09 - Interrupção

Cheguei a KN Store naquela manhã com um saco de lanches que comprei em uma cafeteria que ficava quase em frente a loja. Comprei três sanduíches naturais, um pacote de cookies e quase um litro de suco natural de laranja. Antes disso, eu tinha comido um delicioso café da manhã em casa. Meu pai fez torradas com ovos e bacon, mas só aquilo não tinha acabado com a fome que eu estava sentindo.

— O que aconteceu entre você e o Phillip ontem a noite? — perguntou meu pai, enquanto nos dirigíamos a minha sala.

— Nada, por quê?!

— Ele foi embora parecendo chateado com alguma coisa.

— Ele vai ficar bem.

Eu conheço meu pai bem o bastante para saber que ele não tinha engolido aquela história.

— O novo fotógrafo não tem nada a ver com isso, não é?

— O que o Pete teria a ver com isso, pai?

— Me diz você, Klayton.

Abri a porta da minha sala e corri para a minha mesa comer meus lanches. Eu queria ignorar aquela conversa, pois Pete e Phillip eram problemas que pareciam me deixar com mais fome.

— Sr. Klay — chamou Charlotte, entrando em seguida. — O novo fotógrafo já chegou e quer falar com você.

— Ele pode entrar sempre que quiser, Charlotte — respondi, com a boca cheia. — Não precisa anuncia-lo, lembra?

Ela se desculpou, assentiu e saiu da sala. Meu pai cruzou os braços, me olhou severamente e ergueu uma das sobrancelhas.

— Klayton, Klayton...

— Pai, para a sua informação, o novo fotógrafo é heterossexual e noivo! Ele aceitou esse trabalho para pagar as despesas do casamento que será daqui a duas semanas!

— E porque você parece irritado ao me dar essa notícia?

Balancei os ombros.

— Não estou irritado com a notícia, mas sim com sua insistência!

— Bom dia! — disse Pete, entrando na sala naquele exato momento. — Atrapalho?

Meu pai balançou a cabeça negativamente para ele, descruzou os braços e saiu da minha sala com o mesmo olhar desconfiado de sempre.

— Bom dia, Pete!

— Eu trouxe as ideias que tive para as fotos da próxima coleção.

— Legal! Me mostra?!

— Você está lanchando, Klay. Não prefere que eu venha uma outra hora?

— Não tem problema! Eu nem devia estar comendo.

Pete mostrou as ideias que teve e, apesar de parecerem diferentes de tudo que eu já tinha visto na KN Store, achei interessantes e condizentes com sua personalidade. Aquele era o Pete que eu esperava encontrar naquela realidade. Ele era praticamente o mesmo Pete que me apaixonei, exceto por um pequeno detalhe...

— Como foram as compras ontem com sua noiva?

— Bem, obrigado.

— Compraram muita coisa?

— Estamos tentando acelerar, então sim!

Quando ele se distraiu com o relatório e o portifólio que tinha preparado, fiz uma careta e abri a caixinha com outro dos meus lanches.

— Você aprova?

— Sem dúvida!

— O departamento de Marketing achou que fui muito ousado com essa proposta, mas acredito que...

— Tá aprovado, Pete!

Ele sorriu e assentiu, feliz com a minha aprovação.

— Só falta encontrarmos os modelos que combinem com a minha proposta.

— Tenho um nome em mente, não se preocupe.

Naquele momento, Phillip entrou de surpresa em minha sala carregando um buquê de rosas e uma linda caixa de chocolates. Senti meu estômago congelar e minhas pernas tremerem pelo Pete estar presente.

— Não sei o que eu fiz, mas estou aqui para te pedir perdão — disse Phillip, ajoelhando e me fazendo ficar mais envergonhado do que eu já estava.

— Phillip...

— Se foi pela promessa que fiz e ainda não consegui cumprir, por favor, me perdoe. Eu sei que estamos trabalhando demais e você tem uma coleção para lançar...

— Phillip... — resmunguei, tentando cobrir o rosto para que Pete não me visse.

— Eu te amo, eu te quero e não vejo minha vida sem você, Klay! Por favor, me diz o que estou fazendo de errado?

Pete arregalou os olhos, coçou a cabeça e me olhou de maneira confusa. Eu não sabia se queria morrer por Phillip fazer tudo aquilo ou por fazer na frente do verdadeiro amor da minha vida.

— Acho que é melhor eu voltar outra hora — disse Pete, já levantando da cadeira.

— Desculpe, amor, você estava ocupado? — perguntou Phillip, levantando do chão.

— Só estávamos conversando sobre algumas ideias — respondeu Pete. — Tenho certeza que podemos resolver isso mais tarde.

— É melhor, Pete. — Finalmente falei, com o rosto quente de vergonha.

— Com licença. — Pete pediu, saindo da sala e fechando a porta.

Eu queria que um buraco me engolisse naquele momento.

— Desculpe se atrapalhei.

— Não atrapalhou, Phillip.

— Desculpe ter saído da sua casa daquele jeito ontem, Klay. É que fiquei chateado por você não querer fazer nada comigo. Antes transavamos todos os dias, mas agora...

— Phillip, acho que aqui não é o lugar.

— Viu como você está diferente comigo? — disse Phillip, colocando as flores e a caixa de chocolates na cadeira e se aproximando de forma sugestiva e provocante.

Tive que levantar da minha cadeira e começar a recuar para manter distância.

— Não estou diferente — falei, com a voz tremula. — Só estou um pouco cansado esses dias.

— Eu sei que você me deseja — continuou ele, chegando perto o bastante para pegar em meu pau por cima da roupa. — Você estava bem duro ontem, e isso demonstra que ainda me deseja.

— Phillip! — exclamei, me afastando novamente.

Ele sorriu mordendo o lábio inferior. Começou a desabotoar a camisa social exibindo pouco a pouco seu tórax peludo e torneado.

— Você adora quando a gente transa na sua sala — disse, ainda se aproximando. — Você adora quando a gente não planeja fazer e acaba fazendo.

— Hoje a noite! — exclamei, já desesperado. — Hoje a noite a gente faz, ok?

— E por que não agora? — questionou ele, avançando mais rápido contra mim.

Consegui dar um pulo para o lado e chegar na porta rapidamente. Por sorte, Charlotte bateu algumas vezes e chamou meu nome justo naquele momento.

— O que foi?! — questionei, abrindo quase que imediatamente.

Charlotte deu um pulo de susto. Phillip começou a rir, não se intimidou e me abraçou por trás enquanto minha secretaria se recuperava.

— O departamento de marketing solicitou uma reunião com o senhor — disse ela, me entregando um papel com anotações. — É sobre as propostas do novo fotógrafo.

— Perfeito! — exclamei, rebolando para tentar tirar Phillip de cima de mim. — A reunião é agora?

— Daqui há quarenta minutos, Sr. Klay.

— Então adianta para agora, Charlotte.

— Mas... Como vou adiantar a reunião se...

— Avisa o pessoal do marketing que a reunião é agora, por favor.

Ela assentiu, virou e voltou para a sua mesa.

— Lembra quando a gente transou na sala de reuniões cinco minutos antes de começar a reunião com os anunciantes? — perguntou Phillip, voltando a abotoar a camisa.

Ignorei aquela pergunta e ajeitei o pacote excitado e desconfortável que estava em minha calça. Eu tinha conseguido me livrar das investidas do Phillip naquela tarde, mas precisava pensar em um plano para escapar dele naquela noite.

— Eu adorei as flores e os chocolates, Phillip.

— Eu sei que você adora rosas e tem se alimentado bem ultimamente. Aí resolvi comprar os chocolates.

— Com certeza vou comer a caixa toda, obrigado.

— De nada, meu gatão.

Ele envolveu o braço em minha cintura me abraçando com força antes de me beijar de uma forma tão intensa e apaixonada que me deixou sem fôlego por alguns segundos.

— Te vejo mais tarde no seu apartamento — disse ele, apertando minha bunda antes de sair da minha sala.

Talvez eu não fosse dormir no meu apartamento aquela noite. Aquela era a única forma de manter Phillip e os desejos estranhos que sinto por ele controlados.

A reunião com o departamento de marketing foi chata e maçante. Eram diversos questionamentos do motivo de eu ter contratado um fotógrafo novo e com uma proposta tão ousada para a próxima coleção. Eles ficavam falando e falando, mas não chegavam a lugar nenhum. Quando Pete foi convidado a participar, ele conseguiu defender seu ponto de vista. Como o Pete da minha antiga realidade, ele conseguia cativar e apaixonar as pessoas. Seu sorriso, sua forma fofa de falar e a paciência que ele tinha para lidar com o assunto agradou a todos da reunião.

— Temos que contratar um modelo que combine com a proposta do Peter — disse uma das meninas do marketing.

— Eu conheço um! — exclamei, me levantando. — Ele é um grande amigo, muito bonito e que tenho a certeza de que ficará perfeito nessa campanha.

— É um modelo conhecido, Klay? — perguntou meu pai.

— O nome dele é Nathan Lewis. Ele é perfeito para o que vocês estão propondo — continuei. — Quero que ele seja o rosto e o corpo da nossa próxima coleção.

...

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top