Capitulo 19
Um mês depois.
Muitas coisas aconteceram. Karina veio dormir algumas vezes conosco. Vi o Allan muitas vezes, ele sempre ligava à noite para mim, quando havia troca de turno e ele voltava para casa. Voltamos no parque outra vez, onde Allan entupiu meu filho de algodão doce mais uma vez. Neste dia ele me presenteou com um ursinho, que ganhou no jogo de tiro ao alvo, mas meu filho arrancou dos meus braços e adotou pra ele.
Outras vezes, fomos jantar em um restaurante chique, onde o Davi me fez passar vergonha. Ele perguntou ao garçom se ele não trabalhava, já que, ficava de um lado para o outro carregando bandejas. Allan apenas ria enquanto eu só queria quebrar a janela de vidro, e me jogar.
Hoje irei à casa dos meus pais, faz algumas semanas que não os via. E já estava com saudades. Limpei a casa após chegar do trabalho e arrumei-me e ao meu filho. Quase duas horas da tarde eu estava na integração esperando o ônibus. Uma hora depois cheguei na casa deles.
Bati a porta e quem abriu foi meu pai e Davi gritou abraçando suas pernas. Seu joelho enrolado em um esparadrapo chamou minha atenção. Ele me abençoou quando pedi e voltou andando para o sofá.
- O que houve com seu joelho? - Sem tirar o olho da televisão me respondeu.
- Machuquei.
- Como pai? Você precisa ter cuidado, sabe que não pode se machucar. - Respirei fundo quando não obtive resposta. - Cadê a mamãe e a Karina?
- Karina está no quarto e sua mãe está na vizinha.
- Subi as escadas e nem pude sequer fazer uma surpresa para Karina, pois o Davi subiu gritando por ela.
- Davi! - Ela gritou de volta abrindo a porta fo quarto. Ka pegou o Davi nos braços e ambos se abraçaram.
- Eu estava com saudade tia Ka.
- Eu também meu meninão. - Após estalar o beijo na bochena dele, ela o colocou no chão e veio até mim e bateu no meu braço.
- Ai! É assim que recebe sua irmã mais velha?
- Ainda me considera irmã depois de quase um mês sem me visitar? A mamãe está me fazendo de escrava.
- Você é a filha responsável agora. - falei rindo e ela revirou os olhos entrando no quarto. Segui ela e vi Davi, que já estava lá, tentando pegar as pelúcias na prateleira.
- Essa responsabilidade só vale aqui dentro, pelo visto.
- Por que diz isso?
- Eles não me deixam sair sozinha.
- Não é seguro sair sozinha.
- Mas não seria totalmente sozinha. Seria com meus amigos.
- Ainda assim; Karina.
- Aff Rebecca! Eles deixavam você sair sozinha.
Olhei para o menino pulando na cama.
- Mas por que ainda não sabiam o que podia acontecer, ou pensavam que não aconteceria com alguém próximo a eles.
- Desculpe. - Karina falou compreendendo.
- Apenas obedeça eles. Alguns "Não's" podem nos salvar. O papai e a mamãe têm seus defeitos, mas só querem o nosso bem.
- Está bem. Mas mudando de assunto, por que demorou tanto pra vir?
- Trabalho. Falta de dinheiro, para o ônibus. E outras coisas. Sempre tinha algo pra impedir.
- Me sinto tão sozinha aqui, vocês podiam ter deixado pelo menos a Botãozinho.
- Para o Davi me fazer vir buscá-lo no dia seguinte? Ele nunca ficaria longe dela. - Falei rindo e Karina me acompanhou.
Ouvi a porta da entrada abrir. Com certeza era a mamãe. Me dirigi à cozinha, e lá estava ela lavando as mãos na pia, Era um costume dela fazer isso sempre que chegava em casa. Segundo ela, tocar no portão enferrujado da nossa casa, lhe dava aflição.
- Oi mãe! - Ela olhou pra trás.
- Que susto!
- A senhora está bem?
- Os problemas de sempre. E você?
- Estou bem.
- Hum. Cadê seu filho?
- Esta n…- Não consegui terminar pois o menino apareceu correndo.
- Vovó!! - Davi abraçou as pernas da minha mãe e pra minha confusão, e surpresa, ela afagou o cabelo dele. Foi um toque leve e sutil, e talvez ela nem tenha percebido.
Mas eu percebi.
Quando cheguei em casa minhas costas doíam por ter vindo em pé no ônibus com o Davi nos braços. Ele não pesava muito, por ser pequeno, mas ainda era um peso. Eu só precisa de um banho, mas antes teria de dar um no Davi, preparar algo para comermos e depois coloca-lo para dormir. Só então poderei liberar meu cansaço junto com a água do chuveiro.
Para o jantar, fiz macarrão com molho de tomate. Eu e Davi somos fãs de macarrão.
Quando o menino, finalmente dormiu, tomei um banho demorado. Vesti roupas leves, pois não estava frio. Deitei na cama com meu celular e vi uma mensagem do Allan.
"Saiu o filme do homem aranha no cinema."
"O que acha de assistirmos juntos?"
" Talvez não seja um filme adequado
para uma criança de 4 anos."
"Podemos ver outro, então.
Soube que tem madagascar também."
"Ele gosta, né?"
"Trocaria O filme do Homem aranha
mais comentado, pra assistir madagascar,
mesmo eu tendo os DVD's em casa?"
"Sim"
Um grande sorriso cresceu em meus lábios.
"Posso pedir para a Karina ficar com o Davi"
"Só se você o deixar assistindo madagascar."
"Está bem".
"Nos vemos amanhã às oito horas. Passo ai pra te pegar"
"Até amanhã"
O dia do cinema chegou. Liguei para Karina pela manhã perguntando se ela poderia vir ficar com o sobrinho. Quando soube o motivo de eu me ausentar, ela quase surta. Karina veio na parte da tarde, pois teve que terminar uma atividade pela manhã. Por volta das cinco da tarde ela me fez tomar banho para começar a me arrumar pois eu deveria esta impecável esta noite. Quando sai do banheiro minhas roupas estavam todas jogadas pela cama.
- Só tem peças casuais aqui. Apenas esse vestido se salva. Se colocar aquele scarpin fica lindo.
- É um cinema Karina, não vou de vestido e salto.
- Mas você precisa está espetacular. - Suspirei parando em frente ao espelho e encarei meu corpo cpberto pela toalha cinza.
- Sinto muito, mas apenas um feitiço da fada madrinha pode fazer isso acontecer.
- Mas é um encontro.
- Não, não é. Nós apenas vamos assistir um filme como bons amigos.
- Amigos. Vocês podem até se titular "amigos" mas a última coisa que seus olhos dizem é amigos.
- Você está viajando.
- Os olhos não mentem. Você mesmo disse isso. - Ela cruzou os braços como se tivesse ganhado.
- Os olhos não mentem, mas há algumas pessoas que não são capazes de interpretá-los. Esse é seu caso.
- Quando ele se declarar, apenas não vire as costas.
Optei por uma jardineira jeans, azul escuro, e uma camiseta branca por baixo. Nos pés coloquei o mesmo sapato branco que sempre uso. Fiz um rabo de cavalo no topo da cabeça, pois meu cabelo não estava muito bonito para deixar ele solto. Coloquei um relógio digital só pra enfeitar o braço mesmo, porque não funcionava mais. Me olhei no espelho mas não gostei muito do que vi.
- Nem pense em trocar por uma calça. Você está linda.
- Não sei se consigo sair assim.
- Não há nada pra se envergonhar irmã. - Abaixei minha cabeça, depois olhei para meu reflexo mais uma vez.
O short da jardineira não era curto, nem muito apertado, mas ainda deixava minhas pernas amostra.
- Você confia nele?
Tirei meus olhos do espelho e encarei minha irmã, ela deve ter percebido meu receio. Esta é a forma dela me tranquilizar. Alla vai está comigo, e eu confio nele.
Às 8 horas em ponto, Allan chegou. Eu pedi para ele não entrar, porque se Davi o visse não o deixaria sair. Me despedi do meu filho e sai, encontrando Allan fora do carro. Quando me viu ajeitou a postura e me encarou com o costumeiro sorriso.
- Uau! Você está linda.
- Obrigada.
- Preparada para ver o Miranha? - o jeito que ele falou me fez soltar o riso.
- Claro!
Ele abriu a porta do carro para mim, e eu entrei. Logo em seguida ele fez o mesmo. Seguimos o caminho entre conversas bobas, quando surgia algo. Como quando o sinal fechou e na faixa de pedestre apareceu um malabarista; Allan comentou que, um dia, já foi seu sonho fazer malabarismo, e que até tentava com laranjas ou maracujás quando criança, mas sempre levava uma laranjada/maracujada na cara.
Chegando no cinema, fomos direto para a fila, que estava enorme. Eu e Allan nos encaramos surpresos, por nos deparamos com adolescentes. A fila, literalmente, era dominada por eles.
- Apenas aja como um deles. - Allan sussurrou próximo ao meu ouvido me fazendo rir.
- O que eu devo fazer? Rir alto, bater no seu ombro e falar "Para Allan!"? - Ele riu.
- Vou comprar pipoca e refri - Antes dele sair segurei o tecido do seu casaco.
- Espere a fila andar um pouco mais.
Após compramos os ingressos e o lanche, fomos para nossos respectivos assentos. O filme começou meia hora depois e levou mais de duas horas. Quando terminou, nós saímos andando pela calçada.
- E seu carro?
- Ele pode ficar uns minutos no estacionamento. Vamos apenas passear um pouco. A noite está tão bonita. Você quer comer alguma coisa? Podemos ir a um restaurante.
- Que tal uma lanchonete? Estou afim de algo gorduroso.
- Tem uma depois dessa esquina. Vamos! - Allan me puxou pela mão me deixando surpresa. Quando entramos na lanchonete, ainda estavam de mãos dadas. Acho que ele não percebeu.
O que você quer?
Ahn, bem… pode ser um x-tudo.
-Eu também vou querer um x-tudo. E pra beber, suco de manga. - Allan olhou para mim.
- Para mim também.
Ok! Vocês podem sentar, ficará pronto logo. - O moço falou.
Allan me puxou para uma mesa, onde sentamos.
Está frio hoje. - Allan falou.
- Não estou com frio.
Nossa! Será que estou doente? - Allan ficou pensativo depois olhou para mim, sorrindo.
Mas seu sorriso vacilou subtilmente quando seus olhos cairam em algo atrás de mim. Virei meu rosto e vi um casal sentado em uma mesa.
- O que foi, Allan?
- Nada. O que achou do filme?
- Foi legal! Um pouco triste aquela parte que o Andrew salva a MG e lembra da Gwen.
- É, essa parte é emocionante.
Após comermos o lanche, senti vontade de fazer xixi. Avisei Allan que precisa ir ao banheiro. Aquele copo de coca e suco realmente estava pesando em minha bexiga. Se eu segurasse mas um pouco, amanhã estaria com dores na barriga. Lavei minhas mãos e passei em meu cabelo para melhorar os frizz.
Quando sai do banheiro encontrei com um homem, acho que era o mesmo da mesa. Ele me olhou de baixo para cima e riu de modo que minha pele arrepiou-se por completo.
- Boa noite!
Saia! Encontre o Allan. Minha mente gritava.
Boa noite. Licença.
Dei um passo passando por ele, e antes que estivesse longe o suficiente ele fez um comentário nojento. Coloquei um sorriso no rosto ao encontrar Allan de pé próximo a mesa.
- Já paguei a conta. Vamos? - Assenti e ele me levou para casa.
Quando chegamos em frente a minha casa ele parou o carro. Estávamos em silêncio desde que saímos da lanchonete. Ele até tentou puxar assunto, mas eu não mantive. Não era culpa minha.
- Ele fez alguma coisa?
- Hã?
- Ele não parou de olhar para você. Depois vi quando seguiu o corredor que dava para os banheiros.
Abaixei minha cabeça envergonhada.
- Eu não devia ter vindo com essa roupa, desculpe.
- O problema, não são suas roupas, Rebecca. Nunca são as roupas. O problemas são eles. A merda de homens sem escrúpulos. Você não deve pedir desculpas. Sou eu quem devo me desculpar pelos homens sem caráter. - Lhe dei um sorriso pequeno.
- Está tudo bem Allan. Não aconteceu nada. Obrigada por hoje. Foi realmente incrível ir ao cinema.
- Rebecca…
- Tudo bem…apenas não seja como eles.
Estávamos nos encarando, em silêncio mas logo quebrei nosso contato.
- Boa noite, Allan. - Tirei o cinto me preparei para sair, mas sua voz me impediu. E o que ele falou me paralizou.
- Acho que estou apaixonado por você…Quero dizer, tenho certeza. É! Eu estou apaixonado por você. Eu não queria dizer isto agora, e aqui mais…
- Allan…
- …É como eu me sinto..
- Não, você não pode…
Quê?
- Você viu o que aconteceu hoje, e…no passado. Allan, por mim não.
- E o que isso tem haver?
- Allan…Isso…eu não…Allan…me desculpe.
(...)
Não importa o que eu faça, a água não desce pelo ralo da pia. Eu me recuso a aceitar que está entupido. Não tenho dinheiro para pagar a alguém pra me ajudar. Já havia pego um frizo, um pente com cabo fino. Nada resolvia.
A louça ainda estava suja, e minha roupa molhada. Eu precisava urgentemente limpar a pia, e me limpar. Toda essa sujeira estava me dando nos nervos.
- Mamãe eu quero melancia
- Agora não filho.
Eu quero! - Respirei fundo. Não estou com cabeça para birra.
- Espere lá na sala.
O menino correu saindo da cozinha. Peguei um pedaço de melancia e parti em pedaços na sua vasilha preferida.
Enquanto Davi se distraía comendo. Continuei tentando desentupir o ralo da pia.
Ouvi meu telefone vibrar na mesa. Era Júlia.
- Oi, ju!
- Oi Becca! Você está bem?
- Tirando o fato de além de estar molhada, descabelada, a pia está entupida e com uma pilha de louça para lavar. Estou bem.
Ela riu.
- Meus pêsames. Por que não chama o Allan, ele pode te ajudar com a pia.
- Ele deve está no hospital.
- Tem razão. Mas por falar do meu irmão, como vocês estão?
- Como assim?
- Quando vão começar a namorar?
- Júlia, somos amigos.
- Amigos Becca? Só você acha isso. Mas vem cá, você nunca gostou dele como algo a mais, nem mesmo na fazenda?
- Julia…
- Fale verdade.
- O Allan é uma pessoa maravilhosa, e por isso ele merece uma pessoa a altura dele.
- Ele merece alguém que goste dele de verdade. Você gosta dele, Rebecca? Se você gosta dele então está a altura dele.
Será que estou mesmo?
Allan é um homem estudado. Médico. Jovem e bonito. Eu não tenho onde cair morta. Allan tem um corpo malhado e tudo que eu tenho é gordura acumulada na barriga, celulites e estrias. Eu não tenho nem ao menos minha virgindade.
- É só olhar para nós dois e perceber que eu não sou suficiente para ele.
- Você quer uma prova de que é suficiente para ele?
- Hum?
- Há quatro anos, Allan viajou pouco antes de você entrar em trabalho de parto, lembra?
- Sim, ele foi resolver um problema.
- Ele foi para trancar o curso. Então, ele teria em torno de três meses, sabe pra que? Pra ficar com você. Eu achei loucura aquilo, e ao mesmo tempo, romântico. Ele foi, e quando voltou você já tinha ido. Ele ficou muito triste, porque não tinha seu contato. Mas Maria deu seu endereço a ele, então meu irmão decidiu ir atrás de você, mas o Eduardo não permitiu.
Julia pausou.
Essa altura estava tonta.
- Ele disse "Se você quer tanto ela, termine a faculdade e se forme, ou você quer ir atrás dela sem condições de cuidar dela e do filho?". Allan ficou com cara de cachorro perdido, e se lamentando que até lá você já teria encontrado alguém. Mas acabou aceitando o conselho. Ele voltou e destrancou a matrícula. Mas não teve férias ou feriado, que ele não voltasse pra fazenda, com a esperança de te reencontrar.
- Julia…
- Não diga que Allan merece uma pessoa à altura, Becca. Ele precisa de você.
(...)
Quanto mais corria, mais minhas pernas doíam, o próximo ônibus só passaria em 5 minitos. Eu precisa chegar no ponto a tempo para não perder. Quando avistei o ônibus, que já fechava a porta, apressei o passo, acenando com a mão para que ele esperasse. Achei que não daria certo, mas ele parou e abriu a porta. Me acomodi em um acento vazio e joguei minha cabeça para trás.
Não sabia bem o que iria fazer. Havia deixado Davi com meus pais, para ir ao hospital. Eu só podia está doente mesmo.
A moça da recepção não estava no seu lugar, esperei até que vi uma enfermeira.
- Com licença! O doutor Allan está?
A enfermeira foi gentil me dizendo que esperasse na recepção até a hora do almoço, pois ele sempre saia para almoçar fora.
As horas passavam e pouco a pouco a recepção ficava menos movimentada. As pessoas eram atendidas e iam embora. Enfermeira já não passavam mais e a moça da recepção já estava organizando-se para sair.
Olhei o relógio mais uma vez. Agora estava mais perto que longe. Meus olhos pesavam mas eu tinha que esperar.
-:Rebecca? - Olhei para o lado vendo Allan com o rosto confuso. - Aconteceu alguma coisa?
Me levantei ajeitando minhas roupas, ganhando tempo para pensar no que dizer.
- Você está indo almoçar, não é? Podemos ir juntos?
Agora que estava lado a lado com ele, não sabia falar. Ou como agir. Eu não tenho certeza sobre meus sentimentos em relação a ele, apenas me sentia bem com ele. Bem, meu coração às vezes acelerava perto dele, ou em alguns momentos que me olhava. Aquele dia que pegou minha não também causou a mesma reação em meu coração. Mas isso seria diagnóstico de paixão ou nervosismo?
Quando gostei de Daniel sentia algo parecido, mas não com tanta intensidade. Com meu ex eu não senti nada disso.
- Me conte o que aconteceu, Rebecca! Estou preocupado.
Olhei ao nosso redor confusa, não havia percebido que ainda estávamos dentro do carro no estacionamento do hospital.
- O que aconteceu, pra você aparecer aqui do nada, está co…
- Desde quando está apaixonado por mim?
- Hã?
- Quando se apaixonou por mim?
- Bem…não sei ao certo. Acho que na segunda vez que nos encontramos. Na lanchonete.
Fitei minhas mãos no meu colo enquanto brincava com ela.
- Por que eu?
- Rebecca…
- Falei com Júlia hoje pela manhã. Ela me disse o motivo da sua viagem há quatro anos. - Ele ficou em silencio. - Você guardou esse sentimento por quatro anos?
- Sim.
Estava me sentindo sufocada no carro, então abri a porta e sai. Ouvi quando Allan fez o mesmo, vindo atrás de mim.
- Becca…
- Você é idiota! Como pôde guardar isso por tanto tempo? Você deveria ter se apaixonado por alguma universitária, teria sido feliz por todos esses anos.
- Como eu iria me apaixonar por outra pessoa, se eu só conseguia pensar em você?
- Você não devia ter deixado isso acontecer.
- Pare de dizer o que eu deveria ter feito, se nunca sentiu ou sente o mesmo, apenas diga e vá embora. Não vai mudar nada, por eu ainda iria escolher você.
De repente, o barulho que vinha do lado de fora do estacionamento, diminuiu. Não dá pra acreditar que alguém como Allan estava apaixonado por mim. Eu não mereço algo assim.
Fui tirada dos meus pensamentos por seus passos se afastando.
Não, não, não deixe ele ir.
- Eu não sei…- pausei quando ele me olhou. - Eu não sei o que sinto por você Allan. É algo novo para mim. Eu deveria deixar você ir e não cruzar mais seu caminho, porque uma hora o encanto iria acabar e você iria perceber que eu não sou ninguém. Mas…eu quero retribuir esses anos…
Ele deu alguns passos em minha direção e parou próximo mim.
- Não quero que retribua, como uma dívida a quitar. Não foi por você que eu guardei esse sentimento, mas por mim. Por que eu queria você. Eu quero você. Então não pense que me deve algo.
- Eu não consigo entender, porque eu.
- Desde a primeira vez que coloquei meus olhos em você, tudo em mim tem sido movido por você. E só você. Cada vez que você sorria eu desejava fazer-la sorrir mais. Cada vez que chorava, eu desejava enxugar sua lagrimas; Cada vez que sentia medo, eu desejava abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem.
- Eu não te mereço Allan.
- Sou eu quem não te merece, Rebecca! Você não tem noção do quanto é especial. Eu me sinto egoísta por querer-la para mim. - Ele sorriu com os lábios fechados. - Você não precisa corresponder meus sentimentos agora, apenas me permita conquistar seu coração. A Partir de hoje, permita-me cuidar de você e do Davi.
Allan me olhava com tanta intensidade, era como se seus sentimentos estivessem presos em suas orbes escuras. Era como se naquele momento sua alma se declarasse para minha, ansiando uma resposta positiva.
- Allan, conquiste meu coração, minha mente, e meu corpo. Conquiste-me por inteiro.
Então, ele cortou qualquer distância que havia entre nós. Uma de suas mãos foram para a minha face, e seus dedos tocaram atrás da minha orelha. Sua outra mão pousou em minha cintura, enquanto meus braços estavam jogados para baixo. Minha mente nublada derrepete ficou em branco, quando seus lábios tocaram os meus.
Seu toque era suave como se massagiasse meus lábios ao invés de beija-los.
Foi só isso, um simples toque, que causou uma grande confusão dentro de mim.
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