Competition




— Hoje é o dia que estávamos esperando — andei na frente dos jogadores da Nekoma com uma pose séria, como a quem está discursando para seu pelotão. — Não há espaço para derrotas, neste dia devemos sair daqui com a vitória. Se preparem para entregar suas vidas nesse campo de batalha.

— Sim, Deusa do Vôlei! — Tora prestou uma continência enquanto o restante apenas estava me olhando como se eu fosse uma alienígena.

Yaku estava com uma careta e uma boca meio aberta — É só um jogo de queimada, [Nome]. Por que todo esse drama?

— É motivo para perder? — me virei mantendo as mãos cruzadas atrás das costas. Apontei para o outro lado da quadra. — Nossos adversários querem nos destruir, estamos empatados, se perdemos, se prepare para ouvir de Kuroo o resto do ano letivo e além. É isso que você quer?

Sorri, um riso contorcido que puxou os cantos da minha boca para cima — Principalmente da última vez que ganharam com um movimento roubado. Eles merecem como punição a destruição completa.

Mais uma vez meu amigo fez uma careta, dessa vez balançando a mão — Está bem, faça o que te deixar feliz.

Entre treinos livres e pausas, eu junto com os jogadores desenvolvemos uma pequena competição de queimada. Era bom para manter os músculos aquecidos, mas também atiçava a parte mais competitiva de alguns de nós — eu e Kuroo —, que contamos vitórias e derrotas com fervor. Atualmente o placar estava empatado por 16 vitórias para cada, erroneamente, pois da última vez Lev que estava no time do capitão fez uma jogada dúbia que resultou numa vitória também não merecida.

— Se levantem soldados, pois hoje devemos triunfar na face do mal — levantei a mão em punho.

— Sim! — Tora, Inuoka e Shibayama me acompanharam no grito, e Fukunaga levantou a mão em punho mostrando sua determinação. Apenas um deles não parecia animado, revirando os olhos com meu discurso.

— Kuroo-senpai — Lev disse do outro lado, com um tom de reclamação. — Por que não fala esse tipo de coisa para nós?

O capitão deu de ombros — Porque vamos ganhar de qualquer jeito, mas já que insiste. Avance e conquiste.

Senti a raiva subindo a minha espinha, era como nos primeiros dias, provocações sem serem tão veladas e uma vontade tremenda de enfiar uma bola de vôlei bem em sua cara. O sorriso que ele deu depois disso também não ajudou a conter a raiva temporária.

Kenma não participava, o que deixava ele com a função de jogar a primeira bola, Inuoka e Lev se posicionaram na linha e então começou. O bebê russo pulou mais alto, mas bateu de forma desengonçada no objeto que rolou para o nosso lado, Tora que a agarrou. Sem perder tempo, ele deu dois passos e então atacou tentando mirar o mesmo garoto de cabeça acinzentada. Lev se torceu quase como um 'c' deixando a bola na mão de Kai, em seguida ele tomou impulso e fez o arremesso. Ninguém foi acertado.

Não precisou de muito tempo para o jogo ganhar um ritmo intenso e competitivo, antes mesmo da quadra eu já estava alimentando esse espírito de vingança. O time de Kuroo fazia passes entre eles antes de atacar o que acabava fazendo nosso time sem ter muito para onde se movimentar, em contrapartida, tínhamos jogadores fortes que ganhavam quando a bola saía do controle e caíam no chão sem ninguém para salvar.

Chegou ao ponto que do meu lado restava apenas eu e Yaku, e do outro Kuroo e Lev.

— Não me desaponte demônio-senpai — pedi vendo os "queimados" passando a bola pelas laterais tentando pegar nossa melhor posição.

— E alguma vez fiz isso?

Um sorriso largo se estendeu pelo meu rosto, essa não tinha como rebater. Tamahiko, o levantador reserva, se preparou para atacar, mas salvei a segurando entre os braços. Lev pareceu se atrasar para correr e foi quando mirei nas suas pernas o tirando do jogo. Agora só estava um.

O capitão fez uma careta e engoliu quando a bola voltou para minha mão — Ficar por último não parece ter sido uma boa ideia.

— Dance para mim Kuroo.

Por pouco eu não tive dó do capitão, ele estava dando seu máximo para desviar dos ataques, o que tirava da sua força quando tentava acertar a mim ou Yaku. Numa dessas, o líbero segurou a bola e jogou com força no capitão, bem em seu rosto.

— Ai! — o capitão colocou ambas mãos na frente se abaixando.

— Tetsu! — me aproximei com cuidado dele. — Yaku no rosto não!

O líbero resmungou, cansado de toda movimentação — Você queria ganhar ou não, se decida [Nome]!

Puxei as mãos do meu namorado para ver se ele estava machucado, felizmente apenas uma vermelhidão aparente por conta da batida. — Nós devíamos colocar um pouco de gelo, para evitar o inchaço.

Ajudei ele se levantar e em seguida me virei para o resto do time — Descansem um pouco vocês, sabem que vão precisar correr daqui a pouco.

Acompanhei o moreno até a sala lateral onde eu tinha alguns suprimentos numa geladeira estilo frigobar, não era bem gelo, mas a bolsa de gel estava gelada o suficiente para cumprir seu papel.

— Eu fiz algo para Yaku e não estou sabendo? — comentou.

Dei risada — Não, provavelmente ele estava querendo terminar logo a partida.

Seus olhos brilharam enquanto seguravam o plástico na frente do rosto — Deu certo, porque você ganhou e desempatou o placar.

Fiz uma careta em resposta ao seu comentário — Mas não era para ninguém sair machucado de verdade, por mais que eu quisesse jogar uma bola na sua cara era mais figurativamente.

Tetsurou abaixou a bolsa do rosto — Eu causo esse tipo de reação nas pessoas, mas se eu tivesse que admitir esse seu lado competitiva até que é bem charmoso. Também já estava avisado que italianos tem sangue quente, faz parte do meu papel aguentar isso.

— Italianos, não líberos demônios — cutuquei sua cintura. — Está deixando seus desejos sombrios aparecerem novamente, seu pervertido.

O capitão deu uma risada alta e em seguida reclamou de dor pelo movimento facial exagerado — Não estou falando nada. Droga, ele realmente acertou com vontade, foi sorte que meu nariz não quebrou.

— Era uma bola macia, nem se fosse o Bokuto ia quebrar — continuei —, mas se está fazendo esse charme para eu cuidar de você. Não precisa, eu o faria de qualquer jeito.

Mesmo na sala lateral Tetsu puxou a minha cintura me abraçando, podia ter ganho na quadra, mas com certeza perdi fora dela e essa derrota eu estava disposta a aceitar.








N/A: Último de 2024! Vamos devagar antes de entrar no torneio de primavera e voltar com a loucura que são os jogos.

Obrigada por acompanhar a história durante esse ano e chegar até aqui!

Até mais, Xx!

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