Zanhe
Saudades de você, de quando você me abraçava e eu apoiava a cabeça no seu peito. Era engraçado por que eu sempre tentava não apoiar no lugar do seu ombro que dói. E você passava os dois braços ao meu redor e tentava me acalmar.
Eu lembro da primeira vez em que te vi, eu estava sentada no banco da praça quando de longe avistei você atravessar a ponte. Uma camisa rosa clara e um sorriso tímido. Parecia que a gente já se conhecia e você tentou com que eu ficasse mais confortável.
Andamos de mãos dadas pelas ruas da cidade e olhamos vitrines de lojas.
Corremos pela calçada do centro histórico e entramos na igreja. Ou melhor, eu entrei, porque você ficou com medo de sermos pegos.
Depois sentamos no banco de outra praça e ali a gente se beijou pela milésima vez em poucos minutos?
Eu não estranhei sua mão na minha perna e o seu olhar penetrante. Eu estava com saudades dele sem antes conhecer. Estava com saudades de que alguém me visse por dentro, que se interessasse.
Você repetia que eu era linda e colocava suavemente a mecha do meu cabelo atrás da orelha.
Você me trouxe em casa e a pergunta que me fez em seguida saiu tão tranquila, não era um convite e sim uma certeza.
“Vamos passar o domingo juntos?”
E foi assim que eu fui pra sua casa sem te conhecer direito e as pessoas que moravam com você.
Você lembra de como a gente dormia?
Você com a sua insônia e eu com a ansiedade.
Você me agarrava forte quando eu estava mal e acariciava meu cabelo até eu dizer que estava melhor. Me enchia de beijos apaixonados e um olhar de ternura que no fundo tinha preocupação.
Eu relaxava e com cuidado você saia para que eu não acordasse. Mas, eu sempre acabava acordando e via você pegar seu cigarro e ir para a varanda. Indo cuidar da sua insônia. Eu me sentia segura com você.
Sinto saudades das nossas risadas de madrugada e das reclamações com o delivery demorado. De quando você tinha que parar qualquer coisa para reajustar o elástico do lençol no lugar certo da cama.
Sinto falta de você implicando com os meus filmes de romance mas mesmo assim assistindo comigo. Como naquele fatídico dia em que fui assediada na rua e você veio correndo me ajudar, em nenhum momento largou a minha mão. Naquele dia comemos sorvete e assistimos Cartas para Julieta. Eu nunca mais vi esse filme depois desse dia.
Era sempre bom chegar e colocar One Direction. Cantar desafinada perto de você. Conversar sobre como eu estava ansiosa para o show do Harry. Te dizer o porquê eles são tão importantes pra mim.
Eu sinto falta das nossas ligações noturnas. Eu sinto saudades de estar gostando de passar esse tempo com você. Uma parte minha queria que fosse suficiente, que você também se sentisse assim. Que também sentisse a minha falta ou que quisesse ficar comigo. Mas entramos nisso sabendo o que o outro queria. E você sempre foi claro em dizer que só queria curtir. Seu medo em namorar alguém e depois formar. Hoje eu sei que se você estivesse apaixonado do mesmo jeito que eu, teria dado certo. Você teria esforçado em me fazer ficar.
Eu sinto falta de ter um afeto, um carinho, de me sentir amada. Sinto falta de ter alguém me olhando. Mas esse texto não é sobre esse cara aleatório. É sobre mim. É sobre o que eu sentia.
Conhecer alguém que por um tempo eu não tinha uma opinião formada. Eu era livre por achar que fosse notada o suficiente pra ser julgada, por isso eu achava que os afetos eram reais e por isso era tão fácil aceitar eles. Não tinha pré requisitos por trás.
Talvez eu sinta saudades de você, mas, o que eu descrevi aqui não é exclusividade sua. Eu sou amada por outras pessoas mas a diferença é que eu não sei como aceitar o amor delas. Não sei como me abrir, como experimentar aceitar ajuda, ser abraçada de novo.
Tudo parece igual ao que somos agora. Não há mais os momentos mágicos. Agora você também é só ansiedade...
A gente já se conheceu.
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