Desperate - Ben Klinghoffer

  ESSE CONTO FOI INTEIRO ESCRITO POR branciss  E TEM COMO PONTO DE VISTA O PERSONAGEM - BENJAMIN KLINGHOFFER.


Assim que a porta se fechou atrás de mim, soltei todo o ar que prendia. Por mais que eu tentasse entender, era difícil aceitar o que tinha acabado de acontecer.

Lis não só era a pessoa que mais importava pra mim, como também fazia meu dia melhor, e só a ideia de perdê-la me deixava desesperado. Entendam, eu passei anos da minha vida perto da garota de riso fácil, a garota que não tinha medo de se arriscar, e vê-la ali tão sentimental, tão triste e saber que eu causei isso, não só fazia meu coração doer, como fazia com que eu me odiasse de todas as formas.

Porém demorou para eu me dar conta e agir, mas, assim que ela atravessou a porta, fui em direção a ela, parando a poucos metros de onde ela estava no corredor.

"Elisa," gritei enquanto ela caminhava rapidamente para longe de mim, "você não pode simplesmente decidir que não somos mais amigos! Não funciona assim"

Mas ela me ignorava. Parei por um segundo antes de finalmente alcançá-la, me colocando em sua frente.

Eu estava exausto, mas de repente o desespero pareceu bater sobre mim. "Pelo amor de deus, não faz isso!" Implorei e segurei seus braços, mantendo ela ali.

Elisa parecia pensar, mas eu nunca a tinha visto daquele jeito, determinada. Se antes eu achava que tinha feito besteira, a olhando naquele instante prestes a desabar me fez perceber que eu realmente tinha culpa no cartório. "Vamos conversar direito," tentei novamente.

"Tira as mãos de mim" suas palavras eram duras, e eu automaticamente travei naquele instante. Assim que me recuperei, olhei para ela, tentando descobrir o que se passava dentro da Elisa e, por mais que a conhecesse há anos, pela primeira vez não consegui descobrir.

"Não até você me escutar" falei de repente com certa determinação que achei que tivesse até então desaparecido! Eu não iria deixá-la escapar tão cedo.

Ela não pareceu ligar. Pelo contrário, pareceu ainda mais firme na decisão! "Tira suas mãos de mim agora", mas não a soltei. "É uma ordem" sua voz aumentou um pouco no tom, claramente chamando atenção de um dos guardas que se aproximou.

"Está tudo bem aqui senhorita?" Esperava que ela fosse responder, mas assim como eu ela mantinha seu olhar duro em mim.

Respirei fundo, não deixando transparecer toda raiva que havia aparecido, e a soltei, cansado e olhando para qualquer lugar que não fosse Elisa parada em minha frente.

Ela passou por mim parecendo querer esconder suas lágrimas, que eu percebi, e saiu dali o mais rápido que pôde sem olhar para trás.

Me escorei na parede próxima e fechei meu punho a acertando em cheio, mas naquele momento eu não ligava para dor incessante que estava sentindo na mão, não ligava pro guarda que por um momento me estudou antes de ir atrás de Elisa.

Só me importava ela.

"Elisa" murmurei sozinho, sentindo meus olhos lacrimejarem. Forcei as malditas lágrimas a secarem e andei de volta até meu quarto batendo a porta com força antes de me jogar na cama enterrando as mãos no cabelo desesperado.

O que eu faria? Pensa, Benjamim. Elisa estava assim por sua causa, tudo porque não mediu o quanto estar com Portia machucava, mas afinal porque doía tanto nela? Será que ela ainda não tinha entendido, não percebia?

Não sei quanto tempo permaneci alheio a pensamentos até Drew adentrar o quarto com um sorriso idiota nos lábios. Ele, sim, tinha sorte. Fazia tempo que Drew confessou estar apaixonado por April, colega de quarto de Elisa, mas apenas eu e seus pais sabíamos que os dois estavam juntos.

"E aí, cara," Drew pareceu perceber que eu não estava nos meus melhores dias, e acima de tudo ele sabia exatamente do porquê de eu me sentir assim.

"Quando vai contar a ela?" Perguntou após um longo tempo de silêncio em que eu estava quase convencido de que deveria ir atrás dela.

Surpreso com suas palavras levantei meu olhar para ele que se mantinha sério, claramente confuso por apenas um instante antes de perceber do que ele falava! "Nunca," respondi quase que automaticamente.

"Então a deixe ir," deu de ombros parecendo querer me socar.

"Nunca," repeti novamente, dessa vez querendo dizer cada uma das letras.

"Eu não entendo" ele falou enquanto se levantava e ia até o banheiro, ouvi a água da pia ser aberta e logo fechada. Assim que voltou, Drew tinha a toalha em suas mãos e secava seu rosto antes de continuar "Não é de hoje que você e ela se gostam, mas parece que ao invés de simplificarem as coisas sendo sinceros, não... vocês complicam mais ainda, ela com aquele cara da sala dela e você com a melhor amiga dela."

Matthew. Agora que Drew dissera, eu me lembrei da única coisa que consegui esquecer nesses últimos dias, o garoto que insistia que ele e Elisa eram perfeitos um para o outro, como se ele a conhecesse. Não é como se ela estivesse disposta a realmente ficar com ele, ou estava?

"Tanto faz," falei como forma de encerrar o assunto que mal havia começado. "E você e April, até quando vão se esconder?"

Ele me olhou parecendo estar pensando sobre o assunto e se deitou em sua cama após guardar a toalha, virou até que tivesse de frente para mim e gargalhou.

Exatamente. Drew gargalhou, mas não era uma risada engraçada e sim o tipo de risada de alguém que acabava de perceber o quanto de ironia a situação toda podia ter, e eu entendi.

Se uma relação entre mim e Elisa parecia algo surreal de acontecer, por ela ser princesa e eu apenas seu guarda, uma relação entre outro guarda e uma garota que estava prometida a alguém era praticamente a mesma coisa.

"Estamos ferrados," falei como que para mim mesmo.

Ele parou de rir apenas por tempo suficiente para entender minhas palavras e novamente sua risada preencheu o quarto seguida da minha que parecia querer explodir. "Sim, estamos." Foi tudo que ele disse antes de se levantar e abrir a porta que nenhum de nós percebemos ter alguém batendo.

"Portia," disse ele alto para chamar minha atenção. Meus olhos alcançaram onde ela se encontrava com um sorriso enorme, quase parecendo não perceber a surpresa no rosto do Drew e no meu também.

"O que faz aqui?" Perguntei quando Drew nos deixou a sós alegando ter esquecido algo na cozinha.

Portia mantinha seus olhos passeando pelo quarto, praticamente observando! Mas não era como se ela já não tivesse vindo aqui.

"Vim te ver," disse simplesmente, "você não respondeu minhas mensagens, então achei que não teria problema fazer uma visita."

"Você sabe que horas são?" Falei um tanto quanto rude. Apenas porque naquele momento eu não estava com cabeça para absolutamente nada.

"Sei," ela pareceu não se importar com meu tom de voz. "Mas, acredite, eu estava indo pegar algo para Valentina e passei por aqui vendo as luzes acesas imaginei que estivesse acordado. Atrapalho?"

Respirei fundo e concordei. Havia certa sinceridade no que dizia e por mais irritante que às vezes ela parecesse ser - principalmente quando me colocava no meio do fogo cruzado com Elisa, - Portia era dócil e me fazia bem. "Não," falei abrindo em seguida um sorriso, "não atrapalha."

Portia estava deitada na minha cama enquanto eu me encontrava sentado na de Drew com os olhos no livro que Elisa havia me dado em uma de nossas viagens. Eu já havia perdido a conta das vezes em que havia lido, sua capa estava razoavelmente amassada e dava para perceber o uso em suas páginas. Mesmo assim eu não me desfazia dele e nem pretendia.

Portia estava quase adormecendo quando Drew entrou no quarto, me fazendo tirar os olhos do livro e seguir seu olhar até minha cama, me levantei da sua, guardando juntamente com os outros papéis e livros que lia e me aproximei de Portia o suficiente pra tocá-la torcendo para que ainda estivesse acordada.

Ela se mexeu e seus olhos encontraram os meus. Foi inevitável sorrir quando, assim que ela fez menção de levantar, praticamente bateu com a cabeça no cabideiro. Com cuidado, ofereci minha mão a ela que aceitou e, quando estava em pé, soltei gentilmente, caminhando com ela até a porta.

"Desculpa por isso Ben," disse ela se referindo à sua presença.

"Já disse que não há motivo para se desculpar."

"Tudo bem," sua expressão suavizou. Ela se aproximou o suficiente para sentir seus lábios depositarem um beijo em minha bochecha. "Boa noite."

"Boa noite, Portia, bons sonhos." Desejei, esperei que ela desaparecesse pelo corredor para fechar a porta atrás de mim.

Estava esperando que Drew começasse com seu sermão, mas me surpreendi quando o encontrei debaixo das cobertas em sua cama praticamente roncando. Sem mais motivos para permanecer de pé, caminhei até o banheiro, molhando meu rosto e encarando meu próprio reflexo diante do espelho, e voltei para cama conferindo o horário no celular antes de apagar a luz e me entregar a um sono profundo.

Tão profundo que a última coisa em que pensei antes de apagar de vez foi em como eu queria que tivesse sido Elisa ali comigo em minha cama, adormecida.

Iv$R

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