Herdeiro
Parte 1
Herdeiro
Entrando pela porta da frente, Dennis era levado pelo braço por um dos seguranças de seu pai. Com a cara amarrada, ele tentava se soltar das mãos do enorme homem de terno. Marta, a governanta, olhou espantada ao ver a cena do menino sendo carregado a força e com alguns hematomas em seu rosto, ela parecia assustada.
Então olhou para a empregada do lado, sussurrou para que pegassem algumas gazes e remédios para cuidar dos ferimentos do garoto moreno de dezessete anos.
-Eu já disse para me soltar, sou eu quem paga você. –Ordenava furiosamente o garoto, que ainda se debatia para se soltar. Seus braços estavam para trás, presos de uma forma, como se estivessem sidos algemados, mas era apenas a mão do segurança os segurando.
-O senhor vai me desculpar, mas o seu pai me paga para que eu cuide de você lá fora e, como você não se comportou, as ordens é traze-lo para casa, mesmo que a força. –O segurança o segurava tranquilamente, sem demonstrar um pingo de preocupação.
Marta se aproximou do garoto, tocando o seu rosto levemente e observando que mais uma vez ele havia entrado em algum tipo de briga. Ela o olhava com os olhos serenos, calmos, sem julga-lo de suas ações e isso o fazia se sentir mal, era como se ele estivesse desapontando ela.
Ele virou o seu rosto, tentando se esconder do olhar dela, mas era inevitável evitar de olhar. As vezes ele sentia que ela era mais mãe dele do que Sofia, sua mãe biológica, mas nunca se quer deu atenção ao garoto, apenas o tratava como se ele fosse um erro em sua vida, que o levava a ter esses tipos de comportamentos.
-Onde você se meteu garoto. –Disse Marta acenando para a empregada que segurava um pequeno pano e um frasco com algum tipo de medicamento. Enquanto isso o forte segurança tentava fazer com que ele se aquietasse enquanto Marta pegava o pano, ela molhou aquele liquido de dentro do frasco e em seguida, tocando a sua pele, úmida e irritada, ele sentia um leve ardor.
O liquido era gelado, cheirava fortemente e o fazia lacrimejar, já que o ferimento se encontrava acima de sua sobrancelha. O ambiente ficou em silencio, esperando qualquer tipo de reclamação do garoto.
Na parte superior do mezanino, ouvia-se passos andando em direção a escada, enquanto Marta cuidava dos ferimentos do menino.
Sofia se inclinou, olhou para baixo e sem dizer nenhuma palavra, deu meia volta e começou a descer as escadas. Vestida no seu longo vestido azul marinho todo brilhoso, ela segurava a sua calda e se apoiava no corrimão como uma verdadeira lady. O seu olhar continuava centrado no seu caminho, sem ao menos olhar para o garoto.
Ao ver a mãe descendo, seu coração deu uma leve aquecida, provavelmente ela iria dar uma bronca no segurança, pôr estar tratando-o mal, mas Sofia passou ao seu lado, sem ao menos correr os olhos em sua direção.
Ela fez um sinal com a mão e um dos empregados abriu a enorme porta dupla da entrada, deixando passagem para que ela saísse da casa sem dizer ao menos um “A”.
Dennis abaixou o rosto e o seu corpo ficou completamente leve, deixando-o suspenso pelas mãos do segurança. Marta sabia que aquilo havia o magoado fortemente e educadamente ela pediu para que o segurança o soltasse, deixando ele de joelhos no chão e com a cabeça baixa.
Seu cabelo liso encobria boa parte de seu rosto e sem dizer nada, ele se levantou, passou por todos e subiu as escadas e cada passo que ele dava era uma lembrança dolorosa do olhar de sua mãe.
Os funcionários permaneceram olhando para ele enquanto subia as escadas.
Quase que chegando no último lance da escada, ele se apoiou na parede e de longe Marta percebeu algo escorrer pelo o seu rosto.
Dennis sentia algo molhado descendo por suas bochechas e tocando a escada. Sua mão as tocou, sem entender o motivo e pela primeira vez, depois de muito tempo, ele estava chorando.
Marta tentou ir em sua direção, mas uma das empregadas a bloqueou, sacudindo a cabeça que não, como se estivesse alertando para que o deixasse em paz. Ela ficou um pouco incomodada, tocando em seu peito de uma forma meiga.
Enquanto isso Dennis estava entrando em seu enorme quarto, quando observou um outro garoto, sentado em sua poltrona, olhando uma das empregadas limpar o cômodo e com um caderno nas mãos.
-Senhor Graddy! –Disse ela se virando e o cumprimentando.
-O que está acontecendo aqui Diana? –Perguntou ele enquanto se virava e enxugava seu rosto.
-Me desculpe senhor, mas hoje é o dia de arrumar o seu quarto. –Ela se aproximou do garoto sentado.
-E quem é esse menino? –Perguntou ele olhando para o garoto asiático ali sentado.
-Me desculpe senhor, ele é o meu filho. –Disse ela com um enorme sorriso no rosto. –Ele não estava se sentindo bem, e como eu não podia ficar com ele, pedi para que me acompanhasse hoje, assim eu poderia ficar de olho nele. –Ela dizia de uma forma tão triste que parecia sentir a bronca vir em sua direção.
-Eu não sou nenhum tipo de criança que preciso ficar de supervisão mãe. Eu já disse que posso me cuidar sozinho. –Respondeu o menino enquanto fechava o caderno e se levantava da poltrona.
Sua mãe olhou para ele com desaprovação, era como se ela quisesse que ele ficasse calado, mas ele se levantou, se aproximou de Dennis e o encarou.
-E você, porque trata as pessoas dessa maneira?
Dennis ficou sem saber o que dizer, essa era uma pergunta um tanto que incomum, ele ficou olhando sem entender nada para o garoto de pele clara e cabelos negros.
-Me desculpe senhor, ele está um pouco entediado. –Disse Diana puxando o garoto pela mão e o deixando ao seu lado.
-Está tudo bem Diana. –Ele encarou o menino. –E qual é o seu nome?
Gustavo ficou olhando para o menino, tentando lê-lo com os olhos e tentando entender porque queria saber o seu nome. Ele apertou os seus olhos, com um tom de desconfiança, ficou calado, olhando para o outro lado, como se estivesse fazendo pirraça.
-Gustavo. –Respondeu Diana, tentando fazer com que ele se apresentasse de maneira correta.
Os dois ficaram se encarando por um curto momento, enquanto Diana tentava tirar Gustavo dali, puxando-o pelo braço.
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Ao final da tarde, conversando com o seu pai, Dennis se queixava da maneira com que o seu segurança o tratava. Mas era inútil, seu pai permanecia na mesma posição, sentado atrás da mesa, olhando papel atrás de papel.
-Isso é inútil, parece que eu estou falando com a parede. –Afrontou ele levantando os seus braços e achando aquilo absurdo.
Thomas, aparentava ter uns trinta e oito anos e a barba bem-feita, levantou os olhos para o menino, levou a mão até o rosto e se debruçou, colocando seu cotovelo em cima da mesa e deixando todo o peso do seu rosto passar pelo o seu braço.
-São ordens minha, ele não vai mudar porque você quer. Se você não quer que ele te aborrece, pare de entrar em confusão. –Ele soltou a caneta da outra mão em cima dos papéis na mesa e suspirou.
-Porque vocês sempre me tratam dessa maneira?
-Meu pai? –Seu irmão mais velho o chamou, por uma fresta da porta.
-Mas é claro que Fernando, iria aparecer, porque ele é o filho pródigo...
-Basta. –Disse Thomas se levantando e fazendo um gesto com a mão, dando a entender que o assunto entre ele e Dennis havia terminado e com um outro gesto, pediu para que Fernando se aproximasse.
Do lado de fora do escritório, Dennis resmungava sozinho, seus punhos fechados, estava pronto para socar alguma coisa.
-O paizinho não quis te dar atenção?
Ele olhou para o lado e viu Gustavo escorado na parede e de braços cruzados, ironizando a reunião que teve com o seu pai. Dennis se virou, deu de ombros para ele e caminhou indo em direção ao seu quarto.
-É por isso que você sempre se mete em confusão, porque não recebe atenção de ninguém. –Por algum motivo ele continuou falando, sem importar com o que poderia acontecer.
Dennis se virou ferozmente para ele, segurando-o pela gola de sua camisa e o prensando na parede. Gustavo segurou em seus braços e com tentativas fracassadas ele tentava se libertar.
-Você não sabe de nada da minha vida, você não sabe nada de mim.
Os dois se encaravam, olhando dentro dos olhos um do outro. Gustavo sentia o calor dos suspiros de Dennis enquanto ele sentia o calor da pele de Gustavo na ponta de seus dedos.
Algo estava acontecendo ali, algo que nenhum dos dois entendia, era como se eles estivessem se conectando, sentindo as mesmas sensações e aos poucos, Gustavo foi sentindo um enorme calor dentro de si, ele reparou Dennis engolir a saliva, percebeu uma gota de suor escorrer pelo o seu rosto, o que levou a reparar em seus lábios numa tonalidade que o hipnotizava, ele viu a língua lubrificar os lábios, fazendo-o sentir desejo por ela.
Então ele soltou dos braços de Dennis e segurou na gola da roupa dele.
Dennis ficou sem entender o que ele estava fazendo e em questão de segundos, viu Gustavo se aproximando e quanto menos ele esperava, sentiu os lábios dele, agora colado nos seus. “Mas que porra era aquela”, a pergunta ficava em sua cabeça, mas por algum motivo ele estava gostando.
Os dois continuaram ali, tocando os lábios um do outro, por alguns segundos, até Dennis se afastar bruscamente e levar o seu braço em seus lábios limpando-os. Gustavo estava sem entender o motivo em que ele havia feito aquilo e um momento de silencio tomou conta do corredor.
Os dois estavam evitando olhar um para outro, cabisbaixos e completamente confusos.
Dennis se virou, olhou firmemente para Gustavo e o prensou na parede novamente com o braço agora em seu pescoço, travando a sua respiração.
-Porque você fez isso? Me diga? –Insistia ele enquanto prensava ainda mais o pescoço do menino.
-Eu.... Eu não sei. –Tentou dizer ele enquanto começa a sentir um pouco de falta de ar.
Dennis o soltou e ele caiu no chão, com uma das mãos no pescoço ele respirava fortemente e tossia tentando manter a respiração. Dennis olhou para Gustavo de cima, com um pouco de raiva, mas tinha algo mais, era um sentimento de... Satisfação.
-Você acha que eu iria fazer algo assim com alguém como você? –Gustavo se levantava lentamente, ainda um pouco ofegante e encarando ele. –Mesmo se eu fosse gay, você seria a última pessoa com que eu sairia.
As palavras atingiram Dennis de uma forma, que ele não sabia explicar, porque ele estava sentindo raiva por aquele menino não preferir ele? Já que ele é tudo que toda menina sempre sonhou, bonito, moreno, alto, rico... E agora ele vem e diz uma coisa dessa?
-E quem disse que eu ficaria com você? Bichinha.
-É por esse motivo que ninguém te tolera, ninguém leva você à sério. –Continuou ele com as verdades sobre o garoto.
-Eu não tenho tempo para perder com alguém como você. –Dennis deu de ombros e começou a caminhar em direção ao seu quarto, deixando Gustavo no meio do corredor, falando sozinho.
Enquanto via ele se afastar, Gustavo mantém a pose e esperou ele entrar. O viu abrindo a porta e olhando para ele de canto e depois adentrou no quarto, fechando a porta bruscamente.
Assim que a porta se fechou por completa, Gustavo se apoiou na parede, com o braço e em seguida tocando a sua testa em seu braço, respirando fundo. Seu coração estava palpitando rapidamente, suas pernas estavam trémula e suas mãos completamente suadas, “onde eu estava com a cabeça de fazer aquilo? ”, perguntava ele em sua cabeça.
Respirou fundo, tentou se recompor e desceu as escadas. Cruzou com uns dois ou três funcionários e tentou não transpassar que tinha algo de errado.
Assim que chegou em sua casa, quase que de frente a enorme casa de Dennis, foi diretamente para o seu quarto, ignorando completamente a sua mãe.
Nos dias seguintes, os dois se encontravam cada vez mais, mesmo sendo por acaso, até parecia uma praga, porque Gustavo queria evitar contato com aquele mesquinho enquanto Dennis queria evitar a bichinha que havia lhe dado um beijo.
Mas eles sempre se cruzavam, até mesmo quando Gustavo ficava no jardim, sentado com seu caderno e lápis, desenhando.
Dennis caminhava ferozmente, tentando espairecer de uma discussão que havia tido com a sua “mãe”, quando ele viu Gustavo, sentado em um dos bancos do jardim, com as pernas encolhidas, com uma calça jeans clara, rasgada nos joelhos, deixando eles a mostra e uma camisa de manga longa azul clara no meio e mangas brancas, um tênis branco com listas nas laterais pretas, ele se escondeu atrás de um dos arbustos e ficou observando enquanto Gustavo traçava o lápis pelo papel.
Isso despertou a curiosidade dele, porque ele estaria a essa hora da tarde no jardim?
Então ele continuou observando-o de longe e isso fez com que ele começasse a prestar atenção em alguns detalhes de seu rosto. Como ele tinha a pele completamente lisa e perfeita, seus olhos, semiabertos, totalmente concentrados, de uma cor escura, chamava mais a atenção dele, seus pequenos lábios, rosados e que tinha um toque suave.
“Mas o que eu estou fazendo, olhando para ele assim? ”
Ele tentou tirar essas coisas da cabeça e apenas continuou a observa-lo. Gustavo traçava o lápis no papel de uma forma tão delicada e ao mesmo tempo rígida, deixando os riscos de uma forma suave. Ele ergueu o lápis, olhou para o papel e mais uma vez olhou para frente, reparando se ele estava de acordo com o que estava vendo.
Soltou um forte suspiro, colocou o lápis e o caderno no banco e se levantou, espreguiçando o seu corpo todo. Dennis não deixou de reparar em uma parte de seu corpo, quando ele levantou os braços para se espreguiçar, vendo boa parte de sua cueca e as costas de Gustavo.
Porque ele estava prestando atenção a esses detalhes? E porque ele ainda continuava escondido, olhando Gustavo? Era o que ele não entendia, ele queria sair dali mas queria saber o que ele iria fazer a seguir. Era um sentimento de curiosidade que não o deixava ir embora.
Gustavo, pegou a mochila que estava ao lado do banco, longe da visão de Dennis, se sentou na perfeita grama, recém aparada e cuidada, ajustou a mochila de uma forma em que ele pudesse apoiar a sua cabeça nela e em seguida, deitou.
Deitado, ele se ajeitou, olhou para o céu, que começava a escurecer e via algumas estrelas aparecendo no céu. Ele levantou uma das mãos aberta e deixou esticada, olhando para o céu entre os seus dedos.
Dennis olhou para cima, vendo o céu começando a ficar estrelado, tentou entender Gustavo e aos poucos ele entendia o do porquê, dele estar olhando para o céu. Era lindo.
Enquanto isso, no escritório, Thomas observava o filho no jardim, observando o garoto da empregada, com as mãos para trás e pensativo, ele sabia que um problema estava surgindo ali.
Um dos empregados estava com um bule, servindo-o em sua mesa, quando viu ele chamando-o até a janela para ver aquilo. Joseph se aproximou cuidadosamente do seu patrão e então observou os meninos no jardim, sem encontrar nenhum tipo de malícia.
-Aquele é filho da Diana, não? –Perguntou ele apontando para o garoto deitado na grama, agora com as mãos em cima da barriga.
-Sim senhor. –Respondeu ele.
-Por favor Joseph, pede para que liguem os irrigadores. –Ordenou ele.
Joseph ficou um pouco impactado com a maldade de seu patrão.
-Mas senhor, os meninos estão no jardim...
Thomas continuou olhando para os meninos no jardim, sacudiu a mão para Joseph que entendeu que não tinha o que ele argumentar.
Pelo vidro, Thomas via o seu próprio reflexo, refletindo na janela e ao canto, o seu filho do lado de fora. Ele não iria deixar que o seu filho viraria amigo do filho da empregada, ele tinha uma reputação, um título e saber que ele tinha amizade com empregado, que tipo de homem ele é de não os tratar como tem que ser.
Ele se virou, pegou a sua xícara de chá e voltou-se até a janela novamente, olhando no momento exato em que os irrigadores foram ligados, molhando Dennis e pior ainda, dando um banho no Gustavo.
Ele se levantou rapidamente, tentando se proteger da água que estava sendo espirrada por todos os lados por pequenos irrigadores espelhados pela grama.
Dennis tentava se esquivar da água, tropeçando em um dos arbustos menores, fazendo o cair no meio do que ele estava usando para se esconder, atravessando para o outro lado.
Gustavo ficou levemente assustado, quando viu Dennis ali, sem entender o que ele estava fazendo.
-Eu sabia que você tinha alguma coisa a ver com isso. –Disse ele tentando salvar o seu caderno, colocando rapidamente dentro da bolsa.
-Não me culpe por uma coisa que eu não fiz. –Disse ele se levantando todo encharcado.
-E o que você está fazendo aqui?
-O jardim é da minha casa e eu não preciso de permissão para ir onde eu quiser. –Respondeu ele olhando em outra direção. –E você o que faz aqui?
-Não te devo explicações. –Respondeu ele dando uma leve trombada em seu ombro, passando por ele e indo embora.
-Espera. –Disse Dennis segurando o seu braço.
E por mais que estivesse à noite e a água estivesse fria, o toque da mão de Dennis encostando no braço de Gustavo, estava completamente quente. Gustavo olhou para a mão dele o segurando e em seguida para Dennis.
Thomas continuava observando os dois, agora mais atento. Já que a ideia de ligar os irrigadores não havia dado certo, ele rapidamente gritou Joseph para que chamasse Dennis rapidamente para o seu escritório.
Enquanto os meninos tentavam se resolver, Joseph desceu as escadas rapidamente e foi em direção ao jardim. Assim que chegou, percebeu Dennis ainda segurando o braço do menino. Que foi solto a partir do momento em que eles haviam notado a sua presença, os irrigadores, agora, estavam completamente desligados.
Os dois se assustaram com a presença do empregado e todos encharcados, eles perguntaram o que havia acontecido.
-Seu pai quer falar com você nesse exato momento. –Respondeu ele tentando tomar fôlego. –Eu não sou pago para isso, meu Deus. –Se queixou.
Thomas terminou de tomar o seu chá, se virou e voltou a se sentar em sua cadeira, colocando a xícara em cima da sua mesa e chamando um outro empregado para retirar. Pegou a caneta e começou a escrever em um dos papéis, esperando pela chagada do filho.
Dennis tentou ir para o seu quarto, antes de entrar no escritório, mas as ordens eram claras, que ele queria falar com ele o quanto antes, então nem deu tempo de ele trocar de roupa, apenas envolver uma toalha por cima de sua roupa molhada.
-O que o senhor quer comigo?
-Se aproxime. –Disse ele terminando de escrever no papel.
-Olha só, eu posso ir para o meu quarto primeiro? Porque eu estou morrendo de frio.
Thomas apenas olhou por cima de seus óculos e voltou a terminar o documento em suas mãos. Logo em seguida, ele se levantou, com um ar de preocupação, deu a volta na mesa, se sentou em cima dela, deixando uma das pernas levantada, ele cruzou os braços e suspirou fundo.
-Você sabe que não pode ficar andando com os empregados, não é mesmo?
-Mas eu não estava... Espera... O que o senhor quer dizer com isso?
Ele colocou as pontas de seus dedos da mão direita em sua testa, demonstrando que estava sentindo um pouco de sua enxaqueca.
-Você sabe que somos uma família que é muito respeitada e eu não posso deixar que você afunde esse título porque você decidiu ficar amiguinho do filho da empregada. –Disse ele cruzando os braços novamente.
-Eu não pedi por isso e se você e a mamãe me desse mais atenção, talvez eu não devesse procurar um amigo. –Afrontou ele apertando fortemente a toalha em seu corpo.
-Você quer amigo? Você tem os seus dois irmãos, porque você não aprende com eles como as coisas devem ser? Quando Fernando tinha a sua idade, ele já mexia com a contabilidade, enquanto você fica apenas curtindo por aí. –Desabafou ele.
Pelo o que Dennis percebia, seu pai sempre tentava comparar seu irmão com ele, algo totalmente desnecessário, já que por Fernando ser o mais velho, sempre recebeu a atenção dos pais, foi incentivado da melhor maneira, tratado com amor, mostrado ternura com ele, tanto que até hoje, eles nunca desrespeitaram ele por algo.
-O senhor sempre me compara com aquele cara. –Dennis jogou a toalha no chão e agora se aproximando do pai. Ele o olhava no fundo de seus olhos. –Você acha que se eu não tivesse crescido que nem o Fernando eu iria ser dessa maneira?
-Essa não é a questão...
-Claro que é..... Porque o senhor quer um clone do Fernando. Quer que eu seja alguém que eu não sou, então faz o favor e me deixa viver a minha vida.
-Enquanto você morar nessa casa e tiver o mesmo sobrenome, você vai fazer o que eu quiser.
-Eu gostaria de nunca ter nascido nessa casa, de nunca ter tido esse sobrenome honroso, mas fazer o que, eu não posso tirar, não posso mudar o que eu não fiz, até porque eu nunca tenho controle da minha vida, sempre são vocês escolhendo as coisas para mim. –Ele deu a volta, saiu pisando duro e ignorou qualquer chamado de seu pai.
Quando Gustavo estava chegando em sua casa, todo encharcado, sua mãe veio em sua direção, tentando entender o que tinha acontecido, já que não tinha previsão de chuva naquele dia.
Mas antes ela aconselhou ele de ir trocar de roupa e tomar um banho quente, antes de tudo, para evitar de pegar um resfriado. Enquanto ele ia tomar banho, ela pegou a sua mochila e começou a retirar as coisas de dentro, colocando na lavanderia, para que secassem.
Ela acendeu a luz, entrou no cômodo com paredes cor de creme, abriu a mochila e separou cada coisa de dentro para que conseguissem secar de forma que não estragassem.
Por sorte, boa parte do caderno de Gustavo estava seco, não precisaria deixar exposto em algum lugar para que secasse e com um simples vento quente de um secador, ele ficaria completamente seco.
Diana pegou a mochila, colocou na secadora e apertou o botão de início e sem querer esbarrou no caderno que havia deixado em cima da máquina. Assim que caiu, ele abriu em um dos desenhos que ele havia feito.
Uma linda paisagem, com montanhas ao fundo e um lindo pôr do sol, claro que não estavam coloridos. Ela se abaixou e com um sorriso no rosto, apreciou o trabalho do filho e em poucos segundos, ela estava folheando o caderno, vendo mais e mais desenhos incríveis que ele havia feito.
Mas ela estava cometendo um pequeno erro ao ver os desenhos, porque mais para o final, ela viu desenhos de Dennis. O primeiro era quando ele estava na quadra do colégio, outro quando estava no refeitório e por último, um dele na varanda de sua casa.
Era tão bom, que parecia que ele desenhava os sentimentos das pessoas, porque ela via nitidamente a tristeza nos olhos de Dennis, através do desenho. “Porque ele estaria fazendo esses desenhos se ele odeia o garoto? ”. Era o que vinha em sua mente. Mas aquele não era o último desenho.
Ela folheou a página com cuidado, já que estava um pouco molhada e viu o novo desenho de seu filho. Dois garotos de costas e abraçados, um com a cabeça apoiada no ombro do outro e mãos dadas, sentados na areia, num final de tarde, com estrelas aparecendo no céu e o sol se pondo no mar.
A princípio ela ficou um pouco chocada, tentando entender o significado daquele desenho. Sua mão estava em sua boca, para demonstrar a surpresa, porque várias coisas se passavam em sua mente. Ela olhou para o corredor e percebendo que Gustavo estava vindo em sua direção, ela colocou o caderno de lado e fingiu estar separando algumas roupas.
-Mãe, a senhora viu o meu caderno? –Perguntou ele, sem caminha e um shorts curto, secando seus cabelos com a toalha quase em volta de seu pescoço.
Ela apontou para o caderno, disse que ele estava um pouco molhado e que era para tomar cuidado e rapidamente ele pegou o caderno, colocou entre as mãos, como se quisesse proteger os desenhos dela.
-A senhora viu o que tinha aqui? –Perguntou ele preocupado, porque sabia, da maneira que sua estava agindo, ela com certeza tinha visto algo.
-Vi apenas os dois primeiros desenhos, porque o restante está molhado e eu fiquei com medo de estragar. –Omitiu ela.
Ele abriu o caderno, observou se ela estava dizendo a verdade e viu que alguns estavam borrados pela agua.
-E filho.... Você não precisa se preocupar comigo, não precisa ficar com medo e quando você quiser me falar eu vou estar aqui para te ouvir. –Respondeu ela com um enorme sorriso no rosto.
Ele ficou um pouco constrangido, de saber que ela tinha visto algo. Sendo que nem ele estava entendendo o que sentia. Seu rosto espantado já dizia tudo, ela nem mesmo precisava tirar a dúvida da sua mente, porque era mais que obvio isso.
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Gustavo estava novamente no jardim, deitado como sempre, observando o céu. Ouvindo passos de longe, tocando a grama perfeitamente cuidada, percebia que alguém se aproximava. Ele se levantou um pouco, virou o corpo e se apoiou em seu braço e ficou esperando alguém aparecer por trás do arbusto.
Era Dennis, com uma calça moletom cinza e uma camisa escura e tênis revestido de tecido jeans escuro. Com suas mãos dentro do bolso e o rosto virado para o outro lado, ele parou, tentando evitar olhar para Gustavo, mas era obvio que ele queria, já que suas bochechas estavam completamente rosadas.
-Ah, é você. –Disse Gustavo voltando a se deitar novamente.
-Posso ficar aqui? –Perguntou ele com um tom totalmente diferente do que Gustavo conhecia. Ele correu os olhos por cima da testa, olhando para Dennis e não dizendo nenhuma palavra.
Dennis se aproximou do banco, se sentando e olhando para a vista a frente. Ainda com as mãos em seu bolso, ele ficou ali, calado, observando e ouvindo as folhagens com o vento passando por elas.
Gustavo sentia seu coração um pouco acelerado do que o normal.
Aos poucos o sol ia sumindo atrás dos prédios e começando a deixar o jardim escuro e as luzes eram acesas uma por uma, deixando uma iluminação mais fraca onde os dois estavam.
Dennis olhou para o lado e viu o caderno que Gustavo sempre andava nas mãos e bateu uma curiosidade. Ele levou a sua mão até em cima dele mas parou, olhou para Gustavo, ainda observando o céu e desistiu de abri-lo.
-Porque você está aqui? –Perguntou Gustavo diretamente, enquanto virava o corpo de lado, apoiando ele em seu braço novamente.
-Eu precisava sair de casa um pouco e o único lugar que eu sei que não vou me meter em confusão, é aqui.
Gustavo se surpreendeu.
O tom da sua voz, parecia cansado, como se ele quisesse um pouco de paz. Não deveria ser fácil, ter uma família tão controladora como a dele. Então ele sacudiu a cabeça, puxou a mochila do lado e ofereceu para que ele se deitasse.
Ele soltou um enorme sorriso e Gustavo não deixou de notar a coloração rosada em suas bochechas.
Dennis se levantou, tirou as mãos dos bolsos e se deitou, calmamente, ao lado de Gustavo. Agora mais do que nunca, parecia que seu coração iria explodir.
Eles olharam para o céu, recém iluminado com vários pontos luminosos.
Estava tudo tão sereno. A noite estava linda. A companhia estava boa, mesmo os dois tentando negar isso. Dennis colocou as mãos em sua barriga, soltando um enorme sorriso enquanto olhava as estrelas.
Gustavo estava notando Dennis e olhando de canto de olho, ele percebia cada detalhe de seu rosto e novamente aquela sensação percorrendo cada canto do seu corpo.
Percebeu o quão ele cuidava do seu corpo, mantendo ele em forma de uma maneira que não era exagerada. O seu moletom, despertava tanto desejo, que ele tinha que desviar o olhar da cintura para baixo.
Os olhos de Dennis, estavam brilhantes, deixando Gustavo surpreso e entender o quão solitário ele estava se sentindo naquela enorme casa.
Uma brisa correu pelo os dois, percorrendo o corpo todo, fazendo ambos arrepiarem.
Os arbustos sacudiam levemente, as poucas nuvens, percorriam o céu, levemente, tapando as estrelas bem lentamente. E antes delas desaparecem completamente, Dennis viu uma estrela cadente, ficando totalmente animado.
Ele se levantou, contente, fazendo um pedido e olhando com um enorme sorriso para Gustavo.
Gu, ficou sem saber o que dizer para ele, mesmo Dennis dizendo que era para fazer um pedido.
“Um pedido? ”, Era o que se passava em sua mente.
Dennis deitou novamente, ajustando a mochila e ficando ainda mais próximo de Gustavo.
Ele o olhou pelo canto do olho e ainda não sabia o que pedir, enquanto Dennis estava com um enorme sorriso no rosto. Será que isso era um sinal de que ele estava mudando, de verdade?
Dennis se levantou e ficou sentado, com as mãos para trás do corpo, apoiadas na grama e jogando todo o peso do corpo nelas, ele soltou um enorme suspiro.
-Eu entendo porque você sempre vem aqui. –Disse ele olhando fixamente para a vista a sua frente.
Gustavo colocou as mãos por trás da cabeça e ficou olhando para ele.
Dennis levou a mão até o banco, pegou o caderno e perguntou se poderia ver o que tinha ali. Tentando satisfazer a sua curiosidade. Dando de ombros, Gustavo não se importou que ele abrisse e visse o que tinha dentro, já que o caderno que continha os desenhos dele estava bem guardados.
Dennis observava todos os traços dos desenhos atentamente, entendendo a essência de cada um deles e o sentimento que eles traziam.
E após termina-lo, ele fechou lentamente e parabenizou Gustavo, que ele tinha um enorme talento para aquilo, mas era apenas um hobby do garoto, ele não pretendia seguir com aquilo, já que ele não se dá bem com pressão e gosta de fazer as coisas todas em seu tempo.
Eles permaneceram ali por mais um tempo e as bochechas rosadas de Dennis, ainda apareciam e assim que ele se levantou e bateu em seu moletom para tirar o excesso de sujeira, era como se algo tivesse despertado em Gustavo, dando um estalo em sua mente e o calor de seu corpo aumentar.
Não pelo o fato dele estar vendo um simples moletom, mas por ele estar reparando em partes que geralmente não olharia. Suas bochechas rosaram, seu olhar desviou rapidamente para o arbusto do seu lado e quando percebeu, Dennis estava estendendo as mãos para ele.
E com a insistência de Dennis, ele pegou em sua mão, sendo puxado para cima. O toque era suave e quente.
Dennis sentia que iria morrer e não sabia o porquê. Queria entender porque aquele garoto mexia tanto com ele, para deixar as suas pernas tremulas e o seu coração palpitando rapidamente.
A mão de Gustavo, estava gelada. Parecia que ele estava nervoso e isso não foi difícil de Dennis notar.
Gustavo tirou a sujeira de sua roupa, pegou o seu caderno e colocou dentro da mochila e em seguida, passando seus braços pelas alças, deixando ela em suas costas.
-Foi um prazer passar esse tempo com você. –Disse Dennis novamente estendendo a mão para ele.
Gustavo o olhava desconfiado, sem saber qual era a intenção dele, já que nunca se deram bem e agora ele agia dessa maneira.
Dennis se sentia completamente nervoso, ele queria que seu desejo se realizasse ali mesmo, ele precisava tirar a dúvida que estava em sua mente, ele precisava que Gustavo pegasse em sua mão e tentando esconder o nervosismo, ele insistiu que ele pegasse.
-Eu não sei o que está acontecendo com você hoje... –Disse ele dando as costas para Dennis e indo em direção a saída.
-E-espera. –Gaguejou Dennis tocando em seu ombro e o virando novamente para si. –Podemos fazer isso novamente?
Uma brisa passou pelo jardim, fazendo as folhagens se debaterem mais rápidas por uns segundos. O vento tocava os seus cabelos, mexendo-os todos.
-Até mais Dennis... –Gustavo estava se virando, quando sentiu a mão de Dennis tocar o seu braço, puxando-o para ele.
Dennis finalmente havia criado coragem, então o puxou em direção ao seu corpo e o prendeu, com um aconchegante abraço.
Gustavo estremeceu, suas pernas bambearam e sua força havia sumido completamente, agora que ele estava nos braços da pessoa que ele sentia um desejo.
Os dois sentiam o coração um do outro, batendo rapidamente, quase que em sincronia um com o outro, isso queria dizer que ambos estavam nervosos.
Dennis passou a mão pela mecha de cabelo de Gustavo e com um dedo, deslizou ela para o lado, para conseguir ver os olhos de Gustavo e parecia ter o mesmo brilho que o seu.
Depois, ele tocou a pele do seu rosto, com a mão, deslizando da bochecha e indo até o queixo de Gustavo.
Gu sentia uma sensação gostosa percorrendo o seu corpo, uma vontade crescia dentro do seu coração, sua pele estava completamente quente e ele podia sentir que seu rosto estava vermelho.
Os olhos de Dennis estavam diferentes de antes, eram brilhantes e certeiros, como se soubessem o que queriam. A respiração dos dois eram sincronizadas, porem quase que ofegantes.
Gustavo sentiu a mão dele tocando a pele do seu rosto, fazendo ele se arrepiar de uma maneira gostosa.
Dennis se sentia pronto, segurando suavemente o queixo de Gustavo, ele se aproximou lentamente e tocou os seus lábios.
Um estalo na mente dos dois despertou e a princípio Gustavo queria evitar aquilo, mas com aquele beijo, não conseguiu lutar contra e acabou se rendendo.
Dennis deu uma leve afastada e novamente tocou os lábios dele, mexendo a boca lentamente, aos poucos ele foi sentindo Gustavo aproveitando. E pela primeira vez, suas línguas se tocaram, completamente úmidas e quentes.
Após alguns minutos, os dois cessaram o beijo para respirar e aos poucos Dennis foi se afastando dos lábios de Gustavo e ainda com os olhos fechados, ele podia sentir o gosto maravilhoso de seu beijo.
Enquanto Gustavo tentava não desmaiar ali. Ele se virou rapidamente e pensou, “o que eu fiz? Porque ele fez isso e porque eu deixei? ”, mas mesmo assim, ele se sentia completamente feliz, mesmo que em choque.
Agora Dennis não tinha mais dúvidas, ele com certeza, gostava daquele menino.
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A cada dia que passava, os dois se encontravam no lindo jardim da mansão. Os dois se olhavam com outros olhos e os sorrisos eram inevitáveis, quando eles viam um ao outro.
Aos poucos eles iam se entendendo e sempre deitados, observando o céu, se conheciam melhor e de longe, do seu escritório Thomas observava de longe os dois meninos apontarem para o céu e rirem que nem doidos.
A preocupação dele era nítida em sua face. Em sua mente, ele pensava em uma maneira de tentar reverter aquela amizade que brotava entre os dois.
Retirou os óculos de seu rosto e o segurou nas mãos, seu olhar fixamente nos meninos, pensava em algo que pudesse fazer com que Dennis esquecesse esse menino e enquanto ele pensava, não pode de notar como os dois tocavam as mãos um do outro.
E assim foram dias, ele observando a maneira como os dois se aproximavam cada dia mais um do outro. Com um leve soco, com as mãos cerradas, ele bateu na moldura da janela. Se virou um pouco zangado, jogando os papeis de sua mesa todos no chão.
Enquanto a noite ia caindo e Thomas se revoltava em seu escritório, os dois meninos estavam se preparando para se despedirem um do outro.
Gustavo ficou corado, desviando o seu olhar, enquanto Dennis fazia a mesma coisa.
-Então... –Disse os dois ao mesmo tempo, ambos sem saberem o como se despedirem.
-Acho melhor eu ir pra casa. –Respondeu Gustavo, ajeitando sua mochila nas costas e colocando as mãos em seus bolsos.
Dennis sentia seu coração acelerar novamente e não tinha como negar que ele queria mais um beijo, mas já tinha decidido que não iria forçar como da última vez, mesmo o corpo dele estar quase fazendo isso, ele se controlava.
-Então até mais... –Disse com pesar.
Gustavo tocou em seu braço, deu uma volta e o puxou para trás do arbusto e lhe deu um beijo, surpreendendo Dennis. Aqueles lábios o confortavam de uma forma, que ele se esquecia de tudo ao seu redor e focava apenas em uma pessoa, Gustavo.
Ele sorriu e cessou o beijo, deixando Dennis ainda meio atordoado, como ele adorava aquilo. Gustavo deu um leve sorriso novamente e acenou para ele, dando as costas e indo para o portão, quase que saltitante.
Dennis tocou os seus lábios com um enorme sorriso e nunca imaginaria que algo assim aconteceria com ele. Deu a volta no arbusto e seguiu para a grande mansão.
Thomas permanecia sentado, com os dedos entrelaçados, tramando um plano para que pudesse separar os dois. Chamou Joseph, seu fiel empregado e pediu para que ele chamasse Gustavo até o escritório.
Quando Gu estava próximo o portão da mansão, ouviu a voz de Joseph vindo em sua direção e pela expressão em seu rosto, não parecia ser nada bom. Gustavo se virou, ficou observando o criado se aproximar rapidamente.
Joseph pediu para que o seguisse e os dois voltaram para a casa, passando pela entrada principal, eles subiram as escadas e viraram à direita, andando no longo corredor e indo até o escritório.
Assim que ele entrou, viu Thomas sentado na cadeira, de costas para ele e com os dedos entrelaçados. Ele se virou, retirou os óculos e o olhou fixamente.
O olhar penetrante de Thomas, correu por todo o corpo de Gustavo, fazendo-o arrepiar todo e sentir um angustia dentro dele. Pedindo para que se sentasse, com um gesto das mãos, ele se aproximou de uma das poltronas, tirou a mochila das costas e colocou na frente do seu corpo e depois que se sentou com ele em seu colo.
Thomas se levantou tranquilamente, pegou o seu cachimbo em sua boca e colocou os braços para trás, ofereceu uma xicara de chá e se sentou na poltrona de veludo azul na frente de Gustavo.
-Percebi que você e o meu filho andam.... Um tanto que próximos. –Ele deu uma tragada em seu cachimbo e soltou a fumaça para trás. Se inclinou para trás na poltrona e cruzou as pernas.
-Estamos nos dando muito bem e acredito que ele esteja gostando disso. –Gustavo parecia um pouco nervoso em sua resposta, suas mãos começavam a tremer levemente e sem que deixasse perceber, ele tentava esconde-las atrás da mochila.
-E eu acredito que isso não seja muito bom.
Gustavo ficou olhando para ele sem entender.
-O que o senhor quer dizer com isso? É ruim ele ter alguém pra conversar?
-Ele tem muitas pessoas para conversar, não precisa ir atrás de você para isso. –Foi direto, enquanto descruzava as suas pernas e se inclinava para a frente. –O meu filho, está se distraindo ficando com você.
-O que o senhor quer dizer com se distraindo? –Gustavo olhou fixamente para ele com sua testa franzida.
-O que ele só sabe fazer é ficar correndo atrás de você, como se fosse um cãozinho, o que me surpreende, porque quem deveria estar se arrastando aqui era pra ser você. –E novamente ele foi direto e grosseiro.
-O senhor vai me desculpar, mas o que o senhor está fazendo é errado, me chamar de cachorro? –Ele ficou indignado com aquilo.
-Vamos ser bem diretos. –Ele se inclinou para trás novamente. –Quanto você quer para ficar longe do meu filho?
-Eu não estou entendendo bem o que você quer para o seu filho. –Gustavo se levantou, com a mochila em suas mãos. –E eu não imaginaria que você era capaz de tal coisa.... Querer comprar alguém só para ficar longe do seu filho? Que belo pai que você está sendo. –Ele deu as costas e andou em direção a porta, segurando a maçaneta antes de ser abordado novamente.
-E quanto a sua mãe? –Disse ele calmamente.
Gustavo ficou paralisado por um instante, pensou no que seria dela se perdesse esse emprego, mas lembrou do que ela sempre dizia para ele, “não importa o quanto as coisas estejam difíceis, mas nós dois vamos passar por tudo junto”, e as confortáveis palavras em sua mente, fez aquecer o seu coração novamente, ele se virou, encarou Thomas e disse:
-Se é isso que o senhor quer fazer, tudo bem, mas saiba que ela não vai ser a maior prejudicada aqui.
-O que você quer dizer com isso? –Perguntou Thomas na dúvida.
-Tenta fazer algo contra ela que você irá descobrir... –Disse ele soltando um leve sorriso. –Esse império todo que você construiu, cairá em poucas horas que você a mandar embora. –Finalizou ele saindo da sala, deixando Thomas totalmente sem reação.
Ele ficou sentado na sala, com a expressão calma, mas por dentro, ele sentia um perigo enorme em deixar esse garoto nessa casa, o menino não poderia fazer nada de grave contra a família dele, era só um blefe, mas por dentro, Thomas estava com um certo incomodo.
Enquanto do lado de fora, Gustavo estava apoiado de costas na parede, com as mãos nos joelhos e inclinado para frente, ele respirava ofegantemente, tentando se acalmar.
Suas mãos tremiam muito e o seu rosto escorria pequenas gotas de suor. Ele nunca imaginou que iria ter coragem para encarar esse homem e pior, ameaça-lo por algo que ele não tinha em mente.
Dennis abriu a porta do seu quarto, ao perceber certa movimentação no corredor e quando olhou pela porta, viu apenas a silhueta de Gustavo descendo as escadas, ele caminhou até o mezanino e o viu saindo apressadamente pela porta da frente.
Oláaaa, VOLTAMOS!!!
Como vocês já sabem pra saber o final do conto vocês precisam acertar quem escreveu. Nós vamos deixar aqui 5 opções de escritores e você só precisa deixar um comentário na sua opção...só vale 1 comentário heim.
JotaKev
Nil_Marinho
caiocavellari
TarcVieira
BrunoJovovich
Quem acertar vai receber o final da história no privado aqui na Wattpad.
Boa sorte. WattGang ama vocês 😘
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