tenho que garantir que você não vire uma estátua de gelo.

Ela soltou uma risada leve, e nós continuamos caminhando, o som dos nossos passos preenchendo o silêncio confortável entre nós. As luzes da cidade iluminavam as ruas, e as vitrines exibiam decorações acolhedoras, como se o mundo lá fora estivesse congelado no tempo, deixando apenas nós dois nos movimentarmos.

Passamos por um pequeno parque no centro da cidade, com um carrossel antigo que girava devagar ao som de uma música suave. As luzes do carrossel refletiam no rosto de Ivy, criando um brilho quase mágico nos olhos dela.

— Vamos sentar ali? — Ela apontou para um banco sob uma árvore decorada com luzes de fadas.

— Claro.

Nos sentamos lado a lado, e, por um momento, ficamos apenas observando as pessoas que passavam, o carrossel, o céu claro acima de nós. Havia algo tão tranquilo e ao mesmo tempo intenso naquela cena.

— Sabe... — Ivy quebrou o silêncio, ajeitando o casaco sobre os ombros. — Eu tinha esquecido como é bom ter uma noite assim, sem me preocupar com nada.

Olhei para ela, vendo o jeito como os olhos dela estavam fixos no carrossel.

— Você se preocupa demais, West.

Ela sorriu de lado, um sorriso quase tímido.
— Talvez.

O silêncio voltou, mas dessa vez parecia carregado de algo diferente. Algo que não precisava ser dito. Quando ela se virou para mim, seus olhos encontraram os meus, e eu percebi o quão próximos estávamos. Sua respiração era suave, e o perfume dela, misturado com o frio do ar, fazia minha cabeça girar.

Seus olhos desceram para meus lábios, por um segundo, antes de subirem novamente para os meus. E foi nesse momento que percebi: ela estava pensando o mesmo que eu.

Comecei a me inclinar, devagar, tentando absorver cada segundo, cada detalhe daquele momento. Ela não recuou. Pelo contrário, parecia que estava esperando. Mas, de repente, Ivy desviou o olhar, e o momento foi quebrado.

— Ah, não acredito! — Ela disse, em um tom que parecia aliviado, mas também frustrado.

Franzi a testa, tentando entender.

— O quê?

Ela apontou para a entrada do parque, onde um casal com um cachorro pequeno e animado passava.
— É um lulu da pomerânia! Eu adoro essa raça.

Tentei não rir, balançando a cabeça enquanto me recostava no banco. Claro que algo tinha que acontecer.

— É, realmente, muito importante. — Meu tom era irônico, mas meu sorriso entregava que não estava irritado.

Ela olhou para mim, sem jeito.
— O quê? Eu amo cachorros, tá?

Suspirei, rindo baixo.
— Tudo bem, Fantasminha. Mas você devia avisar antes de cortar momentos importantes.

Ela franziu as sobrancelhas, como se não tivesse entendido, mas não disse nada.

Ela se levantou do banco com uma energia repentina, olhando para o casal com o lulu. Eu a observei, curioso, enquanto ela caminhava até eles com passos rápidos.

— Posso fazer carinho nele? — Ivy perguntou, com uma expressão animada, para o casal que estava parando perto do carrossel.

Eu fiquei ali, observando, um sorriso involuntário se formando no meu rosto. Ela parecia tão pura nesse momento, como se o mundo fosse só aquele cachorro e a alegria dela. A maneira como ela se aproximou do casal, como sua voz suave se misturou com a risada deles, tudo isso me fez perceber o quão fácil era ela conquistar a atenção de qualquer um com a sua energia espontânea.

Ela se agachou ao lado do cachorro, que abanou a cauda e correu para ela, aceitando as carícias com uma felicidade visível. Ivy estava sorrindo, e a expressão no rosto dela era tão genuína que eu quase me esqueci de que estávamos ali, em um parque cheio de pessoas e luzes. Ela estava apenas... no momento, completamente envolvida em algo tão simples e perfeito.

Eu me aproximei, ainda observando, e ela percebeu minha presença. Seus olhos brilharam quando ela olhou para mim, e o sorriso que ela me deu fez tudo parecer ainda mais certo.

— Você viu? Ele gostou de mim! — Ela disse, quase saltitando de felicidade.

Eu assenti, sem conseguir deixar de sorrir.
— Eu vi. Ele não poderia ter resistido.

Ela deu uma última olhada no cachorro, ainda acariciando a cabeça dele, antes de se levantar e voltar para onde eu estava. E naquele momento, enquanto ela se aproximava de mim com aquele sorriso inocente e cheio de alegria, o desejo de ficar mais perto dela só aumentou.

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