Valete de Copas
┊Negrito - Falas em Italiano ┊
A volta para casa foi pior do que eu imaginava, Fideo claro estava blindado ao sarcasmo de Kuroo e ainda conversava animadamente com Kenma e mantendo o braço nos meus ombros a todo instante.
Ao invés de irmãos, que é como consideramos nossa relação, parecemos mais namorados.
Considerando os beijos que andei trocando com o outro garoto, que estava isolado da conversa, a situação me parece potencialmente desfavorável.
— Você não está de divertindo demais? — tirei seu braço dos meus ombros, me livrando do peso extra.
Fideo riu — Não sei do que está falando.
Cerrei os olhos em sua direção e o loiro sustentou o sorriso cínico. Teatralmente ele colocou a mão na cabeça.
— Oh, está se referindo ao fato desse cara que parece querer cravar facas nas minhas costas toda vez que eu me aproximo de você? É seu namorado ou algo do tipo.
— Algo do tipo, mas ainda distante.
— Isso é surpreendente — ele voltou a falar em japonês enquanto caminhando pela rua já no bairro da minha casa —, que tipo de coisa andou fazendo em Tóquio?
— As que você não precisa saber. Você não devia ter vindo junto do seu pai? — questionei mudando o assunto, mas mantendo a farsa de que era um assunto qualquer.
— Ele chega amanhã — respondeu colocando as mãos nos bolsos andando ao meu lado —, tive um jogo na Academia Fukurodani e já fiquei. Não tinha motivos para voltar pra Miyagi.
— Fukurodani? É um pouco longe daqui — comentei.
— Sei usar mapas e perguntar direções, obrigado.
Assim que Fideo fechou a boca dei uma cotovelada na sua lateral. Parando para pensar é compreensível porque as provocações de Kuroo não tiveram tanta efetividade. Já estava treinada com a língua venenosa de Fideo.
— Cale a boca.
— Como eu senti falta da sua personalidade.
— Vocês parecem irmãos de verdade — Kenma comentou.
— Em partes — concordei —, nunca iria tratar Nico do jeito que trato esse cara.
— Por quê? — Fideo se virou.
— Nico merece ser protegido do mundo, no seu caso, o mundo que precisa proteção de você.
O loiro riu alto — Não está tão errada sobre isso.
Enfim chegou o momento de nos separarmos, aquela tortura de conversa e caminhada iria acabar. Empurrei o ombro de Fideo para a rua da minha casa pelo ombro.
— Desculpe por esse idiota, ele fala e faz demais — disse —, vejo vocês na segunda. Se eu não for presa antes.
Kenma concordou e acenou, e mesmo contra gosto Kuroo fez o mesmo. Suspirei aliviada e continuei empurrando Fideo até a minha casa.
— Não faz tanto tempo assim que está no Japão, já está arrasando corações?
— Fideo é um pouco mais complicado do que isso.
— Então me explique irmãzinha, porque nos meus olhos o capitão está completamente apaixonado por você.
Parei na frente de casa e apertei a ponte do nariz virando para o encarar de frente.
— Será que podemos deixar esse assunto para depois? Não é algo que eu gostaria de falar na porta da minha casa com a possibilidade dos meus pais escutarem.
O garoto olhou para as luzes acesas e soltou um riso cínico — Está fazendo coisas erradas?
— Claro que não.
Abri a ponta, e indiquei para ele entrar. Colocando os sapatos na entrada, andei para a cozinha onde a minha família estava reunida, passei direto por eles abrindo a geladeira para pegar uma garrafa de água.
— Fideo está aqui.
— Fideo? — Minha mãe perguntou se virando. Nico olhou para a porta e gritou pelo garoto que se abaixou para o pegar no colo, o pequeno abraçou seu pescoço enquanto o Fideo respondia o abraço.
— Belo jeito de tratar uma visita — meu amigo fez uma careta ainda segurando Nico.
— Você não é visita — respondi e bebi água ignorando toda a interação. Minha mãe também o cumprimentou beijando seu rosto, meu pai parecia já saber e estava orgulhoso de não estar surpreso.
A partir daí a casa virou uma verdadeira residência italiana, poderia a transportar direto para Roma e não teria diferenças. Vozes sobrepostas, falas altas e risada. É bom ter um pouco de caos em momentos como esses.
Felizmente meus pais mantiveram Fideo ocupado o suficiente para ele não voltar a me questionar sobre Kuroo.
Depois do jantar já com vestes para dormir, e com o celular carregado, olhei o celular. Encarando fixamente uma certa conversa que não tinha nenhuma mensagem nova.
O que foi completamente surpreendente, baseando nos meus relacionamentos anteriores, ao menos uma cobrança teria.
Alguém bateu na porta e a cabeça loira de Fideo surgiu logo em seguida, disse para ele entrar e depois de fechar a porta ele se jogou na minha cama.
— Não achou que eu ia deixar o assunto morrer, não é?
— Honestamente, esperava que sim.
Fideo abraçou meu travesseiro e fez uma indicação com a mão — Diga tudo e não me esconda nada. Adoro uma fofoca.
Balancei a cabeça e sentei na beirada da cama, contando — não com tantos detalhes —, a história desde o início. De como as provocações nasceram e culminaram num beijo impulsivo com alguns encontros depois dele.
— Pelo que vi, Kuroo está completamente enamorado por você. Mas parece que você ainda não tem essa fagulha de paixão.
Mexi meus dedos — Atração, sim, romance ainda não tenho certeza.
Fideo se sentou — Minha opinião, você pode concordar ou não. Se recuperou de um choque recentemente, voltou pro vôlei que era uma ferida aberta. Talvez tenha uma resistência da questão emocional porque você passou por muito num período relativamente curto de tempo. Logo, só está querendo curtir, mas você gosta dele também.
— Desde quando você é um conselheiro amoroso?
— Acha que seu irmãozão ficou todo esse tempo no Japão sem dar uns beijos por aí? Eu sou bem famoso pela aparência sabia? Já falaram que eu sou Apolo. Febo no caso, já que somos romanos.
— Quem fala isso com certeza tem problemas de visão.
— Precisa verificar os olhos de toda Aoba Johsai então, homens e mulheres — Fideo piscou o olho antes de jogar o travesseiro na minha direção.
— Eu disse que você é um perigo para o mundo — bati em sua perna a empurrando.
— Não neguei em nenhum momento.
Passos ecoaram no corredor, rápidos, em seguida a porta abriu num solavanco, Nico que estava de pijama entrou correndo indo direto para Fideo. Dessa vez ele não subiu na cama, mas ficou dando pequenos pulinhos enquanto puxava seu braço.
— Fideo, vamos! Você vai dormir no meu quarto.
O pequeno não era uma exceção as piadas do loiro, quando Fideo respondeu que só ia, se Nico parasse de jogar vôlei, para jogar basquete.
Nico parou, drenado de toda a energia e se virou para mim com os olhos marejados e lábios trêmulos.
Saltei o pegando no colo imediatamente — Céus, não chore Nico. Fideo é bobo, ele não está falando sério.
Ele abraçou meu pescoço, ainda chateado. Agora de pé, levantei a perna para chutar o idiota que estava rindo rolando na minha cama.
— Peça desculpas agora.
— É brincadeira Nico — o garoto se levantou colocando a mão nas costas do mais novo —, você pode jogar o que você quiser.
— De verdade? Não vai parar de falar comigo se eu não quiser?
— Claro que não.
Nico soltou meu pescoço para esfregar os olhos, agora mais sonolento do que chateado. Fideo esticou os braços pegando o menor no colo.
— Hora de dormir, boa noite [Nome].
— Se você fizer ele chorar de novo eu te esfolo — resmunguei.
Ele acenou e saiu do quarto, respirei fundo e soltei o ar pela boca, esticando em seguida a roupa de cama e deixando o travesseiro em seu devido lugar.
Após apagar a luz, enfim deitada olhei para o teto refletindo sobre as palavras de Fideo. De certo ponto é verdade o que Fideo disse, você gosta dele também.
Não estaria tão próxima dele se não gostasse da sua companhia, também não deixaria alguém escorregar a mão para minha cintura. A questão que parece ser o problema, é se gosto de Kuroo, ou gosto dos sentimentos que ele me proporciona. Se fosse outra pessoa, tomando as mesmas ações que o capitão, estaria na mesma situação?
Coloquei a mão no rosto, não estava nos meus planos originais encontrar um romance, mas até aí voltar para o vôlei também não.
Peguei o celular, e rolei até encontrar a conversa que queria. Antes que encontrar uma resposta, tem algo que preciso preservar.
- ͙۪۪̥˚┊❛ [ EXTRA 13❜┊ Amizade ˚ ͙۪۪̥◌
N/A: Ahh amizadee!
Eu postei no twitter, a vontade de socar o Fideo, fazendo uma coisa dessa com o bebê. Tadinho deu pra sentir ele ficando todo perdido.
Mas a italiana meteu o chutão nele pra parar de ser otário.
Hoje é isso meu povo!
Obrigada por ler até aqui!
Até mais, Xx!
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