O REI E O SERVO - PART II

Um conto de JVLeite gordinleitor Drica_G TomAdamsz MatheusKairos BrunoJovovich MathewsJose
...

Eu... Eu estou grávido do Carlo, eu.... - Átila falou angustiado.

- Não acredito nisso. - Philips disse se afastando de costas. - Como pôde? Você sabia que iria acabar com um rei, como pode carregar uma semente de outro? Dele? - o tom de voz do rei denunciava asco e raiva, o que fez Átila se encolher.

Lágrimas se formaram.

- Amor, só isso. Amor.

O rei virou a cara como se aquelas palavras tivesse sido uma tapa em seu rosto, e foi. Ele respirou fundo e tentou se recompor.

- Ok. Ele sabe? O merdinha sabe que carrega o filho dele?

Átila balançou com a cabeça negativamente. O rei desviou o olhar para longe, para as enormes montanhas que cercava o seu reino, para assim não cair pela fragilidade que o seu servo transparecia.

- Sinceramente eu não sei o que dizer, sinto muito Átila. Eu posso ser tudo nesse mundo, compreensivo, paciente, guerreiro, porém nessa situação.... Ter o meu servo, o homem por quem estou me apaixonando dizer que ainda ama outro e pior, carrega o fruto dessa relação.

- Meu Rei...- Átila se aproximou-se dele, só que na mesma hora Philips deu dois passos para trás, o que fez o servo suspirar pela reação. - Ok. - disse derrotado. - Eu sei que não sou o servo que você queria, que sou um que fez tudo totalmente errado e que merece ser punido, porém o único pecado que fiz foi amar outro, um cara que vi agora não merecer ter meu amor. Só que essa semente que está em meu ventre não tem culpa, ela não tem culpa do que eu fiz e do que acabou acontecendo. Você pode me odiar, me expulsar desse reino, só não me peça matar essa semente, ele é meu filho, unicamente meu e irei fazer de tudo para protegê-lo.

- Eu nunca te pediria algo assim. - disse o rei chocado. - Você não me conhece. - ele riu debochado. - Como fui tolo, como fui tolo. - Philips respirou fundo e olhou seriamente para o seu servo, não, para o servo que era para ser seu, porém nunca foi e nunca será. - Átila, servo. Agora nesse momento eu não sei o que falar dessa situação, o que fazer a partir de agora com você, porém deve já estar ciente que essa criança que cresce em seu ventre não está em perigo, como você falou, ela não tem culpa, porém Carlo pagará por tudo que fez, tocou em outro servo, algo proibido por lei e além de que ele te machucou, mesmo que ambos estejam no mesmo patamar, ele agrediu um servo tomado e pagará.

O servo assentiu.

- E eu?

- Você, você será protegido pela lei, porém não sei como ficará nossa relação. Recomendo que você vá para o seu aposento, outro, não o nosso quarto, e descanse. Quando eu me decidir, te comunico, até lá, não se dirija a mim.

Átila sentiu quebrar por dentro.

- Meu rei...

- Não. - Philips falou rapidamente. - Eu não sou seu Rei, não me chame assim, você não tem direito. E só para você saber, estou indo nesse momento atrás de Carlo, ele pagará pelo que fez. - O rei fechou os olhos e em seguida lançou um último olhar para Átila. - Tenha um ótimo dia, servo Átila. - dito isto o rei saiu de cabeça erguida do jardim o deixando para trás.

Ambos choravam, porém a situação era complicada, os dois estavam machucados. Átila sentiu seus joelhos enfraquecer e logo estava no chão, chorando a sua dor, estava perdido e não sabia o que fazer a seguir, porém só tinha em mente algo, iria proteger o seu filho, seja de Philips ou Carlo, era o seu filho para cuidar e amar, nem que isso precisasse fugir para bem longe.

No outro lado do reino...

Carlo estava em seu quarto compartilhado com outros empregado, estava a arrumar uma pequena mochila de pano, colocava as suas roupas, encontrava-se planejando sair daquele reino medíocre, não sozinho, ele levaria o seu amor, nem que seria a força. Nenhum minuto iria ficar ali aguentando o rei acariciar o seu menino.

- Filho da puta. - ele xingava e quase que rasgava um short seu de tanta raiva. - Se controla Carlo, se controla. Logo mais você estará saindo daqui junto com o seu Átila, por bem ou por mal. Ele é meu e de ninguém mais. - disse em voz alta.

O servo estava decidido sair daquele lugar com Átila e usaria de tudo para ficar longe daquele reino e carregaria consigo o seu amor, nem que isso usaria de artimanha. Átila era seu, só seu e nenhum rei iria ficar em seu caminho, nem mesmo o próprio Átila.

Assim que juntou suas coisas saiu a passos largos pelo castelo à procura do seu amado, quando deparou-se com o rei, reunido a guarda imperial, logo Carlo se escondeu, mas ainda conseguiu ouvir o último comando do rei:

- Ache-o e mate-o.

Carlo soube, esse comando era para ele, então, correu até a cozinha, onde alguns empregados já estavam empenhados em preparar o almoço, pegou uma faca e saiu em busca de seu amor, se esgueirando pelos cantos do castelo, se escondendo de todos, até entrar nos aposentos do rei.

- Átila, meu amor... -Sussurrava Carlo. Quando percebeu a porta se abrindo, se escondeu atrás das cortinas douradas e vermelhas que iam do teto ao chão.

O rei Philips, após seu comando à guarda imperial, resolver se recolher em seus aposentos. Precisava pensar, precisava entender tudo aquilo que estava acontecendo, pois não conseguia acreditar na má sorte que o destino havia lhe pregado. Seu servo, aquele menino que aos poucos conquistava seu coração, já pertenceu a outro e ainda carregava no ventre uma criança que não lhe pertencia. Estava magoado demais e não sabia se olharia para Átila com os mesmos olhos de antes, alguém que ele sonhou a vida inteira, mas que agora tinha partido seu coração. Philips sentou-se na beirada da cama, apoiou os cotovelos nas coxas e se permitiu extravasar, deixando as lágrimas escorrerem livremente pelo seu rosto.
Átila, após a dolorosa conversa com seu rei, se recolheu em um dos seis quartos que existiam naquele imenso castelo. Imerso em pensamentos, deitou-se na cama e se encolheu. Sentia-se culpado por tudo, por ter acreditado em Carlo, se entregado a ele mesmo sabendo que era errado e deixado se levar por um sentimento que agora ele tinha dúvidas se eram verdadeiros. Ao pensar em seu rei e nos seus olhos de mágoa e decepção, Átila chorou. Lembrava-se da forma atenciosa que o recebeu em seu castelo, dos seus cuidados e carinhos, das suas carícias na hora do banho, do seu cântico e afago antes de dormir, e principalmente do beijo, tão cheio de paixão e desejo, naquele belo jardim. Tudo era mágico e envolvente, e Átila finalmente se deu conta do quanto foi tolo, do quanto perdeu tempo pensando em Carlo, sendo que seu verdadeiro amor estava ali, bem ao seu lado, lhe oferecendo o mundo que ele sempre havia sonhado. Átila então decidiu conversar com o rei, abrir seu coração e pedir um milhão de vezes perdão se fosse necessário.
Nos aposentos do rei, Carlo viu a grande oportunidade de vingança da sua vida passar na sua frente como um bondinho. Saiu lentamente de trás das cortinas, apertou com força a faca que estava em sua mão, e num golpe certeiro, mataria o rei, aquele que um dia ousou tocar em Átila, e os dois finalmente fugiriam dali e seriam felizes para o resto de suas vidas.
Quando Carlo chegou bem perto do rei, a porta do quarto se abriu, era Átila, que de imediato entendeu a pretensão daquele que um dia lhe jurou amor.
- Átila... - Disse o rei.
- Carlo...não! - Gritou Átila.
O rei, com toda sua agilidade de guerreiro, rapidamente se pôs de pé, em defensiva, enquanto Carlo lhe ameaçava.
- Para trás... Não pense que terás Átila para você, ele me pertence. -Dizia Carlo enquanto caminhava em direção ao seu amor. - Vamos Átila... eu vim te buscar. Vamos embora daqui...
- Não. - Disse o servo. - Eu não sirvo a você, Carlo. Eu sirvo ao meu rei... É com ele que devo ficar.
A surpresa das palavras de Átila tocou o coração do rei, mas a fúria cresceu dentro de Carlo, que num estado de ira e irracionalidade, atacou aquele que dizia amar, desferindo um golpe na barriga de Átila, que caiu de joelhos no chão.
- Nãao... -Urrou o rei, e ao ver seu servo sangrando, ficou cego de ódio. Ele segurou a mão de Carlo, arrancou-lhe a faca, deu-lhe um mata leão e cortou-lhe a garganta. O corpo de Carlo caiu sem vida no chão.
Alguns soldados da guarda imperial rapidamente correram assim que ouviram o grito do rei.
- Chamem um médico... -Gritou o rei.
Philips logo carregou seu servo no colo, que tremia e chorava com as mãos cheias de sangue. O rei, inconformado com o que acabara de acontecer bem diante dos seus olhos, fazia promessas que nem mesmo ele sabia se poderia cumprir, pois em sua maior promessa, de proteger seu servo com a vida, ele já havia falhado.
- Está tudo bem... Você vai ficar bem, vai ficar tudo bem... Você não vai perde-lo, eu prometo...
Ainda naquela noite, o médico da realeza foi chamado ao castelo. O rei andava de um lado para o outro no grande aposento em que seu servo estava sendo cuidado por mulheres e homens de idade avançada. Com a cabeça a mil, ele pensava em milhões de coisas ao mesmo tempo.
Por orgulho, havia permitido que Átila escolhesse o seu servo. Por despeito, resolveu provocar Carlo ao perceber a ligação dos dois. E por ciúme e orgulho, havia se afastado daquele garoto de faces rosadas que agora estava deitado e inconsciente na grande cama daquele quarto. Seu peito se contraía de medo de perder o servo.
Ao menos havia conseguido dar um fim naquele homem insolente que se atrevera a tomar o coração e o corpo de Átila, ao menos uma parte de seu orgulho estava restaurada.
- Estou aqui, entrei apressado por entender que o caso é grave, meu Rei. - O doutor Tolousse era um senhor gordinho e careca com cara de lua cheia que também corou ao ver a imponência do Rei.
- Realmente é, não perca tempo e salve Átila! - Philips disse como uma ordem, mas qualquer pessoa perceberia a súplica contida nos grandes olhos daquele homem.
- Peço que se retirem...
- Não sairei do lado dele, fiz isso uma única vez e veja o que aconteceu! - Philips disse, beirando o descontrole.
- Saia meu jovem, e confie em mim. Não sou o médico da realeza à toa! - Sem notar, Philips percebeu que já estava na porta, aquele médico era também um homem decidido e o rei se perguntou se gostou ou não daquela atitude, mas acabou por se convencer e saiu do quarto.
No entanto, andava no corredor de um lado para o outro, olhando ao redor aquelas pedras frias do castelo que agora tinha dois donos.
O tempo se arrastava e nada mais que um ou outro gemido que ele identificava como sendo de Átila lhe era dado naquela espera. Quando os primeiros raios de sol apareceram o médico saiu com o rosto exausto, empapado em suor e uma feição de derrota no rosto.
- Se ele tiver morrido... - O Rei apontou para o rosto do homem à sua frente, que o olhava com medo.
- Não morreu, mas por pouco! Senhor há algum lugar em que possamos falar a sós? - O médico pediu cauteloso.
- Ora homem, podes falar aqui mesmo e...
- Senhor, permita que um homem que viveu mais lhe diga: Em todos os lugares as paredes têm ouvidos. - Discretamente o médico apontou para as sombras do castelo e Philips não soube precisar, mas lhe pareceu que havia se mexido.
Com certa raiva por dar o seu braço a torcer ele levou o médico até o grande salão oval onde as reuniões de grandes autoridades aconteciam. Os dois sentaram-se frente a frente. E o médico disse:
- Seu companheiro foi gravemente ferido, consegui salvar a ele e a vida que ele carrega dentro de si, mas não posso garantir que ele poderá gerar outras crianças saudáveis. Talvez fosse melhor que se prevenissem. - Dr. Tolousse usava um tom sério e grave para dar a notícia e via que cada vez mais o Rei afundava na grande cadeira. Havia dor e medo em seus olhos.
- Nenhum filho legítimo... - O Rei arquejou derrotado.
- Não posso garantir nada! - O médico completou ignorando totalmente a informação que ouviu naquele momento. Depois de anos servindo à realeza, ele sabia que os nobres não eram ricos somente privilégios, mas em segredos também e a discrição sempre lhe salvou naquela profissão.
Philips parecia estar em transe. Sua cabeça funcionava como uma máquina naquele momento. Tinha medo de seu futuro junto a Átila. Dirigiu-se ao quarto em que seu servo estava convalescendo, e no momento em que olhou para o rosto pálido de Átila ele soube instantaneamente que conseguiria passar por qualquer adversidade ao lado daquele homem que tinha lhe tirado o trono e lhe transformado em servo do amor.
O coração de Philips estava devastado. Ver o seu amor, um ser tão indefeso, naquele estado estava o destruindo por dentro.

A culpa o corroia, afinal, em seu próprio julgamento, ele era o culpado por tudo aquilo.

- Me perdoa, meu amor. - Lágrimas desciam pelo másculo rosto do rei. - É tudo culpa minha, eu fiquei cego de ciúmes e destruído pela decepção. - Philips se posicionou ao lado de Átila na cama. - Só de pensar em seu lindo corpo nos braços de outro, faz meu sangue borbulhar de raiva meu doce Átila.

O corpo do belo servo estava inerte na enorme cama, com um esplendoroso dossel que a ornava. O rosto pálido e sem nenhum tipo de frescor o deixava com a aparência de uma mera estátua de cera.

A perda de sangue tinha sido muito significativa, e a única coisa que realmente o dava como vivo era o lento e ritmado sobe e desce do seu peito.

- Eu prometo que de agora em diante, eu te protegerei com a minha própria vida. - O jovem rei disse com pesar ao observar o estado do seu amado, acariciando o seu rosto pálido, mas de uma beleza sem igual. - Mesmo que eu não o tenha inteiramente para mim, em meus braços.

Philips falava, sentindo como se mil lâminas o cortassem por dentro.

(.....)

A noite foi turbulenta no grande castelo. Mesmo com o estado de saúde controlado, o jovem servo ardia em febre.

Pelo jeito, a noite negra e fria não iria trazer bons presságios para Átila e Philips.

- Rápido, tragam panos limpos e água. - O médico real gritava aos berros.

- O que ele tem? - Philips perguntou agoniado, seu coração pulsava aceleradamente.

- Ele está tendo convulsões pela alta febre. - Disse o rechonchudo médico de cabelos brancos. - Temos que colocar compressas de água em todo o seu corpo para diminuir a temperatura corporal.

Rapidamente o quarto foi invadido por servos, que traziam água e panos limpos. Logo todo o corpo de Átila foi descoberto, ficando completamente nu, a não ser pela grande faixa que rodeava a sua barriga a onde tinha sido o profundo corte.

O medo assombrava Philips, que estava à espreita, vendo todos os movimentos do velho médico. Ele não podia perder Átila, não podia.

O tempo passava lentamente, mas a febre de Átila não cedeu, e só estava aumentando gradativamente.

- Infelizmente a febre não está diminuindo meu rei, e se continuar assim ele pode entrar em óbito. - O médico disse com pesar e medo pela reação que o rei poderia ter.

- NÃOOOOO. - Philipe explodiu em raiva, e arremessou um vaso na parede o destroçando em pedaços. - Deve ter algum modo para que essa maldita febre abaixe. - O corpo musculoso e ativo de Philips se aproximou do médico. - Ou você o salva, ou irá ter os seus olhos perfurados por mim mesmo antes de ser degolado.

O médico rechonchudo tremeu de medo, ela já ouvira de muitos que o príncipe Philips era benevolente e bom, mas que também poderia ser muito cruel e sádico com quem o desagradava.

- Só há mais uma coisa a se fazer, meu rei. - O rechonchudo engoliu em seco. - Poderíamos mergulhar o seu corpo em uma das piscinas naturais do palácio, a baixa temperatura da água poderá ajudar a baixar a febre.

- Então vamos rápido com isso. - Philips se moveu rapidamente para perto de Átila, e tomou o seu corpo desacordado em seus fortes braços.

O jovem rei saiu em disparada do quarto, gritando para que todos saíssem de seu caminho, os únicos que o acompanhavam eram o médico e alguns servos.

Assim que chegaram ao pátio aberto onde ficavam as piscinas naturais de águas cristalinas, Philips olhou para a grande lua resplandecente, e ali ele implorou aos Deuses para que salvassem o seu doce Átila.

Aos poucos ele foi entrando em uma das piscinas, até todo o seu corpo e o de Átila ficassem imersos na água.

- E agora, o que faço? - Philips perguntou em súplica para o médico.

- Esperar. Agora só o tempo decidirá o destino dele.

(.....)

Os olhos pesados dificultavam para ser abertos, parecia que as suas pálpebras pesavam mil quilos. Átila sentia o seu corpo úmido e rodeado por braços fortes que o apertavam. Sua cabeça explodia de dor e a única coisa que ele queria era voltar a dormir. Mas esse pensamento logo foi retirado de sua cabeça, quando uma voz grave e que ele bem conhecia soou em seu ouvido.

- Volta pra mim, meu amor, volta pra mim, meu Átila.

Philips falava bem baixinho no ouvido de Átila, como se aquilo fosse fazê-lo despertar. A febre já havia passado há alguns minutos, mas ele ainda não acordara.

Aos poucos, o jovem rei foi sentindo leves movimentos em seus braços, até que uma doce e fraca voz o fez sorrir de alegria e alívio.

- Philips. - Átila falou, sentindo sua boca e garganta ressecadas.

- Você acordou, meu amor, você acordou. - Philips gritava eufórico, focando seus olhos, nas lindas íris de Átila.

- Diga-me que eu não o perdi, por favor. - Átila sentiu seus olhos arderem, pensar na possibilidade de ter perdido seu filho lhe partia o coração.

- Não, ele está bem. - Garantiu o rei. - Vocês vão precisar de cuidados especiais, mas seu filho está a salvo.

- E Carlo?

O rei não respondeu, apenas fitou seu servo com ódio no olhar. Átila não precisou perguntar novamente, ele sabia, Carlo estava morto.

- Me perdoa por tudo? Eu sei o quanto errei e o quanto te magoei, mas eu estava cego. - Átila não conseguiu conter as lágrimas. - Se me perdoar eu lhe prometo que serei seu e unicamente seu para o resto da minha vida, e te servirei com todo amor e dedicação que um servo deve ter para com seu rei...
Philips engoliu em seco, seu coração pulsava acelerado. Ele, que por inúmeras vezes, enquanto Átila estava inerte sobre a cama e coberto de sangue, imaginava uma forma de ser perdoado, agora era seu servo que lhe pedia perdão.
- Sim... Eu te perdoo... -Philips não conseguiu se segurar e beijou calorosamente os lábios daquele que carregava no colo com tanto cuidado. Átila retribuiu com a mesma intensidade e o mesmo desejo que sentia vir dos lábios do seu rei. Ali eles selaram seus destinos, despidos de mágoas e ressentimentos, eram só eles dois, e a possibilidade de serem finalmente um só.

Um mês depois...

Apesar de ter ficado bem aquele dia, Átila precisou de repouso absoluto, pois além do ferimento ter sido profundo, seu filho ainda corria risco de morrer, devido aos danos causados em seu ventre. Philips se encarregou de cobrir seu servo de todos os mimos e cuidados que ele necessitava, as horas do dia passavam rapidamente, ele procurava se manter ocupado o mais que podia. Porém as noites eram longas e dolorosas, Philips e Átila precisavam conter seus instintos e o belo rei não poderia tocar no seu pequeno servo. Sendo assim, os dois passaram a dormir em quartos separados. Átila se sentia triste, pois começou a acreditar que seu rei o estava rejeitando, que no fundo ainda não tinha superado o fato de ele carregar em seu ventre o filho de outro. Philips se sentia ansioso, pois não via a hora de tomar Átila em seus braços e finalmente consumar a união dos dois, mas sabia que era preciso esperar, pois temia ferir seu pequeno servo.
Dias antes de Átila receber alta pelo médico, Philips precisou fazer uma viagem de negócios para terras longínquas, fazendo os dos ficarem ainda mais distantes.

- Você precisa mesmo ir? -Perguntou Átila a Philips, sentindo a tristeza crescer em seu coração. No fundo ele temia ser preterido pelo rei.

- Sim... Mas serão apenas alguns dias. -Philips beijou a boca do menor e partiu.

O rumor sobre a gravidez de Átila logo percorreu por todos os reinos, Philips era parabenizado a cada instante, alguns reis até sentiram inveja dele, pois seus servos ainda não tinham conseguido a mesma façanha que Átila, engravidar logo no primeiro de mês de união. Philips, mesmo sabendo que aquela criança não lhe pertencia, começou a enxergá-lo como seu. Afinal, se ele amava o pai, como não amar também o seu fruto?
A ansiedade cresceu dentro do peito do rei, ele não via a hora de chegar em seu castelo, tomar Átila em seus braços e finalmente lhe fazer seu homem. A saudade que sentia daquele menino de bochechas rosadas estava fazendo o rei se tornar um homem bobo e chorão, pois a cada lembrança, uma lágrima escorria dos seus olhos.
Átila por sua vez, sentia-se cada vez mais distante de seu rei. Ele sabia dos sentimentos que o rei nutria por si, mas a insegurança e o medo de ser rejeitado lhe corroía por dentro. Ele acreditava que, quanto mais sua barriga crescesse, mas distantes eles ficariam, até que não sobraria mais nada. Apenas respeito e gratidão. Átila então resolveu que era hora de partir, pois não conseguiria conviver com seu rei se os dois não estivessem juntos verdadeiramente.

- Diga ao meu rei que eu o amo. -Disse Átila a Nadir, sua empregada e amiga.

- Não se vá... espere o rei Philips, converse com ele. - Ela tentava convencer o servo, mas não sabia do segredo que ele carregava.

- Talvez um dia você entenda. - Ele disse já com lágrimas nos olhos. - Adeus Nadir, você sabe onde me encontrar.

- Você vai voltar para o mosteiro?

- Sim. - E ele partiu.

Assim que rei Philips chegou em seu castelo, desceu de seu cavalo e entrou correndo pelos corredores a fim de ver seu pequeno Átila, abraçar seu corpo, beijar seus lábios e tomá-lo para si. O rei estava eufórico e feliz, pois além de tudo, queria dizer o quanto o amava e amava aquela criança, que também seria sua.

- Átila... Átila... - Gritava o rei. - Onde está Átila? - Perguntou a Nadir quando adentrou um dos jardins internos do castelo, um sorriso rasgando o rosto e o coração explodindo dentro do peito.

- Átila partiu... - Disse a empregada com pesar.

O coração do rei falhou uma abatida, o sorriso se transformou em dor.

- Partiu? Partiu para onde? Por quê? - O rei tentava se controlar, pois não queria chorar na frente de uma empregada, mas a dor falou mais forte e uma lágrima escorreu pelo seu rosto, que ele rapidamente enxugou.

- Não sei ao certo, Átila estava triste achando que o senhor não o queria mais e simplesmente voltou para o mosteiro.

O rei não esperou por mais explicações, saiu correndo de seu castelo, coração a mil por hora e um grito de desespero contido na garganta. Montou o primeiro cavalo que viu e saiu em disparada em direção ao mosteiro. "Como pode ser tão bobo?" - pensava o rei - "Como eu não te quero mais, pequeno Átila, se nos meus pensamentos só existe você?".
Philips não esperou ser anunciado, assim que chegou ao mosteiro foi longo arrombando os portões.

- Átila... Átila... - Ele gritava a plenos pulmões.

- O senhor não pode entrar aqui, este é um lugar sagrado. - Tentava impedir um dos sacerdotes que o rei adentrasse no interior daquele templo, mas Philips não deu ouvido, ele precisava encontrar o seu servo e levá-lo de volta.

- ÁTILAAA...

Átila, reunido a um dos conselheiros, ao ouvir o grito grave e rouco de seu amado ecoando pelo templo, sentiu o coração acelerar.

- Philips... - Ele sussurrou, incrédulo e emocionado. - PHILIPS... - Ele gritou, pois queria ser achado, queria ver seu rei, queria olhá-lo nem que fosse pela última vez, então correu ao seu encontro.

O rei, já perdendo as esperanças, ao ver aquele menino de bochechas rosadas correndo ao seu encontro, sentiu seu corpo congelar e suas pernas ficaram bambas de emoção, então ele apenas parou e esperou, pois sabia que se desse mais um passo seus joelhos cederiam ao chão.
Átila, mesmo sem saber quais as reais intenções de Philips ao lhe procurar, jogou-se em seus braços, pois estava deveras necessitado daquele contato, se se sentir protegido e aquecido pelo corpo daquele homem que tinha roubado seu coração.

- Seu bobo... Como podes ser tão bobo? - O rei chorava enquanto apertava seu servo de encontro ao seu corpo. - Você não pode me deixar assim.

- Eu tava com medo... Eu não aguento viver naquele castelo sem você... - Chorava o pequeno Átila. - Não suportaria ser rejeitado.

- Eu te amo, quando vai acreditar em mim? - Philips segurou o rosto do menor entre as mãos, pois precisava olhar em seus olhos. - Eu amo você, amo nosso filho, amo a nossa vida... - Então lhe beijou os lábios com fervor.

- Nosso filho? - Perguntou Átila, interrompendo o beijo apaixonado, mas ele precisava confirmar que o que tinha ouvido era mesmo verdade.

- Sim...Nosso filho. - Philips ajoelhou-se no chão e beijou a barriga de Átila. - Eu te amo, e amo tudo que vem de você.

Átila não conseguiu se conter, ajoelhou-se também e abraçou seu rei, aos prantos, se perguntando se ele era mesmo merecedor daquele homem.

Já no castelo...

- Vou tomar um banho, meu menino, vê se não foge enquanto isso. - Brincou o rei, fazendo o servo corar. Deu-lhe um beijo casto e adentrou o lavatório.

Enquanto o rei se banhava, Átila, consumido pelo desejo e querendo se redimir pela fuga, despiu-se e deitou em sua cama, exatamente como a primeira vez, de bumbum para cima.
Philips, ao sair do lavatório completamente nu, enxugando os cabelos com a toalha, perdeu o ar ao ver seu servo completamente despido e disponível. Seu membro virou uma rocha em segundos. Ele então, sem dizer nada, subiu na cama de joelhos e deitou-se lentamente sobre seu servo, que gemeu ao sentir o calor do corpo de seu rei lhe aquecendo. Philips buscou os lábios do menor, que lhe beijou com paixão e devoção.
O alívio que sentiu em não ser rejeitado fez o corpo de o rei entrar em combustão, e o beijo que começou delicado, logo se tornou ávido e possessivo, suas línguas se buscavam, uma querendo sentir o sabor da outra. Philips escorregou sua mão pelo corpo macio de seu servo, conhecendo cada pedacinho dele. Átila gemia de satisfação a cada toque, as mãos do rei eram carinhosas e firmes ao mesmo tempo, e lhe proporcionava um prazer intenso a cada toque.
Philips desceu seus lábios pelo corpo do menor, enchendo-lhe de beijos até alcançar seu anel. Separou suas nádegas e afundou sua língua naquele pequeno ponto rosado, roubando do servo um gemido alto de satisfação.
Átila já tinha sido tocado por outro homem, mas a delicadeza e a precisão das mãos e língua de seu rei ele jamais imaginou sentir. Seu corpo ardia em febre e mesmo sabendo o quão dotado era seu rei, ele queria mais.

- Faça-me seu... - Implorou o menor, enquanto o rei lhe torturava de prazer com sua língua e dedos.

- Seu desejo é uma ordem. - Philips, dominado pelo desejo, rapidamente se pôs de joelhos na cama, segurou a cintura de seu servo e lhe colocou de quatro.

Átila gritou com a surpresa do gesto, e quase chega ao limite do seu prazer, pois havia gostado da forma que seu rei o segurou e lhe dominou.
Philips segurou a base de seu membro, que babava de vontade, posicionou na entrada de seu servo e enfiou somente a cabeça. Atila gritou, pois seu rei era bem mais volumoso do que ele esperava.
- Quer que eu pare? -Perguntou o rei, pois temia machucar o pequeno.

- Não. Eu quero tudo. - Átila arqueou os braços até sua bochecha tocar o colchão, segurou suas nádegas e as abriu, facilitando a entrada do rei em seu pequeno orifício.

Philips, extasiado de prazer, socou fundo no menor, extraindo dele um grito agonizante de dor. Mas dessa vez não se preocupou com isso, segurou os pulsos de Átila sobre suas costas com uma mão, e coma a outra segurou firme sua cintura, metendo com força e vontade até não aguentar mais e explodir de prazer dentro de servo, marcando seu território, mostrando quem é que manda.
O menor estava em transe quando seu rei gozou e urrou, e mesmo que ele tinha gostado de verdade, de ter sido possuído pelo rei, sentia-se inseguro, pois seu rei pareceu ser um homem exigente e bruto na cama. Porém, mais uma vez ele estava enganado. Philips saiu de dentro do servo, segurou a cintura do menor e virou-lhe na cama. Os olhos de Átila cresceram na direção do rei, pois não sabia o que viria a seguir. Seu rei então, pôs-se de quatro em cima do menor, que respirava ofegante de medo.

- Aqui, neste castelo, eu sou o rei... - Philips beijou longamente e calorosamente a boca de Átila - Mas aqui, neste quarto, eu sou apenas o seu servo.

Philips enfiou o membro enrijecido do menor em sua boca, extraindo dele um gemido de prazer, e o chupou com vontade. Átila acariciava a cabeça de seu rei enquanto ele lhe proporcionava um prazer nunca antes sentido, pois Carlo nunca havia lhe beijado dessa maneira.
Quando Átila explodiu na boca do rei, este o sugou e o mamou até não restar mais nada. Átila sentia a cabeça do seu pau sensível e dolorida, mas suportou até não ter mais o que sair dali. Então seu rei se jogou na cama e puxou o pequeno Átila para que deitasse em seu peito.
Ali eles ficaram, exaustos, completos e felizes. Finalmente a união dos dois havia se consumado. Não haveria mais rei e servo dali em diante, agora eles eram um só. Dois homens que se perderam para se achar.
Quando Philips Tenebrarh Primeiro veio ao mundo, depois de uma longa noite de espera, o médico rechonchudo entregou ao rei o pacotezinho enrolado num pano dourado. Philips sorriu, mas as lágrimas vieram logo em seguida quando ele viu aquelas pequenas bochechas rosadas em seu colo, tão pequeno e tão frágil.

- Como está Átila, posso vê-lo? - Ele perguntou, tentando conter a emoção.

- Sim. Ele está cansado, mas está bem. - Disse o médico, depois aproximou-se do rei e sussurrou. - E ele anda poderá ter outros filhos.

Mas aquilo já não fazia diferença ao rei, se viessem outros, seriam muito bem vindos, se não, não importava, aquele pequeno serzinho era seu filho, e ele já o amava com todas as suas forças.
Philips entrou no quarto com seu filho os braços, sentou ao lado de Átila, e lhe entregou o pequeno bebê.

- Nosso filho?-Sussurrou o menor com os olhos nadando em lágrimas.

- Sim... Nosso filho. - Sorriu o rei.
Ele beijou a testa de Átila, se recostou na cabeceira da bela cama de dossel, aconchegou seu homem em seus braços e ali ficou, agradecendo aos Deuses por este imenso presente, sua família.
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Continua...

Feliz aniversário JVLeite

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