Primeiro Jogo
"Conecte"
A tradição de banners representando as escolas é nova para mim, faixas coloridas ficavam penduradas junto das torcidas dando força para os jogadores. A torcida da Nekoma também foi algo que não estava esperando, liderada pela irmã de Taketora cantava intensamente os nomes dos garotos com vigor.
— Sua irmã é bem animada — comentei entregando uma toalha para o ace do time, sem desviar o olhar da arquibancada.
Tora acompanhou meu rosto e respirou fundo — Já disse que ela não precisa chamar tanta atenção, fala sério.
Provavelmente dizia isso se referindo ao grande alto-falante que tinha junto ao ombro para guiar o canto do restante dos torcedores.
— Até que eu acho fofo — comentei, e peguei mais algumas toalhas nos braços —, alongue os punhos.
— Receber um conselho da deusa do vôlei antes da partida, anima qualquer um — Taketora girou a toalha no alto completamente estasiado pela minha fala. Já estava acostumada com a sua devoção, eram constantes durante os treinos, sorri e desviei para falar com o próximo jogador.
Apesar de ser apenas o aquecimento, as luzes do ginásio eram quentes, eu mesma que não estava jogando sentia o suor nascendo em minha nuca. Imagina os garotos que estavam se movendo.
— Está tudo bem Kenma? — questionei quando me aproximei do levantador. Apesar de estar virado para a quadra da Nekoma, ele observava o aquecimento adversário pelo canto de olho.
— Sim — respondeu, então se virando para mim em seguida — [Nome]-san, quais foram os pontos fortes do capitão que puxou durante as análises?
Olhei para o jogador em questão, o capitão do time adversário era um dos atacantes — É um terceiro anista, apesar de ter altura para ser um meio de rede é um ponta, atua mais como oposto e é o maior pontuador do time. Entrou como titular ainda no primeiro ano e não saiu desde então. Por que pergunta?
Kenma pegou a toalha das minhas mãos — Tem algo me incomodando, pode olhar os movimentos dele com mais atenção durante a partida?
O maior movimento da Nekoma é observar primeiro e atacar depois, parece ser a estratégia que o cérebro do time, como Kuroo diz, vai adotar desta vez também. Particularmente não é uma ação que eu gosto, porém, não estou na quadra.
— Anotado, algo em particular que quer que eu observe?
— Não, não tenho certeza do que é.
Mesmo discretamente desviei para olhar os adversários, e imediatamente senti o que Kenma quis dizer. Desde antes do jogo havia uma atmosfera sendo costurada, a maneira que ele se movia entre os próprios jogadores era estranha. O rosto com uma expressão totalmente diferente do que levava nos olhos.
Não é um time que os garotos chegaram a enfrentar, até jogaram quando Kuroo estava no primeiro ano, mas ele mesmo não havia participado do jogo. Logo, não havia muito para o que se comentar. Parece estranho a princípio que as duas escolas não se encontraram, mas é bem comum na verdade, considerando a quantidade de times que participam das preliminares de Tóquio.
— Preste atenção na movimentação — indiquei —, parece ser alguém bom de fintas físicas.
Os garotos da Nekoma se reuniram uma última vez antes do jogo começar, ganhando dos treinadores as últimas orientação. Kuroo juntou os jogadores no centro.
— Somos como o sangue em nossas veias. Fluímos sem parar, mantendo o oxigênio se movendo e o cérebro trabalhando.
Fazia um bom tempo que eu não ouvia aquela frase, as mãos foram jogadas para baixo e os garotos enfim entraram na quadra, tomei meu lugar no banco ao lado dos treinadores e esperei que o apito soasse.
Capitão Salem começou já na quadra, Nekoma tinha o saque e o fez forte, a escola Shinwa recebeu. O líbero fez uma boa jogada passando para o levantador, o ponta esquerda avançou rapidamente, mas a bola acabou indo na direção do capitão que correu com passos lentos pela direita.
Sua movimentação levantou uma bandeira na minha mente, foi longa, todos seus movimentos pareciam arrastados, porém a bola explodiu de uma maneira intensa no bloqueio de Kuroo. O primeiro ponto do placar foi nosso, mas não me permiti comemorar, pelo contrário, tenho certeza que fiz uma enorme careta.
— Você e Kenma estão com a mesma expressão — comentou Nekomata-sensei, que estava de braços cruzados no banco olhando o começo da partida.
— Não gosto da movimentação do capitão da Shinwa.
O velho treinador riu, mas os olhos afiados tinham um brilho cortante e sombrio quando mirou o time adversário — Então também já percebeu? É uma habilidade primorosa do capitão adversário, um exímio controle da linguagem corporal e capacidade de explosão também.
Voltei os olhos para a minha prancheta, anotando — Quando ele parece lento, realmente está. Só que a capacidade de reação proporciona esse momento de reação, como um carro que pode atingir a 100 quilômetros por hora em menos tempo que outros. Correto?
— Exatamente, o tempo entre o pensar e fazer parece menor. Foi sorte que Kuroo estava bem posicionado para fazer o bloqueio, caso contrário o placar estaria diferente.
— Me parece que as habilidades de defesa realmente serão postas a prova.
O segundo saque da Nekoma foi curto, o que garantiu uma chance de contra-ataque e empatou o jogo.
Durante todo o primeiro set da partida, a alternância de liderança aconteceu. Hora Nekoma estava liderando, hora a Shinwa, não tinha vantagem. Só que os adversários, assim como o perfil do time gatuno, não aprecia estar jogando com todas as forças para o primeiro. Pareciam tão tranquilos quanto no aquecimento, e novamente trouxe um ponto de atenção.
Nekoma chegou aos 25 pontos primeiro, garantindo o avanço depois de uma bela jogada entre Kenma e Fukunaga.
Me levantei para fazer o meu serviço e recepcionei os jogadores.
— Aconteceu algo [Nome]? Seu rosto parece assustador — o líbero perguntou com um tom de riso, antes de secar o rosto.
— Não gosto do capitão dos adversários, ele é talentoso a ponto de ser ardiloso. Penso que a Shinwa não jogou com tanta vontade o primeiro set.
— Você está certa — Kenma disse —, abriram mão desse primeiro para nos observar. O que é geralmente o que fazemos, penso que vão entrar mais agressivos para o segundo set.
— O que te faz pensar isso? Nós levamos o primeiro set, isso que importa.
— [Nome] disse quando estudamos o time deles que saques viagem são uma força, quase não usaram, e o capitão também não avançou para muitos ataques, apesar de ser o maior pontuador do time.
— Só que todas às vezes que ele veio, marcou. Com exceção do primeiro ponto que Kuroo bloqueou, estava certo quando disse que algo nos movimentos dele incomoda.
Contei brevemente toda a explicação que tive com treinador Nekomata anteriormente.
— Isso parece potencialmente problemático.
— E é, mas o treinador tem uma estratégia.
A roda se abriu para que o mais velho passasse as orientações para o segundo set, os garotos ouviram atentamente as instruções. Kenma as validou falando que poderiam funcionar e logo eles voltaram para a quadra.
Imediatamente a aura do time já mudou, a agressividade tomou o time e eles entraram completamente diferente. Dois pontos de vantagem se abriu logo no começo, quebrado apenas por um cruzado de Taketora.
Não tinha comparação com o primeiro set, e tinha que admirar a habilidade de Kenma de comandar os levantamentos com o mínimo de movimentos. O placar só virou quando Kuroo conseguiu um ponto dando um leve toque na bola fazendo uma finta, seguindo para o saque logo em seguida.
Os adversários receberam a bola com um toque por cima, o que foi peculiar e produziu um som seco, o levantador se adiantou e levantou para o meio onde o capitão estava já pronto para fazer um ataque rápido. Foi nesse momento que a estratégia do treinador se provou ser eficiente.
Para reagir é preciso ver.
O bloqueio subiu, mas a janela para quem estava na linha de trás fazer uma recepção sólida era maior. A bola quase passou para o outro time, mas Kenma pulou para fazer um levantamento que praticamente deixou a bola parada para o ace da Nekoma atacar. De novo foi feita a recepção, e o contra-ataque foi igualmente anulado.
Fukunaga aproveitou e abriu um ponto de vantagem utilizando de um block-out.
Estar na lateral da quadra, era frustrante, não de uma maneira ruim. Mas me fazia ter vontade de entrar na quadra e marcar os pontos eu mesma, por um momento senti empatia para os torcedores que me diziam querer invadir a quadra para marcar os pontos para seu time do coração.
Nunca imaginei que torcer pudesse trazer tantas emoções novas, até mesmo me peguei batendo a prancheta na perna de nervosismo.
19 a 20 era o placar. E a escola Shinwa estava forçando para levar o logo para um terceiro e decisivo set.
Resmunguei em voz alta quando novamente empatou.
Naoi riu — Está tudo bem gerente?
— Não, se todos os jogos forem assim, acho que a minha capacidade cardíaca vai diminuir. Estou acostumada a jogar, não torcer, é torturante.
— Posso entender o que quer dizer, mas é um processo, você se acostuma.
Ser o "primeiro jogo" que acompanho pode ser um fator primordial pra minha ansiedade, embora não acredite em sorte. Não queria me sentir como sendo a portadora de um azar de atleta aposentado.
Eles viraram, 21 a 20.
Os tempos técnicos já haviam sido usados previamente, e foi o que não deixou de fato eles levarem o segundo set.
O saque foi da Shinwa, uma recepção sólida de Yaku deu base para um ataque forte de Tora. Um novo empate foi marcado.
Fukunaga foi para o fundo em seguida dando sequência na rotação, e no contra-ataque, com o capitão adversário liderando e servindo de isca, outro jogador os colocou na frente novamente.
Duas jogadas de Kuroo e Kenma, usando a diferença de tempo, mudaram o placar novamente.
23 a 22 para a Nekoma.
Kuroo estava no saque, apesar de forte foi recebido pelos adversários com um desvio, da lateral esquerda da quadra, a movimentação ruim a colocou para fora durante o contra-ataque. Dando para a Nekoma o match-point.
Ponto esse perdido pelo capitão no segundo saque, esse movimento me fez anotar que treinos isolados de saque deviam ser dados ao capitão.
Adrenalina corria pelas minhas veias, dois pontos separam da vitória. Shinwa conseguiu virar o empate deixando o placar 25 a 24 ficando com a vantagem.
Os adversários fizeram um saque leve, recebido sem problemas. Um corte de Fukunaga foi feito, porém, bloqueado. A bola subiu e por um momento não soube dizer para qual das quadras ela iria cair, Kuroo disputou por ela e acabou caindo na quadra da Nekoma. Mais uma recepção feita manteve o jogo andando. A bola foi para Kai que apenas a empurrou para a quadra adversária, um ataque intermediário entre corte e finta, que cortou pelo bloqueio livremente.
A virada veio de um ponto de bloqueio feio pelo capitão e o vice-capitão que estavam na frente. Os dois bateram as mãos comemorando o ponto se virando para o restante dos jogadores em seguida, é um novo match-point.
Como uma grande finalização, o último rally foi intenso. Shinwa buscou a bola que desviou no bloqueio fora da quadra, e o levantamento longo foi feito praticamente em linha reta para o capitão. Eles estavam desorganizados, e a Nekoma mantinha os olhos fixos neles lendo cada movimento, se movimentando com passos leves se preparando para o ataque. Sorrateiros e com precisão, Tora finalizou o jogo depois de um levantamento longe da rede feito por Kenma.
De alívio soltei a prancheta e olhei para o teto do ginásio — Isso não é para mim, peço perdão por todos os jogos que tive que causou esses sentimentos nas pessoas.
Nenhum deles entendeu, e os meninos comemoraram quando saíram da quadra. Os que estavam na reserva também, Yaku e Kai me cumprimentaram primeiro e Tora segurou o pulso dizendo que nunca mais iria lavar a mão após receber um toque da deusa do vôlei.
— Good Game — ergui a mão para Kenma, o levantador soltou um riso e respondeu batendo a mão na minha em seguida.
— Obrigado pela ajuda.
— Duvido que fui de muita valia, teria percebido mesmo sem mim.
O levantador balançou a cabeça — Não tão rápido.
— Então Calli-chan, o que achou do seu primeiro jogo? — Kuroo perguntou mantendo o sorriso no rosto.
— Péssimo para meu coração, não quero ser mais gerente.
O time riu — É uma pena, não tem rescisão de contrato, precisamos no nosso número 0 por perto.
Olhei para a manga do agasalho onde o escrito permanente ainda estava, um riso escapou dos meus lábios — Boa jogada capitão, não tenho como responder essa.
Precisávamos sair da quadra para dar lugar ao próximo jogo, então logo nos afastamos. Não iriam ter mais jogos pelo dia, nosso adversário estava também definido. Nos bastidores ficamos até tudo ser organizado para irmos embora, realmente era uma pena que eu não tivesse encontrado a capitã da Fukurodani.
Até cheguei a ver uma das jogadoras andando pelos corredores, mas não sabia dizer se estava num bom momento. Parecia chateada, acredito que era Misaki, a levantadora que conheci no dia do festival. Não me sentia próxima o suficiente para perguntar se estava tudo bem, e logo em seguida um casal chegou para falar com ela. Técnico e auxiliar-técnico, quando as vi mais cedo estava tudo bem.
O pensamento ficou na minha cabeça por um tempo e cheguei a comentar com Kuroo e Kenma quando voltamos para nosso bairro.
— Existe uma coisa que se chama mensagem, sabia? — Kuroo respondeu — Pessoas geralmente usam para se comunicar.
— Não é estranho demais dizer, vi sua jogadora chorando, está tudo bem? Pode parecer normal para você que é um potencial psicopata com vontades estranhas.
— A capitã da Fukurodani vai entender, ela é boa com pessoas. Se quer falar com ela apenas fale — Kenma deu a cartada final.
Resmunguei — Odeio admitir, mas estão certos.
— Costuma acontecer com frequência.
Olhei para o capitão que galantemente ergueu a mão para arrumar os fios de cabelos escuros — Definitivamente, não.
- ͙۪۪̥˚┊❛ [ EXTRA 08❜┊ Boa Sorte Corujinha ˚ ͙۪۪̥◌
N/A: Minhas filhas muito best-friends sim. Não se preocupe Aoi, você ainda é superior na vida da italiana!
Obrigada por ler até aqui!
Até mais, Xx!
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