Me Ame Menos
❝ [Nem todas as rainhas começam como princesas] ¡! ❞
Não podia negar que fora muito divertido, depois do treino quando fomos a conveniência pude conhecer um pouco mais de cada um. E Kai pareceu bem animado em me contar todas as brigas que presenciou entre Kuroo e Yaku durante os anos anteriores. O capitão era amigável com Kenma, quase como um irmão mais velho, porém com Yaku ele soltava suas garras e cuspia veneno.
O moreno vice-capitão tinha uma aura tão tranquila que eu poderia passar horas conversando com ele. Pro desespero de Kuroo que temia ter alguma informação extra divulgada sem necessidade.
Vi também Yaku brigando com Lev, o garoto tinha suas qualidades, mas falava demais, e acabava por tirar o líbero do sério. Era engraçado ver os dois interagindo, mesmo que Yaku desse respostas tortas o novato tinha uma sinceridade desmedida que não o deixava perceber o sarcasmo latente do líbero. Já os outros garotos conversavam normalmente, Inuoka e Shibayama ficaram por perto principalmente quando surgiram algumas perguntas sobre o meu passado, de alguma maneira já não parecia doer tanto pensar sobre o que aconteceu, o gosto amargo estava presente, mas era suportável.
No fim do dia, não consegui escapar de ter ambos, Kenma e Kuroo, me acompanhando até em casa. Com a noite escura, e uma preocupação de leve do levantador, acabei por ser escoltada até a porta de minha residência.
— Obrigada — disse quando me deixaram —, mas disse ser apenas um quarteirão.
— Não... é bom andar sozinho no escuro — o levantador comentou em tons baixos — inimigos sempre se escondem nas sombras menos improváveis.
Metáforas de vídeo game, era fácil conversar com Kenma desde que você entendesse seu mundo. Por sorte, Nico e Fideo me fizeram passar por muitos jogos para entender com perfeição suas palavras.
— Cuidado na volta de vocês então.
— Nos encontramos pela manhã — Kuroo disse —, mais tarde do que o costume, já que não temos treino.
— Aye capitão —, prestei continência e me direcionei para a frente da casa, virei apenas para ver suas figuras iluminadas pela noite se afastando do portão. Fechei a porta atrás de mim e assim que o clique soou me permiti sorrir.
Nico veio correndo em minha direção, falando uma série de palavras balbuciadas, misturando japonês e italiano. Disso apenas entendi que ele e Yusuke conseguiram alguma coisa na escola. Deixei os sapatos na entrada e me abaixei pegando ele no colo.
Não tão leve quanto costumava ser — Nico, não entendi uma palavra do que disse, mas fico feliz.
Ele abraçou meu pescoço enquanto balançava as pernas, passei pela cozinha onde meus pais cozinhavam lado a lado. Pelo conteúdo na bancada seria um cardápio italiano hoje.
— Cheguei.
Meu pai olhou por cima do ombro — Bem-vinda de volta, uma hora até a melhor pasta do mundo ficar pronta.
A confiança do senhor Dominic D'Calligari, inabalável como sempre.
Subi as escadas junto de Nico e assim que coloquei ele no chão o pequeno correu para seu quarto. Entrei no meu próprio, coloquei a bolsa na cadeira próxima à mesa de estudos, ainda teria que revisar parte das matérias do dia.
Um toque insistente alertou uma chamada. O identificador me fez fechar os olhos por um instante, só queria tomar um bom banho, mas se ignorasse era capaz da pessoa do outro lado ficar extremamente chateada.
— Então, agora que entrou no time de vôlei, não tem mais tempo pro seu irmãozão?
Revirei os olhos para a voz que saia do celular, Fideo com certeza era dramático.
— Tive muito do que me inteirar nos últimos dias, e você não tem suas próprias atividades de clube? É surpreendente se lembrar de mim.
— Você subestima meu apreço por sua pessoa, sabia disso [Nome]?
— E saudade é o motivo de estar me ligando? — fechei a porta e apoiei o telefone na mesa colocando no viva voz enquanto começava a me livrar das roupas da escola. A janela estava fechada, não precisava me preocupar com alguém me espiando enquanto me despia.
— Não — o garoto riu do outro lado —, preciso de um par de tênis novos, mas os que quero, na minha numeração, só tem em Tóquio. Seu pai vem para cá no fim de semana queria saber se pode comprar para mim e ele traz.
— Já ouviu falar numa coisa chama serviço de entrega? — dobrei as calças do time, e peguei o uniforme formal da escola da bolsa.
— Sim, mas para que pagar a mais se posso ter de graça? Na loja também é mais barato.
— Você é inacreditável — disse mais alto já que estava longe do banheiro —, mas suponho que sendo a sua incrível amiga. Devo ajudar, me mande as informações e a loja que vou atrás para você.
— Já disse que você é a pessoa mais incrível que eu conheço?
— Só quando precisa de algo.
Fideo riu do outro lado — Espero te ver logo. E fale mais comigo, sinto sua falta, e de Nico. Diga que vou ensinar ele a jogar basquete da próxima vez, ele vai esquecer o vôlei rapidinho.
— Nos seus sonhos grandão.
O garoto se despediu e a ligação foi finalizada, terminei de tirar minhas roupas e segui para o banheiro. A cicatriz estava mais pálida e minha pele mais saudável, meus medos ficaram para trás e um caminho agradável se abria a minha frente. Pela primeira vez em algum tempo me senti animada para algo.
Um conjunto de vestes limpas vestiu meu corpo nos trinta minutos restantes sentei na mesa para poder organizar minhas tarefas. No meio tempo, Aoi me mandou uma mensagem implorando para a ajudar na tarefa de química.
A noite chegou, se deitou e quando seu véu escuro deixou o dia nascer na manhã seguinte o sol brilhou anunciando um novo dia. E, além disso, era um dia que prometia muitas coisas, animada segui para o ponto de encontro bem a tempo de ver Kuroo e Kenma caminhando pelas ruas vazias.
— Parece animada hoje — Kuroo me cumprimentou —, imagino que não é para mim toda essa alegria.
— Pobre Salem, está aprendendo que o mundo não gira ao seu redor — coloquei a mão em seu ombro —, está tudo bem. Humanos são assim.
— Salem? — repetiu confuso, Kenma, por outro lado, escondeu um riso com a mão.
— Realmente parece [Nome].
— E não é? — concordei com o levantador dando alguns passos para longe abrindo um sorriso por saber que ele não iria retrucar — Por sorte eu sou uma pessoa muito mais humilde que você.
— Salem é um gato — respondi enquanto o caminho era percorrido —, posso dizer ser um protagonista do sitcom ocidental chamado 'Sabrina, a aprendiz de feiticeira'. Um felino deveras sarcástico, que antes era um humano sendo condenado; por ser egoísta, sedento por poder, e tentar dominar o mundo, é claro. Além disso, ele é muito sensível e chora com frequência, me diga Kuroo como anda seu psicológico? Posso ser um ombro amigo se precisar.
— Vou me lembrar disso, Calli-chan.
Agora com um apelido para rebater o príncipe da química já não me chateava tanto, a viagem até a escola foi tranquila, já nos prédios do colégio Nekoma acabamos por nos separar visto que Kenma era do segundo ano. Yaku e Kai eram de outras salas, Kuroo indicou para eu entrar primeiro com uma reverência exagerada.
Se ele queria fazer com que as garotas me odiassem mais, com certeza estava conseguindo. Principalmente uma certa víbora que atendia por Natsumi.
Aoi revirou os olhos reclamando sobre o capitão do time masculino de vôlei quando nos aproximamos.
— Fala sério, já é bem insuportável ter que aguentar o fanclube dele — minha amiga reclamou —, depois ele despedaça seus coraçõezinhos insignificantes e ficam chorando pelos cantos. A propósito [Nome], ouvi dizer que os times masculinos estão muito chateados por ter virado gerente do clube de vôlei.
Ri genuinamente, talvez a primeira vez em classe — E, por que isso?
A garota sentada na carteira atrás de mim, ficou corada — Bem, primeiro porque você é bonita, segundo que... Bom, não ligue, é o tipo de boato idiota que espalham.
— Pode ter certeza que já lidei com coisa pior — principalmente da mídia —, eu aguento.
— Algum paspalho espalhou que você só entrou porque está interessada em algum dos meninos.
Balancei a cabeça — Claramente nenhum sabe que fui profissional, ou qualquer outra informação sobre mim. Atacar e espalhar bobeiras é uma defesa, bem imatura devo admitir, não é tão fácil chegar assim até mim.
Ela pegou minha mão entre as suas — Por favor me ensine [Nome]-sensei!
Cobri a sua mão com a minha — Escute Aoi, não perca seu precioso tempo com garotos de olhos bonitos.
Nesse momento reparei que Kuroo sentado da careira do fundo tinha a mão apoiada no rosto e parecia prestar atenção na minha conversa com Aoi. — Se só tiver isso de bonito para se observar, não serve para você, no mínimo precisa te tratar como uma rainha.
Voltei para olhar para minha amiga e pisquei, antes de levantar a mão e apertar sua bochecha — É meu conselho para você hoje.
O professor entrou na sala e interrompeu nosso diálogo, não precisava me virar para saber que o olhar queimando na minha nuca era de Kuroo. Abri o caderno e rascunhado no topo da página do meu caderno estava uma frase de Alice no País das maravilhas 'Não é que eu goste de complicar as coisas, elas é que gostam de ser complicadas comigo.'
Talvez eu tivesse iniciado um jogo perigoso, mas a curiosidade de saber como o seria o final era um pouco maior, Kuroo Tetsurou estava avisado, só me restava aguardar sua próxima jogada.
N/A: Hellou meu amores! Não sei se alguém já usou a comparação Kuroo-Salem, mas foi uma epifania muito grande é igual!
Alguns avisos: bom, nessa fic aqui "Alice no país das maravilhas" é uma 'coisa', assim como Fall Out Boy é para Immortals. Então terão mais referências ao livro no caminho, paralelos com rainhas e princesas também, mas será explicado.
Segundo, a antiga Ren deu lugar para a Aoi porque faz um pouco mais de sentido, na versão antiga a Kuroo[Nome] ficou muito só com o time. Nessa quero que ela tenha um pouco mais de vida escolar.
A frase no topo do capítulo é do Salem também. Vejo vocês na próxima!
Até mais, Xx
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