vs Itachiyama



Eu sabia que o jogo seria difícil, e apesar de ter feito um bom primeiro set contra a Itachiyama. O segundo começou como um massacre.

Em algum momento entre o começo do segundo set e três de diferença que estavam no placar o lápis que eu usava para anotar as estatísticas do time se quebrou. Naoi tentou me ajudar, mas recusei dizendo que qualquer movimentação exagerada deles no banco iria causar estranheza nos jogadores.

12 a 15 era o placar, andei até o kit de primeiros socorros e fiz um pequeno curativo. Era um corte, não tão profundo, porém sangrava. Me mantive de costas para os garotos, parecia que eu estava apenas organizando os itens e não realmente me tratando.

Como esperado o ataque de Sakusa é o maior problema, não são todos os garotos do time que consegue fazer a recepção quando o ataque vem por sua mão. Yaku e Kuroo são aqueles que conseguiam evitar que a vantagem ficasse ainda maior. São nessas rotações que somos mais fortes.

Kenma parecia estar procurando uma solução, e com algum esforço o placar ficou mais parelho. Kai sacou e um dos atacantes da Itachiyama mergulhou para fazer a recepção, um central avançou para fazer o contra-ataque.

Kuroo pulou fazendo uma boa leitura da jogada mas o jogador era mais alto que ele e conseguiu chegar num ponto que passava por cima do seu bloqueio. O capitão, que se não me engano se chama Iizuna, foi para o saque.

Concentrado, girou a bola na mão e atacou. Já era esperado que os adversários fossem sólidos, em todos os aspectos da palavra. Mental, defensivo e ofensivo, mas a tranquilidade com que eles estavam levando a jogada é algo surreal. Para conseguir manter a bola em jogo foi necessário trocar o ponto de equilíbrio do time. Kenma precisou se movimentar para dar sequência e Fukunaga tentou marcar com uma largadinha.

Itachiyama estava bem posicionada e manteve a bola em jogo. O levantador se adiantou e fez um passe para o Sakusa que mirou no fundo da quadra onde havia uma possível brecha. Mas não esperava que o demônio-senpai Yaku conseguisse chegar estendendo o rally.

Iizuna mais uma fez um movimento arriscado e tomou o ponto a força.

Mais uma vez Sakusa foi para o fundo e pulou para fazer um saque-viagem, os garotos receberam e se organizaram para o contra-ataque. O ace recebeu do fundo, e a bola voltou para a quadra do Nekoma como uma chance. Taketora avançou pelo meio num ataque forte, bateu no bloqueio deles, mas novamente a Itachiyama recebeu.

Iizuna fez um passe longo pela esquerda e o ataque veio do fundo, nosso bloqueio subiu, mas no último instante o segundanista mudou a posição e o ataque fraco caiu suavemente no nosso lado.

Os rallys estavam ficando cada vez mais intensos, depois de uma pausa técnica e a instruções precisas do treinador Nekomata as coisas voltaram a ficar a nosso favor. Talvez, a Itachiyama não soubesse lidar com uma explosão repentina e a movimentação traiçoeira que Kenma comandava das sombras.

Para ter uma chance, precisamos ganhar o segundo set e levar a decisão para o terceiro. Os garotos estavam lutando com tudo que tinham, a recepção estava estupenda, eles estavam no topo das suas habilidades. Porém, o melhor hoje ainda, não foi o suficiente.

O jogo acabou 26 a 24, com vitória de dois sets para a Itachiyama.

Naquele momento não consegui falar nada, e também não estava nessa posição. Não cabia a mim, levantar a moral do time porque não é a [Nome] D'Calligari que estava em quadra. Vi de fora o quanto os garotos se esforçaram, o apoio que eu podia dar tinha essa mesma proporção.

Eles estavam exaustos, entre cumprimentar os adversários e também a torcida. Mal tiveram tempo para recuperar o fôlego.

Os mais novos estavam mais afetados e tinham lágrimas nos olhos. Coloquei uma toalha nas mãos de Inuoka.

— Nenhum de vocês tem do que se arrepender. — apertei seu ombro e andei para pegar a bolsa e também ajudar a recolher os equipamentos.

— Vamos voltar para a escola — Nekomata-sensei disse — podemos conversar de lá.

O time concordou, alguns deles mais conformados do que outros, como Yaku e a sua confiança estratosférica. Kenma estava quieto, Kai e os outros meninos conversavam sem grandes expectativas.

Só que aquele que eu esperava que servisse de pilar para o time num momento como esse estava completamente ausente. Ele, sim, é a figura que devia falar com o time e manter o espírito inquebrável.

Aoi estava nos esperando na área mista, sem graça minha amiga se aproximou e me deu um abraço.

— É uma pena que veio até aqui para ver um jogo como esse Aoi-san — Kai sorriu em sua direção quase se desculpando.

Minha amiga respondeu o gesto — Foi um ótimo jogo, é triste que tenham perdido.

Yaku exclamou alto colocando as mãos atrás da cabeça — É uma escola de elite, não tem muito o que fazer, só treinar mais pro torneio de primavera. Maldito Komori, eu esperava que nossos ataques fossem dar um pouco mais de trabalho pra ele.

— É considerado pela revista nacional o melhor líbero do colegial — Kai comentou.

Durante todo o diálogo Kuroo se manteve quieto de cabeça baixa, olhos inexpressivos, mas é fácil perceber a decepção. Minha amiga se despediu dizendo que iria para casa e que falaria conosco na escola no dia seguinte.

No meio tempo, quando estávamos para subir no ônibus, parei ao lado de Kuroo.

— Se você subir no ônibus com essa cara os garotos vão ficar ainda pior.

O capitão olhou para mim de canto de olho — É uma pena, é a única que eu tenho.

E subiu sem dizer mais nada. O capitão do time que acabou de ser eliminado na etapa de Tóquio, não disse nada. Durante o retorno, a reunião depois do jogo, para os jogadores.

Entrei na sala adjacente ao ginásio para guardar as garrafas limpas, e nisso Kenma veio de encontro comigo.

— [Nome], será que pode falar com o Kuroo?

Olhei para o levantador e voltei a dar sequência na minha tarefa — Ele não parece estar muito aberto a qualquer conversa.

— Tenho a sensação de que se for você, ele vai escutar.

Respirei fundo e balancei as mãos — Posso tentar.

O que os meninos menos queriam é gastar tempo na escola, por isso não demorou até o ginásio ficar vazio. Quase vazio, visto que eu estava me escondendo na sala e o capitão estava descontando suas frustrações na quadra.

Apaguei a luz e fechei a porta.

— Então, ficar em silêncio e esmurrar a bola vai resolver alguma coisa? — perguntei em voz alta.

Kuroo parou e virou para mim, o canto dos olhos marejados como se ele estivesse segurando o choro. Frustração, eu conheço esse sentimento, tão bem quanto qualquer atleta ou ser humano que colocou expectativas sob algo que não deu certo.

— Vai, pra mim.

— E aí está o grande Kuroo Tetsurou — apontei me aproximando —, acha que é o único que se arrepende de jogadas? Que pensa que podia ter feito um passe ou outro melhor? Que talvez outra decisão ganhasse o jogo?

— Consegue perceber o quão egoísta está sendo? O seu time, precisa ouvir a sua voz depois do jogo e mesmo assim se manteve calado. Autopiedade não combina com você Kuroo.

— Certo, porque a grande [Nome] D'Calligari sabe de tudo — rebateu levantando a voz.

— Não seu idiota, eu não sei de tudo — parei em sua frente — Mas sei que quando o time precisou de você depois do jogo você não estava lá. Se manteve calado, como um fracote.

Um riso sarcástico soou, dando voz a uma gargalhada histérica depois — Não seja hipócrita de falar isso para mim quando fez o mesmo na Itália.

Fechei a mão em punho — A custo de uma perna e uma carreira, ainda está com todos os membros em funcionamento pelo que me consta. Os meninos do primeiro ano acham que você vai sair do clube.

Uma careta — Isso não vai acontecer.

— Não sou eu que preciso ouvir isso, são eles. Depois do jogo, no ônibus quando as incertezas estavam crescendo mais do que a decepção.

— Realmente está me dando lição de como ser um capitão?

Dei um passo para a frente sem desviar dos seus olhos — Sim, porque você parece ter se esquecido como um deve agir.

Kuroo mordeu a boca, as lágrimas acumuladas no canto dos seus olhos caíram. Realização das ações tomadas com base nas emoções.

— Você pode chorar, pode ficar frustrado, pode questionar suas habilidades. Mas não na frente do time — minha voz se tornou mais suave —, o Kenma é uma referência estratégica, você é o pilar humano. Se não fosse importante, Nekomata-sensei não teria feito de você o capitão.

Levantei a mão usando a costas dela para secar seu rosto — Eu disse que o Salem é sensível e chora com frequência.

O brilho afiado voltou aos seus olhos — Posso fazer bom uso daquele ombro amigo agora.

— Posso abrir uma exceção.

Os braços de Kuroo envolveram meu o corpo num abraço firme, encaixando a testa na curva do meu pescoço, afaguei suas costas não odiando completamente a sensação. A respiração batia no meu pescoço e os fios de cabelo espetado fazia cócegas.

— O que aconteceu com a sua mão?

— Quebrei o lápis de anotações durante a partida, ser gerente de vocês vai me matar. — disse com sinceridade — Se eu pudesse teria invadido a quadra ainda no primeiro set.

Kuroo riu e se afastou — Eu teria adorado isso.

O garoto abaixou a cabeça, e não me afastei quando sua testa encostou na minha.

— Se me quer fora do time é só dizer, não preciso ser expulsa num campeonato para isso.

— Nunca, quem vai falar para mim que estou sendo idiota?

— Aposto que Yaku o faria, talvez viria acompanhado de algumas agressões.

Por alguns segundos ele ficou me observando, os olhos passeando pelo meu rosto enquanto podia me ver refletida em sua íris.

— Se você está pensando em me beijar, é melhor fazer antes de alguém aparecer — disse quando ficou tempo demais olhando para minha boca.

— E eu posso? — respondeu, a mão que estava nas minhas costas me puxou para perto.

— Não vou pedir, se é isso que está esperando.

— É claro que não.

Seus lábios encostaram nos meus, quentes e surpreendentemente macios. Um beijo calmo sedutor, onde Kuroo parecia querer aproveitar cada momento. Nascido de uma vontade já antiga que surgiu das pequenas provocações, e ações quase calculadas.

É algo que eu queria, confesso que pensar em como sua boca se encaixaria na minha rondou a minha mente. Mas o coração ainda estava calmo, não teve uma eletricidade que fez arrepios subirem a minha coluna, ou um sentimento romântico.

Segurei seu rosto longe, passando o polegar sobre seu rosto — Ainda falta muito para fazer eu me apaixonar por você.

— Se eu te beijar de novo, vou ficar mais perto? — a voz rouca soou quase como um ronronar, sua mão cobriu aquela que estava em seu rosto depositando um beijo na palma.

— Talvez, é uma hipótese.

— Então só resta testar.




- ͙۪۪̥˚┊❛ [ EXTRA 11❜┊ Bateria de Testes ˚ ͙۪۪̥◌





N/A: EITAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA.

Eheheheheheeheheh, fogo no parquinho. Mas essa italiana é muito braba, faz a tua Kuroo que vai dar certo.

O que acharam do capítulo de hoje? Me deixe saber seus pensamentos!

Até mais, Xx!

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