Ciao Esparta

c a p í t u l o c r o s s o v e r

— Droga, não importa o quanto atacamos. Com a capitã e Aya na defesa, será difícil pontuar diretamente.

— Mas você está fazendo um bom trabalho com os bloqueios — Emi respondeu Sora.

— Concordo com Sora — disse roubando um olhar para a outra quadra enquanto estávamos na pausa. Conversa era permitida entre sets, não na quadra. — Elas estão em vantagem por conhecer os códigos de mãos de vocês, temos que tirar vantagem de outro jeito.

— O que sugere?

Parei para pensar um pouco no que vi do outro lado de quadra, nosso time tinha uma defesa aérea bem consolidada. Enquanto as adversárias faziam a recepções absurdas, quando a capitã estava no chão, os ataques eram mais fáceis de prever e conter.

— Vamos tentar jogar a bola de volta para quadra delas sempre que pudermos. Pressionando as receptoras, quem está na linha de ataque vai tentar quebrar o ritmo marcando, esse desespero vai abrir o caminho. A capitã ficará tão entretida com as recepções que não vai conseguir atacar.

— Prender a idiota do vôlei na quadra parece uma boa ideia para mim — Sora sorriu.

— Sora-senpai parece animada demais para derrotar a capitã.

— Nada anima mais nossa vice-capitã do que a ideia de dar uma surra na melhor amiga — Emi bateu em suas costas — faça bom proveito dela [Nome]. Não é sempre que nosso poste número 1 está cheio de energia.

Sorri e estiquei a mão — É o que eu pretendo.

O terceiro set, seria o decisivo. Uma vez que levamos o primeiro e a capitã das corujas tomou o segundo.

Apesar de na minha cabeça, o cenário ser o melhor possível. Devia ter previsto que as adversárias estariam prontas para responder à altura, ainda mais com a maestrina das quadras nela. Meu plano funcionou até certo ponto, elas não estavam abrindo vantagens de pontos e gradualmente as jogadas estavam se tornando mais bagunçadas.

Enquanto isso, meu lado da quadra estava tranquilo, os ataques foram todos precisos e quase não tivemos erros. Isso me fez sorrir quando tive a atenção da capitã, ela parecia cansada e frustrada por não conseguir avançar com as jogadoras do modo que queria. Alguém com grande capacidade de persuasão precisa da fala para isso, sem esse pequeno elemento cada vez mais elas estavam ruindo.

Chegamos aos 20 pontos primeiro, tomando também o momento do saque. Rapidamente as adversárias tentaram marcar usando uma largadinha por cima do bloqueio, Emi a líbero oficial do time, estava bem posicionada e ajeitou para Chizue — a aprendiz da capitã —, cortar. Eu não pensaria em fazer um levantamento alto como aquele, mas a atacante chegou e conseguiu marcar o ponto da virada.

Era nossa chance de tentar abrir a vantagem da vitória, o contra-ataque foi bom. Mas as bloqueadoras que ficaram comigo eram excepcionais, mas mesmo elas tinham dificuldade de lidar com a capitã quando ela vinha para o ataque. A paralela que a corujinha fez para igualar o placar quase arrancou de mim um comentário.

— Isso! — Keiko disse do outro lado da rede comemorando, levantando as mãos para a boca em seguida.

— Mais uma penalidade para você, fóssil da peneira — o treinador que estava no lugar do juiz disse com um tom sádico, me lembrando o ponto principal de evitar as falas.

Elas conseguiram a virada, contudo o plano do cansaço ainda estava em andamento. De fora podia ver a confusão e desespero correndo atrás dos olhos da capitã da Fukurodani, os dentes cerrados e a frustração. Foi então que dois sons altos ecoaram pela quadra.

Duas palmas.

Olhei para os treinadores nas laterais, Chie — que era chamada de Atena sorria —, aquilo não era uma ação impensada. Com o próprio corpo, a garota conseguiu trazer a atenção do time de volta para quadra, e em seguida quebrar todo um trabalho de estresse que estávamos fazendo.

Não queria admitir, mas dessa vez ela nos pegou de jeito.

Era o último ataque delas, o match-point. Por mais que eu usasse de toda a minha força para bloquear com Sora, ela tinha um truque na manga que mesmo sabendo dele, o impedir era um grande problema.

O ataque com o braço esquerdo. O giro que ela fez exigiu de todo braço e ombro, o ângulo estreito e o efeito da bola fez com que o corte batesse antes da linha que levava para o fundo, ainda que eu tivesse reagido a tempo a rotação da bola marcaria o ponto.

Quando voltei a fincar os pés no chão e senti a firmeza nas pernas, me permiti lamentar pela derrota.

— Fim de jogo — Atena aplaudiu —, estão liberadas para falar.

— Monstro — foi a primeira coisa que deixou a boca de Sora, enquanto ela levantava a manga da camisa para secar o próprio rosto.

A capitã abriu um sorriso largo e cínico, respondendo em seguida — Igual você.

Sora tentou a acertar por debaixo da rede com um chute, mas parecia que ela já estava esperando isso, pois desviou. Claro que elas se conheciam, o que me fez pensar se aquelas palmas foram intencionais.

— O que você fez no fim — passei por debaixo da rede, interrompendo momentaneamente a discussão das duas amigas. — Combinou alguma jogada com as palmas?

A capitã deu um passo para trás nos deixando mais confortáveis para se aproximar.

— Não, foi mais um sinal para chamar o time para focar na quadra. Sem falar, tudo que pensamos fica na cabeça, gradualmente a visão vai se estreitando porque o barulho aqui em cima é alto demais. — ela apontou para a cabeça.

Realmente a visão de jogo dela é diferenciada, e a força mental para lidar com as situações também é admirável.

— Vocês ganharam, mas não estão livres das punições — Daniel ainda não tinha descido do banco do juiz.

Quando o gerente se aproximou com os números, percebi que não estive tão quieta quanto achei que estava. Haviam 35 abdominais para fazer.

— Um resmungo a mais que eu — comentou a capitã olhando para seu novo irmão e o gerente —, posso confiar em Amano-kun. Mas em Thomas divide genes com Daniel, posso questionar um pouco sua integridade.

— O ginásio ficou bem silencioso, acho que pode confiar dessa vez — agi em defesa do mais novo —, posso segurar seus pés se quiser. Já que Sora está discutindo com as outras centrais.

— Vou aceitar.

Nos dirigimos para um canto da quadra, ela se sentou no chão e eu fiquei em sua frente segurando os pés. Seus olhos então me miraram com certa cautela antes de fazer uma pergunta.

— Está bem?

— Depende — respondi abaixando os olhos por um segundo antes de voltar a encarar —, está perguntando do meu joelho ou do meu coração?

— Os dois, se quiser me responder.

Ela cruzou os braços na frente do tronco e em seguida começou a pagar a punição, parei por alguns segundos pensando numa resposta para sua pergunta.

— Minha perna está boa, embora não dê para recuperar a confiança nela repentinamente. Já sobre meus sentimentos, você tem um bom time nas mãos — disse com um meio sorriso —, apesar de ser bem diferente do que estou acostumada. Foi um bom treino, não sei como agradecer pela oportunidade.

Com a voz entre cortada pelo exercício, a capitã respondeu — Só de ter a sua presença já ajudou a inflamar um pouco o espírito de luta das minhas garotas e sei que faria o mesmo por mim em qualquer outra situação.

Depois de 10 ela se sentou — Mas tem algo que pode fazer por mim.

Isso é algo inesperado, a corujinha não parecia ser alguém que faz algo esperando um retorno. Logo, me causou curiosidade sua fala.

— E o que seria?

— Me ensinar seu levantamento.

Nada no mundo teria me preparado para aquela resposta.

Não era levantamento, era o meu levantamento. Assim como ela consegue usar os dois braços para atacar, eu também tenho um movimento que é característico meu, o levantamento da rainha. Usa a extensão total dos braços para fazer levantamentos longos de qualquer ponto da quadra.

— Por quê? — questionei — Você parece boa o suficiente sem ele.

Ela riu e voltou a se deitar para continuar a série de exercícios — Parece legal de fazer.

Um dia também tive essa vontade de tentar ataques só porque achava legal, apesar de ser um monstro em quadra fora dela a situação é bem diferente. Esse lado infantil dela me fez rir.

— Sora está certa quando diz que você é uma grande idiota do vôlei.

— Se é assim, somos duas.

De novo ela estava certa.

Todas as penitências foram cumpridas e depois que as jogadoras terminaram, se juntaram para receber orientação dos treinadores. Não iria fazer muita diferença para mim, mas era legar ser inclusa no momento.

— No geral, todas vocês se saíram melhor do que eu esperava — disse a treinadora Atena —, conseguiram se manter focadas e conduzir uma boa leitura da partida. Vamos continuar fazendo esse exercício para desenvolver essa capacidade. E uma estrela dourada para nossa capitã que recuperou o ritmo do jogo na reta final, também para Sora e nossa visitante por conseguirem forçar o ritmo desesperado do último set.

Sora estalou a boca — Se não fosse aquele último ataque nojento, teríamos ganho.

— Como assim? — Aki questionou.

— A italiana montou a estratégia — respondeu apoiando o rosto na mão —, ao pressionar com os ataques e fazer vocês correrem na quadra de um lado para o outro. Aumentamos o ritmo. Com isso os erros são mais propícios, principalmente com quem ataca. Logo as duas defensoras ficariam sobrecarregadas para cobrir essas falhas, a capitã ficaria fora da jogada e o caminho ia se abrir.

Não foi tudo o que eu disse, mas foi tudo o que pensei. Para alguém que mal olhou na minha cara da primeira vez, foi uma surpresa descobrir que realmente prestou atenção no que falei.

— Foi isso, não foi? — a central se virou para mim pedindo uma validação.

Todas as cabeças se viraram ao mesmo tempo, a repentina atenção fez meu rosto esquentar, me forçando a limpar a garganta antes de responder — Algo nessa linha.

Daniel deu o treino por finalizado, pessoalmente agradeci os treinadores pelo treino e ajudei a organizar o ginásio antes de seguir com o grupo para o ginásio masculino.

Kuroo e os garotos ainda estavam jogando, acenei para Naoi e o treinador Nekomata e me sentei com o time das meninas na lateral aguardando o treino oficial acabar. Não consegui evitar analisar a Nekoma como a gerente.

A Fukurodani estava com alguns pontos de vantagem e por ser o sexto set, Kenma parecia estar a ponto de colapsar. Yaku e Kai pareciam bem, e o restante estava conectando como sempre. Tora sendo o apoio emocional, enquanto Kuroo assumiu o lugar na estratégia, uma vez que o levantador estava exausto.

Lev estava jogando nessa, o que significa que Inuoka estava no banco, o garoto estava melhorando, mas ainda faltava muito para conquistar seu lugar no time.

Sei que lidar com a Fukurodani nunca é algo fácil, pelo que ouvi deles nos acampamentos de treinamento é considerado o time mais forte. Apesar dos deslizes do capitão e as mudanças de comportamento. Na disputa individual, eu poderia dizer que ele e Kuroo estavam em níveis próximos, mas nem mesmo Salem podia ganhar essa luta sozinha.

Parece que depois do jogo contra a Karasuno, o rival destinado, a postura do time começou a se moldar de uma maneira um pouco mais agressiva, mas ainda cautelosa como é a característica da escola. Me pergunto que tipo de coisa se passa na cabeça de Nekomata-sensei, apesar de juntar os dados das partidas para ele, a estratégia geral costumava ficar guardada em sua cabeça.

— Isso é nojento — Sora disse ao meu lado direito, indicando com a cabeça a capitã que estava do lado esquerdo.

Virei a cabeça e os olhos dela estavam fixos no capitão da Fukurodani.

— Ela realmente gosta dele — comentei.

— Ela vai secar o Bokuto se continuar olhando para ele.

O brilho apaixonado desapareceu quando nossas vozes a puxaram de volta para o mundo real — Não sabia que meu rosto é mais interessante que um jogo.

— Pelo que Kuroo me disse, vocês estão juntos de alguma forma, mas não são namorados?

A capitã se ajeitou e respirou fundo — É um pouco complicado, estar num relacionamento sério com alguém pede por alguns sacrifícios. Nós dois temos obrigações como capitães, e queremos ganhar como qualquer outro time, vamos ter tempo para ser um casal depois que os campeonatos acabarem.

— Enquanto isso se esgueirar para dar uns beijos é o suficiente.

— Inveja mata Sora — ela se inclinou para frente a fim de olhar a amiga nos olhos — ligue para sua namorada hoje, quem sabe falar com Akemi tira um pouco dessa sua amargura.

Sem ligar para a minha presença que estava bem no meio, as duas se atracaram, cobri apenas o rosto para evitar levar um golpe por acidente. A capitã do time feminino segurou os pulsos da central longe do rosto, a fim de evitar um dano maior resolvi interferir.

— Não se preocupe com isso, todas estamos na mesma situação, em algum nível.

Ambas trocaram um olhar e se viraram para mim — Imaginei que você e Kuroo já estariam juntos a essa altura.

Meus olhos desviaram para a quadra, acompanhando o central de cabelos escuros e vestes vermelhas. Todas as conversas com Fideo e Aoi voltando para minha cabeça, e também os sentimentos desenvolvidos. Ser um casal ainda soa como algo estranho para mim.

— Talvez ele precise trabalhar um pouco mais para isso — foi a única resposta que dei e assim o assunto foi finalizado. Assim como o set que foi ganho pela Fukurodani.

— Melhor eu fazer meu trabalho —, apoiei a mão no chão e me levantei, seguindo para perto dos garotos da Nekoma e ajudando a distribuir as toalhas e bebidas.

— Que bom que voltou, fiquei com medo da corujinha que amarrar pelo pé no ginásio dela — Kuroo não perdeu a oportunidade de alfinetar depois de receber uma palavra de Nekomata-sensei.

— Seria mais fácil eu pedir uma transferência por vontade própria — rebati sem sequer pensar —, mas não vou fazer isso. Pode comemorar a minha permanência.

— Sorte a minha — capitão sorriu antes de enxugar o rosto com uma toalha.

— Como foi o treino [Nome]? — Yaku perguntou.

Por algum tempo os garotos se juntaram a minha volta para ouvir os relatos do que aconteceu durante o dia. Até mesmo Naoi se inclinou um pouco para o lado para ouvir melhor. Enquanto isso acontecia de um lado do ginásio deles, do outro havia um set entre os dois times da Fukurodani em andamento.

A dita revanche.

— Kuroo!

Bokuto o chamou e correu na nossa direção.

— Esse cara não fica cansado nunca? — reclamou — O que é?

— Vamos juntar um time para jogar com as espartanas, quer participar? - Bokuto jogou o braço por cima dos ombros dele.

— Acabamos de jogar seis sets.

Levantei a mão — Posso participar?

— Claro que sim — respondeu com um largo sorriso — geralmente as garotas revezam. Então, vamos?

— Já que insiste — Kuroo respondeu a contra gosto. No fim todos ficaram por perto para jogar, diferente de uma partida oficial era só chamar alguém da lateral que se podia trocar de posição, ou caso alguém se cansasse pedia para trocar.

Assim como tudo no dia, foi uma nova experiência, até porque agora estava ao lado da capitã e não jogando contra ela. Animação borbulhou dentro de mim, gerando energia para ficar o máximo de tempo possível em quadra.

— Me mande uma boa italiana.

Dei um passo para o lado — Como se algum dos meus levantamentos fossem ruins.

A capitã jogou os braços para trás e pulou, não pude me conter em testar um pouco seus limites, então cada um deles era diferente. Cumprindo minhas expectativas ela conseguia acertar cada um com perfeição. Por fim, foram dois sets de um completo massacre em cima do time masculino.

Bati mãos com as meninas comemorando.

— Minha deusa do vôlei está tão feliz, que nem me importo de ter perdido — Tora disse do outro lado da rede. — Perder uma batalha para as espartanas é sempre motivador.

Dei uma alta gargalhada, enquanto alguns deles reclamam e se provaram ser maus perdedores.

Enfim o momento da despedida real chegou, os treinadores recolheram seus jogadores. E depois de ajeitar o ginásio, nós os visitantes seguimos para o estacionamento a fim de retornar para a Nekoma. Tora chegou até mesmo a prestar uma continência antes de subir, o que resultou num Fukunaga o empurrando para dentro sem pensar duas vezes.

— De volta a rotina normal, boa sorte no seu jogo.

Corujinha estendeu a mão para mim, mas um aperto como aquele não faria jus a minha gratidão. Ignorei seu gesto e como se fossemos amigas há muitos anos, pulei em seu pescoço para dar um abraço forte.

— Obrigada, capitã. Quando voltar, ensino meu levantamento para você.

Ela riu e me abraçou de volta — Vou esperar ansiosa por isso.

Acenei para os alunos da Fukurodani e entrei no ônibus pronta para retornar.

— Se divertiu? — treinador Nekomata perguntou.

Fiz que sim com a cabeça — Muito.

O mais velho se ajeitou no assento e fechou os olhos — É o que importa.






- ͙۪۪̥˚┊❛ [ EXTRA 18❜┊ Velho Incorrigível˚ ͙۪۪̥◌

Cheguei em casa completamente exausta, depois de avisar que retornei os passos de Nico soaram logo em seguida descendo as escadas.

— [Nome], [Nome]! — gritou por mim entrando na cozinha com toda a velocidade.

— Não corra de meias Nico, pode escorregar — avisei.

O pequeno me ignorou e bateu de frente com meu estômago me abraçando com força.

— Por que não me contou antes? Obrigado, obrigado!

Confusa, segurei seus ombros e me abaixei — O que exatamente eu não contei?

— Que vai ser a treinadora do meu time no campeonato da escola! Papai me deu o formulário com o seu nome para levar.

Não tinha problema eu ser a responsável, a problemática estava no velho que eu chamava de pai.

— Você estando feliz é o que importar — afaguei seus cabelos —, falando nisso Nico. Onde está o papai?

No escritório lá em cima — respondeu também em italiano —, por quê?

Preciso ter uma palavrinha com ele.
















N/A: Obrigada por ler até aqui! Finalizado o Crossover.

Até mais, Xx!

Ps. Coloquei em Immortals também, mas se a história estiver ficando ruim. Falem que eu vejo de ajustar, comentários e votos ajudam a gente a monitar isso. Como caiu muito nos últimos tempos, estou começando a ficar preocupada com a integridade da obra.

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