Gato da Sorte



— Certo, me escutem bem, nós temos uma missão.

Era um sábado, nosso pequeno grupo de terceiranistas resolveram fazer uma visita a um templo a fim de pedir boa sorte para o próximo ano e passar o dia fazendo absolutamente nada.

Yaku bocejou — Além de pedir sorte?

— Claro que sim — respondi me aproximando do meu namorado e pegando sua mão, imediatamente ele colocou as duas juntas dentro do bolso do casaco. — Temos que dar um jeito de deixar Kai e Aoi sozinhos, quem sabe assim eles se resolvem.

Tetsurou tombou a cabeça para o lado por um momento — Eu não sei se é uma boa ideia fazer isso, Aoi... Bom, é capaz dela desmaiar.

— E Kai é um cavalheiro, vai a segurar se isso acontecer — rebati —, ela precisa dar o primeiro passo. Sabe quantos suspiros ela deu essa última semana? Não pode continuar assim.

O líbero trocou o peso da perna e então começou a olhar para o chão acertando os pés para ficarem dentro dos paralelepípedos de pedras — O que faz você ter tanta certeza de que Kai corresponde? Aoi é fofa e tudo, mas não se forma um casal se ambos não se gostam.

Deitei o rosto no braço de Tetsu — Olha só o demônio-senpai tem sentimentos, não sabia que tinha um coração escondido atrás de todo esse mau-humor. Até que tem um romântico dentro de você Yaku.

Ele fez uma careta — Vou entender que é um elogio, sua palhaça.

Dei risada — Apesar de estar certo, sei que Kai corresponde, do jeito dele, mas corresponde. Só é gentil demais para dar o primeiro passo, Aoi que precisa criar alguma confiança e falar de uma vez.

— Sabe como? — questionou. — Nós que somos amigos deles há três anos não sabemos, por que você sabe?

— Sabendo, é instinto.

Meu amigo parou de se mexer e abriu a boca incrédulo, ele colocou a mão no rosto passando para os cabelos em seguida. — Espera aí, você vai criar uma situação para forçar seus amigos a se confessarem só porque está sentindo? Wah, você é inacreditável e não de um jeito bom.

— Vamos fazer uma aposta então? — sorri lançando o desafio. — Se der certo, você carrega a minha bolsa todos os dias do nacional e se eu estiver errada, coisa que não vai acontecer, eu carrego a sua.

Estendi a mão em sua direção, Yaku sorriu e a segurou — Feito.

— Talvez queiram disfarçar agora, os dois estão se aproximando — disse o capitão olhando para o outro lado. Segui a direção em que ele estava olhando para ver que eles vinham caminhando juntos. Aoi parecia estar andando como um robô, mas estava próxima de Kai.

— Bom dia — Aoi disse dando um pulo na minha direção e me abraçando pelo pescoço. — Estamos atrasados?

Neguei — Nem um pouco, acabamos chegando cedo. Vieram juntos?

— Nos encontramos na saída do metrô — Kai sorriu —, caminhamos juntos até aqui.

Minha amiga lançou um olhar na minha direção, em seguida pegou a minha mão livre me puxando, começando com uma aula de história sobre o local em que estávamos.

O tempo se chamava Gotoku-ji, mas também é conhecido como "Templo do Maneki-neko", o famoso gato japonês. Aparentemente todos os templos são conhecidos por um tipo específico de sorte, existe até o templo dos gamers, o Kanda Myojin onde dizem que se pede por sorte em tecnologia, negócios e proteção financeira.

— A lenda diz que um samurai estava passando por aqui num dia de tempestade e na frente de um portão havia um gato levantando uma das patas, como se estivesse o chamando. O samurai entrou no templo e um raio caiu exatamente no lugar onde ele estava antes.

— Não é um movimento que a maioria dos gatos faz? — Yaku disse. — Principalmente quando querem algo.

— Ignore ele e continue Aoi — pedi.

Minha amiga riu — Bom, dizem ser a origem do Gato da Sorte japonês. Parece o lugar ideal para nós estarmos.

O local era repleto de árvores e a famosa figura do gatinho branco estava por todos os lugares, haviam mais de centenas deles empilhados pelo caminho. No centro do terreno havia uma estrutura de aproximadamente três andares, uma construção típica budista cercada de jardins. Era como um pedaço de história e tranquilidade, longe do centro agitado e tecnológico de Tóquio.

Paramos para comprar pequenas estátuas de cerâmica do Maneki-neko, escrevemos nossos desejos para o próximo ano e então deixamos nossas preces no altar principal do templo.

— Eu devia comprar alguns desses para Nico e seus amigos — comentei apenas para Tetsurou vendo as pessoas passarem com pequenas lembranças do tempo. — É bobo?

Ele negou com a cabeça — Não, por que seria? Aposto que eles vão adorar.

Tetsu se inclinou beijando a minha bochecha — É mais barato do que distribuir bolas da sorte do vôlei.

Ele não estava errado, estávamos mais afastados, então o grupo não reparou quando nos afastamos, exceto por um. Yaku olhou na nossa direção e eu fiz um sinal para que ele se afastasse, o líbero fez força para não revirar os olhos, mas seguiu nosso combinado. Corri com o capitão para comprar uma série de miniaturas para presentear meus rebeldes sem causa e depois. Enquanto isso, o líbero parecia escondido atrás de uma parede, fingindo estar numa ligação.

— Pode parar de fingir agora — coloquei a mão em seu ombro. — Vamos dar a volta e ver o que acontece do outro lado.

Nós três nos posicionamos do outro lado vendo eles de costas.

— Ainda não acredito que estamos fazendo isso e se não acontecer nada?

— Quieto gato preto — ralhei me inclinando. — Confio na minha garota.

Meu namorado me olhou de canto de olho de uma forma estranha, essa escolhi ignorar. Ele já me conhecia bem o suficiente para saber se tinha algo escondido nas minhas palavras ou não, e podia ser que estivesse prestando mais uma ajuda do que qualquer outra coisa.

Os dois estavam sozinhos, vi Aoi trocar o peso de perna algumas vezes mexendo nervosamente na bolsa que era carregava de lado, até que enfim ela tomou coragem no meio da meia dúzia de palavras que eles estavam trocando para entregar uma carta para Kai.

— Ela entregou! — bati no meu namorado algumas vezes, fraco, mas para mostrar a minha animação, principalmente porque o vice-capitão da Nekoma aceitou o papel.

O capitão segurou minhas mãos — Eu sabia, [Nome] você combinou algo com Aoi?

Merda.

De repente quem estava contra a parede era eu e então ambos jogadores estavam de frente para mim.

— Desembucha Rainha de Copas.

Pressionei os lábios juntos e balancei a cabeça negando, Tetsu então entregou a sacola com as lembrancinhas para Yaku e balançou os dedos na minha direção, indicando uma tortura por cócegas. Segurei suas mãos longe de mim.

— Por favor, não.

— Então fale de uma vez.

— Eu não posso, Aoi é minha melhor amiga — reclamei ainda mantendo suas mãos longe. — Não vai forçar sua namorada a quebrar a confiança da sua amiga, vai?

Fiz um bico e encarei seus olhos, Tetsurou parou por um momento, tomei essa oportunidade para erguer os pés e deixar um selinho em sua boca.

— Fala sério vocês dois, nossa aposta está cancelada por manipulação — reclamou o líbero. — Vamos comer logo, estou faminto. Aqueles dois já devem ter se resolvido e eu vou morrer se continuar perto de vocês.

Yaku saiu batendo os pés.

— Ei, cuidado com os gatinhos de porcelana — disse enquanto ele andava para longe com a minha sacola. O garoto apenas levantou a mão e continuou seguindo na direção de Kai e Aoi.

Tetsurou segurou a minha cintura com as duas mãos impedindo de me mover — Yaku pode ter deixado de lado, mas eu não, você vai me contar direito depois o que aconteceu.

Juntei as mãos no seu peito brincando com os botões do seu casaco — Não pode deixar passar só dessa vez?

O capitão sorriu e abaixou a cabeça devolvendo o beijo que dei antes, ele sorriu e deixou a testa encostada na minha por um momento.

— Não. — Depois disso tomou minha mão na sua e me puxou, deixei a cabeça cair para trás olhando para o céu por um momento, mas não impedindo um riso fraco de puxar os cantos dos meus lábios para cima. Teria que dar um jeito de me desculpar com Aoi, depois.









N/A: Obrigada por ler até aqui!!

Até mais, Xx!!

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