Autor fantasma
Uma luz sintética preenchia toda a sala. Na lateral desta, um mediocre e inexistente garoto repousa sentado em uma perfeita, metálica e remendada cadeira. Seus dedos deslizam pra cá e pra lá em seu teclado poeirento, este que ele nunca teve coragem de limpar. A mesa redonda que apoiava seu suposto computador machucava um pouco as ligações de seus braços, devido a posição fixa. Seu nariz espinhento solve o ar sem vida daquela acolhedora sala. Pobre coitado, já não conseguia diferenciar cheiro, mas isto nunca o encomodou. Seus olhos permanecem fixos naquela tela brilhante. Escrevendo versos e mais versos, muitos destes que apenas o próprio entenderia. Mas era aquilo que o empolgava. No fim, sabia que só ele de fato leria, logo escrevia prevendo sua possivel reação, sua posivel perspicácia, sua peculiar sede por um peculiar humor. E assim ria, ou simplesmente se impresionava. Voltando por fim a escrever. Sua energia, porém não era eterna, vez ou outra se via sem versos, sem inspirações. Em momentos assim, vinha a refletir, falava bem auto, na privacidade de sua mente:
- Eu fui, eu sou. Eu serei? se já fui, por que ainda preciso ser? não me importo com meu fim, não me importo com meros sonhos e objetivos. Estou satisfeito. Isto não me impede de ser, contudo, não estou animado a tal. Logo, nunca serei muitas das coisas que todos são. Talvez riam de mim, talvez sintam pena, mas eu não ligarei, pois já fui, e agora sou. E jamais deixarei de ser.
Acabado por fim sua reflexão, o autor volta a sua complexa história. Feita com um peculiar estilo. Possivelmente nunca atingirá nenhum publico. E nem na impossível morte viria a ser reconhecido, contudo, ele não liga. Pois ele apenas escreve para si mesmo. E tal, bate as suas merecidas palmas.
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