Era uma vez...
Era uma vez...
O Livro de Moloch é capaz de trazer à vida os mortos. Foi capaz devolver os poderes retirados de demônios e criar o maior e mais cruel monstro: o dragão vermelho Rogan.
Uma vez nascido das palavras escritas com sangue maldito nas páginas de pergaminhos feito das peles de anjos mortos em batalhas, Rogan não se permitiu controlar e sem motivações, soberbamente, ele pretendeu e atacou, destruiu e apavorou os homens do sul. Quando o fez, ainda na primeira Era da humanidade, Tarso, o grande general o feriu de morte, porém para deter a criatura cuspidora de fogo, Éire mãe de Tarso, única mulher capaz de ler os feitiços, deu sua vida em tributo para que o dragão adormecesse. O que deveria ser para sempre...
Em honra de Éire, o rei Mael de Mynydd Arian, ao norte, o maior reino de homens imortais da Terra, equiparou as mulheres aos homens, até que sua nora fosse corrompida e por azar, libertasse o gigante alado de seu cárcere. E uma terceira, ainda gestando seu único filho, num ato heroico, o abateu e assim novamente, o rei, já sendo o quarto da linhagem, dignificou todas as mulheres em seu respeito num decreto que não poderia ser alterado pela eternidade.
No entanto, uma história não se começa daqui, oras, pois, aqui seria o final e figuras interessantes merecem grande destaque nesta obra escondida por vários séculos.
Diz-se no Norte que o primogênito do Criador celestial, fora um homem rude, a quem foi dado duas esposas. De uma descendência, provinha Tarso, primogênito da esposa dourada. Já da esposa de prata, nasceu Mael e deste, grande descendência ainda sobrevive, miscigenada ao sangue de Adão, formando o reino de Mynydd Arian (Montanha de Prata).
Desde o início, o demônio Moloch, invejou e odiou o homem, abrindo assim as portas do submundo, liberando todo azar de criaturas horrendas e famintas, consumidas pela inveja dos filhos do Criador.
Em cada luta contra ele, onde desciam os próprios anjos, Moloch enfraquecia, até que finalmente aceitou a derrota após transferir seus poderes à um objeto similar a um livro, feito pelas mãos de uma feiticeira. Dizem que Rogan contém parte de sua alma, mas ainda assim tem vontade própria e não o obedeceria como ele desejaria. Sua serva mais leal, Taranis foi quem leu a maldição, criando o dragão e assim, cada confim da Terra sentiu o terror. Inclusive no Reino Dourado, donde Tarso sobreviveu com poucos soldados, seus parentes, após ver sua mãe morrer para fazer com que o dragão adormecesse. Sacrifício inútil, pois da família de prata, uma jovem princesa o liberou, após ouvir a promessa de que ela sozinha governaria Mynydd Arian. E quase tão certo foi, que logo o pai de seu marido Gael, rei Mael, foi assassinado.
Ela acabou sendo executada e por sua culpa, mulheres perderam todos os direitos, passando a ser manobradas conforme os desejos dos homens, até que seu filho com Gael, rei Durant afrouxou muito as leis, em nome de Nana, sua esposa e após isso, Bran o atual rei, aboliu quase todas as regras severas contra as mulheres, mantendo apenas a proibição de decidirem sobre quem seria seu marido. Nos demais aspectos houve uma grande evolução.
Mas Rogan estava à solta, não havia o que fazer quando ele resolvia aparecer e parecia ainda mais forte do que em sua primeira vida. Mynydd Arian foi quase totalmente destruída, demorando séculos para erguer-se.
Então, o imortal dourado, Tarso, sequer hesitou em marchar para o norte quando recebeu mensagem que lhe pedia socorro. Podendo ele ser rei ao sul, deixou a própria obrigação e seus direitos e convocou a todos os que restaram de seu sangue para que partissem.
Ambas as famílias perderam numerosos parentes para a morte ou a prisão no submundo, mas ainda assim saíram vencedores. Tarso entrou no próprio inferno contra seres sobrenaturais cruéis, que até hoje lá se entocam com receio de reencontrá-lo. E de tão agradecido, o rei da Mynydd Arian, Bran, ofereceu sua coroa recém-herdada após o assassinato de seu pai, Rei Durant, a Tarso que recusou e também ofereceu seu serviço como soldado, mas recebeu como honra o posto de General.
Na cerimônia de coroação, que ocorreu cem anos depois, duque Grant, irmão do falecido Rei Durant, pôs o artefato de prata sobre a fronte do sobrinho, ao mesmo tempo em que seus militares, seu povo e os parentes remanescentes de Éire, juntamente com a família de prata, se curvaram a ele.
“Meus irmãos, meus amigos, meu povo, vós sois a força que manteve, mantém e manterá nossa Casa, viva e forte.”
Além dessas palavras que foram o discurso de Mael, seu bisavô, Gael seu avô e Durant, seu pai, Bran nada mais disse. Duque Grant, seu único tio, fiel como conselheiro principal, seus filhos Morten e Maery, a destemida e Dário, o mais jovem, além de fazerem parte do clã, somavam forças à sua Casa.
Passados alguns séculos, depois da separação das famílias do Primogênito, as Casas voltaram a se unirem, dessa vez contra o próprio homem, pois a raça humana teve sua alma envenenada como uma sequela de toda a ação de Moloch. A sede pelo poder levou muitos à loucura e a maldade exacerbada. Foram tantos outros, enganadores dos filhos do Primogênito, que compactuam somente pelo desejo de afanar seus dons. Muitos magos imortais foram levados cativos como se beber de seu sangue ou mesmo terem sua carne crua e torturada, devorada pelos reis, feiticeiros malignos de outras linhagens e até demônios destituídos de poderes, pudesse transferir-lhes seus poderes.
Mais tarde, proveniente do noroeste do reino da Mynydd Arian surgiram os bárbaros por mar e por terra. Cruéis e primitivos não se aliavam a ninguém, fazendo com que as batalhas se tornassem cada vez mais constantes.
Depois, houve a escravidão e o comércio de pessoas, que sendo um negócio lucrativo, foi legalizado por governadores que instituem tributos sobre a atividade e assim, seres humanos tiveram destinos infelizes e contrários à própria vontade.
Novamente Tarso esteve à frente da marcha à Mesopotâmia, saindo somente ao resgatar cada um de seus parentes ou partes deles que enfeitavam altares e casas de nobres. E com o inverno terminando, a poucos dias de terminar a viagem de volta, Bran e seus soldados retornam ao lar...
O Forte Arian, a maior estrutura já feita por mãos dos filhos da rainha de Prata, continha história em cada rocha sobre rocha, continha sangue daqueles que morreram atrás de suas elevadas muralhas intransponíveis e nele residiam as famílias mais abastadas, além da família real, incluindo o general Tarso e seus capitães, que ocupavam duas torres onde havia seus quartos, salas comunais, salas de jantar, cozinhas, banheiros privados, já que o restante da população a usava o modo coletivo.
Do lado de fora, ainda ao longe, Bran e sua comitiva, avistava a Montanha Torta que escondia boa parte de imenso reino, do qual estavam saudosos. Não diferente, no entanto há dias de viagem de distância, dentro do Forte, Morten, primo de Bran, acendeu o farol para guiar seus irmãos para casa, sua gêmea Maery distraída olhava para o horizonte.
— Sua beleza se equipara a Lua... — Morten usa um tom suave e quase rouco, depois de contemplar sua irmã vestida de cinza claro, a contrastar com o negro do seu cabelo.
— Tolo...
Muito próximo à Maery, Morten fez menção de acariciar seu rosto, mas contém-se e isso a frustra visivelmente.
— Nosso pai deve estar chegando por esses dias.
— Espero que muitos dos que partiram tenham a sorte de retornar. — ela finaliza e sai da presença dele.
Morten perde-se um pouco enquanto contempla sua irmã saindo às pressas da torre. Seus olhos fecham enquanto lembra-se de momentos nos quais precisou ser mais forte que o coração que o guia. Em sua família muito ocorrerá a união entre irmãos, mas fora com propósito de povoar a Terra, em seu caso, a luxúria o impulsionava, assim igualmente Maery que pretendia jamais dar seu coração à outro.
Na descida das escadarias de pedra, avistou seu irmão mais jovem, Dário, que recitava alguma coisa ou tentava pronunciar palavras em língua estrangeira.
— Onde pensa que vai, meu jovem e letrado irmão mais novo?
— Onde? Fazem pelo menos dois séculos que não devo satisfações ao nosso pai, o que posso dizer de você, meu inconsequente irmão mais velho?
— Acalme-se Dário, — Morten gargalha e bate nas costas do menor — Sabe o que vi lá de cima na torre mais alta? Fumaça à sudeste. Estão quase chegando.
— Que o Criador os traga depressa. Tem feito muito calor para dias que deveriam ser frios.
— Fique tranquilo, irmão. Eles chegarão muito em breve...
Há alguns quilômetros do Forte, Senan, o capitão e amigo íntimo de Bran, retorna de uma ronda entre os soldados e resgatados, que estivessem bons ou feridos...
— Majestade, alguns de nossos irmãos não chegaram com vida ao Forte. Suas feridas estão gangrenadas e aqueles que sofreram amputações, atraem insetos, logo vai haver larvas, infecção e mais dor. Se eu estivesse na situação deles, preferia ser executado e ter uma morte honrosa.
— Os levaremos vivos ou mortos, Senan.
— Estamos prolongando seu sofrimento.
— Capitão, VOCÊ prefere ser executado porque não está sob suas peles.
— E se for a vontade deles? Não ouve os soldados que gritam e imploram vossa misericórdia?
— As coisas não mudam, meu jovem capitão. — General Tarso se aproxima — Sempre pensaremos que nas épocas passadas, o sofrimento era maior e à nossa frente teremos um futuro mais brando, mas... tudo se repete.
— Nosso desespero é racional, general, não vivemos tantos anos quanto os de sua ascendência.
— Porém vivem com muito mais intensidade que nós. — com um tapa amigável nas costas de Senan, Tarso mistura-se aos soldados que preparam suas tendas para outra noite de descanso.
Dormir ao ermo é muito comum para combatentes enquanto ficam fora de seus domínios, só é péssimo nos invernos mais rigorosos e este em particular estava estranhamente ameno. Tarso caminha por entre as tendas ouvindo um pouco de cada conversa sem prestar muito a atenção e somente o cântico de Éire que o fez parar. Éire, fora sua mãe.
Pela manhã cinzenta há dois dias para nascer o primeiro sol na primavera, os homens pareciam revigorados, porém o silêncio indicava que algum dos soldados feridos havia morrido e logo houve a infeliz constatação.
Senan parecia bastante inconformado, tirou o próprio elmo da cabeça e saiu sem rumo enquanto Bran o seguia com o olhar. O rei aproxima-se de Tarso e um pequeno pelotão que organiza a queima do finado guerreiro. Depois disso o dia tem outro pesar, o sol permanece escondido e outro soldado desiste de lutar, havendo gritado por dias, sem que as ervas de cura lhe fizessem efeito, arrefecido descansou.
O rei consternado observa as piras que queimam a carne de dois parentes, sente-se impotente e até se culpa por todo aquele mal.
— Senan, me desculpe irmão. — as palavras de Bran se dispersam ao vento e logo, um meio sorriso brota em seus lábios quando escuta seu capitão cantarolar uma ode na qual a poesia se refere a uma grande mãe de braços abertos, chamando seus filhos para casa. — Achei que estaria com muita raiva de seu rei.
Senan interrompe a canção e se concentra no caminho que irão percorrer à noite.
— Vamos ao escurecer, descansamos um dia e meio, e um dia e meio, nós caminharemos. Colocaremos nas carroças aqueles que não conseguem caminhar. Forte Arian está despontando e a chama acesa nos guiando para casa.
Bran percebe que Senan não irá ceder com tanta facilidade. O capitão de pele negra, temperamento forte e teimoso, jamais cede ao Rei. É sempre o contrário.
— Sempre que me ignora, lembro-me do garotinho abusado que salvamos no povoado de Ailish. Você não conhecia o homem branco e ficou muito assustado...
— Pare com isso... — Senan fala rindo. — sempre lembra-me de meus “melhores” momentos.
— Lembro... Senan.
Na linha de frente, um pouco adiante do rei, duque, general e capitães, estão os soldados batedores que avançam para trazer notícias sobre eventuais perigos na região. E após muitas horas de caminhada incessante, os homens que deveriam estar cansados, avistam o Rio Daire e a vontade de chegar em casa se sobressai ao cansaço.
— Em nome do Criador, quando chegar ao Forte, pretendo passar três dias e três noites bebendo vinho e “cortejando” minha nova esposa Bréa e...
— Tio, o cortejar que o senhor se refere, cá entre nós, significa foder feito um louco.
Tarso, Senan, Bran e o próprio Grant começam a rir.
— Desse jeito sua futura esposa ficaria escandalizada. — Grant corrige o sobrinho. — Vou adiante, daqui já ouço o barulho do rio.
— Me diga, majestade, o que está pretendendo fazer? O nome: Casa da Serpente Alada não o lembra de nada?— Tarso provoca o rei.
— Nem me lembre.
— Hoje em dia, alianças são mais necessárias do que nunca. — o general apela — À flor da Casa da Serpente não me parece ser tão ruim assim. Você é rei e ser solteiro não é opção.
— Fala de mim. E você que jamais desposou alguém? — Bran quase cochicha à Tarso.
— Sabe que prefiro mais pelos no rosto e menos peitos.
— Até onde sei, a pessoa a quem se refere, não mantém pelos no rosto. — Bran cochicha abafado pelas conversas em voz alta de seus súditos e soldados.
— Você então, rei de Mynydd Arian, nem preciso dizer nada. — Dito isso, Tarso espicha o olhar até Senan, o negro musculoso.
— Discrição é algo tão importante, general.
— Sou muito discreto.
— Oh sim, sim.
Sem intercursos no trecho final, eles aguardam a ponte descer e assim entram marchando com as bandeiras levantadas cujo símbolo é um corvo negro e prateado.
Parte da família real se encontra disposta para receber o rei. Entre seus irmãos Morten e Maery, Dário está radiante e tenta disfarçar quando seus olhos escuros pousam no grande “titã” de cabeça raspada e barba longa, loira e trançada no queixo, é Tarso que desce de Ishtar, seu cavalo. O general lhe devolve a olhada “discreta”.
— Majestade é maravilhoso saber que está bem. — Dário disfarça e aborda seu primo, o rei Bran.
— Não tão bem assim Dário. Perdi meio dedo na batalha.
— Não se queixe, outros perderam a vida, seu ingrato?
— Realmente. Afinal ainda alguns inteiros. — A resposta de Bran faz com que Dário fique muito sério.
Em seguida Maery parece ansiosa pela atenção de seu pai, antes que a nova esposa dele e sua madrasta, o monopolize como sempre. Morten faz um pequeno relatório sobre a guarda em pontos específicos do reino, alguns invasores e duas ocorrências de crimes.
— Morten, certamente nosso primo irá fazer uma reunião e lá poderemos nos estender o quanto quisermos. Por hora deixe-o descansar.
— Dário, quem cuida das burocracias dessa Casa é você, então minha parte já está resolvida. Vou para o sul com meus homens, há boatos que um “demônio” ronda pelas madrugadas. Sinceramente, torço para que seja boato, irmão.
— Vá meu filho, que o Criador te acompanhe.
Tão logo Morten monta seu cavalo e seu corvo Kye, o acompanha, Maery suplica ao pai para que possa acompanhar o irmão, mas o duque nega. Seu pai conhece muito de sua fúria em pequenas contendas, o fogo que acende nos olhos dela, Maery parece perder a consciência por instantes, rápida e cruel, por Bran já fora chamada de carniceira.
— Maery é de muita serventia, tio. Tem certeza que não permitirá sua partida?
— Morten é bastante competente.
Dando o assunto por encerrado, o duque procura seu filho mais novo que sumiu de vista como num truque de mágica e o encontra parado próximo à grande árvore figueira com o olhar disperso.
— Dário, não está cheio de serviços?
— Isso é um problema meu, pai. Não sou escravo.
— Língua sempre afiada, filho meu. Quando parti, você estava ressentido comigo por conta de meu matrimônio com Bréa. Você e seus irmãos precisam meter na cabeça que se trata de minha vida e não preciso de sua aprovação. Sua mãe foi assassinada há quase cem anos, eu me recuso a ter uma vida de solidão, tanto que não obriguei previamente a nenhum dos dois filhos.
— Exceto Maery. — Dário fala com rancor — Cem anos? O senhor acha que isso é muito tempo?
— Dário, basta deste assunto, ocupe-se, que de minha vida eu tomo conta.
— Ei! — Tarso chama a atenção quando Dário passa quase correndo por ele. Para o escriturário, estar à presença do membro mais importante do Reino Dourado, depois de Éire, é sempre prazeroso. Tarso sempre tem assuntos interessantes sobre eras anteriores ao nascimento do próprio Dário e com base nelas, ele pode escrever em seus pergaminhos história, poesia, odes de seu povo e seus parentes.
— Honorável general. — Dário curva o pescoço em respeito ao amigo.
— O que é isso? Não precisamos de formalidades, não é?
— Eu prefiro.
— Bem, então aceite minhas formalidades devidas, ó honorável escriturário Dário, filho de Grant.
— Melhor assim.
Tarso se diverte inclinando a cabeça para cumprimenta-lo, ao contrário de Dário que parece muito irritado.
— E eu achando que seria abraçado como fez com Bran, nosso rei. — o general abre os braços musculosos.
— Sem desejar ser deselegante e grosseiro, eu preciso lhe ser sincero: você fede a sangue, está encardido... E eu... sei que soou indelicado de minha parte.
— De maneira alguma. Tenho noção de higiene...
Tarso deixa seus braços caírem ao longo do corpo. Dário analisa mais uns instantes o homem alto, de musculatura desenvolvida e os mais doces olhos azuis que vira em toda a sua vida. Logo a seguir ele dirige-se à grande sala onde se ocupa estudando mapas, analisando as estratégias utilizadas em batalha, traduzindo documentos interceptados, racionando e contabilizando as reservas de alimento e tudo o que compete a um bom administrador.
— Eu realmente não quero conversar, general.
— O que o aborrece tanto, meu amigo?
— Somos, o que posso dizer... colegas.
— Bom, que seja, “colega”. Eu gostaria de lhe dar um artefato muito interessante que obtivemos... mas está no meu quarto... sob minha cama...
Dário usa um lenço do nariz indicando que o outro fede enquanto não se livrar da roupa que usa há dias, igual a todos os outros soldados e o próprio rei.
— Artefato? Nesse caso, como é esse artefato? — A curiosidade o fez precoce nos estudos, na oratória, nas contas e tudo o que precisa de raciocínio rápido. E a mesma curiosidade, por culturas alheias, faz seus olhos brilharam e o coloca de pé novamente.
— Os manuscritos de Taranis, o lendário Livro de Moloch. Honorável escriturário, filho de Grant, se me permite, estou em retirada. Meu corpo exausto pede um banho demorado, um barril de vinho, confraternizar com nossos irmãos até o sol nascer e depois, pelo menos uma semana de cama.
— Uma semana? Isso é uma perda de tempo absurda! O senhor é o general de nosso exército! Não pode simplesmente...
— Ah sim, posso e o farei. Vou me refestelar de minha patente de general, príncipe da Casa Dourada e dar-me esse pequeno mimo — Ditas tais palavras, ele levanta-se de um estofado revestido com tecido do oriente, antes perfumada pelas essências que Dário borrifa no lugar, agora com cheiro do sangue de suas roupas — e honestamente não tenho coisas muito mais interessantes para fazer do que hibernar por alguns dias.
Mais tarde e perfeitamente limpo, com vestes novas, Tarso caminha entre o povo que festeja a vitória e saúda os mortos na batalha.
— Perdi meio dedo, o menor deles e não a língua, Senan — Bran cochicha ao capitão enquanto conta como conseguiu enganar uma feiticeira devota do deus obscuro Taranis.
— Vossa majestade tem muita coragem. Quando a vi, fiquei noites com sua imagem na cabeça. Espero jamais cruzar seu caminho.
— A única coisa que me perturbou, foi o rosto invertido e os braços tão finos e longos. — Senan não capta a travessura na voz do rei, mas o rei capta o pavor nos olhos expressivos do capitão. E para provocar ciúmes no outro, ele inventa que passou a tarde com três cortesãs numa das casas de banho do palácio. — Para as mulheres, a penetração é o menos importante.
— Se vossa majestade diz... Mas advirto. — Senan cochicha — está sendo travesso, Bran.
— Precisa me punir mais meu capitão.
— Beba menos, dê-se um pouco mais de respeito. — Senan chama a atenção do rei e Tarso que passa por eles no momento, provoca ainda mais:
— Descrição, rei Bran, esqueceu? — Tarso vira o restante do vinho num grande gole e surrupia outra garrafa de alguém distraído.
— Imagino o quão monótona será minha vida de casado.
— Algo inevitável.
— O que, casamento ou monotonia?
— As duas coisas. Mas um rei deve se casar para ter um sucessor legítimo e Danna é adorável, não me lembro de ter conhecido uma mulher com seu senso de humor.
— Sei. Uma pervertida. Prefiro mulheres mais sérias. Senan, não está em seu juízo.
— Nunca pensou em Maery como esposa? — Tarso sempre lhe pergunta por pura diversão.
— Não tão séria, quando digo que prefiro as mais sérias, Maery fica fora da lista. Primeiramente porque ela é basicamente um homem de vestido. Já a viu lutando?
— Nunca me canso de ver.
— E pelo segundo e principal motivo, Morten me mataria a pauladas ou outra morte muito dolorosa. Maery acabou por ter o destino decidido conforme a tradição. Vai casar-se com Aeron, filho mais jovem do rei Tyrell e... VOCÊ, meu capitão, sabe de minhas preferências, menos peito e mais pelos na cara. — ele repete a frase que Tarso que provoca o rei na frente de seu homem de confiança.
— Soube que Senan é bastante grande. Verdade ou boato, majestade?
— Verdade Tarso, uma verdade grande, grossa e dolorosa. — O rei seca seu copo de vinho e rindo, sai em busca de alguma jovem atirada ou bajuladores para o entreterem.
Adiante...
— Imaginei que o encontraria aqui, Dário. Vinho?
Calado, Dário estica sua taça de prata para ser cheia pelo líquido bordô e brinda com Tarso. Enquanto bebem em silêncio olham para os primeiros indícios de confusão.
— Vinho em excesso transforma homens em animais.
— Os soldados estão contentes por retornarem ao lar, Dário. Deixe que se divirtam. E você, porque não se entrosa? Nem todos apreciam uma dança, sempre tem quem prefira uma conversa e você tem um dom, amigo.
Dário sorri de leve e ergue uma sobrancelha.
— Me pergunto, de que dom você está falando?
— O único que conheço é... é... você sabe um monte de coisas...
— Jura? Eu notei uma coisa, quanto mais músculos, menos necessidade de usar a cabeça.
— Numa batalha, toda a sua erudição é desnecessária. Não serve pra nada. Por isso que cada um de nós usa o que tem para aquilo que gosta ou nasceu para fazer. — Em vez de ofendido, Tarso faz piada. — Mesmo não sendo um guerreiro, observei que tem bastante carne firme aí.
O general sai e deixa o jovem Dário com seus olhos arregalados, em sua solidão tão apreciada.
No outro dia, Tarso acorda-se no meio da tarde, seu sorriso alarga ao ser acariciado pelo sol que doura sua pele desnuda. O fino lençol cobre apenas o grande falo enrijecido, indicando que precisa “aliviar os acúmulos” dos meses em que esteve na guerra. Logo o membro longo e grosso é envolvido pelos dedos do macho que masturba-se vigorosamente até um orgasmo forte, seguido de um relaxamento delicioso.
Dário. Dário. Dário. Se este imaginasse que Tarso jorrava sua semente naquele exato momento em que levantava a mão para bater na porta, ele daria meia volta.
— Merda. — Irritado, Tarso ainda se recupera do orgasmo — Que é? — Berra injuriado.
— Sou eu, general. Preciso ter uma palavra com o senhor.
— Dário?! — Tarso pula da cama pelado e corre até a porta, então lembra que está nu. Volta correndo até o baú que contém suas roupas e enfia-se dentro de um par de calças. Quando volta a correr para a porta passa pelo espelho, se vê a barba do queixo desgrenhada e o pior, seu peitoral musculoso está sujo de sêmen. — Dário?
— Sim. Abra a porta, por favor. — Do lado de fora, o conselheiro ouve coisas sendo batidas, palavras de baixo calão, vidro espatifar no chão e algum objeto muito pesado bater na porta. Então, diante de seus olhos arregalados, Tarso abre a porta, completamente suado e com o melhor dos sorrisos. — Finalmente. Quantas pessoas estão dentro do seu quarto, que algazarra foi aquela?
— O quê? Ah, o que aconteceu recentemente? — Tarso estica-se junto com o Dário que espicha o pescoço e põe-se na ponta dos pés para descobrir o que aconteceu dentro do "covil". — Eu estava dormindo.
— Com todo esse barulho?
— Eu não ouvi nada. De que barulho...
Dário sem paciência espalma a mão suave no peito do grande homem e o tira do seu caminho, introduzindo-se no quarto deste.
— O que quer, filho de Grant? — Tarso se recompõe enquanto o outro inspeciona o ambiente.
— Convidá-lo para tomarmos um chá, enquanto conversamos. Seu quarto não é tão ruim quanto imaginei que fosse. É limpo.
— Já imaginou meu quarto?
A pergunta deixa Dário corado e isso o faz esboçar um sorriso.
— Quem nunca imaginou como seriam os aposentos do grande e magnífico Tarso.
— Conselheiro, se eu fosse você, eu procuraria o curandeiro. Esse comportamento subitamente dócil pode ser algum tipo de feitiçaria... ou é só seu sarcasmo agudo?
— Que bobagem, eu estou melhor que nunca. Eu reclamo demais com as paredes que tenho sido a causa de minha própria solidão. Não é nada de importante, só uma conversa com chá ao entardecer...
— Aceito. Onde? Sabe que eu seguiria o nobre amigo, até o Portal Sombrio. O atravessaria...
— No meu quarto. E leve o que trouxe dessa “viagem”, se não foi incomodá-lo, claro.
.
Mais tarde e já próximo ao momento do "encontro" de Tarso, Bran e ele retornam de uma cavalgada e o assunto é abordado.
— Vá com calma, Tarso. Dário não ia mudar de uma hora pra outra. Eu não confiaria se fosse você.
— Não confia? Bran, ele é seu primo.
— Exato. Falo desses assuntos “pessoais”. É meu primo e não meu alvo de conquista. Abra os olhos. Homens que gostam de gatos, em geral têm essa predisposição para serem traiçoeiros.
— Acho que não entendi — Tarso franze o cenho
— Pois eu, já acho que você entendeu muito bem.
— Obrigado majestade, isso foi sábio. Os manuscritos sem dúvida irão para as mãos dele, mas antes pretendo me divertir. — Tarso levanta a mão despedindo-se do rei, então se dirige às instâncias de banho, veste-se com calças de tecido bom, botas limpas e um sobretudo que termina acima dos joelhos.
O homem é muito burro quando quer.
— Pontual. — Dário recebe o general em seu quarto. Até então, nada de suspeito, exceto o convite em si. — Sente-se, por favor.
— Você não tem receio de ficar mal falado por receber homens em seu quarto?
Por um instante, Dário parece ranger os dentes, mas logo sorri até mostrar toda sua dentição perfeita.
— Além de você, o único macho que entrou e continua a entrar é meu gato Stan. Chá?
— Prefiro um bom vinho.
— Tssss — Dário fez um ruído engraçado indicando que esqueceu algo importante e Tarso espirra algumas vezes. — Isso pode ser alergia.
— Sim, é alergia ao pelo... — Tarso espirra muitas vezes até conseguir concluir — Pelo de gato me faz espirrar muito e se tocar nesses criadouros de pulga, começo a coçar.
— Que ridículo. Sua alergia deve estar relacionada àqueles velhos documentos cheios de traças. Sem querer ofender, mas seu quarto deve ter muito mais... é... coisas que lhe causam essa reação. — Dário sugere, querendo abordar o Livro esquecido. Com elegância ele sorri antes de bebericar o chá e servir um pedaço de bolo aos dois.
— O que tem no chá?
— Acha que eu teria coragem de envenenar seu chá?
— Me refiro a erva, “querido”, tem um cheiro muito bom. — Tarso fala segurando a diversão e erguendo a sobrancelha falhada devido a uma cicatriz.
— Ah é... tem folhas de amora, cidreira e alguns segredos, uma poção mágica... entendeu?
Dário deu a entender que estava tentando uma proximidade com Tarso, mas o general, muito esperto, comeu, bebeu e por fim antes de se levantar piscou galante para Dário.
— Porque não selamos esse encontro com um beijo?
— O quê? Você tá lou... digo, calma prezado “amigo”, quem sabe um dia...
— Hum... — Tarso chega muito perto do conselheiro que recua — que bom. Porque cheguei a pensar que o convite e todo esse teatrinho, só aconteceu porque você queria algo.
— Assim você me ofende.
— Desculpe, não foi minha intenção. Agradeço por ter me recebido, agradeço pelo chá e o bolo.
— Não tem de quê. Venha quando quiser.
“Não acredito que ele não o trouxe”, Dário revira os olhos quando o outro se afasta.
.
Dentre muitos cômodos do castelo, Dário havia exigido, segundo o próprio rei Bran, que sua sala fosse ampla, que tivesse uma varanda, tapeçaria, louças finas, móveis para que ele pudesse organizar seus artefatos e prateleiras para os livros que eram infindáveis. Já na entrada, havia uma mesa bastante grande, onde ele sentava-se elegantemente para cuidar dos assuntos administrativos referentes à coroa.
Estava sempre asseado, bem vestido, barbeado, cabelos curtos e penteados e porque não mencionar, arrogantemente belo.
Há uma centena de metros dali, o general lidava com novos alistados que iniciavam seus treinamentos. Ao contrário de Dário, Tarso preferia ficar ao ar livre, ao sol, ao vento, cavalgando ou treinando defesa e ataque. Gostava das coisas mais à vontade, tanto que não se importava em retirar a parte de cima da roupa enquanto treinava com o suor a lhe molhar o corpo inteiro. E sempre haveria moças ou jovens afoitos, querendo chamar sua atenção com um jarro de água.
— Boa tarde, amigo. — Tarso chega sem aviso e isso faz Dário dar um pequeno salto e bater acidentalmente no pote de tinta onde ele mergulha a pena de escrever.
— Minha mesa...
— Não foi minha a culpa, você que bateu nisso. Nem cheguei perto da mesa.
— O que o senhor quer general? — Dário está furioso.
— Desistiu de ser encenar?
— Querido “amigo”, estou ocupado com coisas importantes de verdade.
— Não é nada demais. Estou exausto. Acho que um banho me fará um enorme bem. Sabe fazer massagem? — Incrédulo, Dário para de limpar sua mesa e não consegue responder. — Imaginei que não.
Tarso encerra a conversa e sai da sala do homem menor. Ele sabia que devia maneirar nas brincadeiras com o filho do duque, porém era irresistível ver o jovem Dário furioso, melhor ainda, era divertido e prazeroso. No íntimo, Dário se divertia tanto quanto o general, mas balançou a cabeça querendo enxotar as besteiras que começavam a nascer no seu imaginário e cortar falsas esperanças.
— Dário... — Uma voz surge ao fundo de sua sala.
— PAI?! — o rapaz pulou assustado e sente o rosto queimar na presença do duque. — O-onde... onde o senhor estava? Não o vi entrar. Olha vai chover, está ventando, só vou fechar a janela. O senhor já está indo?
— Querendo se livrar de seu velho pai, menino? — Grant se diverte com o embaraço do filho.
— O senhor não é velho, ainda é um homem bem atraente.
— Bondade sua, mas não chego aos pés de Tarso.
Dário não é capaz de retrucar.
— Não entendi.
— Ah menino, você entendeu muito bem. Toma seu pai por ignorante? Logo eu, Dário, conselheiro do rei. — Grant cochicha perto da orelha do rapaz quando passa por ele. — Seja mais discreto. Os dois deveriam ser mais discretos. Se comentários vierem à tona, o obrigo a casar-se.
— Mas...
— Seja discreto.
— Mas, o rei, ele e Senan têm um caso às vistas de todos. Ele não se importaria.
— Certamente que não. E enquanto eu viver, darei um jeito de afastar boatos sobre você.
— Pai, o senhor sabe que as pessoas mais velhas não aprovam esse tipo de "coisa". O pai do falecido rei, não mandava castrar e enforcar os homens que deitavam com outros homens?
— A história é muito diferente, filho. Como você acha que os soldados se "viram" quando se afastam de casa por anos? Meu pai, Rei Gael precisava agir assim.
— Por quê?
— Para desencorajar esse tipo de união. Dois homens juntos não geram soldados, menino.
Dário se empertiga, dá a volta na mesa e se defende.
— Tarso é o último homem...
— Já sei como isso termina, me poupe de seus dramas mal encenados. Quer o Livro em suas mãos? Tome. Tarso nos aconselha a destruir. Eu e Bran ainda nos reuniremos com outros conselheiros. Guarde-o...
— Porque o próprio Tarso não me entregou?
— Porque eu o alertei sobre o quão traiçoeiro é meu filho mais jovem. Não brinque com os sentimentos alheios.
Meses se passam e àquela altura Dário já havia decifrado linha por linha do que estava nos escritos. Ler não era o problema, pois eram necessários sacrifícios humanos, dons mágicos e muita maldade, para que feitiços fossem praticados.
— Impossível de traduzir. Isso deve precisar de luz especial. — Tarso reclama. — Eu mesmo não fiz progresso.
— Luz?
— Sim, o luar, quem sabe uma noite com muitas estrelas. — Tarso responde à Dário.
— Consegui ler tudo sem precisar de luz de velas, estrelas ou lua cheia. Por acaso tentou decifrar os feitiços?
— Eu? Acha que eu gostaria de mexer com feitiçaria?
— E porque não?
— Há sete séculos que sirvo Mynydd Arian! O povo dourado jamais se deixaria corromper.
— E se um parente seu já cometeu deserção ou algo pior sem seu conhecimento?
— Dário! — Tarso se irrita. — Nem que eu tivesse poderes de um mago, jamais os usaria para isso... — ele aponta para o Livro nas mãos do homem mais baixo.
— Todo homem quer ter o poder.
— Todo homem, pode incluir você.
— EU?! Não falo de mim. Estou perfeitamente bem assim.
— Dário você não viu Rogan — Tarso segura o filho do conselheiro pelos braços e o olha nos olhos — não ouviu os gritos daqueles que foram devorados por ele, não viu meus soldados em chamas ou mutilados a ponto de pedirem para um irmão que por misericórdia os matassem. Você não consegue supor o que é o horror. Rogan foi retirado dessas páginas e está escondido por aí.
Dário olha preocupado para o livro em seus braços.
— Eu li, mas precisaria subir muitos degraus em magia para fazer outra loucura dessas. — Dário se defende. — Meu pai e o rei concordaram em esconder esse artefato.
— Se eu fosse eles, queimaria isso. E você, menino, se afaste desse negócio amaldiçoado.
Dário odiava quando o chamavam de menino, pois ele já estava perto de completar trezentos e oitenta anos.
— General, sabe algo sobre os dias cinzentos?
— Sim, eu sei. Começou quando Mael voltou para casa numa das carroças junto à mil de seus parentes. Todos decapitados. Mil cabeças. O exército amaldiçoado que guarda o Portal Sombrio levou quase metade de seu povo como prisioneiros e decapitou mil nas primeiras semanas de batalha. Porém o corpo tinha utilidade para eles. Precisavam comer...
— Não lutou nessa guerra?
— Ainda lutava ao sul, por meu povo.
— Meu pai não gosta de falar sobre os dias cinzentos... escondeu o quadro que minha própria mãe pintou em outra era.
— "Os dias cinzentos"... eu já vi o quadro pintado pela duquesa Maeana, sua mãe. Representa os dias sombrios, gelados e tristes até mesmo no verão. Onde os inimigos foram abatidos e seu sangue derramado, jamais cresceu qualquer tipo de vegetação. Houve escassez de comida, crimes e cidadãos que enlouqueceram. Mulheres ofereciam seus corpos para alimentar os próprios soldados. Quase pior que o Inferno.
— Devemos nos dirigir ao Conselho, general.
O rosto irritadiço e o pisar duro no chão informam a chegada de Dário ao conselho do rei. Senta-se confortavelmente à frente do general e ao lado de seu pai.
— O que estamos discutindo? — Dário resmunga por terem iniciado o conselho antes de sua chegada.
— Aeron já deveria ter chegado, nosso rei mencionou a ideia de sairmos em resgate.
— De acordo. — Dário responde com aborrecimento em sua expressão. — Porém se não receberam pedido de ajuda, porque sair de encontro ao azar? Imagino que ele deve estar sendo escoltado por uma grande comitiva.
— Felizmente a Casa da Coruja sempre esteve segura, o que dá-lhe a desvantagem de não se preparar adequadamente para o pior. — Tarso comenta.
— Certamente, general. A Casa da Coruja não conhece o terror que conhecemos, não podemos arriscar perdermos o futuro marido de Maery. Temos planos para o Norte. Senan e alguns dos soldados mais velhos me servirão de escolta. Tio Grant, até eu voltar, a coroa é sua responsabilidade.
— Ainda acho que Tarso deveria acompanhá-lo. — De novo Dário sugere.
— Está fora de questão. — Bran rebate. — Eu e Senan partiremos. Tarso, tio Grant e você, cuidarão de nossos assuntos.
— E o sul? Na fronteira do sul, mesmo com o acesso difícil, eu creio que seria necessário colocar mais homens e uma liderança de ferro. — outro conselheiro sugere.
— Morten é um grande comandante. — Tarso defende o militar. — Enviaremos mais homens, assim que treinados.
— Certo. E o Norte?
— Está falando do penhasco?
— Do penhasco sim, Dário. Homens não atacam por ali, mas Rogan não está morto.
— Precisamos nos concentrar nos abrigos subterrâneos.
— E aquele livro não será queimado?
— Não. — Bran havia pedido votação e a maioria decide não destruí-lo.
— Péssima ideia. — Tarso argumenta.
— Sou obrigado a concordar com o general — Grant repensa — aquele artefato está impregnado com feitiço maligno. Não sabemos como “colocar” o dragão para dormir como já o fizeram no passado.
— Mais uma razão para o queimarmos. Outras coisas podem ser libertas se não o destruírem.
— E onde ficaria bem guardado?
— Só uma pessoa é que deveria saber onde ficará escondido.
— Se a pessoa morrer? O segredo morre junto? Isso não é decidido dessa maneira.
O conselho debate de maneira incessante sobre o destino do Livro de Moloch e a maioria opta por escondê-lo, enquanto Grant e Tarso se exaltam. E por fim, nas mãos de Tarso o livro é entregue com a responsabilidade de protegê-lo.
Dário se solidariza e o procura, para amenizar o peso da decisão do conselho.
— Posso cuidar disso. Não tenho medo de morrer por esse segredo e como levantei a ideia de esconder o artefato de Moloch, sinto-me culpado. Sou o culpado e serei caso algo saia do controle.
— Dário... realmente gostaria de ter sobre si a responsabilidade de guardar o Livro de feitiços malignos de uma feiticeira tão má que transformava homens em seres rastejantes com poucas palavras? Do qual Rogan foi criado?
— A culpa é minha...
— Você nunca sofreu um arranhão, amigo. Honestamente, não suportarias uma única forma de tortura, morreria ou confessava.
— Nosso rei é meu sangue, minha família e eu também jurei lealdade, eu nunca trairia alguém.
— Você não nos trairia, falo da sua carne, a carne nos trai. E eu não suportaria saber que foi torturado ou morto para manter esse segredo. Por isso eu sugeri queimá-lo.
— Dizem as lendas que general Tarso de Éire, entrou e saiu limites do Inferno...
— Jamais foram lendas... e eu entraria novamente se fosse por você. Mas desejo que isso jamais aconteça.
.
Duque Grant andava seguindo os passos de sua filha Maery, a qual ainda era contra seu próprio casamento. Especialmente nos dias em que Morten viera visitá-los.
— Raramente uma jovem da realeza permanece solteira. Sua mãe lhe ensinou funcionam todas as coisas.
— Esse compromisso não é da minha vontade! Eu passei a vida toda sendo ensinada a me comportar como uma princesa, a esposa perfeita doce e submissa. Vocês estão me sufocando! Jamais sai dos limites de Arian. Sei empunhar a espada, sou eficiente em combate e eu quero lutar.
— Você e Dário inverteram os lugares. Acho que se Aeron gostasse de um barbado, seu irmão se casaria antes de você. Sabe que os casamentos entre Casas trazem união entre reinos e nos fortalece. Bran, logo retornará com seu futuro marido. Por favor, honre nossa Casa.
— O farei.
Maery de repente parece ter aquiescido ao dever, além de sua vontade.
Exausto, suado e irritado e proferindo maldições com palavreado sujo, Dário tenta equilibrar algumas coisas inúteis em seus braços.
— Ajuda?
— Ah... Morten. Claro, por favor.
— Ei, ofereci ajuda para carregar essa tralha e não para levar tudo sozinho.
— E minhas costas como ficam? Isso é serviço para homens brutos.
— Sei. — Morten se diverte com os ataques de frescura do irmão. Ambos ligados pelo sangue e tão diferentes.
— Sabe que o pai está furioso com ela. E pela última vez, ela o aguarda no jardim.
— Hum? De quem está falando?
— Você não é burro, Morten.
— Shhh! Não precisa gritar.
— É bom que saiba que não serei mais o garoto de recados. Jogue essas coisas no "escritório" do general Tarso.
Porém, quase esbarram no militar.
— Perdidos por aqui?
— Dário pediu para que eu largasse essas coisas por aqui. Não sei se têm alguma utilidade para você.
O mais jovem revira os olhos diante da língua solta do irmão mais velho.
— Me deixa pensar, dois vasos de barro, um candelabro enferrujado, três bainhas de espada, um cinturão, um bracelete e uma moldura de retrato. Porque jogar esse lixo em meu arsenal?
— Não se trata de lixo, são apenas objetos sem utilidade.
— Eles combinam melhor com seu “escritório”.
Dário não se conforma, mas precisa engolir sua irritação ao levar as tralhas de volta à própria sala e Morten deixa o irmão esbravejando, quando toma o rumo do jardim.
— Maery? O que houve? — Morten percebe que causa nela um quase imperceptível sobressalto e sorri à figura feminina que tanto adora.
— Esse é nosso adeus, irmão. Me casarei com o príncipe da Casa da Coruja. Viverei ao norte com ele.
Morten engole um caroço dolorido em sua garganta e responde decisivo:
— Eu voltarei ao sul, dessa forma não tornaremos a nos ver, irmã. Não estarei presente em seu casamento. Sabes do por quê?
— Eu sei.
Sem lágrimas, eles se abraçam. Lutarão contra a dor da separação que irá torturá-los para sempre.
E mais meses se passam... Maery permite que a desolação a abrace e nada consegue resgatá-la de seu estado. Dário, Tarso, Grant e ela, compartilham a mesma mesa no desjejum da manhã, já que ela se recusa a separar-se dos homens.
— Acho que o casamento deve ser interessante. — Tarso comenta.
— Não deve ser. Porque Bran ainda não se casou e fica protelando? — ela retruca.
— Um desrespeito com a casa da Serpente Alada, pobre princesa Danna. — Grant observa.
— Pois, eu ainda me casarei. — Dário sugere e todos na mesa tossem de maneira sincronizada e se olham — Mas vou exigir que minha esposa receba treinamento militar, que possa usar calças. E minhas filhas só se casarão e terão filhos se assim o quiserem. Pretendo sugerir um artigo que irá abolir a subserviência da lista de obrigações de uma esposa.
— Posso dar risada? — Grant, seu pai pergunta muito sério e Tarso não disfarça o ciúme ao imaginar Dário casando-se.
— Eu quase consegui rir depois de meses. — Maery ainda está aborrecida. — Mas agradeço sua tentativa, valioso irmão.
— Dário, o procurei em seu quarto, onde dormiu? — Seu pai fala concentrado em seu alimento.
— Onde que eu estaria?
— Deveria estar em seu quarto, mas não estava.
— Eu... acho que caminhava por aí.
Tarso bebe o resto do leite puro de sua caneca. Os olhos muito azuis dão uma piscada galante que fazem Dário se perder e demorar muito tempo para se localizar.
Dos membros da família, o segredo não era algo tão secreto.
.
Numa manhã da mesma semana...
— Por que está me evitando? — desde que Dário comentou sobre o casamento, Tarso o tem deixado mais quieto. — Acorde general! E vista... vista alguma coisa ao dormir, em nome do Criador!
Dário entra sem convite no quarto de Tarso e para perturbar além de despertá-lo, puxa as cobertas que mantiveram seu corpo dourado aquecido. Só não esperava que o homem dormisse nu.
— Aprecie a vista... — Tarso brinca com Dário que olha para fora.
— Você é atrevido!
— Claro, eu que invadi o quarto de homens enquanto estes ressonam pesadamente. E depois, Dário... — Tarso se aproxima, fazendo Dário controlar-se para não encarar o pênis semi ereto. — não há nadinha que não tenhas visto antes.
Com as mãos sobre a boca, Dário tenta conter um grito escandaloso.
— Isso foi aquela vez...
— Aquelas. — Tarso o corrige.
Tarso veste suas calças e ajusta o volume grande para o lado, que fica aparente ante o olhar ainda assustado do escriturário.
— Você não é uma virgem, Dário, pare de agir como se fosse uma.
— Porque gosta de mostrar seus músculos? Vista-se!
— Estou em meu recinto, posso ficar pelado se assim eu quiser e para os incomodados, tem uma porta ali. É só voltar de onde veio.
— Não desconte seus infortúnios em mim. Eu estou aqui apenas para dar-lhe um recado.
— Fale. — Tarso não parece tão interessado em Dário, o que faz com que o mesmo sinta-se em desvantagem.
— Em três luas, o rei, Senan e meu futuro cunhado, estarão chegando.
— Ótimo, agradeço o recado.
Tarso deixa o administrador sozinho e sai para cuidar de seus assuntos.
.
No retorno à Mynydd Arian, Aeron bem entrosado, é colocado sempre a par da situação do norte. Enquanto isso, Bran comenta sua constante preocupação com aquela fronteira, mesmo que lá o grande penhasco torne quase impossível a escalada humana.
— A Casa da Serpente sempre nos deu respaldo à nordeste, mas por eles, os bárbaros podem passar outra vez — Bran comenta com Senan quando ficam à sós no salão do rei.
— Não pense nisso, majestade, sempre soube que pode confiar no povo da Casa da Serpente, povo de Danna...
— Senti uma conotação de ciúmes?
— Se me conhecesse de verdade, entenderia o que sinto. Você é o Rei de Mynydd Arian deveria estar bem casado. Aceite meus votos de felicidade, ainda que precipitados. — Senan recoloca o capuz de sua capa e concentra-se em vigiar as redondezas através do terraço.
Bran agarra seu braço forte e o faz voltar-se.
— Serei sempre seu. Não pretendo mantê-lo longe de mim, meu capitão.
— Deverá respeitar sua esposa. Minha lealdade e respeito estão acima de meus caprichos.
Bran o puxa para si, Senan abraça o corpo menor que o seu. Eles trocam um beijo e mais tarde o mesmo leito, mas na manhã seguinte já estão afastados.
Aeron naquele mesmo dia decidirá a data da cerimônia e no final de uma quinzena, se casaria com Maery com quem viveria ao norte. Ele comandaria o exército daquele limite de Mynydd Arian com o gelo e ela estaria submetida às suas obrigações como mulher e esposa.
Com poucos encontros, olhares curiosos por parte dos noivos e palavras educadas da parte de Aeron, os protocolos sempre eram mais levados em conta e então, finalmente houve o casamento de Aeron e Maery.
O semblante de ambos não continha uma ínfima partícula da animação dos convidados. Também não havia lágrimas, só a mágoa dela e a consciência dele em não desobedecer à família que morava à sudeste.
Aeron, filho mais jovem de Tyrell, vestira-se como soldado, cabelo trançado com prata e coroa feita em ouro e prata, que representa a união das duas Casas de Arian e da Coruja. Gloriosamente bonito, um homem sedutor sem querer, de semblante inabalável e elegância notável. Azul escuro era seu casaco com faixa de fios de prata na cintura, que descia até perto dos joelhos sobre a calça, finalizada com botas pretas. Ela, sendo bela e de traços marcantes, não se fazia necessário pesar sua aparência com excesso de jóias, apenas pequenos ornamentos em prata que pendiam da coroa de duquesa. O vestido branco com detalhes discretos feitos em jóias de prata e platina parecia em conluio com a Lua, quererem fazê-la resplandecer como a visão de uma deusa. Porém, perceptível era a falta de graça em seus modos. Maery sempre foi muito próxima de Morten e por esse motivo era bruta e sem muita educação, algo que a madrasta Bréa tentava corrigir nela apontando seus defeitos e modos grosseiros na frente de pessoas refinadas.
Bran preparava-se para abençoar o casal enquanto seu tio ministrava as palavras que selariam a aliança com a Casa da Coruja.
— Príncipe Aeron, eu lhe entrego um de meus três maiores tesouros nesta vida. Cuide da minha Maery, uma pedra preciosa a ser lapidada, no entanto de inestimável valor. Eu abençoo esse casal.
Aeron curva o pescoço em respeito às palavras do Duque e o representante de Aeron se dirige à noiva com certo desdém:
— Duquesa Maery, graça e beleza... — ele mesmo se interrompe para tentar enxergar a “graça” na mulher — entregamos a vós nossa riqueza, um homem de valor, um homem honrado para que seja honrado e obedecido, sendo vossa obrigação, manter essa harmonia. Abençoo esse casal.
Maery revirou os olhos, sendo flagrada em sua travessura por Dário, Bran e Tarso.
— Se fosse o caso... Maery seria a mulher ideal. — Tarso provoca o rei.
— Vai dar trabalho, essa daí. — Bran comenta e se encaminha até o altar. — Aeron, Maery, lhes dou a minha benção. Que se unam, que prosperem e que vençam os obstáculos que a vida lhes concederem. Tudo que temos, coisas boas e ruins nos fazem crescer. Não vejam seu casamento como uma imposição, mas uma oportunidade. E como a tradição sugere, se quiser podem se beijar.
Bran gesticula de um jeito engraçado, querendo dizer que podem selar com um beijo e Maery se assusta quando se vira para Aeron. O príncipe segura seu rosto, mas depositou um suave beijo sobre sua fronte.
Na festa, havia música muito animada, gritos dos casais dançantes que se juntavam sabendo ou não dançar, fazendo cenas cômicas e causando risos exagerados.
De bebida, vinho fermentado recentemente e incontáveis barris de cerveja escura. No banquete, peixe assado satisfaz todo mundo e os doces inventados pelas confeiteiras agradavam não somente os olhos, mas o paladar dos convidados.
Maery tinha a melhor expressão de enfadada a ponto de Dário corrigi-la.
— Aeron é muito mais bonito que nosso irmão e mais forte e... olha não que eu reparei em algo, mas entre as pernas deles notei uma grande diferença. — Sua irmã afoga-se com o vinho e tem uma crise de tosse. — Por falar nele...
— Sabe que nosso irmão está ao sul.
— Sabe que essa cena ridícula que está fazendo de noiva forçada ao matrimônio, já está gerando comentários negativos. Finja...
— Não me ensinaram fazer isso.
— Seu irmão mais novo sabe como fazer isso, olhe e aprenda.
— Nem você sabe.
— Eu finjo muito bem.
— Que discussão banal. Se soubesse fingir não pareceria louco para pular no colo do gen...
— Maery! Estou aqui com toda a minha boa vontade para ajudá-la.
— Dispenso. Acho que vou deitar.
— O que??? Você é a atração principal desse espetáculo, senta agora!
Raramente Maery obedece algum comando, a não ser Morten quando a treinava, agora não sente mais necessidade disso e tendo um marido, qual não pretendia obedecer, sentiu-se livre para se jogar em sua cama e fechar os olhos. Logo ela os arregala quando ouve estrondos de coisas pesadas chocando-se contra sua parede, imagina que seus “vizinhos” estejam “altos” e transbordando luxúria.
Aeron ouve quase todo o “combate” e inalterado encaminha-se para o leito de casal, porém Maery levanta-se e caminha até à janela. O príncipe ao vê-la sorri levemente.
— Não é muito adequado à moça ouvir esse tipo de “conversa” em suas núpcias.
— Não sou obrigada e não posso ser forçada.
— Nem um e nem o outro, Maery. Respeito demais sua Casa e minha família para cometer um ato tão repugnante. Porém esteja ciente, se já não sabe, que temos a obrigação de termos pelo menos um filho. Até então, esteja tranquila.
— Então cumpra sua obrigação.
— Não vejo dessa maneira.
Maery enquanto olha a Lua, encanta um Aeron apaixonado. Ela o lembra dum felino preguiçoso que fica à janela olhando para cima. Sem medo e tendo a certeza que aquele era o momento, ele se aproxima do seu corpo e a abraça, no que ela permite e lentamente se vire, deixando a desejada boca matar a fome da sua. Ela o quis e o aceitou em cada pedacinho da invasão até senti-lo profundamente em si, rompendo o que ainda a tornava virgem. Até os desconfortáveis golpes excitados dele, eram prazerosos. Fora que o orgulho dela era massageado pela certeza que ele a desejou, então entraram em êxtase pela primeira vez.
Mais tarde, Aeron junto à mulher, adormeceram cansados demais para banharem-se, pois a demora diária em esquentar os tambores de água para a família real era algo cansativo de esperar. Não havia nenhuma palavra ou assunto comentado. Ambos queriam manter na memória recente o momento em que se tornaram um do outro. Sem resistir ele beija os cabelos pretos dela, que se suspira e se aperta contra o corpo dele.
Poucos meses se passam, o recém-casal parte para o norte do reino a fim de cumprir sua obrigação. Foram quase quarenta dias de viagem até que chegassem finalmente ao Forte Cinza.
Maery esperou a mudança das luas e percebeu que ainda não grávida e Aeron a tranquilizou da forma mais terna que encontrou.
— Quer se livrar das "obrigações" com seu marido? Saiba que tocar seu corpo, para mim, é maravilhoso.
— Entendi... — Assustada, ela fala de forma pausada, mas aceita acomodar-se nos braços dele todas as noites. — Gosto de você, Aeron. É um homem decente.
— Minha paixão por você me mostra mais do que uma mulher decente.
Eram sempre assim que começavam as conversas, logo eles tinham bastante amizade e por fim, Aidan Gall vinga no ventre abençoado.
A paz estava a favor daquele povo que só prosperava. Nos anos que antecederam a chegada do filho de Maery e Aeron, pareciam com os anos em que na Terra houve bonança, após Moloch desaparecer... Paciente, Rogan, o dragão vermelho, esperou até que eles não contassem com imprevistos. Surpreenderia a todos.
Inicialmente, ele era uma nuvem escura tão longínqua que não lhe foi dada a atenção. A nuvem cresceu junto com o horror e o primeiro “tiro” de fogo varreu o solo. Pessoas, animais e plantações, eram apenas cinzas.
Rogan era mais cruel que isso, queria matar os reis dos imortais e começaria pelo extremo norte, que agora era casa de Aeron e Maery. Ela o viu antes do marido, pois ele cavalgava com os soldados enfurecidos sobre seus cavalos que jamais chegariam a tempo de ajudar. Bran ainda não sabia do ataque, Morten, ao sul só soube do ocorrido tempos mais tarde quando cinzas baixaram. Logo a filha de Grant teve que liderar o ataque e não hesitou. Se acertasse uma única flecha de prata no gigante e o ferisse, aceitaria a morte, mesmo que morresse triste por condenar seu primeiro filho ainda no ventre.
A besta pousa e decide brincar com o povo antes de queimá-los ou devorar. Suas asas abertas dão inteira noção de seu tamanho, porém desta maneira todas as membranas ficam expostas e vulneráveis.
Não houve tempo para se prepararem, capitães tentavam comandar seus homens inquietos e diante da bravura da mulher, eles encheram o peito de coragem e a aceitaram. Quando todos estavam temerosos e incertos do que fazer e, ela foi firme:
— Atirem…..
Oláaaa, VOLTAMOS!!!
Como vocês já sabem pra saber o final do conto vocês precisam acertar quem escreveu. Nós vamos deixar aqui 5 opções de escritores e você só precisa deixar um comentário na sua opção...só vale 1 comentário heim.
Quem acertar vai receber o final da história no privado aqui na Wattpad.
Boa sorte. WattGang ama vocês 😘
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top