Miyagi Final
Nesse ponto do treino da Aoba Johsai eu já sabia dizer onde meu novo amigo de cabelos vermelhos havia exagerado, e não, em relação a Oikawa. O garoto é alguém de extrema habilidade, além de possuir uma visão afiada de jogo, olhando o capitão em quadra a sensação que tinha era de que ele podia atuar em qualquer posição em jogo e ser excepcional.
Observando seus movimentos também podia perceber alguns traços de movimento de Tobio, maneirismos escondidos, mas que vieram de observar, replicar, e encontrar a melhor forma num corpo novo.
— Dos levantadores que vi em quadra, com certeza é um dos melhores — comentei para meu pai que estava observando o treino ao meu lado. — Japão com certeza está formando muitos atletas qualificados e de performance, o nível dos torneios está bem alto, até mesmo para as províncias.
— Além da questão cultural de investir nos esportes desde a base, também existe uma vontade que parte dos jogadores. — Respondeu meu velho. — Essa geração se formando está motivada a ser o melhor que pode ser.
Quando ele disse isso, me lembrei de conversas que tive com Tetsurou a respeito do futuro, além de nós, o que ele queria, quais eram suas ambições. Foi quando ele me contou a vontade de "abaixar a rede" e fazer o esporte ainda mais interessante para as pessoas. Esportes crescem conforme a exposição que recebe da mídia ou o quão proficiente o seu país é nele.
Sorri — Vôlei é realmente muito legal.
Meu pai ficou me olhando como se tentasse descobrir o que se passava na minha cabeça, coisa que obviamente ele desistiu, voltando a olhar para a quadra. O mais velho cruzou os braços e então comentou.
— Achei que nesse ponto já teria se enfiado no meio da quadra.
De fato, eu estava vestida e preparada para isso.
— De que adianta entrar sem saber quem está comigo? É melhor observar um pouco e ver o que eu consigo absorver de informação. — Expliquei e levantei as mãos. — Não se preocupe pai, isso vai acontecer.
— É claro que vai, só estava ponderando quando.
O técnico Mizoguchi apitou e parou o treino para um descanso. A conhecida Seijoh também não tinha gerentes ajudando, então me coloquei na posição de ajudar, com o objetivo de também me aproximar dos jogadores.
Oikawa me olhou com olhos semicerrados quando me aproximei, pegando a garrafa da minha mão com desconfiança.
— Sabe que agora só está sendo rude, não sabe? — questionei. — Já está grandinho o suficiente para entender uma brincadeira.
Os ombros dele se levantaram — Não estou tentando ser... Rude. Só é estranho ter você aqui.
Levantei uma sobrancelha. — Engraçado, me falaram que você estava sempre rodeado de garotas. É porque você é meu fã?
— Com certeza — Iwaizumi cortou a conversa. — Nunca vi ele assim.
— Iwa-chan! — ralhou na direção do vice, ficando com o rosto parcialmente vermelho.
Ri com a interação deles — Nesse caso é só equalizar um pouco as visões.
Pisquei um olho e então voltei para onde estavam os técnicos, pedindo permissão para entrar na quadra para algumas jogadas. Imediatamente disseram que eu podia fazer o que quisesse, tirei a blusa do agasalho e voltei alongando os braços.
— Vamos jogar um pouco, quem sabe assim tira um pouco do seu maravilhamento — joguei os cabelos para o lado. — Ou não.
— Você ainda joga? — Hanamaki perguntou. — Pensei ter aposentado.
Expliquei brevemente minha condição, era só garantir que eu não precisasse pular muito e estava tudo bem. Obviamente fiquei contra Oikawa, afinal não conseguiria saciar a minha curiosidade jogando no mesmo time. Não sabia como funcionava a hierarquia ali, mas todos os terceiranistas ficaram ao meu lado, algo me disse que era uma forma de retaliar o capitão deles e eu não estava reclamando dessa motivação.
Levou algumas jogadas para eu me adaptar aos jogadores, mas quando as coisas engataram. Foi muito divertido, o que significa que o outro lado não estava tão feliz assim. Sem Kindaichi e Kunimi, peças-chave do time principal, a força do time junto de Oikawa não estava acompanhando a dos jogadores que estavam comigo.
— Ver essas jogadas sem ser por vídeo é muito mais irritante na realidade. — O capitão da Seijoh ralhou do outro lado da rede.
— Que bom, estou cumprindo bem o meu papel então — respondi com um sorriso, puxando seus botões. — Não esqueça de fazer suas anotações.
— Sabe, [Nome]-chan, você é surpreendentemente parecida com Fideo. — o garoto se curvou por um momento. — Não de um jeito bom.
Dessa vez minha resposta veio com uma gargalhada, repetindo seu movimento como um desafio — Nós crescemos juntos, é de se esperar. Me mostre o seu melhor grande rei, ou então vou precisar cortar a sua cabeça. Duas realezas diferentes não dividem o mesmo lugar.
Um brilho passou pelos seus olhos e então aquela nossa pequena atividade realmente ficou séria.
A minha limitação na rede equilibrou um pouco os dois times em questão de habilidade, uma vez que os garotos estavam cobrindo para mim. Do outro lado, Oikawa começou a explorar isso a sua vantagem e realmente querer vencer. Pouco a pouco, sem abrir muita vantagem, fomos galgando pontos até chegar em match-point.
O segundo anista chamado Kyotani era uma força a se provar, o ataque em que ele vinha correndo paralelo à rede era realmente desagradável. Mas os bloqueadores experientes conseguiam segurar ele, ou pelo menos dar uma chance de reação.
Na jogada, o bloqueio subiu, a bola bateu neles e voou para a lateral. Fazia algum tempo que não colocava o levantamento da rainha em quadra e aquela era uma oportunidade perfeita. Saí dos limites da linha e fiz o levantamento para trás jogando diretamente para Iwaizumi. O ace do grupo não estava no nível de força do Chapeleiro Maluco, mas era sólido em seus ataques e isso foi mais que suficiente para colocar um fim na nossa brincadeira.
— Yay! — comemorei. — Ganhamos!
Bati as mãos com os que estavam do meu lado da quadra, e quando me aproximei de Iwaizumi ele estava olhando para a própria mão.
— Sabe, perdemos para a Karasuno numa jogada parecida com essa. Daquela vez eu não consegui marcar — o moreno levantou os olhos para mim. — De certa forma sinto que me devolveu algo que tinha perdido.
— Fico feliz em ajudar. — Respondi. — Pode falar com Fideo para saber como entrar no meu fã-clube.
— Ah, até parece. — rebateu com uma careta. — Já tenho que lidar com um Lixokawa, não preciso de outro.
Nós dois protestamos ao mesmo tempo, o que tirou algumas risadas. Não sei em que momento Oikawa passou por debaixo da rede, mas agora com ele próximo podíamos conversar.
— Realmente espero te ver no profissional — disse diretamente. — Você é bom, Oikawa. No esporte, na personalidade, seus amigos podem falar melhor.
— Você parecia mais legal, sabia?
Novamente dei risada — Eu sou legal, só tenho a língua um pouco afiada. Mas é um elogio, geralmente as pessoas falam sobre sorte, mas sabemos o quanto treinamos para chegar em um certo nível. Dom, ou habilidade, não descarta o esforço. Um pouco de ego não é ruim, só não podemos deixar nos engolir, ou então paramos de evoluir por achar que já estamos no topo.
O garoto olhou para o chão por um momento, parecendo pensar e então estendeu a mão na minha direção. — Isso, sim, pareceu um conselho. Obrigado.
Respondi seu cumprimento ainda mantendo um sorriso — Ainda vai querer um autógrafo meu?
— Calada!
A tarde na Aoba Johsai foi uma das melhores partes de toda aquela viagem. O treinamento na Shiratorizawa é legal, mas eu não podia interromper tanto quanto eu gostaria, afinal o propósito era mais sério do que participar de um treino casual.
Por ser o último fim de semana, os primeiranistas estavam motivados, o que trouxe uma visão diferente. Sem falar que os jogadores do time principal da escola voltaram para treinar no último dia, o que também trouxe de volta o meu amigo ruivo. Tendou quase teve uma síncope quando contei o que fizemos com Oikawa, não acreditando que Iwaizumi também tinha entrado no esquema.
Nós iríamos partir logo após o almoço, logo não ficaremos até o fim do treino. Quando a pausa foi anunciada, me despedi dos meus conhecidos. Tsukki e Hinata se afastaram com promessas de voltar a nos encontrarmos em Tóquio para nacional.
Os outros meninos que conheci também desejaram uma boa viagem, o time dos mais velhos se despediu de maneira cordial, com exceção de Tendou que se sentiu na liberdade de me abraçar. Meu pai agradeceu a oportunidade e então retornamos para a casa de Fabrício a fim de pegar nossas coisas.
— Eh, a próxima vez que nos encontrarmos já estaremos na faculdade — Fideo comentou.
— Provavelmente — respondi fechando a mala. — Vai mesmo para Tóquio?
O loiro balançou a cabeça positivamente — Será uma boa experiência, viver um pouco de uma cidade do mundo e claro te presentear com a minha incrível companhia.
— Mal posso esperar — minha voz soou sem animação, o que causou uma reação em Fideo de puxar minha orelha de leve.
— Fala que mandei um oi para o gato preto. Vou ficar torcendo para a Nekoma daqui.
Apenas a menção de Kuroo já trouxe um sentimento diferente para meu coração, uma ansiedade para retornar. Poder ver novamente seus olhos, tocar seu rosto e até mesmo responder às piadinhas afiadas.
Mal podia esperar para voltar para meu time e principalmente, meu capitão.
N/A: Obrigada por ler até aqui!
Até mais, Xx!!
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