Corda Bamba

Quando ele tirou os olhos da tela do computador e os pousou sobre a mulher a sua frente, não precisou se estender muito.

Ela já sabia.

Mariane apenas baixou a cabeça, enquanto seu marido  mantinha suas mãos presas nas dele.

Ela de fato, não chorou como deveria. Manteve -se firme, dentro do chão que estava se abrindo ao redor dos seus belos sapatos de salto fino.

Ficou um pouco tonta com a sensação que aquilo causou, é verdade, mas não deixou-se levar por isso, e prosseguiu resistente a não sucumbir-se ao grande abismo que a hipnotizava. 

Enquanto ainda decidia se navegaria na escuridão daquele momento, ouvia ao fundo palavras em labaredas como "células"  "Nódulos"
"malignos"...

Junções que quase sempre não eram motivos para sair cantarolando depois de ouvi-las.

Mariane teve medo sim, claro. Mesmo que não tenha demostrado naquele instante.

  Na realidade, estava apavorada. Poderia ser o fim do mundo agora. Ou não. Quem sabe?

Mas foi então que lembrou, que andar na corda bamba não era tão novo assim. Poucos sabiam, mas desde que precisou crescer antes do tempo, já arriscava algumas acrobacias.

E então ela seguiu, recusando a  se entregar as palavras de labareda.

Saiu de lá naquela tarde, Cheia de recomendações, papéis e um dia de cada vez nas mãos.

E plenamente continua, como uma boa equilibrista que é... Mesmo com as cordas trepidando a todo momento!

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*Conto inspirado na minha própria história ao receber um  diagnóstico de um CA de Mama.

Cuidem-se! Previnam-se!

Mesmo mulheres jovens, com menos de 40, devem sempre fazer o exame de toque 🎗️

Angell Moura

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