XXXI
Dor. Essa era a palavra que me definia no momento. Eu não sabia há quanto tempo eu estava lá, mas as dores de cabeça e no corpo eram constantes.
Com o pouco de força que me restava, abri os olhos e encontrei Dra. Gal e alguns enfermeiros ao meu redor.
-Olá Allyson, fico feliz que tenha acordado, como se sente? - disse ela.
-Exausta. - falei sentindo dores na garganta.
-É normal se sentir assim depois de perder um pouco de sangue. - disse a mulher e foi então que olhei para a agulha no meu braço.
-Porque estão fazendo isso? - falei já sentindo as pálpebras pesarem.
-Nós temos que fazer alguns testes, como eu já disse, nada que deva se preocupar. Você vai ficar bem, agora durma. - disse ela assim que um dos enfermeiros aproximou uma máscara do meu rosto.
A chuva forte caía lá fora, formando poças na calçada, o vento balançava as folhas das árvores, enquanto eu e minha mãe fazíamos cookies na cozinha.
-Eu gosto muito do Peter, vocês são muito fofos juntos, filha! - disse minha mãe com um enorme sorriso no rosto.
-Obrigada mãe, significa muito pra mim ter o seu apoio e do papai. - falei sorrindo também.
-É claro filha, estaremos sempre aqui, para o que precisar. - disse ela me dando um beijo na cabeça.
-Mãe, eu acho que os cookies estão queimando. - falei sentindo um leve cheiro de queimado.
-Ai meu Deus, eu esqueci! - disse ela correndo até o forno.
Por sorte, deu pra salvar a maioria deles, então, depois de colocá-los num prato e servir alguns copos de leite, nós duas nos juntamos á meu pai e Peter, na sala de estar.
-Demoraram, eu e Pete quase pegamos no sono aqui. - disse meu pai, me fazendo sorrir ao ouvi-lo chamar Peter, pelo apelido.
-Por favor Rick, não exagera. Isso provavelmente deve ter acontecido porque escolheram a programação errada, pelo amor de Deus, quem é que asiste canal de pescaria? - disse minha mãe pegando o controle.
-Tudo bem? - falei me sentando ao lado de Peter.
-Perfeito! - disse me dando um selinho.
Depois de nos aconchegarmos no sofá, embaixo de algumas cobertas, meus pais finalmente concordaram em um filme, mas eu acabei dormindo nos braços do Peter.
-Ally? Ally, acorda! - ouvi alguém me chamar, mas não reconheci.
-Por favor Ally, acorda! - continuou a voz, então, mesmo não reconhecendo, fiz o que era pedido e quando acordei, encontrei o mais lindo par de olhos castanhos que eu já havia visto.
-P-eter? - tentei falar, mas minha voz saiu mais como um susurro.
-Ally, graças á Deus! - disse ele me abraçando. Como eu havia sentido falta daquele abraço, com apenas esse pequeno toque de Peter, meu corpo pareceu relaxar e as dores que me atormentavam, dimiuiram.
-Eu já morri? - falei vendo Peter rir.
-Não Ally, você não morreu. Nós viemos te ajudar, vamos tirar você daqui, ta bom? - disse ele soltando meus pulsos e tirando as agulhas que drenavam meu sangue.
-O que? - falei confusa e só quando vi Peter vestir a sua máscara e Stark aparecer, com sua armadura, que eu entendi o que estava acontecendo. Era real. Não era mais um sonho. Eles me encontraram e vieram me salvar.
-Vo-você é real? - falei tocando no rosto mascarado de Peter.
-Sim Ally, eu sou real e vamos te tirar daqui, ok? - disse ele e assenti com lágrimas nos olhos. -Eu preciso que me ajude agora, você consegue levantar? - falou Peter, colocando uma das mãos nas minhas costas. Com cuidado, levantei meu corpo, sentindo uma forte dor de cabeça e assim que tentei ficar de pé, meus joelhos falharam e se Peter não estivesse lá pra me segurar, eu teria caído.
-Você está bem? - disse Peter preocupado.
-Minha cabeça dói e eu me sinto muito fraca. - falei vendo ele assentir.
-Provavelmente pela quantidade de sangue que eles tiraram. - disse Peter.
-Garoto, como ela está? - ouvi Stark dizendo ao se aproximar.
-Fraca, mal consegue andar. - disse Peter me ajudando a ficar em pé.
-Tira ela daqui, eu cuido disso. - disse Stark apontando para a porta.
-Sr. Stark, tem certeza? - disse Peter.
-Sim, agora vai! - gritou Tony atirando em um dos homens que entrava.
Peter me carregou até a porta e assim que chegou lá, lançou uma teia no prédio vizinho, nos tirando do chão e nos levando até lá. Eu tentava ficar acordada, mesmo com minha cabeça fazendo de tudo para que eu apenas fechasse os olhos. Peter lançou mais uma de suas teias e saímos voando, mas antes de chegarmos ao outro prédio, sentimos um forte impacto e de repente, estávamos no chão. Peter rolou para um lado, enquanto eu caí em cima de algum tipo de estrutura metálica. Imediatamente senti o gosto desagradável de sangue na boca e me arrastei até Peter, que não se mexia.
-P-eter? - falei mas fiquei sem resposta. -Peter! - gritei chegando mais perto. -O que aconteceu? - falei ao vê-lo mexer.
-Eu... não sei. Minha perna... - disse Peter tentando mexê-la.
Quando olhei sua perna, a única coisa que vi era sangue, muito sangue. Havia um buraco em seu uniforme e era claro que ele havia sido baleado.
-Peter, você levou um tiro! - falei com um nó na garganta.
-Merda! Eu tenho que tirar você daqui... - disse ele tentando se levantar mas gemendo de dor.
-Não Peter, para! - gritei segurando seus ombros.
-Ally, você tem que... - disse Peter mas o parei.
-Não, você está machucado, deixa eu te ajudar primeiro. - falei colocando minhas mãos em sua perna.
-Não Ally, você já está fraca, isso só vai piorar as coisas. - disse Peter tirando minhas mãos.
-Peter, você está perdendo muito sangue, se continuar assim, você vai morrer, eu não vou deixar isso acontecer, entendeu? - falei sentindo os olhos marrejados.
-Tem certeza? - disse ele e assenti.
Peter então moveu sua perna, para que eu colocasse minhas mãos sobre o ferimento da bala. Primeiramente, nada aconteceu, mas segundos depois, comecei a sentir a energia passando pelas minhas mãos.
-Ally, já chega. Você está sem o colar, vai acabar apagando. - disse Peter.
-Não, já estou terminando. - falei vendo o ferimento se fechar.
-Ally, você vai se machucar. Já chega, por favor. - disse Peter pegando minhas mãos. -Olha pra mim, eu já estou bem. - disse ele sorrindo e encostando nossas testas. Estávamos tão pertos, que não iria custar nada roubar um beijo, mas quando me inclinei até seus lábios, senti uma forte dor no peito.
O que aconteceu depois foi muito rápido, Peter gritou alguma coisa que não consegui entender, minha visão começou a embaçar e quando olhei para baixo, meu roupão, que antes era branco, agora estava encharcado com meu sangue. Olhei para Peter, que tinha os olhos marrejados e ouvi ele dizer que eu iria ficar bem, enquanto me ajudava a deitar. Stark aterrisou no terraço onde estávamos e em um rápido movimento, atirou em uma mulher, que se não me engano era Dra. Gal. Ela disse alguma coisa como 'Se ela não for minha, não será de mais ninguém!' e então Stark usou seus propulsores para derrubá-la.
-O que aconteceu, garoto? - disse Stark se aproximando.
-Sr. Stark, eu.. eu não sei, eu estava tirando ela daqui, mas levei um tiro na perna e então ela insistiu em me curar e quando percebi... Eu acho que ela foi baleada! - disse Peter em prantos.
-Pete, eu preciso que fique calmo, ok? Tente mantê-la acordada, a ajuda já está a caminho. - disse Tony. -Allyson, você está me ouvindo? Mantenha os olhos abertos, entendeu? Nós vamos te tirar daqui! - disse ele.
A dor que eu sentia no meu peito era inexplicável, parecia que ele estava em chamas, enquanto alguém o esfaqueava ao mesmo tempo. Minha visão embaçada e a pouca audição também não estavam ajudando.
-Ally, fica comigo, por favor. Sr. Stark, porque ela não está se curando? Ela deveria estar se curando. - disse Peter em prantos.
-Eu não sei, Pete. Não sabemos o que podem ter feito com ela, enquanto esteve aqui. - disse Tony.
-Ally, por favor... - disse Peter com uma das mãos no meu rosto.
-P-ete? - falei com o pouco de força que ainda tinha.
-Eu estou aqui Ally... - disse ele segurando minhas mãos.
-T-a... t-udo b-em, e-eu te s-alvei. - falei sorrindo.
-Não, Ally, olha pra mim, não desista, nós dois vamos sair vivos dessa, não desista, ok? - disse ele mas meus sentidos já estavam confusos. Eu só queria descansar.
-E-eu te a-amo Pete! - falei sentindo uma lágrima cair.
-Ally, NÃO!!!!! - ouvi Peter gritar e aí, bom, aí eu não senti mais nada.
Para muitos, a morte pode parecer o fim de tudo, a pior coisa a se acontecer, mas pra mim, era um alívio. De toda dor que eu estava sentindo, de poder ter salvado Peter e saber que agora minha avó estaria segura. Muitos dizem que, antes de morrer, você vê uma luz, forte e branca, que parece te puxar pra mais perto. Para mim, foram meus pais, eles estavam lá, de braços abertos, prontos para me acoelher e foi isso que eu fiz, corri pros seus braços e aceitei o inevitável. Eu estava morta.
FIM(?)
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