20 - Shhh...
— Ela parecia gostar de você — comentei enquanto me trocava em meu quarto depois de ter saído do banho.
— Como ela é? — perguntou Nathan.
— Baixa, olhos castanhos, cabelos cacheados e cumpridos... — falei antes de colocar a camiseta e pegar uma blusa de moletom no armário.
Estava esfriando e a previsão era de que aquele inverno seria muito rigoroso.
— Será que é a Ellen? — Nathan questionou. — Sempre soube que ela tinha uma quedinha por mim, mas nunca dei bola.
Eu não tinha tempo para aquilo.
— Nate, precisamos focar no que descobrimos — afirmei. — Temos que falar sobre o que seu pai falou para mim naquele escritório.
— Sobre isso, não há o que falar — resmungou ele. — Nunca usei anabolizantes ou qualquer droga para ganhar massa muscular, Klay.
— Ele achou que eu fosse um amigo virtual que te vendia anabolizantes, Nate — comentei.
— Eu comprava suplementos e vitaminas pela internet — explicou Nathan. — Eu vi um anúncio no Instagram e resolvi comprar para experimentar. Não eram anabolizantes!
Parecia ser verdade.
Eu sentia que Nathan não estava mentindo para mim.
— Então seu pai estava enganado? — indaguei pensativo.
— Ele vivia pegando no meu pé por causa disso. — Ele disse. — Até tivemos uma briga dias antes da minha morte.
Suspirei.
— Ir para a Filadélfia não ajudou muito — afirmei. — Voltamos com mais perguntas.
— Pelo menos agora você sabe meus podres — comentou Nathan cruzando os braços e fazendo uma careta. — Você sabe o quanto eu era escroto quando era vivo.
Durante a viagem de volta, Nathan contou os problemas que tinha com seus colegas no colégio e o motivo de ele achar que um deles tinha motivos suficientes para lhe fazer mal...
Desde o dia que Patrick O'Brian assumiu para o colégio que era homossexual, Nathan não parou de perturba-lo. Ele o empurrava contra armários, roubava o almoço do Patrick no intervalo e o intimidava toda a vez que o via. Houve problemas com a direção do colégio e com os pais do garoto, mas Nathan reuniu provas e testemunhas falsas para acusa-lo de assédio além de dizer que Patrick o perseguia por estar afim dele.
Segundo Nathan, Patrick jurou que ia se vingar. De qualquer forma, era difícil acreditar que Patrick mataria o Nathan. Por mais ressentimentos que ele tivesse, eu não acreditava que aquele garoto seria capaz de uma vingança tão definitiva. Patrick era um bom rapaz. Ele tirava boas notas no colégio e, segundo Nathan, não era uma pessoa violenta.
Nathan se arrependia de ter feito mal a ele. Ele confessou que um de seus maiores desejos era pedir perdão ao Patrick.
Talvez eu pudesse ajuda-lo naquilo.
Frank Belmont era o melhor amigo do Nathan. Eles eram inseparáveis até Frank começar a namorar a caloura Mary Anne Hudson. Frank e Anne passavam a maior parte do tempo juntos e, por conta disso, a amizade que Frank tinha com Nathan começou a ser deixada de lado.
Frank deixou de ir a jogos e treinos de basquete, não respondia mais os amigos do time e, segundo Nathan, tinha mudado o jeito de ser radicalmente por influência da namorada. Nathan e os membros do time de basquete até tentaram falar com Frank sobre aquele comportamento, mas ele não deu ouvidos e não saiu do time titular. Isso atrapalhou os resultados dos campeonatos e, pela primeira vez em três anos, eles não conseguiram uma boa classificação no campeonato estadual de colégios.
Aquilo despertou a fúria do Nathan.
Tanto que ele resolveu se vingar separando Frank e Anne.
Nathan começou a perseguir Anne afim de conquistá-la. Ele enviou mensagens românticas, dezenas de fotos provocantes e jurou que o amor dele era verdadeiro. Anne não acreditou no começo, mas Nathan se dedicou a provar que estava apaixonado e pouco a pouco foi ganhando a confiança da garota. Quando ele finalmente conseguiu balança-la e a fez confessar que estava com dúvidas de seu relacionamento com Frank, Nathan expôs todas as conversas e fotos que eles tinham trocado em posts nas redes sociais do colégio.
Foi uma briga feia e cheia de ameaças.
— Então você acha que foi o Frank? — questionei. — Acha que sua morte não foi um acidente só porque ele jurou que ia te matar?
— Não sabemos como foi minha morte, Klay. — Nathan respondeu. — Você disse que meu pai confessou que a intoxicação alimentar foi uma invenção para mascarar a real causa da minha morte.
— Pode ser, mas... — Pensei por um momento. — Como seu pai conseguiu mudar a causa da sua morte nos documentos oficiais? Como ele conseguiu fazer a polícia não se envolver no caso?
— Meu tio é policial — respondeu Nathan. — Talvez ele tenha ajudado.
— Ou atrapalhado! — exclamei. — Se você foi morto por alguém, esta tentativa de não manchar sua imagem pode ter feito um assassino sair impune. Não que eu ache que você foi assassinado, mas...
— Você ainda não acredita que alguém me matou? — questionou Nathan surpreso.
Balancei os ombros.
— Não há evidências, Nate — respondi.
— Pessoas me ameaçaram, Klay! — retrucou ele.
— Se houvesse alguma evidência de que alguém causou sua morte, a polícia jamais deixaria o caso ser abafado — afirmei. — Principalmente se o seu próprio tio é policial, Nate. Você acha mesmo que ele abafaria o caso?
Nathan parecia tão confuso quanto eu.
A energia dele estava ficando cada segundo mais insuportável com toda aquela discussão.
— Então o que me matou? — questionou ele.
— Não sei — falei decepcionado. — Queria muito saber e te ajudar, mas não sei.
Quanto mais procurávamos respostas, mais perguntas e teorias apareciam. Nathan não estava conseguindo se controlar, então, decidimos fazer uma pausa e procurar mais pistas antes de continuar com toda aquela investigação.
Cada dia mais eu acreditava que a morte do Nathan foi apenas um trágico acidente.
***
Apesar de um pouco cansado pela viagem, eu estava animado em receber meu namorado aquela noite. Eu queria demonstrar tanto em palavras quanto em ações o quanto eu o amava. Meu maior desejo era que todas as inseguranças que Pete tinha fossem deixadas de lado e que voltássemos a ser o que éramos.
Era compreensível aquele comportamento. Pete havia perdido a tia dele há poucos dias e ainda não tinha superado o luto. Ficamos uma semana distantes um do outro e houve um pequeno mal entendido quando ele viu as fotos do Nathan no meu notebook.
Eu o entendia.
Eu o faria esquecer todos aqueles problemas naquela noite.
— A comida da sua mãe estava deliciosa, Klay — disse Pete enquanto colocava uma roupa confortável para dormir.
— Ela e meu pai cozinham muito bem — comentei. — Shawn e eu não engordamos por algum milagre da genética.
— No entanto, se eu não fizer uma dieta, corro o risco de engordar — falou Pete levantando os braços para se espreguiçar.
Aquilo me fez lembrar de uma coisa...
— Você está fazendo alguma dieta especial, Pete?
— Dieta especial?
— Sim.
— Como assim?
Eu não fazia ideia de como entrar naquele assunto furtivamente.
— Para ganhar corpo ou algo do gênero, sabe?
Pete ficou surpreso.
— Parece que eu estou fazendo uma dieta? — perguntou ele pegando meu celular na cama e desbloqueando a tela com a digital dele.
Por segurança, decidimos cadastrar nossas digitais no celular um do outro. Fizemos isso por conta de tudo que aconteceu no passado.
— Percebi que as veias dos seus braços estão mais grossas — menti. — Isso acontece quando se está ganhando massa muscular e frequentando a academia, não é?
Pete desviou a atenção do meu celular para mim por um segundo com um olhar curioso e um sorriso encantador.
— Quero ficar com o corpo perfeito para você, amor — disse ele.
— Para com isso! — resmunguei desligando e fechando meu notebook. — Você já tem o corpo perfeito. Eu, por outro lado, sou magro pra caramba!
— Você é perfeito, Klay. — Pete retrucou. — Não tem nada fora do lugar.
Revirei os olhos.
Pete e eu namorávamos há meses e eu ainda não sabia o que ele tinha visto em mim.
Levantei da escrivaninha, sai do quarto e fui até o banheiro escovar os dentes. Meus pais estavam na sala e, pelas risadas, provavelmente iam demorar a subir. Shawn estava no quarto dele e era possível ouvi-lo jogar no computador...
Aquilo significava que Pete e eu teríamos total privacidade pelas próximas horas.
Quando voltei para o quarto e tranquei a porta, Pete estava em pé ao lado da janela. Eu não precisava dos meus dons para saber que ele não estava bem. Meu namorado tentava engolir o choro e respirar com mais calma para se acalmar. Ele dava socos sem força na parede e batia um dos pés contra o chinelo demonstrando impaciência.
— Pete?
— Oi, amor...
— Tudo bem?
— Tud... Tudo bem!
Pete virou em minha direção enxugando as lágrimas.
— Por que você tá chorando?
— Eu não vou perder você.
— O que? Como assim?
— Eu me recuso a perder você, Klay!
Antes de eu questionar aquela loucura, Pete tirou a camiseta e cruzou o curto espaço entre nós para me envolver em seus braços e me beijar. Eu queria entender os motivos que ele tinha para pensar aquele absurdo, mas foi impossível ignorar aqueles beijos, aqueles toques e o desejo que meu corpo sentia pelo corpo dele.
Pete segurou minhas pernas para eu subir em seu colo. Ele me colocou delicadamente na cama, ajudou a tirar minha camiseta e desamarrou o cordão da calça de moletom que usava para tira-la.
— Pete...
— Vou te provar que sou melhor que ele.
— O que?! Ele quem?
— Você é meu, Klay!
Pete voltou a me beijar, mas agora com mais paixão que a primeira vez. Ele estava tão excitado que cada beijo, toque e roçar do corpo dele em minha pele me faziam gemer e arfar de prazer.
— P... Pete — murmurei entre gemidos enquanto sentia ele me dominar.
— Shhh... — sussurrou ele segurando meus pulsos, juntando-os e os prendendo com uma das mãos na cabeceira da cama. — Agora só quero ouvir você gemer me sentindo dentro de você, amor.
Foi a melhor transa que já tivemos.
Pete estava insaciável e não parou até minhas pernas ficarem tremulas e meu corpo ficar todo molhado de suor. Fizemos coisas que nunca tínhamos feito e ele não quis parar.
Tivemos até que colocar uma música alta no celular para abafar os gemidos e barulhos que ecoavam no quarto.
— Acho que estamos fazendo muito barulho — disse Pete já sem fôlego.
— Ainda bem que as paredes são grossas — murmurei anestesiado.
Eu tinha esquecido...
Pete havia chorado aquela noite e dito coisas que não faziam sentido, mas por conta da melhor transa que tivemos, eu esqueci completamente os problemas que nos assombravam.
Meu namorado deitou a cabeça em meu peito e sua respiração foi acalmando pouco a pouco até ele adormecer. Meu corpo e meus sentidos estavam entorpecidos e não demorou para eu também cair no sono.
Estávamos tão cansados e apaixonados por aquele momento que adormecemos agarrados um ao outro.
...
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