32 - Preparativos
Mesmo com uma viagem marcada para o amanhecer do dia seguinte, foi impossível resistir e desperdiçar a chance que Pete e eu tivemos de ficarmos sozinhos em minha casa. Meus pais tinham decidido jantar fora e eles sempre demoravam para voltar. Shawn foi convidado para a festa de aniversário de um de seus amigos do colégio e dormiria na casa dele naquela noite.
Fazia um tempo que Pete e eu não tínhamos toda aquela privacidade.
— Temos que dormir cedo, Pete — murmurei quando ele começou a beijar meu pescoço. — Você está muito excitado hoje...
— Você que me deixa assim. — Pete sussurrou. — Não consigo controlar, amor...
— Mas já é a terceira vez! — resmunguei voltando a me excitar assim que ele voltou a roçar o corpo contra o meu.
— Prometo que vai ser a última, okay? — pediu ele já tentando virar meu corpo para que eu ficasse de bruços na cama. — Temos que aproveitar que não tem ninguém aqui na sua casa. Assim você não precisa controlar aqueles gemidos gostosos que você gosta de dar.
Aquilo me fez lembrar de uma coisa.
— E quando você vai deixar eu ser ativo com você? — perguntei descendo minha mão propositalmente até o quadril dele.
Meu namorado congelou.
Ele não esperava por aquela pergunta.
— Como assim, Klay? Achei que você gostasse de...
— Você que sugeriu, lembra?
— Lembro, mas...
Para provoca-lo, tentei virar o corpo dele da mesma forma que ele costumava fazer comigo.
— A gente vem combinando de fazer há muito tempo.
— Eu sei, mas...
— Você pegou no meu pau no meio da praça de alimentação do seu curso e quase implorou para eu te comer naquele dia.
Pete começou a rir.
Ele me envolveu em seus braços e me apertou com força para que eu não conseguisse mais me mover.
— Eu estava paranoico! Pensei que você estava me traindo com um fantasma.
— Então você só queria dar por achar que eu estava te traindo?
— Achei que você estava procurando fora o que não estava conseguindo comigo.
Fiz uma careta e o encarei.
— Fui um idiota, eu sei! — exclamou ele com um largo e fofo sorriso. — Eu fui um imbecil por achar que você seria capaz de me trair.
— Eu também não facilitei — confessei. — Menti e escondi coisas importantes de você para não te preocupar. Meu maior erro foi não ter te contado o que estava acontecendo desde o começo.
Pete beijou meu rosto e afrouxou os braços em minha volta.
— Já passou, amor — disse ele. — Agora podemos fazer mais uma vez? ...
— Não tente mudar de assunto, Pete — resmunguei. — Faz muito tempo que a gente planeja fazer isso, esqueceu?
— Amor, por favor, hoje não... — Pete resmungou. — Eu não tô pronto para fazer isso.
— A gente toma um banho e resolve isso — afirmei.
— Não tô falando disso, bobo! — exclamou ele. — Eu não sei se... Eu não sei se...
Deitei ao lado dele e cruzei meus braços.
— Você tem medo?
— Do quê?
— Você tem medo de ser passivo comigo?
— De onde tirou isso?
Dei um soco sem força no peito dele.
Eu queria rir, mas não queria constrangê-lo mais do que ele já estava.
— Você tem medo de dar pra mim!
— Ah, para! Não é bem assim, amor.
— E então? ...
Pete coçou a nuca antes de erguer o corpo e sentar na cama.
— Nunca fiz isso antes — disse ele. — Tenho medo de doer e receio de você não gostar. Confesso que tenho medo de eu não gostar e você gostar muito e querer repetir...
Talvez eu estivesse forçando a barra. Por mais que Pete não fizesse passivo na parte da penetração, ele não me deixava na mão em nossas relações sexuais. Ele fazia quase tudo, mas travava sempre que eu tentava entrar naquele assunto.
— Eu tô feliz assim — afirmei. — Tudo que fazemos já é o suficiente, okay?
Pete respirou fundo, mas não pareceu concordar. Ele deitou novamente a meu lado e me abraçou tanto com os braços quanto com as pernas.
— Um dia nós faremos, eu prometo — disse ele. — Só preciso amadurecer a ideia.
— Sem pressa — falei deitando minha cabeça no peito dele. — Eu sei esperar.
Eu sabia que um dia ia acontecer, mas que ele teria que estar pronto e relaxado para aquilo. Não é aconselhável insistir quando uma pessoa não se sente confiante e confortável. Sem falar que eu já amava tudo o que Pete e eu fazíamos.
Nossa química era perfeita.
— Que horas seus pais vão voltar, amor?
— Bem tarde.
— Seus pais são bem legais. Eles são casados há anos, mas continuam apaixonados como dois namorados.
— É estranho, eu sei! ...
— Não é estranho, é lindo!
Pete me encarou com aquele olhar apaixonado.
— Eu nunca vou deixar de estar apaixonado por você, Klay — disse ele. — Faremos oitenta anos de casados e continuaremos apaixonados como hoje.
Não respondi.
Balancei a cabeça e escondi meu rosto para disfarçar a vergonha.
— Precisamos dormir, Pete. — O lembrei depois de alguns segundos de silêncio.
— Antes de dormirmos, será que podemos transar de novo? — Ele perguntou chacoalhando meu corpo em seus braços.
***
Estava frio. A neve caía lenta e delicadamente sobre o chão. A previsão do tempo havia acertado e, se continuasse como fora informado, aquela semana seria uma das mais frias daquele começo de ano.
Tyler, Sue e Mike chegaram as sete da manhã em ponto em minha casa. Eles carregavam mochilas pequenas comparadas a minha mala de bordo. Por um momento me senti envergonhado, mas lembrei que eu a estava levando não só para carregar minhas roupas, mas também os livros que eram essenciais para aquela ocasião.
Pete terminou de arrumar o carro e conferir se estava tudo em ordem para nossa viagem. Enquanto ele e Tyler colocavam tudo no porta malas, meus pais me abraçavam e mimavam como se eu fosse ficar semanas do outro lado do mundo.
— Fizemos lanches — disse minha mãe me entregando uma vasilha de plástico cheia de sanduiches. — Vai que vocês sentem fome durante a viagem.
— Não comam com o carro em movimento — disse meu pai. — Parem em um lugar seguro e comam antes de seguir viagem.
— Cuidado com a neve na pista, querido — alertou minha mãe. — Fala pro Pete dirigir devagar e com muito cuidado.
Revirei os olhos.
— Não se preocupem, okay? — resmunguei. — Filadélfia é aqui do lado, provavelmente vamos comer só quando chegarmos lá e o Pete colocou pneus com correntes para a neve semana passada.
— Está levando tudo? — perguntou minha mãe arrumando meu cabelo. — Escova, creme dental, documentos de identificação e seu cartão de crédito?
— Sim, mãe — falei fazendo uma careta.
— Pete também não esqueceu nada? — perguntou meu pai. — A documentação do carro dele está em dia?
— Da pra parar? — resmunguei mais uma vez. — Vai ficar tudo bem, okay?
Meus pais trocaram olhares e sorrisos.
— Nos ligue assim que chegar lá — disse minha mãe antes de beijar mais uma vez minha cabeça.
— E se cuidem, por favor! — exclamou meu pai tanto para mim quanto para Pete.
Meu namorado acenou e concordou com a cabeça antes de entrar no carro.
— Nos vemos em três dias! — exclamei finalmente me afastando deles.
Algo me dizia que aquela viagem não era uma boa ideia, mas era muito tarde para voltarmos atrás. Pete, Tyler, Sue e Mike estavam muito animados. Eles não paravam de conversar e fazer planos do que faríamos assim que pisássemos na Filadélfia. Nathan nos observava de longe e tinha esperança de que traríamos resultados. Ele estava pronto para descobrir a verdade para seguir em frente e parar de vagar entre os vivos.
Era tarde demais para desistir.
Tyler e Mike passaram a maior parte da viagem fazendo mixagem de músicas em um aplicativo novo para celular. Sue estava no meio deles no banco de trás e não parava de dançar e rir das brincadeiras que eles faziam. Pete estava concentrado na estrada, pois a maior parte das ruas e avenidas estavam escorregadias por causa do gelo. Até tentei pegar um livro para ler, mas foi impossível com o barulho que meus amigos faziam naquele carro. Em um determinado momento da viagem, Tyler começou a contar as velhas e hilárias histórias que ele viveu no ensino médio. Mike, Sue e Pete gargalhavam com todas aquelas piadas, mas eu permanecia concentrado, calado e apreensivo.
— Amor? — Pete chamou de repente. — Tá tudo bem?
— O quê?! — respondi distraído. — Está sim!
— Você parece meio distante — comentou ele.
— Você está estranho, Klay — disse Tyler. — Está calado a viagem toda.
— Estou pensativo, só isso — afirmei.
— Vai dar tudo certo, amor — encorajou Pete tirando uma das mãos do volante para segurar uma das minhas. — Vamos conseguir!
— Sim, Klay! — exclamou Mike. — Vai ser moleza!
— Que tal repassarmos o plano e o que cada um tem que fazer? — sugeriu Sue.
Faltavam poucos minutos para chegarmos ao nosso destino. Meu namorado, meus amigos e eu repassamos tudo que tínhamos planejado até aquele momento para descobrir o que tinha acontecido com Nathan.
Tyler e Mike tinham a missão de investigar o colégio que Nathan estudava. Sue tentaria contato com os ex colegas do Nathan e se prontificou a ir até o cemitério que ele está enterrado para tentar coletar mais informações. Pete e eu tínhamos a missão de ir até a casa que Nathan morava para falar com os pais dele...
O plano não era perfeito, mas era o que tínhamos.
...
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