XIX

Duas semanas haviam passado e nenhuma notícia de Stark, ou Banner.
—Vai continuar me seguindo? - falei ao ouvir passos atrás de mim, quando saía da escola.
—Desculpa Ally, mas sabe que eu preciso. - disse Peter.
—É, essa parte eu já entendi... - falei sentindo a dor no peito voltar.
—Ally, nem tudo foi mentira, você precisa acreditar em mim... - Peter disse segurando meu pulso.
—Não Peter, eu não preciso e não quero acreditar em você. Agora me solta... - falei puxando meu braço e voltando a caminhar.

Assim que cheguei, dei um beijo rápido em minha vó, que assistia televisão e subi para o meu quarto, onde coloquei a música no último volume, para tentar me distrair. Fui tirada dos meus pensamentos, quando senti o celular tocar em minha mochila.

Alô?

Allyson, aqui é o Dr. Banner... acha que pode vir até aqui agora?

Com certeza! Chego em 15 min.

Ok, estamos aguardando.

Pulei da cama, peguei minha mochila e saí com a desculpa de passar a tarde na casa de Lola. Fui até a estação e peguei o trem até as Indústrias Stark.
—Olá, estou aqui para ver o Dr. Banner. - falei ao entrar.
—Olá Allyson, eles estão te esperando, me acompanhe. - Carrie disse me levando a porta de uma das salas.
—Com liçensa... - falei entrando.
—Allyson, entra... - disse Banner.
—E então? - falei ansiosa.
—Eu consegui terminar a pesquisa dos seus pais. - Banner disse e não contive a euforia.
—Eu sabia que conseguiria, obrigada Dr. Banner!!! - falei o abraçando.
—Calma Allyson, eu terminei sim a pesquisa, mas os resultados não são bons. - ele disse desanimado.
—C-como assim? - falei confusa.
—Bom, essa ideia que os seus pais tiveram foi... genial. Mas eles não haviam chegado na parte dos contras dessa cirurgia. - Banner disse se sentando. —Infelizmente, os riscos são muito grandes... essa mutação faz parte de você, se a tirarmos pode ser que... hajam consequências.
—Dr. Banner, eu compreendo sua preocupação como médico, mas precisa estender que é minha única chance. -  falei sentindo os olhos arderem.
—Allyson, você não me entendeu, os riscos são muito grandes. Eu preciso fazer alguns testes... - disse Banner passando uma das mãos pelos cabelos, agora bagunçados.
—Então faça em mim... não vai ter outra chance. - falei o interrompendo.
—Eu não posso arriscar...
—Por favor Dr., meus pais passaram a vida toda deles nessa pesquisa, eu preciso fazer isso... por eles.
—Eu falei que ela não iria desistir tão fácil. - disse Stark fazendo sua entrada na sala.
—Você não está entendendo Allyson, é da sua vida que estamos falando. - Dr. Banner falou irritado.
—Então eu assumo os riscos, pense em quantas pessoas podemos ajudar se isso funcionar Dr., só precisamos tentar. - falei sentindo a dor no peito voltar.
—Eu não sei... - disse ele relutante.
—Por favor... - falei pegando em suas mãos frias.
—Tudo bem... podemos tentar. Mas se em algum momento eu sentir que não dará certo, irei parar... - disse Dr. Banner finalmente cedendo.
—Muito, muito obrigada... - falei o abraçando, de novo.
—Tudo bem Allyson... - disse ele devolvendo o abraço.
—Já podemos marcar o dia? - falei ansiosa.
—Calma mocinha, eu preciso me preparar e fazer mais alguns testes.
—Tudo bem, quando estiver pronto, é só me avisar.
—Ok, agora você vá pra casa, já está quase anoitecendo e não quero sua avó preocupada. - disse Stark me expulsando da sala.
—Obrigada de novo Dr. Banner. Até mais! - falei antes de, praticamente, ser empurrada pra fora da sala.

Saí de lá com um sorriso no rosto, tímido, mas era um sorriso, não de felicidade, mas de esperança, de que tudo se resolveria. Antes de ir pra casa, subi até o terraço do enorme prédio e sentei para observar o pôr do sol, que era ainda mais incrível visto lá de cima.
—Ally? - ouvi a voz de Peter e me assustei ao vê-lo de uniforme.
—Que susto caramba! O que você quer? - falei ríspida.
—Stark me contou que você quer fazer a cirurgia, mesmo sabendo dos riscos.
—É claro que eu quero, é a única chance de me salvar disso tudo.
—Ally, por favor... é muito arriscado.
—Peter, se veio aqui com a intenção de me fazer desistir...
—Foi pra isso mesmo, você não tá pensando direito, não pode fazer isso.
—Eu posso e vou fazer Peter, você não manda em mim.
—Eu não mando, mas me preocupo porque eu te amo Allyson, mas que droga...
—Já chega Peter, eu tenho que ir pra casa. - falei levantando, mas parei ao me chocar com o corpo de Peter.
—Deixa eu te levar. - disse ele pegando minha mão.
—Como assim Peter? Você não tem carro... - falei vendo ele olhar para a máscara em sua mão. —Tá maluco? Nem pensar... - falei apavorada com a ideia de voar.
—Qualé Ally, já está tarde, se for pegar um táxi, com esse trânsito, vai levar pelo menos 1 hora pra chegar, Dona Amélia já deve estar preocupada.
—Que merda... - falei bufando.
—Por favor... - ele disse abrindo os braços.
—Ta bom... mas que fique claro que é só pela Dona Amélia.
—É claro... - Peter disse sorrindo.

Em passos largos, fui até ele, o abracei forte e fechei os olhos.
—Não precisa ter medo Ally, eu não vou te deixar cair. - Peter disse dando um beijo em minha cabeça.
—Só vai de uma vez, Peter... - falei sem abrir os olhos.
Foi quando senti Peter agarrar minha cintura e meus pés saindo do chão. Não sei explicar a sensação, era uma mistura de medo e encantamento do tipo, caramba, eu estou voando, nos braços do homem aranha, ou melhor, Peter. Só tive coragem de abrir os olhos, quando senti meus pés no chão novamente.

—Nós já chegamos! - disse Peter percebendo que eu ainda o abraçava.
—Ahh, ta... claro! - falei me afastando.
—Ally, espera. - disse ele segurando meu pulso. —Você... você sabe que eu te amo, não é? - disse ele com a voz fraca, fazendo meu coração derreter.
—Não, infelizmente eu não sei Peter... obrigada pela carona. - falei indo até a porta, o deixando para trás.

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