Capítulo V - O Filhote e a Velha

Quando eu voltava de Na'ar, avistei uma mulher andando solitária pela estrada, era uma presa fácil, pensei, mas a carne dos humanos não me agrada, fui caçar outra presa. Lembro que vi uma carcaça na estrada, talvez de camelo ou cavalo, não parei pra conferir. Quando passei de novo pela estrada, já alimentado, não havia mais a carcaça. Tinha sumido por completo. O mais estranho era que a carcaça estava no caminho daquela mulher, e ela não podia ter enterrado tão rápido, a menos que fosse por magia.

Pousei onde estava a carcaça, a mulher já estava longe. Farejei e ouvi, mas nenhum sinal daquele estranho sumiço. Então voei até a mulher, e vi que era uma velha. Pousei na frente dela, e disse: – Ei mulher, não corra nem tenha medo. Tinha uma carcaça ali, agora não tem nada, nem os ossos. Você viu quem sumiu com os ossos?

A velha me encarou impassível, parecia me medir com os olhos. Como ela só ficava parada sem dizer nada, cheguei mais perto e farejei. Pelo cheiro vi que ela não tinha medo. Eu ainda era um filhote, mas aquela mulher não sentir medo foi a primeira coisa que me chamou atenção. Aquele cheiro não me pareceu estranho. Senti uma sensação ruim também e aí dei um salto pra trás e bati as asas. Voei pra longe e pousei num rochedo alto, olhei na direção dela e, cadê?

Olhei a volta ressabiado e não vi sinal dela. Senti de novo aquela situação estranha e quando virei pra trás, lá estava ela, aquela velha me encarando com um olhar predatório. O ar à nossa volta foi tomado por um cheiro de cinzas com ocre, parecia sufocante. Não gostei daquilo e não ia esperar saber como ela ia me atacar, porque era o que parecia pelo olhar dela. Soprei fogo nela.

Quando parei de soprar, não havia sinal dela. Olhei à volta incrédulo. Voei ao redor da região e nada encontrei. Como eu nunca tinha visto um fantasma até então, cheguei a pensar que ela era um. Voei pra bem longe dali, nem fazia ideia de quem ela era.

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