Carne
Sete belo, torrone, papaya, gengibre e bala de banana. Cinco sabores exóticos. Sorvete para cinco crianças. Mimadas. dia agradável. céu nublado, brisa fresca. montanhas verdejantes de Morretes ao fundo. um flautista tocava enquanto o aroma de barreado impregnava os restaurantes. carne típica da região. Mosca, tocava guitarra com seu chapéu de mago. um senhor conhecido daqueles ares.
o dia era um marco. reabertura da cidade após uma noite horrenda. Uma chacina. doze crianças. doze casais. Cenário de barrigas arrancadas. despejadas aos pés do famoso coreto. Mosca abandonou a guitarra e seus solos de domingo na ocasião. Já o dia atual pedia celebração. Entre dezenas de crianças mimadas, turistas eram abordados. A escolha deles se repetia. o prato do almoço. barreado com farinha de mandioca.
os restaurantes comemoravam. barreado era uma carne cara. as refeições vendidas valiam o lucro de um ano.
os meninos pediram mais sorvete. as mães recusaram. circularam com suas taças de vinho pela pracinha.
largaram-os no espaço recreativo. Abarrotado de crianças.
os estabelecimentos serviam no mesmo horário. cravado. às 14:30. o sino da igreja badalava. os que não estivessem sentados, perdiam o almoço. a carne ao modo barreado conquistou fama pelo frescor e maciez. quem provou chamava de inigualável. seu requinte se mantinha por ser servida apenas uma vez ao ano.
14h ouviram o primeiro badalar. O solo da guitarra de Mosca seguiu o som. Os turistas salivaram. Sinal de carne quase pronta. Dirigiram-se aos restaurantes. Couvert de patê de fígado. Pão artesanal. Vinho seco para harmonizar. Dezenas de panelas de barro foram levadas as mesas. Os temperos exalavam promessas. Paladar. O toque final vinha do molho. Pardo.
Os garçons ergueram as tampas das panelas. Sincronizados. Quase uma orquestra.
Barrigas aceboladas. Via-se ainda os umbigos. Sem o molho, era notável a maciez da pele. O sino badalou. 14:30. Os garçons retornaram ao salão. Cada um com uma cabeça nas mãos. Tinha de menino. De menina. De loiro. De morena. Dependia da preferência. Cada mesa escolheu o seu. Alguns turistas gritaram ao ver as crianças. Pais desesperados pela perda. Sangue escorria das cabeças para as barrigas. Molho. Pardo. Mosca solava sua guitarra na praça. Alguns turistas tentaram correr. Viraram sobremesa. Outros, mais atentos perceberam. Seriam a refeição seguinte de qualquer maneira. Melhor seria então, se aproveitassem dessa última. E não puderam negar. A carne de barreado, era inigualável.
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