⚜️Princeps et speculator | pars I⚜️
Tradução: A princesa e a espiã | parte I
🔴 ~ alerta spoiler para quem não leu ACDD
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Pergaminho dos registros reais; "cofre dos conhecimentos"; biblioteca de Crescite.
Autor: Erudito chefe; Luuk Vaccim.
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Missão da espiã Vulpes;
tenente do batalhão das forças rebeldes...
A tenente das forças rebeldes organizava sua pequena bolsa para partir de volta a sua missão com um pequeno sorriso no rosto por ter reencontrado a garota que dominou sei coração a dois anos atrás. Já estivera atuando como ums florista em uma das aldeias de Percus, serviçal de um grande coronel em Crescite e a sua missão mais recente em Salis, onde foi incumbida de observar os passos da princesa perdida de Crescite, mas acabou por fazer mais do que seu trabalho, acabando apaixonada pela mesma.
Ela viveu momentos incríveis ao lado da morena de olhos verdes, mas também experimentou o amargor do término da relação. Aos poucos, pequenos fragmentos do seu último momento com a garota que tomou seu coração por dois anos retorna a sua mente.
"— Por que me chamou tão tarde da noite? — questionou a ruiva.
— Estive pensando no que disse na noite passada... — começou devagar — Eu não sou a pessoa que você procura, nunca vou poder ter um futuro mágico ao seu lado, por quê se isso acontecer, se assumir tudo que temos, você será exposta a crueldade dessa gentalha. Tudo que eu mais desejo para você é que seja feliz e que não seja odiada por ser quem é.
— Por que não podemos só ir embora e vivermos em outro lugar? — ela sentia as lágrimas queimarem seus olhos.
— Viver na onde? Aqui todos me odeiam por ser eu, nos outros reinos me odiariam por trabalhar para o rei. Não tem uma saída disso e eu não quero em hipótese alguma que você seja alvo de olhares e picuinhas maldosas, Annelise, eu te amo muito para se quer imaginar você sendo destratada.
Annelise queria contar. Queria lhe dizer a verdade, tinha uma saída. Mas não poderia, pela segurança da Agatha ainda não era o momento para que descobrisse toda a verdade.
— Então, é isso? Terminamos aqui?
— Eu... Eu sinto muito... — as mãos da Agatha seguraram firmemente as mãos da ruiva — Não quero te fazer sofrer, mas também não quero te deixar. Espero que você não me odeie e possamos talvez tirar uma boa amizade em nome do que vivemos.
Os lábios de Annelise vão aos da morena com grande ternura, sentia seu coração doer por tais palavras, mas sabia que existiam chances mínimas em que pudessem ficar juntas pelo resto de suas vidas. Com todo carinho ela entendia o lado de Agatha, sabia como ela se sentia. O beijo era doce, igual ao que viveram. Um beijo de despedida do que fora os dois anos mais felizes de suas vidas, mesmo com todas as adversidades.
— Docinho. — a ruiva chamou pelo apelido que mais amava chamá-la, vendo um sorriso tímido surgir em seus lábios — Não te odeio, na verdade, te amo ainda mais por ser tão corajosa.
Um silêncio recaiu sobre o ambiente, elas continuaram unidas em um abraço firme. Até a ruiva lhe dar um beijo bochecha e sussurrar.
— Arranjei um emprego em Gunguia. — começou devagar sua mentira deslavada para voltar a base rebelde e se apresentar para sua nova missão na aldeia Percusiana — Vou para lá em uma semana.
— Tudo bem. — foi tudo que a morena conseguiu dizer.
— Voltarei em três meses e espero que você cumpra o que disse sobre manter a amizade, quem sabe não podemos arranjar um espaço para uma rapidinha.
— Depois eu sou a pervertida aqui."
Um sorriso nostálgico se instala em seus lábios, mas a mesma logo se recorda que precisa se adiantar. Deveria percorrer uma boa estrada para chegar ao reino de Avium e se apresentar para seus "serviços" no palácio. A princesa Giselly e o príncipe Dante, herdeiro de Avium, haviam acabado de noivar e seria de boa ajuda para os planos ter uma espiã das forças rebeldes lá dentro.
Não demorou muito até que a ruiva selar o cavalo e galopar pela estrada.
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Se infiltrar no palácio foi algo muito fácil, em dois tempos já estava com seu uniforme de criada, mas o que Annelise não esperava era que fosse designada diretamente para serva pessoal da princesa Giselly que acabará de chegar ao reino para uma pequena hospedagem de dois meses.
Com delicadeza bateu na porta do aposento, logo sendo recepcionada pela princesa. Seus cabelos dourados caiam esvoaçantes, trajando um vestido simples de estampa floral azul realçando seus belos olhos. Por um minuto a mente da espiã foi nublada por aquela presença que a mesma podia considerar angelical.
— Olá. — o sorriso meigo fez o coração de Annelise acelerar um pouco — você deve ser minha serva pessoal.
— Err... Sim, sim. — se atrapalhando um pouco em uma reverência, a ruiva tentava voltar ao foco da missão — Lise rufus. Ao seus serviços alteza.
— Entre, por favor. Converse comigo.
— Perdão?
— Quero conversar com você. Gosto de ter pelo menos um pouco de afinidade com as minhas servas. — a loira diz dando batidinhas no seu lado no grande divã próximo a janela — Então, Lise, quantos anos tem?
As duas jovens começaram um diálogo que aos poucos foi fazendo Annelise se sentir bastante confortável ao lado da princesa. Foram precisas apenas uma semana para que uma atmosfera confortável florescer entre elas, a ruiva achou que seria apenas isso, mas uma noite tempestuosa e um chamado urgente ao quarto de Giselly mostrou a realidade.
Trovões e relâmpagos caiam no seu escuro e gélido. Annelise chegou um pouco assustada, uma vez que estava tento um ótimo sono, mas foi despertada com a violência da sineta que a fez cair da cama. Escancarando as portas dos aposentos, a ruiva se deparou com uma Giselly aos prantos e em pânico.
— Alteza, o que houve? — a pergunta foi respondida com um leve engasgo pelo choro — A senhorita está machucada? Alguém tentou ataca-la? Pelos deuses, fale comigo!
— Ele... Calabouço... Cabeça... Trovões... Ela... Dói...
Com um clic em sua mente, Annelise percebeu que se tratava de um pesadelo e correu para amparar a loira que se amuou ao vê-la se aproxima, mas não recuou assim que a falsa serviçal fechou os braços ao seu redor em um abraço reconfortante e leves carícias nas costas. A espiã já havia presenciado ataques de pânicos após pesadelos assim, uma amiga do batalhão com quem dividia o quarto do dormitório da base passará por um trauma na infância que a perturbava em sonhos com frequência, tornando a ruiva uma especialista em consolo pós pesadelos aterrorizantes.
Algum tempo depois, se desvencilhou da loira que fungava baixinho, porém muito mais calma, indo atrás de um copo de água para a princesa. Ao retorna, observou com atenção ela levar o copo aos fartos lábios rosados se perguntando o que tanto assombrava Giselly para que tivesse uma crise como essa.
— Desculpe por te acordar tão bruscamente. — Giselly disse com a voz rouca, se encolhendo ao ouvir mais um trovão — Nessas noites meu irmão ou minha melhor amiga são meus suportes. Acabei me desesperando demais sem ter eles por perto.
— Não tem problema, estou a aqui para seus serviços.
— Sem querer ser rude. — ela disse assumindo uma fase dura — Pode parar com essa palhaçada de ser tão formal? Você é muito legal e eu quero ser sua amiga, não ajuda muito você sempre com esses "Estou a suas ordens, alteza" ou "Estou aqui para servi-la". — ela finalizou com uma imitação barata da voz de Annelise que fez a mesma rir.
— Quer que eu me porte como se você fosse minha amiga? Tem certeza? — a loira assentiu em aprovação — Então, tudo bem.
A ruiva se lançou na cama, deitando ao lado da princesa tomando a maior quantidade de espaço possível. Tirou os sapatos e agarrou um dos travesseiros.
— Me diga, minha beldade divina, quer conversar sobre o seu pesadelo?
— Não, gosto de enterrar eles de volta as suas profundezas depois de tudo. — ela se aconchega sentando mais confortavelmente ao lado da espiã esparramada — Você tem namorado?
— Não. O lado masculino não me atrai.
— Então, uma namorada? — os olhos azuis da princesa brilharam em interesse.
— Também não, levei um pé na bunda a algum tempo.
— Por que? — a curiosidade foi atiçada.
— Porque tenho o sonho de casar e ela não tinha esse sonho. Além de ter o peso dela ser quem é, reconheço que não imaginava que durasse tanto.
— Sinto muito.
— Mas e você? Quero dizer, antes de ficar noiva do príncipe Dante tinha alguém que fazia se coração palpitar? Ou está apaixonada pelo príncipe?
— Eu tinha uma pessoa, mas ela morreu a algum tempo. — ela abaixou o olhar, ignorando o olhar de pesar de Annelise — E não, eu até tentei sentir algo, mas não sai nada de mim que uma pequena simpatia quanto ao príncipe.
— Ele é intragável, tenho pena de você.
As duas garagalharam e continuaram uma conversa cheia de piadas, algumas histórias e cantadas nada sutis de Annelise que faziam Giselly corar, mas devolver na mesma moeda. O sol raiou e com a sua chegada o cansaço tomou conta de ambos que dormiram ali, emboladas nos lençóis. Em seus sonhos Annelise pode contemplar a silhueta de cabelos dourados em seus braços e sentiu que seu coração já caia nas graças da princesa.
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O primeiro mês de sua hospedagem no palácio havia se passado e podemos dizer que a amizade entre as duas jovens se tornou um tanto mais concreta. Annelise não tinha mais reservas quanto ao protocolo de serviçal, tratava a princesa como uma igual, da mesma forma que Giselly.
Era inegável o sentimento oculto que pairava no ar quando ambas estavam no mesmo ambiente, conversas fiadas e flertes — que juravam ser de brincadeira, mas existia um tom de verdade por trás — se tornaram tão natural quanto a luz do dia.
No interior de Giselly a dúvida se deveria revelar seu interesse pela ruiva disputava lugar com o medo da rejeição ou pior, o medo de que fosse exposta ao mundo uma parte que guardava consigo a sete chaves.
Na companhia das estrelas a loira resolver perambular pelo castelo para tentar esvaziar a mente cansada. Estava cansada de fingir que gostava de caminhar e fazer atividades com o príncipe herdeiro de Avium. Era de fato um jovem culto, mas não tinha nada impressionante em sua personalidade, nesse mês que se passou a única coisa que pode sentir por ele era o desejo de contar que não sentia — e nunca conseguiria — sentir nada pelo rapaz. Já havia anos em que tinha a certeza de homens não lhe atraiam, já as garotas, sempre mexeram bem com suas estruturas.
Será que ele entenderia?
O que acharia da ideia de fingir ser um casal apaixonado ao povo, mas entre quatro paredes ela dividisse o leitor com uma outra mulher?
O que ele pensaria se essa mulher fosse Annelise?
Perguntas como essas que vagavam por seus pensamentos, em algumas vezes imaginava quando contasse e em outras praticava em frente ao espelho uma expressão aceitável para o dia do casamento, onde deveria fingir total alegria.
— Precisamos infiltrar o maior número de rebeldes que pudermos, a escolhida já está na base, precisamos estar prontos logo. — uma voz conhecida sussurrava em um canto deserto do palácio fazendo a loira se espreitar atrás de uma estatual.
— Estamos fazendo o que é possível, tenente, mas ainda é complicado passar pelas forças de Valentino. — uma voz masculino soou — Como tem se saído na missão?
— Está indo bem, um pouco mais demorada do que imaginei. — esticando o pescoço e tentando ser o mais discreta possível, Giselly se pois a tentar espiar que estava por ali. O choque preencheu seu corpo ao notar os cabelos de fogo de Annelise e seu coração quase parou quando a mesma sentiu ser observada e lhe devolveu o olhar igualmente chocada. — Eu preciso voltar não é mais seguro conversar.
Ao mesmo tempo que o soldado partia na direção oposta, Giselly começou a correr silenciosamente de volta ao quarto com seu peito quase saindo pela boca. Tinha péssimas lembranças de rebeldes.
— Giselly, espere. — ouviu a voz de Annelise novamente e tornou a apertar o passo. Ao chegar as portas do aposento, antes que pudesse fechar, a ruiva impediu o ato — Me deixe falar com você.
— Você é uma rebelde. — ofegou a loira — Você está aqui para me fazer mal não é? Eu... Eu pensei que tivéssemos pelo menos uma pequena amizade... Eu...
— Te fazer mal? É óbvio que não! — um leve empurram e a porta se escancarou. Cada passo que Annelise dava em direção a Giselly, a loira se afastava mais dois — Eu nunca poderia fazer mal a você.
— Mentira! Eu li... Eu li em um dos livros de estratégia do meu irmão, primeiro vocês ganham a confiança e depois se preparam para o pote. Fique longe de mim! — a loira arremessou a primeira coisa que estava mais próximo (um livro) em direção da ruiva que desviou facilmente.
— Giselly, eu sou mesmo uma rebelde, mas não é essa a minha missão.
— Então... Então, qual é? — seu coração batia descontrolado, fragmentos da primeira vez que foi sequestrada voltavam a mente, de repente, aquele quarto parecia pequeno e abafado demais — Se der mais um passo eu juro que te acerto com esse outro livro e vou gritar como nunca.
— Tudo bem, calma, irei explicar. — sua expressão era neutra, mas por dentro se sentia péssima por causar tal pânico na loira — Meu verdadeiro nome é Annelise Vulpes e eu sou tenente do batalhão das forças rebeldes, minha missão era apenas me infiltrar no castelo e servir de informante para a base.
— Só... Só isso?
— Só isso. Todo o resto que lhe contei é a mais pura verdade. — sentiu a loira estremecer um pouco, não sabia se de alívio ou outro tipo de emoção — Princesa, seu pai é um monstro. Ele assassina inocentes, assassinou os próprios pais, por pura maldade. Ele é um tirano louco. Eu sinto muito que os rebeldes terem tomado medidas tão drásticas que a fazem sentir medo dessa forma, mas eu posso assegurar que eu não menti quando disse que aprecio a sua amizade.
— Como posso saber se é verdade? Judith me alertou para nunca confiar em ninguém.
— Eu imaginava que tivesse alertado, ela ficou bem chocada quando chegou a base rebelde.
— Do que está falando?
Então, Annelise contou uma coisa ou outra sobre o que ocorrerá. Deixando bem claro que a história estava retalhada em pedaços que não oferecessem riscos a Gisely e finalizando que precisaria partir em poucas horas.
— Você vai embora? — Giselly questionou.
— Bem, você me descobriu. — ela deu de ombros — Foi bom te conhecer, você é uma ótima amiga, espero que você acredite quando disse que nunca tocaria em um fio de cabelo seu.
Dito isso a ruiva saiu depressa do quarto, deixando uma Giselly um pouco perturbada para trás. Pedaços do momento em que seu pai decapitou a garota por quem era apaixonada voltaram com força a sua mente, momentos em que foi espancada pelo próprio progenitor por apenas gostar do mesmo gênero. Seu coração martelava no peito. E se aquele fosse o momento que sempre sonhou em se manter longe de seu pai, esquecer essa baboseira de casamento e ser livre pela primeira vez na vida?
Não demorou nem meia hora e a princesa já se dispunha a correr atrás da ruiva, com muito esforço a encontrou próximo aos jardins.
— Annelise! — os cabelos de fogo foram lançados por cima de seu ombro, quando a espiã olhou atônita para trás. Giselly correu até ficar cara a cara com ela — Eu também não gosto nem um pouco de homens e eu acredito em você e quero te ajudar na sua missão.
— Como?
— É isso que você ouviu. Eu sei que meu pai é um monstro, sei de coisas que ele já fez e que o torna a pior das criaturas. Se Judith agora está ao lado dos rebeldes, talvez eu possa fazer isso também.
— Quer mesmo me ajudar? — ela estava totalmente incrédula.
— Sim. Você é a terceira pessoa no mundo que agora tem minha confiança e como princesa posso ser uma boa fonte de informações valiosas.
— Eu não sei o que dizer.
— Não diga, só precisa permanecer do meu lado e continuar como minha... Amiga. — ela desviou o olhar — Acho que somos uma boa dupla.
— Eu também acho.
Ambas sorriram, caminhando de volta ao quarto da princesa. Por algum motivo, coisas dançavam no estômago de Annelise por saber que Giselly não sentia atração por rapazes e dançavam ainda mais ao trazer de volta a toma o que acabará de dizer. "Só precisa permanecer do meu lado e continuar como minha... Amiga". Assim que foi deixada a porta, Giselly depositou um pequeno beijo na bochecha da ruiva que apenas ressaltou o pensamento mais impertinente que lhe ocorrerá.
Ela ainda será minha namorada.
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