Prólogo
Olá, pessoal! Finalmente, depois de muito tempo, voltei com C. R.
Não mudei muitas coisas da história e obra não está totalmente completa, mas prometo que dessa vez vou até o fim.
Os capítulos serão postados semanalmente.
Bem, o livro aborda temas sensíveis, como estupro e aborto. Se não se sente confortável, aconselho a parar por aqui, no mais, desejo uma boa leitura à todos.
Acordei sendo balançada de um lado para o outro por minha irmã. Karina me olhava beirando ao choro, disse que ouvira ruidos do quarto ao lado. Respirei fundo. Era madrugada e fazia aquele friozinho gostoso que despetava a vontade de continuar encolhida em baixo do cobertor de rede.
— Fique aqui. — disse a minha irmã, antes de sair em direção a porta.
Caminhei abraçando meu corpo até a porta ao lado do nosso quarto e bati levemente.
— Papai?
Silêncio.
— É apenas a alergia, volte para o quarto. - Falou minha mãe atrás de mim. Suspirei aliviada e dei meia volta, ajeitando o casaco.
O dia amanheceu extremamente frio, o vento assobiava do lado de fora. Caminhei encolhida até a cozinha e comecei a preparar um suco com ultimas 3 laranjas que estavam na geladeira. Passei manteiga no pão para mim e minha irmã. Para meu pai preparei uma papa de aveia, era tudo que tinha e que ele poderia comer. Minha mãe saia cedo para o trabalho então restava para eu cuidar de tudo.
Meu pai tinha diabetes, pressão alta e problemas respiratórios, a há algumas semanas estava acamado o que dificultou a nossa situação. Está faltando muitas coisas, inclusive seus remédios e infelizmente eram muitos gastos para o pouco dinheiro que entrava.
Apesar dos problemas de saúde meu pai nunca deixava de trabalhar, exceto quando as doenças lhe derrubava como agora. Mamãe não se deixava derrubar por nada, acho que toda mulher tende a ser forte, será que serei assim também?
Vivemos apenas nós quatro em casa. Mamãe, papai e Karina, minha irmã mais nova. Ela está prestes a completar 7 anos, mas não tem quem diga que tem apenas isso. Ela ama assistir filmes da barbie, tanto que uma das gavetas da sua cômoda está cheia de DVD's com todas os filmes da princesa. Mas odeia a cor rosa.
Minha familia é normal, não somos exemplar como comercial te televisão, q até por que abraços é coisa de outro mundo nesta casa. Mas posso dizer que não tenho nada a reclamar dela.
Ouvi passos apressados, e Karina logo entrou na cozinha indo para a mesa.
— Suco? — Questionou com os olhos brilhantes. Não era sempre que tinhamos a oportunidade de beber suco, principalmente da fruta.
— Foram as últimas laranjas.
— Então irei beber bem devagarzinho para saborear. — Ela disse me fazendo rir.
Terminei de esfriar a papa no prato e me direcionei ao quarto do meu pai, bati duas vezes e abri a porta. Seus olhos entre manchas negras me encararam e ele tossiu.
— Não aguento mais essa coisa sem gosto. — Resmungou quando levou a primeira colher a boca.
— Não é tão ruim papai. — ele fez uma careta engraçada.
— Diz isso por que não é voc…— Tossiu repetidas vezes — Ah…— reclamou massageando o peito.
Olhei para a cômoda de madeira, vendo as cartelas de remedios vazias.
— Precisamos comprar seus remédios. O senhor não pode continuar sem eles.
Papai voltou a deitar, fechou os olhos e não me respondeu nada. Sabia que ele se lamentava por estar em cima de uma cama, pois ele sabia que não faltava apenas os seus remédios.
Voltei para meu quarto e encontrei Karina uniformizada.
— Estou pronta, Becca! — disse animada.
— Então vamos indo.
Karina pegou sua mochila e jogou sobre as costas, ela segurou minha mão e assim saímos de casa. Sua escola não era longe mas eu não gostava de mandá-la sozinha, Karina era esperta mas ainda era uma criança inocente.
— Vamos Becca! — Karina me puxou em direção à capela.
Lhe lanço um sorriso e apresso-me para entrarmos.
Havia algumas pessoas em pé, outras ajoelhadas enquanto oravam fervorosamente. Fiz o sinal na cruz me inclinando em sinal de respeito, e me ajoelhei. Karina fez o mesmo ao meu lado.
Juntei minhas mãos e fechei meus olhos.
— Meu Deus e meu Senhor, a ti confio a minha família. A nossa situação só piora e eu já não sei o que fazer e por isso eu deixo em suas mãos Senhor, pois tudo podes. Ah! E por favorzinho, devolva a saúde do meu pai, não suporto mais vê-lo daquela forma. Contudo, que não seja feita a minha, mas a Sua vontade. Amém!
Abri meus olhos e respirei fundo. Karina ainda mantém os olhos fechados em oração. Sempre passávamos na capela no caminho da escola, era um costume nosso mas que eu já tinha com nossa mãe em minha época de escola. Era um dos meus melhores momentos da minha vida. Realmente amava.
Deixei Karina no portão da escola e ela entrou junto com as amigas. Voltei para casa e como sempre não tive muito o que fazer. Todos os dias eu sempre procurava algo para fazer quando o tédio batia. Já havia terminado os estudos e não tinha um emprego, então só me restava me ocupar com coisas que tinham em casa. As vezes relia alguns livros, assistia um filme qualquer que estivesse passando na televisão. Limpei a casa e lavei roupas, mas depois disso sentei na sala e fui assistir televisão. Esperei que passasse algo interessante, mas só perdi meu tempo. Saio do cômodo que estava e fui até o quarto do meu pai. Ele dormia.
Caminhei até meu quarto, e aproveitei e organizei nossas coisas e roupas no guarda roupa pois estava parecendo um ninho de passarinho de tanta bagunça e coisas inúteis.
Às 3 horas da tarde preparei um lanche para meu pai, tive que acordá-lo pois ainda dormia. Enquanto comia ele me disse que estava se sentindo melhor e que talvez na próxima semana já possa voltar ao trabalho. Fiquei muito aliviada, e agradecida por Deus ter ouvido minha oração tão rápido.
E para a glória d'Ele, na semana seguinte, mas preciamante na quarta-feira meu pai voltou a trabalhar, e tudo estava voltando aos eixos.
Tomei um banho rápido, para evitar o gasto de água e em seguida me vesti com um jens preto e uma camiseta vinho, calcei o unico pá de sapatos que tinha. Minha mãe havia me dado de presente em meu aniversário de 16 anos, eles ainda estavam bons. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto. Optei por não usar maquiagem, apenas passei um pó para dá vida a minha pele oleosa.
Era sábado e hoje, terá uma festa na casa de uma amiga.
Já tinha deixado comida pronta para meu pai e minha irna, eles só precisavam esquentar depois. Peguei minha bolsa, e a coloquei em meu ombro. Dentro dela havia dimheiro que minha mãe me deu para, compra ao para comer ou pra qualquer coisa que eu precisasse. Meu celular também estava na bolsa.
Assim que me aproximei da casa azul desbotado, avistei as gêmeas sentadas na calcada. Jamily e Gabrielly, ambas eram aminhas amigas. Jamily era mais velha e sempre se gabava por isso, mesmo sendo só por alguns minutos. Contudo Gabrielly era mais alta. Ambas tinham o cabelo longo e com lindos cachos na cor cantanho claro e apesar de serem gêmeas elas não eram idênticas, apenas o sorriso era iguais. Mas dificilmente eram confundidas.
Nos conhecemos desde pequenas na escola. Lembro que eu havia brigado com uma delas e a outro veio tirar satisfação. Eu tive medo e me desculpei. Depois disso nos tornarmos grandes amigas.
Segundo Jamily, iria ser apenas uma comemoração que ela há muito tempo queria fazer por ter passado em uma das melhores Universidades do estado.
Dentro tinha algumas pessoas sentadas ocupando fileiras de cadeiras outras em pé conversando. Não parecia ser tão simples assim.
Havia muitas pessoas, musica alta e bebidas alcoólicas.
- Cadê seus pais? - perguntei a morena.
- Ali.
Ela apontou para o lado direito atrás de mim. E lá estava os pais das gemias. Dançado, sorrindo, bebendo.
- Não sabia que seus pais bebiam.
- Não bebem. Mas hoje é dia de comemoração. - Gritou sendo seguida pela exaltação dos convidados. - Aproveita Becca.
Gabrielly me entregou um copo que levei ao meu rosto o cheirando. Era algum tipo de bebida.
Eu já havia bebido antes, claro que um ou dois goles. Mas era o suficiente. Virei o copo e toquei minha garganga sentido ela arder por dentro.
Ouvi meu nome ser pronunciado e virei para trás. Travando em meu lugar. Quem estava em minha frente nesse exato momento era ninguém, nada mais, nada menos que Daniel. Ex colega nosso. E o carinha por quem tenho uma leve paixaozinha.
- Pode me ajudar com uma coisa? - Ele sorriu, por um instante esqueci como respirar.
- Com o quê? - ouvi risos contidos ao meu lado e pigarriei limpando a garganta tornando a perguntar, mas desse vez, sem tremer: - Para que você quer minha ajuda?
- Você pode tirar uma foto pra mim? - assenti e ele me entregou o celular. - Amor, vem!
Juntei as sobrancelhas quando uma garota morena, mas ou menos da minha altura surgiu do nada e pousou ao lado de Daniel. Pisquei atordoada vendo ambos abraçados.
Amor...
Ele a chamou de amor.
Ignorando o barulho do meu coração se desfazendo em pedaços e apontei a câmera do celular na direção do casal. Sorrisos. Uma bela foto.
- Valeu Becca! - Sorrio dizendo que não havia sido nada.
E conforme ele se afastava meu sorriso murchava dando lugar a uma careta desgostosa.
Não que eu achasse que o dia seria eu no lugar daquela menina, isso séria impossovel! Mas eu queria, não vou mentir.
- Você está bem Becca?
- Não. - fui sincera, não tinha por quê negar. Respirei fundo. - Mas não durará muito. - Sorrio para a gêmea mais velha.
Toda dor um dia passa, não é o que dizem?
- Você sempre positiva. Agora vamos nos diverti!
- Com moderação - Disse eu. Ela riu.
Quando deixei o local era por volta das 5:30 da tarde, o sol já estava sumindo. Rute, a mãe das gêmeas disse que me levaria em casa, mas eu não aceitei. Sua casa era do outro lado e não tinha por que me deixar em casa sendo que era pertinho e eu poderia ir muito bem andando.
Apenas duas esquinas, seguir reto, direita e esquerda e pronto! Estarei em casa.
Acenei para duas crianças que brincavam em frente a una casa, iluminados pela luz laranja do poste. Latidos, gritos de mães bravas, risadas e cheiro de carne fritando, me acompanhavam durante meu trajeto. Meu telefone tocou e eu logo o alcancei. Era meu pai. Na ligação ele me pediu para ir a casa da Marcela pegar um bolo que ele havia encomendado para o aniversário da Karina que será amanhã. Mesmo com receio por está um pouco tarde eu mudei minha rota.
Algumas cotas de água caiam do céu, denunciando que a chuva estava a caminho. Guardei meu celular na bolsa para que não molhasse e apresssei meus passos. Avistei o último beco que me levaria direto para casa da confeiteira, mas algo me fez parar subitamente.
Havia um homem, na esquina. Um homem que nunca havia visto por essas bandas. Apertei minha mão em volta da alça da bolsa e retornei a caminhar dessa vez mais devagar como se cada passo que eu desse o chão em baixo dos meus pés fossem se abrir. Parei novamente quando os olhos do homem cairam sobre mim. Algo me disse para voltar. Mas eu lembrei da minha irmã.
Meus passos estavam rápidos. A chuva havia aumentado e por isso a rua estava deserta. Com a cabeça baixa passei pelo homem que parecia não se importar com a agua que caia do céu. Enquanto andava tentava abrir a bolsa pra pegar meu celular, mas minhas mãos trêmulas dificultava tudo. Quando finalmente o ziper abriu eu peguei meu celular, mas antes que eu fizesse algo. Alguém me puxou fazendo meu celular ir ao chão.
Era ele. O homem.
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