Corvos Visitantes
A cena é um pouco diferente da que estou acostumada, Kuroo e Kenma estavam na porta da minha casa, vieram me buscar. Nekoma foi a escolhida para sediar o primeiro encontro antes das eliminatórias do torneio de primavera começarem. Seriam cinco escolas juntas, eu devia estar com o time para os ajudar, afinal ainda é a minha função.
Mas o cenário incomum era o pequeno que estava quase escondido atrás de mim, impedindo de continuar o caminho. E o motivo deles vieram até a porta e não me esperar na rua como de costume.
— Qual é o problema Nico? — coloquei a mão na sua cabeça — Não foi você que pediu para Kuroo vir aqui?
Meu irmão soltou minhas vestes e olhou para cima buscando meu apoio, sorri e ele deu um passo para frente. Mexendo nas mãos nervosamente.
— Eu... — Nico pareceu tomar um fôlego de coragem e bateu um pé no chão — Obrigado pelas meias!
Até eu me assustei com o grito que ele dei se curvando de uma maneira quase agressiva para o capitão. Coloquei a mão na boca contendo um riso, pois a situação é adorável.
Kuroo piscou algumas vezes e se abaixou para ficar com os olhos na altura dele tomando a liberdade para afagar os cabelos dele — Não foi, nada. Fico feliz que gostou.
Nico pareceu se soltar, afinal é o atual modelo dele que estava parado ali. Ele ficou com as bochechas vermelhas e deu um passo para frente, fazendo algo que nem mesmo eu imaginaria, abraçar Kuroo.
Parece que ele disse algo para o capitão, pois ele riu e soltou o pequeno logo em seguida.
— Pode deixar — afirmou, franzi o cenho me perguntando o que era que ele havia dito.
Meu irmão deu alguns pulinhos de animação, ele me deu um beijo na bochecha e então eu fechei a porta para seguir com a dupla até a escola.
Fiquei olhando Kuroo, e esperando.
— Não fique me encarando assim majestade, fico com vergonha — o moreno colocou a mão no rosto fazendo um drama.
Balancei a cabeça — Não vai me falar?
— Falar o quê? — mais uma vez ele se fez de desentendido.
— O que Nico te disse.
— Ah, sim. Isso — ele deu um longo resmungo, segurou o queixo e virou o rosto para mim com um sorriso largo e olhos fechados — Não, é segredo.
Apertei a alça da bolsa sentindo veia saltar na minha testa, esse garoto me surpreende a cada dia. Se eu não tivesse vivido os momentos que tive com ele, nunca iria imaginar que estava tentando roubar meu coração.
Visto que ocasionalmente a minha vontade é de o esganar.
— [Nome] — Kenma me chamou ignorando a resposta torta do amigo —, tem certeza que está bem? Para participar do acampamento.
— Sim, não tem nenhuma complicação — ergui a perna dobrando e esticando —, estou com uma joelheira para garantir. Só não posso participar de um jogo treino dessa vez, no máximo ajudar em alguns levantamentos.
Passei o braço por cima de seu ombro — Obrigada pela preocupação.
— Não... — Kenma abaixou a cabeça para esconder o rosto corado — Você é nossa gerente, suporte é um personagem fundamental para vencer o jogo.
— Falando em jogo, como que funciona o acampamento de treino? É a primeira vez que participo de um completo, só recebemos a Fukurodani antes disso.
Durante o caminho os dois se dedicaram a explicar para mim como foram as organizações dos anteriores. As salas de aula eram feitos de dormitório e os treinos geralmente eram eram sets revezados e seguidos. Como dessa vez tinha uma escola a mais, uma delas teria um descanso antes de voltar para a quadra.
Fora as duas gerentes da Fukurodani, cada escola viriam mais garotas que precisariam de um auxílio. O número de jogadores também seria muito maior.
Chegamos no colégio um pouco mais cedo, para preparar as salas e dividir os locais dedicados a cada escola. Como combinado com Kai e Yaku, nenhum dos outros garotos do time souberam do que aconteceu na última semana.
— [Nome] — Naoi se aproximou de mim com uma folha — essas são as salas que vão ser dividas. Pode pegar alguns jogadores com você e as organizar enquanto os times não chegam.
— Pode deixar — agradeci pegando a folha.
Fiz menção de me afastar, mas lembrei de algo — Ah, Naoi! E os itens de jogo como garrafas e toalhas? Como fazemos?
— Deixamos nosso depósito separado por escolas, quando terminar com as salas posso te mostrar.
— Certo, obrigada!
Havia um lado bom em precisar organizar tudo, um deles era manter a mente ocupada. Segui com uma parte do time para as salas, enquanto o restante ficava na quadra para organizar os equipamentos. Separei os garotos para deixar a tarefa mais eficiente, e então comecei a fazer a minha parte.
Ouvi a porta abrir atrás de mim depois que empilhei a última carteira, a pessoa carregava futons o suficiente para cobrir seu rosto.
— Pode colocar no canto por favor — pedi e ajustei a pilha de cadeiras contra a parede.
— Seu desejo é uma ordem.
Senti um choque percorrer minha coluna causando calafrios, só uma pessoa no mundo usava esse tipo de frase comigo.
— Achei que estaria esperando os outros times na frente da escola Kuroo — apontei.
— Ainda deve demorar para eles chegarem — o capitão colocou os futons no chão —, eles ainda devem demorar um pouco para chegar. Não faz mal algum ajudar um pouco.
— Certo — cruzei os braços — porque você sempre foi gentil desse jeito.
O capitão andou com passos firmes na minha direção, apoiando uma mão de cada lado meu — Você sabe bem sobre isso.
Coloquei a mão em seu tórax espiando por cima de seu ombro — O que deu em você? Alguém pode ver.
— Você subestima as minhas habilidades, Calli-chan — seu rosto inclinou em minha direção — não tem ninguém no andar.
Segurei seu ombro, para alguém que até então estava incerto sobre o nosso pequeno jogo de provocações, seus gestos se tornaram audaciosos — Kuroo!
— Tetsurou — corrigiu me olhando nos olhos — me chame pelo nome.
Engoli seco, eu não sei o que aconteceu com ele, mas com certeza foi algo. A mãos que estava em seu ombro foram para seu cabelo, os fios escuros ficando entre os meus, sua boca buscou a minha, mas ao invés de ceder aos seus encantos, puxei sua cabeça para trás.
— Acho bom você soltar porque está agindo assim de repente quando a nossa última conversa foi que ia esperar minha resposta.
Kuroo soltou um sibilo de dor e sorriu, rindo em seguida. Ele levantou a mão para a minha pedindo para soltar os fios e se afastando.
— Se eu dizer que sinto falta da sua boca na minha vai acreditar? — mantive o aperto e mais uma vez ele reclamou de dor. Me fazendo levantar os cantos da boca num riso.
— A verdade Tetsurou — seu nome envolveu minha língua, fazendo o sotaque ficar mais intenso. Ele engoliu seco.
— É a verdade, mas... Terá muitos garotos por aqui, caras novos. Só queria dar algo para pensar em mim — confessou.
Soltei seus cabelos — Não dói ser sincero.
Ele esfregou o lugar que segurei, o empurrei e então respirei fundo — Nada nasce de uma relação sem confiança. Nunca agiu assim, não é agora que precisa começar. Não é porque eu te coloquei na espera que precisa ficar inseguro.
Em algum nível entendo seus gestos, não quer dizer que são certos ou errados. Impensados, sim.
— Quem foi? — questionei, sabendo que não algo que aconteceu somente por seus pensamentos. Visto que nem quando Fideo apareceu declarando seu "meu homem" ele agiu dessa maneira.
Culpa apareceu nos seus olhos — Tora.
Balancei a cabeça — Posso imaginar algumas histórias fantasiosas vindo dele, mas são exatamente isso. Histórias, é mais inteligente do que isso.
Kuroo abaixou a cabeça colocando a mão na nuca — Desculpe.
Olhei para a porta, ele parecia estar falando a verdade em relação a estarmos sozinhos no andar. Levantei os pés para conseguir alcançar seus lábios num selinho rápido — Vá trabalhar capitão, ao invés de se preocupar com besteiras.
Não me virei para ver sua expressão, coloquei a própria mão no rosto para esconder a minha vergonha. Estou a acostumada a ser a predadora, não a presa. O ter praticamente avançando na minha direção fez algo na boca do meu estômago se revirar.
Nunca iria admitir, mas ele realmente me deu algo para pensar.
Andei na direção do ginásio para encontrar com Naoi, o nosso depósito tinha quatro cones dividindo áreas que podiam ser usadas pelas gerentes. Os utensílios da Nekoma estavam nos armários, então o uso do espaço não foi prejudicial.
Fukurodani chegou primeiro, seguida da Shinzen e então a Ubugawa.
As gerentes já se conheciam, o que me fez ficar um pouco temerosa em ficar de alguma forma excluída. Porém, as duas garotas da Fukurodani fizeram a ponte deixando o clima agradável.
— [Nome], você conhece essa nova escola? — Kaori, uma das gerentes das corujas.
Balancei a cabeça — Não fui com o time para Miyagi, havia acabado de começar como gerente, fiquei com o resto do time aqui em Tóquio. Mas os garotos voltaram animados, algo de especial deve ter.
Como se fosse combinado, o time dos "corvos" entrou no ginásio. Liderados por Kuroo, os times estavam aquecendo, então a princípio ninguém prestou muita atenção. Me despedi das garotas e fui de encontro com as duas garotas paradas perto do time.
Pensei que eles tinham apenas uma gerente.
— Olá, sou [Nome] D'Calligari, gerente da Nekoma — me apresentei —, vou indicar como os times estão organizados.
— Obrigada, sou Kiyoko Shimizu essa é Yachi Hitoka — a mais alta delas disse calmamente se curvando para frente. — Estaremos aos seus cuidados.
Assim como os outros times que chegaram, eu recitei toda a folha que Naoi havia me entregue. Apresentando também um pequeno guia para a divisão de dormitórios para poderem dividir com seus times.
— Toda a parte de lavanderia está disponível para o uso, só me avisar que venho ajudar. Vou deixar vocês se acomodarem, podem me chamar se precisarem.
Elas agradeceram e eu me afastei, Yaku levantou a mão me chamando pedindo auxílio no seu aquecimento. Como ainda tinha um time para aquecer, assim seria mais rápido. Tora e dois outros dois garotos da Karasuno, um careca e outro... Peculiar. Pareciam conversar na lateral, mas de alguma forma sentia seus olhares sobre mim, o ace da Nekoma parecendo de alguma forma vitorioso.
— O que eles estão fazendo? — perguntei para meu amigo líbero.
— É melhor não perguntar.
Joguei a bola para cima e cortei, encerrando a nossa conversa. Como sempre, Yaku estava no topo de suas habilidades de defesa. Perguntei se Kenma queria ajuda para levantar para os jogadores, mas ele disse que o primeiro anista Tamahiko já tinha se oferecido.
— Oe italiana! — Bokuto gritou.
— Bem que achei que estava demorando — disse para Yaku.
— O que é? — Virei em sua direção.
— Faz um levantamento para mim — pediu com os olhos brilhando.
O time e o levantador atrás dele tinham uma careta no rosto. Sorri e respondi — Não.
— Ah! Por quê?
— Hoje não é um treino só Nekoma e Fukurodani, tem mais escolas e os visitantes estão esperando para se aquecerem. É melhor dar a quadra para eles, ser bons anfitriões já que o grupo é da Fukurodani né.
Bokuto pareceu pensar e colocou as mãos na cintura com certo orgulho — Se é assim, não tem jeito. Onde está o Kuroo?
Apontei na direção e ele saiu em seguida, essa é sua para resolver Salem.
— Impressionante — Konoha, que é um dos pontas do time disse —, fora a capitã Esparta e o Akaashi você é a única pessoa que conseguiu dobrar o Bokuto de primeira.
— Vou levar como um elogio — acenei e voltei para a minha posição original.
Oficialmente os times se apresentaram, e foram recebidos no primeiro acampamento de treino do ano. Junto de Naoi e treinador Nekomata, marcamos os pontos e as variedades de ataques feitos para cada um dos sets jogados.
Entre descansos descobri que o amigo de Kenma, Hinata, estava recebendo aulas complementares e não pode vir. O mesmo para o levantador monstro.
— O que está pensando [Nome]-chan? — treinador Nekomata me chamou.
— Pelo que os garotos disseram, Karasuno deu um certo trabalho na Golden Week por conta dos dois jogadores faltantes. Me parece preocupante um time que se mantém acima da média por conta de dois jogadores que hoje só funcionam em conjunto.
O mais velho deu risada — Não está errada, mas é exatamente para isso que serve um acampamento de treino. Para melhorar.
Então clicou, sei que a visão do treinador para vôlei é extremamente aguçada, ele viu no time dos corvos uma oportunidade. Mas ela só seria agarrada sob uma perspectiva diferente, mudança essa que o fez insistir no convite para Karasuno participar. Rivais que avançam juntos e agarram a todas as chances de melhora, tudo para chegar no ponto final.
A batalha do lixão.
— Treinador, você é um gênio — segurei a minha animação fechando a mão envolta da caneta — por favor continue me ensinando.
O mais velho riu abertamente — É uma honra ouvir isso de você.
Em certo momento, quando os jogos estavam para acabar a porta do ginásio se abriu.
— Então as estrelas chegam atrasadas para causar? — ouvi Kuroo falando de dentro da quadra — Que irritante.
A Fukurodani, que é o time adversário nesse set, também parou por um segundo a fim de olhar a dupla bizarra da Karasuno. Nekomata-sensei sorriu, e de repente fiquei ansiosa para ver como aqueles dois primeiroanistas iriam mudar a balança a favor dos visitantes.
Foi apenas quando os times trocaram de adversários que foi possível os colocar em quadra. Karasuno foi enfrentar a Shinzen enquanto a Fukurodani fazia uma pausa.
Rápido, é a única palavra que tenho para descrever. Não importa o quão bom seus reflexos são, leva tempo para se acostumar a certas movimentações. Limitando a partida a um único set, a combinação dos números 10 e 9 da Karasuno é praticamente letal.
Tombei a cabeça para o lado falando para mim mesma — Isso tudo é muito interessante.
Os gatos estavam enfrentando a Ubugawa, Lev — depois de uma longa temporada de treinos com Kenma — finalmente começou a se moldar como um bom jogador. Conseguindo ficar por mais tempo na quadra, o bebê russo fechou o set 25 a 20 e finalizou o último jogo do dia.
Coloquei a prancheta de lado e fui ajudar os jogadores.
— Estou faminto — Yaku disse.
— Yaku-san, como é possível você não crescer sendo que come tanto?
O líbero acertou o primeiranista tagarela, retrucando que isso não tem a ver e que é genética básica.
— Bom trabalho Kenma — entreguei uma toalha, ele não teve forças para responder, apenas balançou a cabeça. Os nove sets jogados tirou todas suas forças.
Os times se misturaram um pouco, Ubugawa e Shinzen fazendo as últimas punições. Entre algumas conversas. Kuroo foi apresentar apropriadamente os outros capitães para o camisa 1 da Karasuno.
Inuoka também foi cumprimentar Hinata já que ele chegou e foi praticamente jogar direto.
— [Nome] — Naoi me chamou — pode pedir para Kuroo trazer os capitães? Vamos passar algumas orientações.
— Claro, sem problemas.
Atravessei as quadras até chegar onde os cinco estavam reunidos, mais alguns jogadores da Karasuno que pelo que entendi eram do terceiro ano.
— Kuroo — chamei, escolhendo ignorar seu pedido de o chamar pelo nome. Pelo menos por enquanto — Naoi está chamando os capitães.
— Está bem.
— Oh, não sabia que a Nekoma tinha uma gerente — um deles comentou de maneira solta —, ah! Me desculpe! Asumane Asahi.
— Não tem problema, eu não fui para semana de treinamento, é normal pensar isso.
Nesse instante ouvimos um grito.
— Kageyama! Ele parou de respirar!
A roda se abriu e o levantador deles estava completamente paralisado na nossa direção.
— Oe Kageyama! — passaram a mão na frente dos olhos deles, mas estava paralisado como uma estátua.
Troquei um olhar com Kuroo, sabendo um possível motivo por conta daquela reação. Meu capitão sorriu.
— Ah, sim, bem é esperado perder as palavras quando a levantadora U-18 da seleção italiana está na sua frente. Também ficamos surpresos.
Considerando que eu tenho um jogo pela frente, não posso nem o corrigir falando ser uma ex-jogadora.
— Seleção?
— Italiana?
— Levantadora?
Me virei na direção do time — Olá, sou, [Nome] D'Calligari.
Para aqueles mais conhecedores, o sobrenome bastou para arrancar alguns olhares arregalados e bocas abertas. Kuroo parecia satisfeito com o caos instaurado, e também pela atenção e prestígio do meu título, cocei a lateral da cabeça e o empurrei dizendo para levar os jogadores para treinador Nekomata assim que possível.
Enquanto isso, recolhi as garrafas do dia, deixei as outras gerentes organizarem primeiro e fiquei até mais tarde no depósito para as lavar e deixar prontas para o dia seguinte. Meu histórico esportivo sendo o assunto principal, sei que tenho minha fama, mas ter alguém paralisando na minha frente foi uma experiência nova.
Sequei as mãos e saí do ginásio, quando voltei para o prédio da escola dei de frente com Bokuto, Kuroo e o grupo de terceiranistas de deus respectivos times.
— Nem estamos jogando, por que parece tão triste Bokuto?
— Calli-chan — ele ergueu o rosto choroso —, acha que a capitã esqueceu de mim?
Fiz uma careta — Por quê?
— Kuroo disse que ela pode me esquecer, já que está na semana de treinamento do grupo feminino.
— Isso não vai acontecer — Konoha fechou os olhos e cruzou as mãos atrás do pescoço.
— Ei cara — Komi, o líbero da Fukurodani bateu em suas costas — tenha um pouco mais de confiança.
Nesse instante, o celular dele tocou. Seu rosto se iluminou e a primeira frase que ele disse antes de se afastar foi, "eu sabia que você não ia esquecer de mim!". O senso de percepção da corujinha parece ultrapassar até mesmo a distância.
— Pelo menos isso vai manter ele motivado até o fim do acampamento.
— Obrigado capitã Esparta — o líbero juntou as mãos e olhou para o céu.
No fim, a tentativa de Kuroo o colocar para baixo, virou a mesa e serviu de incentivo.
Virei o rosto na direção do príncipe da química e bati no seu peito com as costas da mão — Não é porque você caí nas besteiras dos outros que precisa passar para frente.
Salem me lançou um sorriso dissimulado — Não sei do que você está falando.
Canalha.
N/A: Capítulo grandão, espero que gostem.
Será que o Kageyama vai conseguir falar com a lenda?
Vamos descobrir! Obrigada por ler até aqui.
Até mais, Xx!
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