Mudanças para o Futuro
Não foi nenhuma surpresa ver os jogadores, e demais participantes do acampamento de treino, ficarem atentos a minha presença depois que minha posição na seleção italiana "vazou". Com exceção da Nekoma e a Fukurodani, que já passou esse choque inicial, senti os olhares de vesgueio dos outros times acompanhando a maioria dos meus movimentos.
Respirei fundo no caminho de volta dos vestiários até a sala onde as gerentes estariam dormindo. Bom, gerentes e a irmã mais velha de um garoto dos corvos que de repente apareceu no ginásio. Embora essa devesse estar com os treinadores num pequeno happy hour.
Empurrei a porta da sala dando um olhar rápido para o lado de dentro, as duas garotas da Fukurodani e as novatas da Karasuno estavam ali, a gerente da Shinzen e da Ubugawa, se me recordo disseram que tinham assuntos a tratar com seus respectivos times.
— [Nome]-chan, bom trabalho! Não deve ter sido fácil organizar tudo sozinha. — Kaori Suzumeda, uma das terceiranistas das corujas, comentou.
— De manhã os garotos ajudaram, então não precisou de muito — respondi seguindo até a minha bolsa, antes de chegar nela. Escutei um toque insistente, que era do celular, apressei o passo e vi o nome do meu pai aparecendo no visor.
Guardei minha bolsa de higiene e pedi licença para as garotas para poder atender o meu velho sem as atrapalhar.
— Oi pai — atendi depois de fechar a porta atrás de mim.
— Já acabou o treino? Pode falar?
— Sim, acabou há pouco tempo — respondi me aproximando da janela — a maioria dos alunos deve estar se preparando para dormir. Temos um cronograma estreito por serem apenas dois dias.
— Compreensível, já que é preciso fazer o melhor do tempo — o escutei respirar fundo do outro lado —, como está o joelho?
Abaixei a cabeça enquanto ainda segurava o celular no ouvido olhando para a cicatriz, uma vez que estava com um short vermelho similar ao que os garotos usavam em treino.
— Está... Bom. Não doeu durante o dia, mas parece um pouco inchado — juntei as pernas os comparando —, mas pode ser pela quantidade de tempo que eu fiquei de pé. Como precisou de preparações de manhã, me movimentei um pouco mais.
— Levou a bolsa de gel correto?
Resmunguei afirmando que sim — Deixei na geladeira pela manhã, deve estar congelada agora.
— 20 minutos, envolto num pano sem contato direto com a pele — disse por fim —, e ligue para o papai se tiver qualquer problema.
Deixei um sorriso escapar quando ele disse a última frase e me despedi, logo em seguida abrindo a conversa para falar com um certo capitão de cabelos escuros se ele não me daria a honra da companhia até a cozinha da escola.
Entre Kuroo visualizar minha mensagem e responder não se passou muito tempo, então quando eu cheguei nas escadas ele já estava me esperando. O capitão estava apoiado na parede com os braços cruzados e vestido praticamente igual a mim.
— Você sequer trocou de roupa? Está vestido da mesma maneira que no treino. — ajustei uma pequena toalha no ombro.
— Obrigado por se preocupar com a minha saúde, Calli-chan — ele se desencostou —, mas sim estou completamente limpo. Gatos são animais muito higiênicos sabia?
Dei risada e comecei a descer as escadas com ele junto de mim, depois do nosso pequeno encontro na parte da manhã não tivemos muito tempo para conversar, e então quando trocamos algumas palavras ele soltou para os visitantes que faço parte de um time nacional. Alguns poucos meses atrás eu ficaria um pouco incerta, mas ver como os garotos — e os treinadores e comissão técnica da Nekoma —, me apoiavam e de certa forma pareciam ter orgulho da minha presença dos dois lados dá uma fortalecida no meu orgulho.
A maioria dos corredores estava escuro, alguns deles tinham salas ligadas para iluminar, mas no andar no refeitório não. Acendi a lanterna no celular nos guiando, e nisso longe das vistas, Kuroo pegou minha mão livre entrelaçando nossos dedos.
— Está com medo de andar no escuro? — perguntei.
— Não imagina o quanto, por favor, me proteja — balancei a cabeça com mentira, e continuei andando, agora entre as mesas do refeitório, em direção à cozinha.
— Se Natsumi o visse dessa maneira, todas as fantasias dela estariam arruinadas — empurrei a porta com o ombro —, na verdade, da maioria delas.
Tentei achar um interruptor, mas não consegui, então circulamos o balcão, soltei sua mão por um momento e coloquei o celular na bancada com a lanterna virada para cima. Conseguindo então pegar dentro da geladeira industrial a minha bolsa de gelo.
— O que quer dizer com isso?
Com parte do corpo iluminado pela luz do eletrodoméstico, virei para Kuroo. Olhei para o chão por um momento ponderando se eu realmente falava.
— Bem, aparentemente o que circula no corpo estudantil feminino da Nekoma é que você tem a aura de badboy? — tirei o gel e coloquei na bancada fechando a porta em seguida — Não sei bem como explicar, o esteriótipo de gostosão.
— Não vejo como isso pode destruir fantasias, não parecem mentiras — confiança transbordava de sua voz, então resolvi entrar na sua brincadeira.
O empurrei para trás e dei dois passos lentos em sua direção, praticamente o prensando entre o ilha da cozinha e meu corpo. Seus olhos passaram rapidamente pelo meu rosto em sinal de nervosismo, ele pareceu engolir seco quando apoiei uma mão de cada lado do seu corpo.
— Você não devia brincar com fogo se não estiver disposto a se queimar — o rei da provocação ficou sem resposta e se inclinou para trás, sorri ao ver sua reação — Você sabia que dizem que italianos tem o sangue quente?
— Sobre o sangue não sei — disse com a voz entrecortada quando segurei sua cintura, ele tentou se mover, mas travei as mãos o mantendo no lugar, senti seus músculos do abdômen firmes sob meu toque. — Mas acabei de descobrir a sensação de estar prestes a ser devorado.
Encostei a testa em seu ombro rindo, o som saindo um pouco abafado, levantei os pés para conseguir beijar seu pescoço, sentindo fraco o cheiro do perfume que ele costumava usar nos dias de semana em que não havia treinos matinais.
— Hoje não gatinho, ainda tenho que fazer meu tratamento.
O soltei voltando minha atenção para a bolsa de gelo cuidadosamente a enrolando na toalha, enquanto Kuroo parecia estar uma completa bagunça ainda apoiado na mesma posição do balcão. A luz não iluminava o suficiente para ver se seu rosto estava corado, mas assim que o capitão pareceu recuperar seus sentidos, ele cobriu o rosto respirando fundo.
— O que foi? — questionei, sem tirar o sorriso do rosto e como se nada tivesse acontecido.
— Sei que você teve um treinamento físico, mas não imaginei que fosse tão forte — comentou.
— Sou tão boa atacante, quando sou levantadora. Não conseguiria fazer meus levantamentos longos se não tivesse força o suficiente nos braços para isso — apertei a bolsa de gelo com o indicador vendo que ainda estava completamente congelada.
— Devo conseguir levantar você, por alguns segundos.
— O quê? — Kuroo se virou para mim assustado, de repente também fiquei curiosa, não treinei com muito afinco os braços nos últimos meses, mas também não deixei que a minha massa muscular sumisse. Devia estar nas mesmas condições de antes do acidente.
— Segure meus ombros — pedi.
— Espera, espera [Nome]! — Kuroo disse quando me abaixei para tentar pegar na parte de trás das suas pernas.
— É só um teste — revirei os olhos —, pare de frescura, Tetsurou. No máximo, você vai cair no chão.
— Isso é muito reconfortante — respondeu, não dei outra alternativa. Quando puxei sua perna, Kuroo foi obrigado a abraçar meu pescoço para evitar cair, honestamente ele era mais pesado do que imaginei.
— Céus, o que você come? — segurei suas pernas com força e senti ele cruzando pés nas minhas costas, entre uma cambaleada e outra, consegui o colocar sentado no balcão. Sentindo os braços doerem pelo esforço repentino.
— Você não para de me surpreender, mas não faça mais isso. Pelo bem de nós dois.
— O que está acontecendo aqui?
Inclinei o corpo, e Kuroo virou a cabeça enquanto ainda tinha os braços nos meus ombros. Na porta da cozinha estava um Yaku parado, com a expressão mais estranha que já havia visto. Navegava entre confusão e desgosto.
— Ah, é só o Yaku — encostei a bochecha no ombro do Kuroo —, que susto. Por que não disse algo?
— Estava usando o banheiro do primeiro andar e achei que estava ouvindo barulhos na cozinha, mas não achei que eram vocês dois. E por favor se afastem, é nojento.
Kuroo me afastou e então pulou do balcão se virando para o amigo dele — Espera, você sabia?
De repente fiquei confusa — Espera, você não sabia que ele sabia?
Para alguém que consegue prever o ataque dos adversários, é um pouco estranho não pensar que Yaku ficaria alheio a situação, principalmente depois da minha última visita ao hospital. Além dos momentos sozinhos, Kuroo foi o único que ficou para trás aquele dia e de repente apareceu me segurando no colo.
Na verdade, até Kai devia ter suas suspeitas, porém, por ser extremamente respeitoso, não havia comentado. Diferente do líbero que um dia me perguntou sem qualquer tipo de enrolação qual era a minha relação com o capitão. Questionamento esse que tive que dar uma longa resposta sobre estar no meio do caminho entre "algo" e "nada". A surpresa veio quando ele perguntou direto para mim, e não comentou nada com o amigo que dividia o time a praticamente três anos.
Durante toa a explicação ficamos sentados numa mesa no refeitório próxima à janela, já que recebia um pouco de luz da lua e não era necessário manter luzes acesas. Enquanto isso, minha perna estava esticada com a bolsa de gelo do joelho, enquanto o rosto estava apoiado na mão.
— Então quer dizer que só eu sei? — o líbero perguntou.
— Não — respondi — Aoi e Kenma sabem, Kai deve suspeitar.
Yaku esfregou os cabelos — Vocês dois são estranhos, mas como já disse para [Nome]-chan não vou falar nada para ninguém, não enquanto vocês não falarem nada.
Kuroo estava estranhamente quieto, então resolvi mudar o assunto.
— O time da Karasuno, é o mesmo time com o qual vocês jogaram na Golden Week?
Meu amigo com cabelos cor de ferrugem colocou a mão no queixo parecendo pensar — Acredito que sim, não me lembro de alguém daquela vez que não está aqui. Oh, foi sua primeira vez vendo o ataque rápido insano! O que achou?
Ajustei a postura e abaixei o braço batendo as pontas dos dedos na mesa e respondi — Temporário.
— Como assim?
— Bons jogadores conseguem se adaptar rapidamente, pode funcionar bem até isso. Mas depois, acaba virando uma questão de sorte — e continuei —, não acho a Karasuno ruim. É um bom time, mas ainda falta algo, por isso o treinador Nekomata os convidou para o treinamento.
— E o que mais? — Kuroo resolveu engajar na conversa.
— Para mim, é o time mais perigoso. Fukurodani, Shinzen, Ubugawa, e até mesmo a Nekoma tem estilos bem definidos de jogo. O que não acontece com a Karasuno, se sem desenvolver eles estão aqui, imagine quando todas as engrenagens se alinharem.
— Isso significa que não podemos ficar para trás — o capitão respondeu.
Meu alarme soou, avisando que o tempo do tratamento estava finalizado. Voltei a guardar a bolsa de gel na geladeira e voltei acompanhada dos dois garotos para os andares de dormitório. Yaku não deixou que Kuroo ficasse para trás, e o puxou depois de dizer um boa noite, acenei para os dois e voltei para onde estavam as gerentes.
A maioria delas já estavam dormindo, acordadas falando em vozes baixas estavam Kiyoko e Kaori. Andei nas pontas dos pés e me sentei no futon, seria a primeira vez que dormiria num desses, e não sabia dizer se é exatamente confortável.
— Está tudo bem? — a gerente da Karasuno perguntou apontando para a minha perna, e a marca vermelha da compressa, e por consequência, a cicatriz.
— Ah, sim, estava com gelo — respondi num sussurro — por isso está vermelho.
— Aposto que os garotos da Karasuno ficaram surpresos quando descobriram que [Nome]-chan é uma profissional.
— Acho que com mais medo do que surpresos — Kiyoko riu e respondeu —, não é sempre que se tem contato com um profissional, bem, uma profissional.
— Apesar de ser por pouco tempo, minha despedida já está marcada. Mas é legal poder ajudar de alguma forma dentro da quadra.
— Sim! — Kaori exclamou e logo cobriu a boca — É muito legal quando você ajuda os jogadores a aquecer, gostaria de poder ajudar assim, mas o máximo que posso fazer é recolher bolas.
Sorri — Posso te ensinar se quiser.
A garota balançou a cabeça — É melhor ensinar quem realmente vai usar suas preciosas dicas.
— Tenho certeza que alguns dos jogadores da Karasuno adorariam uma demonstração — Kiyoko incentivou.
Por sorte, não precisei dar uma resposta. O alarme de Kaori tocou, sinalizando sua última chamada para dormir. Caso contrário, ela não acordaria no dia seguinte.
Eu devia estar tão cansada que quando fechei os olhos por um instante, já estava de manhã novamente, e faltavam dez minutos para o despertador tocar. Coloquei o braço sobre os olhos, senti as costas doerem um pouco por não estar acostumada a dormir no chão, sonolenta, esperei o som tocar para então começar a me preparar para o dia.
Saeko, a irmã mais velha, parecia completamente apagada e alheia a todo barulho que estávamos fazendo.
— Ela está bem? — perguntei para Kiyoko quando estava prestes a sair da sala de aula feita de dormitório.
— Acredito que sim.
As gerentes se dividiram para ajudar a preparar o café da manhã, e no almoço, como eu estava no time matinal, comecei bem mais cedo. Felizmente também havia funcionárias oficiais da cozinha auxiliando nas refeições, deixando nosso trabalho bem mais fácil. Assim que tudo ficou pronto, os jogadores começaram a aparecer, e assim que todos estavam bem alimentados e prontos para começar o dia. Migramos para os ginásios.
— Bom dia [Nome]-senpai.
— Bom dia, Inuoka, Shibayama — respondi girando os ombros —, dormiram bem?
— Sim! E você?
Estiquei os braços para o alto — Também, apesar de parecer que carreguei um boi nos braços.
A frase foi dita alta o suficiente para Yaku que estava do outro lado rir escandalosamente e Kuroo fazer uma careta. Com isso sorri para os dois meninos.
— Mas provavelmente é porque não estou acostumada com futons. Se eu me alongar um pouco já deve passar, aproveitando. Podem me ajudar a distribuir os coletes?
Ambos disseram que sim e me ajudaram a organizar os itens da Nekoma antes de começar o dia de treinamento, joguei um ou outro colete até sobrar o número 4 na minha mão. Olhei envolta e Tora ainda não estava por ali, joguei o pano no ombro e esperei até o ace do time aparecer, no meio tempo cumprimentei Naoi e o treinador Nekomata.
O primeiro parecia um tanto quanto... Desmotivado, enquanto o mais velho estava mais vigoroso do que nunca. Eles me deram uma breve explicação do dia e também algumas anotações a mais que deveria olhar durante os jogos.
— Naoi, posso auxiliar no aquecimento hoje?
— Claro que sim, será de grande ajuda — o assistente pareceu se emocionar com minha decisão, visto que sua ressaca não iria passar tão cedo, ter essa ajuda era quase como uma salvação.
O último jogador entrou no ginásio, acompanhado de dois garotos da Karasuno. Um atacante, o irmão de Saeko, e o líbero. Se não me engano, Yaku disse que ele se chamava Nishinoya.
— Tora — chamei e ele parou de andar junto com os outros, seria estranho eu falar com o ace da Nekoma e não cumprimentar os outros dois, não é?
— Bom dia! — sorri na direção dos dois garotos e puxei o colete do ombro — Vou ajudar no aquecimento hoje, não demore para se alongar.
Taketora se ajoelhou e estendeu as mãos — Seu desejo é uma ordem, deusa do vôlei.
Balancei a cabeça e entreguei o colete como se estivesse colocando uma espada em suas mãos, os dois corvos estavam de boca aberta e pareciam paralisados. Parece que esse é um movimento comum deles.
Dei de ombros e me afastei, me aproximando de Kenma. Nesse ponto os times já estavam mais separados e assim que o alongamento foi feito com todos eles os times se separaram na quadra.
Sentia os olhos em mim, mas não é como se não tivesse acostumada. Primeiro ajudei Yaku com as recepções, em seguida o restante do time. Contudo, foi só quando fizemos as filas para aquecimento de corte que senti a pressão.
— Isso é diferente — alonguei os dedos e girei o pescoço — não me sinto assim desde minha primeira convocação.
— Não tem nada de errado em mostrar a força da Nekoma — Kenma me disse.
— Sobre isso, você está certo.
Kai deu o sinal para mim e jogou a bola, dei um passo para o lado a fim de me ajustar e esperei o atacante correr. O vice-capitão é um bom atacante, com um ataque sólido que bem combinado pode acontecer onde quiser, mas o seu favorito é um levantamento longe da rede e não tão alto.
A bola tocou as pontas dos meus dedos e em seguida subiu até o ponto perfeito.
— Boa cravada, Kai!
— Bom levantamento [Nome] — o moreno sorriu e bateu na minha mão.
Lev era o próximo, teria que voltar praticamente ao básico, mas mantendo a bola no alto. E assim foi até acabar o aquecimento.
— Calli-chan levanta para mim também — Bokuto pediu balançando o braço, se eu não o fizesse pelo menos uma vez, o capitão coruja não iria sossegar.
— Vai, manda — pedi, derrotada por sua vontade. No momento da animação, de alguma forma. Bokuto jogou a bola completamente torta, mas ao invés de ignorar, minhas pernas se mexeram mais rápido do que eu poderia pensar e quando vi o levantamento que fiz era exatamente aquele pelo qual era conhecida.
As mãos que se posicionam perto da cabeça, como quem segura uma coroa, e joga a bola para trás.
O capitão não é um dos melhores aces do colegial à toa, a bola praticamente cantou na quadra antes de fazer um estrondo quando atingiu o outro lado.
— Ei, cabeça de vento, você não joga a bola torta desse jeito quando Akaashi vai levantar!
Virei reclamando, nem mesmo os jogadores da Nekoma tiveram a chance de cortar meu levantamento da rainha.
— Desculpe — Bokuto juntou os dedos e fez um bico —, escapou. Mas foi um levantamento ótimo de qualquer jeito!
Não se pode discutir com um elogio, balancei a cabeça e o empurrei para a quadra ao lado, devolvendo para o time das corujas seu jogador principal, afinal as partidas iriam começar.
— Sinto que você acabou de dar mais um melhoramento para o Bokuto-san — Kenma resmungou — Fukurodani vai ser problemática de lidar hoje.
Coloquei a mão em seu ombro antes de sair da quadra — Desculpe.
Realmente, a Nekoma e todos os outros times sofreram um pouco na mão da Fukurodani. Foi só no terceiro set, que jogamos contra eles que conseguimos uma vitória, e ainda foi por um deslise. Ao menos os garotos teriam um tempo a mais para descansar por pegar a rotação antes do almoço.
Nesse meio tempo foquei em olhar com mais cuidado a Karasuno, durante o nosso jogo também ouve um acidente onde dois jogadores se chocaram deixando a atmosfera um pouco estranha. O movimento de Hinata, pareceu impensado, mas como alguém que teve que lidar com vários tipos de atacantes, a impressão que tive foi de que ele queria roubar a bola do terceiranista.
Nekomata-sensei deu uma visão dos seus pensamentos quando tivemos a chance de conversar, e sua fala foi sobre uma mudança de determinação em relação aos jogadores.
Estávamos na pausa para o almoço, então as coisas acabaram se acalmando dramaticamente, abaixei para pegar uma bola no chão, nisso vi um par de pernas se aproximando e quando levantei a cabeça o levantador da Karasuno estava parado com uma bola também nas mãos.
Num movimento quase robótico ele me estendeu a bola, porém eu já estava com uma em mãos. Ele poderia apenas soltar ela no carrinho, mas julgando pelo rosto vermelho e os olhos determinados que ele queria falar comigo. Soltei aquela que segurava, e peguei a que o camisa 9 me estendeu, a soltando logo em seguida.
— Obrigada — agradeci e apoiei a mão na borda.
Os ombros do garoto levantaram e então tomei um momento para olhar melhor seu rosto, os cabelos escuros, olhos azuis, um rosto jovem e uma certa determinação.
— D'Calligari-senpai, eu sou Kageyama Tobio — ele se curvou com tanto vigor que eu até me assustei —, um grande fã!
— Não duvido, já que disse meu sobrenome corretamente. E pode me chamar de [Nome] mesmo — ri —, olhei com cuidado seus levantamentos, você deve ter treinado bastante para isso.
— Você olhou meus levantamentos? — ele voltou a ficar reto e por um momento me perguntei se suas articulações estavam bem.
— Ainda sou a gerente da Nekoma, tenho que analisar as partidas — expliquei —, mas, além disso, como uma colega de posição, sei que ainda tem muito para onde crescer.
— Muito obrigado! — agradeceu falando mais alto do que realmente era necessário. Olhei envolta e alguns jogadores pararam para olhar, de alguma forma estranha o garoto me lembra Nico.
— Oe, Kageyama! — o capitão o chamou e se aproximou com passos rápidos pronto para se desculpar. Antes disso acontecer, eu levantei a mão.
— Está tudo bem — peguei uma bola e olhei para o relógio —, ainda temos algum tempo se importa em me mostrar sua técnica mais de perto.
Daichi também pareceu ficar surpreso — Você quer ver a técnica do Kageyama?
— É sempre interessante ver levantadores diferentes — expliquei —, se me for permitido claro.
— Capitão! — se eu tivesse que comparar, era como uma criança buscando a aprovação do pai para ir até um brinquedo.
— Bem, se é assim, tudo bem — o capitão da Karasuno colocou a mão na nuca.
— Akaashi — chamei levantando a mão, ele não estava tão longe — quer participar? Um pequeno encontro de levantadores.
O protegido da capitã Esparta pareceu pensar por um momento e então se aproximou.
— Claro, obrigado pelo convite.
Outros jogadores e também levantadores também se aproximaram, e o tempo que em tese era para descanso virou um treino livre. Kenma escolheu não entrar em quadra, mas ficou observando das laterais. Alguns atacantes se prontificaram para cortar e casualmente aqueles que estavam... Acanhados pela minha presença, resolveram começar a falar.
Aquele resto de acampamento de treino passou rapidamente, e quando vi, os corvos de Miyagi já estavam se preparando para ir embora.
Kageyama deve ter se curvado cinco vezes seguidas, ou mais, na hora das despedidas. No geral, consegui compreender o porquê dos garotos da Nekoma gostarem e acender a chama da rivalidade com esse time em específico. E também o interesse técnico em saber como eles vão evoluir.
— Então o que achou do time? — Kai perguntou.
— Interessante, mas não podemos ficar olhando muito para os outros e esquecer de nós — comentei, sabendo que as eliminatórias de Tóquio não é nada exatamente simples de vencer.
A Batalha do Lixão, corvos contra gatos, no único lugar possível: o torneiro de primavera.
Coloquei a mão em seu ombro e me virei para voltar para o ginásio — Também temos um longo caminho para percorrer.
N/A: Capítulo grande! Não quis dividir e deixar maior, já que esse primeiro encontro é o da Temporada 2, epísódios 4 e 5, e cobre apenas um fim de semana.
Terão mais momentos no acampamento de 1 semana que acontece na Shinzen.
E também logo tem a viagem da gata pra jogar pela seleção, só não decidi a ordem que isso vai aocntecer.
Obrigada por ler até aqui, como muitos sabem essa é uma versão reescrita da minha primeira fanfic lá de 2016/2017 e eu estou muito feliz vendo de como ela está sendo bem recebida.
Vejo vocês na próxima!
Até mais, Xx!
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