País Novo, Escola Nova
Ter chego tão cedo poderia ser considerado uma benção ou uma maldição, no momento com o meu japonês deplorável, encarava como um envio dos céus. Embora a causa dele tenha sido a incapacidade dos meus pais de se adaptarem ao fuso horário.
Não podia dizer que estava no meu melhor dia, mudar de país contra gosto já era ruim o suficiente, estar num lugar onde eu mal sabia o idioma começando o ano letivo no meio deles, com certeza era pior. Claro que minha mãe estava radiante, meu pai animado com as novas propostas e meu irmão pequeno animado demais para entender as diferenças muito a fundo. Não odiava o Japão, longe disso, mas a situação que me encontrava não era agradável.
Ainda com a ajuda de um aplicativo consegui encontrar meu caminho para a secretaria da escola, era uma sala quase escondida com uma pequena placa um balcão de madeira escura e um vidro que me separava de uma senhora de baixa estatura, cara redonda e um óculos de lentes meia-lua na ponta do nariz.
A primeira frase dela eu não entendi uma palavra sequer, mas julgando pelo jeito que me olhava imaginei que estava esperando algo sobre o motivo de estar ali.
— Nova aluna — disse com a voz tão fraca que tive que limpar a garganta para conseguir continuar — Horário aula preciso.
Pode ter sido o sotaque ou o fato de eu com certeza ter dito algo errado que fez a velha torcer o nariz e falar com uma outra mulher mais jovem que organizava pastas na mesa de trás. A moça olhou para mim e imediatamente se adiantou até o balcão.
— Qual seu nome? — disse num tom mais lento bem mais amigável do que a outra.
— [Nome] D'Calligari.
Se afastando com um aceno de cabeça, ela se enfiou no meio de alguns armários antes de voltar com uma pasta e um papel.
— Aqui está sua sala — apontou para uma linha onde estava escrito 3° ano sala 5 — Suba as escadas até o terceiro andar, fica para a direita.
Ela usava gestos para ilustrar o que estava falando, agradeci mentalmente pela gentileza.
— Alunos normalmente escolhem clubes para frequentar após as aulas, pode aproveitar o horário e se inscrever em algum que tenha interesse.
Sorri e agradeci, não sabia como consegui ingressar numa sala tão avançada já que o teste admissional que eu fiz parecia estar escrito em russo no dia em que eu fiz. Não acreditava tanto na minha capacidade de estudo, mas se eles me acham boa o suficiente, não posso reclamar.
A sala dos professores, ou as de clubes como a moça disse ficavam no mesmo corredor então foi fácil de achar. Tinha uma enorme parede com vidro que permitia que eu observasse do lado de fora os cubículos individuais. Futebol, tênis, basquete, literatura, parecia ter de tudo ali, inclusive vôlei.
Uma quadra, duas equipes, 12 jogadores e uma rede que separava a vitória da derrota, se ao menos as coisas fossem diferentes...
— Posso ajudar em algo jovem?
Uma voz calma e levemente divertida soou do meu lado me tirando de lembranças amargas, era um senhor mais baixo que eu, ele tinha as mãos cruzadas nas costas e vestia um agasalho vermelho vibrante. Olhos pequenos e finos acompanhando um sorriso no rosto oval.
— Não, só estava olhando.
— Entendo — ele se virou para o vidro também. — Gosta de vôlei?
Virei o rosto tentando entender como ele podia fazer um comentário tão certeiro com poucas palavras trocadas, entendendo a minha confusão ele apontou para o chaveiro temático na minha bolsa. Então era isso.
— Sim — respondi sorrindo de leve — Às vezes até mais do que deveria.
— É muito bom, não é mesmo? A sensação de estar na quadra, a adrenalina de não saber o resultado, o esforço em conjunto.
— Me desculpe, mas quem é você? — questionei.
— Yasufumi Nekomata — ele me cumprimentou — Treinador do time masculino de vôlei da escola.
Bem, isso explicava o olhar afiado e treinado para perceber detalhes. - [Nome] D'Calligari.
— Eu sei — ele manteve o sorriso no rosto. Não vacilando nem mesmo depois da minha careta — Soube por um amigo que uma jogadora de alto nível viria ao japão.
Ri com sarcasmo — É um pouco demais me considerar uma atleta de performance.
— Não pelo que ouvi — o treinador continuou no assunto — Me surpreendi quando soube que estaria ingressando na Nekoma. Sinto em dizer que não possuímos um time feminino.
Encarei o meu reflexo no vidro, a testa franzida e frustrada como eu já tinha visto muitas vezes nesses últimos anos. O primeiro sinal pareceu tocar, não percebi que já tinha se passado tanto tempo assim desde que cheguei.
— Com sua licença — inclinei a cabeça de leve — Preciso achar a minha sala.
Dei alguns passos para longe do homem antes de parar e ler a placa do clube mais uma vez antes de olhar para o técnico. — E sobre o time... Não me importa, já não jogo mais.
Não me virei para checar a reação dele, apenas segui com passos firmes em direção a minha sala. Devo ter agradecido a todos as forças maiores pelo professor já estar na sala quando cheguei, alguns alunos também.
Ele já devia estar ciente da situação e pediu para que eu sentasse numa cadeira próxima à janela. Disse que esperaria a aula começar para que eu pudesse me apresentar de maneira apropriada.
Claro que recebi diversos olhares enquanto os alunos chegavam e tomavam seus lugares, os meninos pareciam curiosos e as garotas viravam o rosto assim que me viam. Respirei fundo batendo com os dedos na carteira enquanto repassava a minha fala mentalmente, se eu errasse alguma coisa ali seria a minha morte. Ficaria marcada como a estrangeira burra pelo resto do ano.
Estava focada e não percebi que uma parte da minha bolsa estava para fora da carteira, quando um menino foi passar ela acabou por cair no chão fazendo barulho e chamando toda a atenção para a cena. Senti meu rosto esquentar e abaixei a mão rapidamente para pegar os pertences, agachado ao meu lado o rapaz pegava um dos cadernos que tinham voado para longe.
— Desculpe, não prestei atenção. — ele disse enquanto eu guardava as coisas de novo dentro da bolsa. Peguei a ponta do caderno que estava estendido na minha direção e olhei para o rosto do garoto.
Eu permanecia sentada, mas tinha a impressão de que ele era alto. Os cabelos cor de nanquim se sustentavam num penteado inusitado, o rosto tinha traços finos e os olhos felinos cor de âmbar pareciam cortar minha alma.
— Grazie.
Ele tombou a cabeça para o lado e sorriu, antes de receber uma chamada do professor para que fosse logo para seu lugar apenas algumas cadeiras atrás de mim. Em seguida, o professor me chamou com a mão e pediu silêncio para eu me apresentar para a classe.
Ainda estava um pouco aturdida por conta da bolsa, e não reparei num obstáculo na minha frente, acabei por tropeçar e cair de joelhos na frente do professor com as mãos apoiadas no chão.
Bati os dedos na saia sentindo até as minhas orelhas esquentarem enquanto levantava, o sensei perguntou se estava tudo bem e eu apenas acenei dizendo que sim. O objeto que causou a minha queda era uma bolsa mal posicionada, diria que propositalmente julgando pelo sorriso cruel que a dona dela me lançou.
Então é assim que as coisas vão ser.
— Sou [Nome] D'Calligari, recém transferida de Roma na Itália para o Japão. É um prazer conhecer todos vocês — vesti minha melhor máscara com meu melhor sorriso. — Espero que possamos nos dar bem.
Me curvei levemente para a frente mirando o chão, um único pensamento em minha mente.
Que o primeiro dia de aula vá para o inferno.
N/A: É isso ai vamos continuar a partir desse novo livro agora.
Com o coração mais tranquilo e sem pressão, os avisos são os mesmos.
1-Vai acompanhar Immortals a XBokuto paralelamente, então não é regular.
2- Tem um tom mais sério do que a versão de 2017.
3- Vai correr como slowburn, talvez não tão grande como Boku[Nome] mas também não vai ser em 10 capítulos como foi na versão antiga kakakaka. (Me dá comichão até hoje lembrar que eu tive coragem de fazer isso.)
Acho que a princípio é isso, adicione a história na biblioteca para não perder os próximos capítulos surpresas!
Até mais, Xx!
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