Vanessa Patterson
ESSE CONTO FOI INTEIRO ESCRITO POR hotasked E É CONTADO NO PONTO DE VISTA DA VANESSA PATTERSON.
Eu só podia ser muito boba. Ou muito iludida. Sei lá.
O tal guarda era muito bonito. Mas também misterioso demais para o meu próprio bem. Eu gostava de homens mais firmes, mas também mais abertos; não era muito fã de lutar tanto para conseguir o que queria. E com ele parecia que sempre escondia algo de todos, que mantinha sempre uma piada particular da qual ria e se divertia às custas dos outros. Não que ele fosse uma má pessoa, ou algo assim. Muito pelo contrário.
Mas ele era muito na dele. E isso não era lá muito a minha praia.
Não que meu coração soubesse disso. Porque, é, eu estava gostando dele. De verdade. O que era ridículo, por que até dias atrás eu achava a garota Marsh, que dividia o quarto com Elisa, totalmente pegável. Ai do nada eu tinha que ficar apaixonadinha pelo cara de quem a Elisa gosta.
Como se eu não soubesse, ou que a galera não tivesse percebido algo estranho.
Mas enfim.
Benjamin era um cara legal. Sabia conversar, se enturmava com todos. Era divertido e sabia bem o que falar e quando falar. Eu peguei o costume logo no primeiro dia de lhe observar. Ele era um dos últimos – se não o último, - a dormir e o primeiro a acordar. Eu via o cuidado que ele tinha com a saúde de todo mundo, controlando o horário de ir comer, e de estarmos prontos para sair. Também via a forma como ele lidava com Elisa, a forma como ele a tratava, como se ela fosse de cristal, ou até da realeza.
E como se não fosse o suficiente ele ser todo legal e querido e simpático, ele era lindo. Do tipo bonito mesmo, sem esforço, só por quem ele era. Ben tinha aquele porte forte, de quem fosse um cara assíduo em academias e fizesse tudo direitinho, os músculos e massa muscular bem distribuído. Tinha os olhos mais expressivos que eu já conhecera, mesmo que eles escondessem todos os seus pensamentos. O queixo quadrado e o jeito que suas linhas de expressão se exaltavam quando ele trincava os dentes, ou quando se posicionava em seu posto, os braços firmes nas costas, o rosto levemente levantado e o olhar longe.
Ele fez isso algumas vezes hoje, enquanto o pessoal debatia as pistas alcançadas. E eu achava aquilo o máximo. Mas também ficava me repreendendo por sorrir para ele toda a vez que ele falava algo perto de mim ou para mim. Aquilo me deixava igualmente irritada e caidinha, e me fazia parecer tão ridícula que eu nem queria ver. Benjamin é aparentemente o cara ideal para muita gente, já que ele ficou algumas vezes com uma garota de Ciências, mas não parece o cara certo pra mim. É só... intuição.
"Vanessa? Você já comeu?" Jack me cutucou com os pés revestidos com um par de meias vermelhas muito engraçadas. Subi o olhar para ele, sorrindo, e fechei o livro que eu não estava realmente lendo.
"Aham, comi agora há pouco". Ele assentiu levemente e seguiu para Ashley, que parecia desmaiada sobre seu colchão. Virei meus olhos para o outro lado, de onde pude ver Elisa sair quase cambaleante dentre as estantes, e murmurar para Klaus, perto das escadas, que ela ia ao banheiro. Estranhei sua atitude, e logo fiquei ainda mais confusa quando Ben saiu também do mesmo lugar que ela, caminhando mais calmamente, a expressão pensativa, escondendo muito mais por trás de toda a sua pose. Franzi o cenho levemente, mas sacudi a cabeça em seguida.
Aquilo não era da minha conta.
Por mais que eu estivesse quase apaixonada por ele.
Espera. Existia um quase nesse tipo de situação? Porque eu era quase apaixonada por muita coisa. Quase fui apaixonada por April, mas ela não me pareceu aberta o suficiente para isso. E quase fui apaixonada pelo cara com quem fiquei antes de entrar em Belforte. Quase sempre não ligo para isso, mas era tão estranho.
"Coloca tua cabeça em ordem, garota," murmurei para mim mesma, dando dois tapinhas na minha testa. Como estávamos no fim da tal festa, ninguém percebeu meu ato auto infligido. Eu gostava mesmo de Ben, ou era só o fato de estarmos todos presos por três dias seguidos juntos, dormindo, comendo e saindo juntos? Suspirei, porque gostava. Se fosse realmente seguir minha lógica eu teria de estar gostando também de Klaus, Jack, Arthur... e isso definitivamente não estava acontecendo. Eram bonitos, sim, mas não é assim que a banda toca.
Mas aí entrava uma pergunta bem importante: estava apaixonada por ele? Definitivamente não fazia ideia.
Ben era um cara legal pra caramba, mas eu não costumava ser fura olho ou algo assim, e Elisa claramente gostava dele. Mesmo que namorasse o riquinho Matthew. Mas mesmo assim, eu não costumava atrapalhar lances alheios, então ia me manter afastada, digamos assim.
Alguns segundos observando-o conversar com o pessoal, pedindo para todos irem dormir porque teríamos que acordar cedo no dia seguinte, quase suspirei de novo. Essa minha ideia não ia dar certo, certeza.
"Alô, Vanessa para terra". Um par de mãos foi abanado na minha frente e eu sacudi a cabeça, ficando vermelha e querendo me matar porque estava o encarando fixamente enquanto devaneava, e ele estava parado na minha frente, me olhando com olhos divertidos. "Tudo bem contigo?"
"Ah, oi," esfreguei os olhos, mudando de posição sobre meu cobertor, voltando a lhe encarar. "Desculpe, estava com o pensamento longe".
"Isso eu percebi, V. Tá bem, precisa de algo?" Ele parecia realmente preocupado, e eu quis gritar para que ele não fosse assim comigo ou não ia ajudar em absolutamente nada. Suspirei internamente e me forcei a sorrir normalmente.
"Estou bem, pode ficar tranquilo". Nesse momento Klaus deu um gritinho bem engraçado e se jogou em cima de uma Elisa que tinha acabado de subir as escadas. Ela lhe disse alguma coisa, empurrando-o logo em seguida, sorrindo levemente.
Mesmo de longe dava para ver a falta de humor dela, e o esforço que ela fazia para ser legal com Digrés. Ele lhe respondeu algo que a fez sorrir novamente, e a deixou ir até o seu colchão, no qual se embolou nas cobertas e sumiu. Voltei meus olhos para Ben, mas ele sustentava a mesma expressão pensativa de antes. Mesmo que seus olhos parecessem sofrer por um instante bem pequeno, logo que ele voltou a me olhar, já sorria levemente outra vez, me fazendo duvidar do que tinha visto.
"Certo, se precisar de algo, me avise. Ok?".
"Deixa comigo, Benjamin."
"Só Ben, por favor.
Assenti, porque realmente não confiava no que eu lhe responderia se abrisse a boca. Acompanhei discretamente enquanto ele caminhava até o seu colchão ao lado dela, e deitava. Percebi que ele falou com ela, e fiquei acordada por tempo suficiente depois dos outros para ver que ele a puxou contra si logo antes de dormir, fazendo-a ficar em seus braços.
Eu nunca ficaria no caminho deles, não fazia o meu tipo formar um triângulo amoroso por livre e espontânea vontade. E no fundo do meu coração simplesmente queria que eles fossem felizes. Gostava de Elisa, de toda a sua empolgação e maneira de pensar, era algo que atraía as pessoas naturalmente, e eu sabia que era algo que tinha atraído Benjamin também. E ele era um cara legal, como eu já disse, e queria que encontrasse a pessoa que fosse especial para ele. Eu definitivamente teria que esquecê-lo, e rolar a bola para frente. Não era o tipo de pessoa que me apegaria facilmente a alguém, e não seria à essa altura do campeonato que faria algo desse tipo, ainda mais no último ano desse colégio.
Mas mesmo estando firme naquele pensamento desde já, eu continuei observando-os. No último dia de prova, quando voltamos, tendo ganhado aquela pista. Então depois no baile de época que o colégio tinha inventado, e no estado de desespero que ela se encontrava, apenas pelo fato de ele estar atrás de si. Observei quando ela passou mal e ele ajudou a ir para fora, e observei também quando eles se pegaram no jardim. Observei toda a confusão que eles fizeram no jardim, inclusive quando desceram para buscar Elisa.
E realmente? Me senti feliz por terem dado certo. Eu sabia que aquilo ia para a frente, um beijo tão profundo como aquele não ficaria ali, apenas. E fiquei feliz por eles. Quando voltei ao salão, Ashley e Jack gritaram para mim também, então subi no palco e recebi meu prêmio.
Aquilo foi tão legal e divino, que eu nem pensei em mais nada. A luz dos canhões tinha me ofuscado, e eu só tinha entrado no embalo. Gritei e berrei com todos os outros do grupo, porque afinal de contas aquela gincana era nossa. Tínhamos levado os Jogos de Belforte, e aquilo era mais do que maravilhoso para a Casa das Artes. Eu estava tão extasiada com toda aquela situação que todo o meu drama sobre Benjamin e Elisa se apagou da minha mente.
Eu me foquei apenas no momento e no momento eu estava brilhando, feliz e pulando. No momento eu estava pensando em beber e me divertir até morrer.
O resto era resto, eu queria ser feliz.
E fui.
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