Capitulo 18
Enquanto lavava o menino no banheiro, me preparava para dar a noticia da nova casa. Passaram-se 3 dias e eu ainda não havia contado ao Davi, que iríamos nos mudar.
- A gente vai sair mamãe?
Como se tivesse lifo meus pensamentos, Davi me perguntou.
- Filho, a mamãe alugou uma casa para nós.
- O que é 'alugar'?
- É tipo pegar emprestada, filho. Escuta, nós vamos morar lá.
- Por quê?
- Por que nós precisamos de um lugar nosso. Nós podemos ir lá hoje, para você conhecer. - Ele assentiu distraído com a água. Respirei fundo.
Até aqui, tudo bem.
Quando sai do trabalho fiz meu trajeto de sempre, e, após, pegar o meu filho na escola, fomos para a casa. Davi se enpolgou quando a viu. Disse que era grande e bonita. Fiquei muito contente.
- Meus avós e a tia vem, também?
Suspirei sentando no sofá velho e o puxei para sentar em meu colo.
- Amor, essa casa é apenas para nós dois. Do Davi da mamãe.
- Mas, e a vovó o vovô e tia Ka?
- Eles vão continuar lá.
- Mas eu quero que eles venham também.
- Nós iremos sempre visita-los, meu amor. - sua testa enrrugou e um bico surgiu em seus lábios pequenininhos.
- Eu não quero essa casa! Quero a casa do vovô! - saiu do meu colo e cruzouos braços.
- Não é assim filho. Já está decidido. Olha, como essa casa é grande. Tem mais espaço pra brincar. - Percebi que ele desarmou um pouco então aproveitei. - Tem um Jardim enorme lá atrás, podemos plantar flores.
- Flores?
- É?
- De todas as cores?
- De todas as cores. E sabe o que mais tem no jardim? Vamos lá ver?
Quando chegamos ao jardim Davi avistou de primeira o balanço pendurado no galho mais forte da árvore. Me aproximei dele que já estava sentando no pneu.
- Gostou? Foi o tio Allan que fez.
- O tio Allan vem morar com a gente?
A pergunta me pegou de surpresa. Mas não pude deixar de imaginar. O Allan morando aqui?
- Não amor. Será apenas eu e você.
- E a botãozinho?
- Ela virá conosco.
O jardim estava muito bonito, mas claro, pode melhorar quando a grama verdinha se espalhar, e as flores enfeitar, com cores, o local. Logo a frente havia uma árvore. E nela o Allan havia feito um balanço de pneu. Há alguns dias, ele trouxe um pessoal para fazer a varredura na casa interia, depois daquele incidente com a cobra.
Ele me pegou de surpresa quando, ligou avisando que estava a caminho da casa dos meus pais, para que pudessemos vir juntos. Mas a surpresa maior foi quando ele puxou de dentro do porta mala o pneu.
Dias depois, enquanto fazia as malas, mas uma vez o Davi se amuou por não querer deixar os avós e a tia. O puxei para um canto e conversei com ele usando as mesmas iscas do outro dia e o convenci. Karina chorou com nossa partida me fazendo lembrar daquele dia. Naquela época ela era bem menor.
O papai me deu a bênção e disse para sempre voltar. E a mamãe chorou também, mas não se despediu do neto. Apesar de eu ter quase certeza, de que ela o olhou por um bom tempo com os olhos tristes, como se quisesse abraça-lo.
A tinta da casa ainda precísava ser retocada. Mas só poderei fazer no próximo mês, quando receber meu pagamento, pois no momento me encontro de carteira vazia, após pagar a primeira parcela. Cris, havia me dado a ideia de fazer cartão de crédito. "Todo mundo tem um" ela disse, mas acontece, querida, que eu não sou todo mundo. No entanto, confesso que fiquei balanceada após os inúmeros benefícios que ele trazia. Quem sabe um dia. Não quero ficar no 1% que não tem um cartão de crédito.
Soltei a última caixa em meu novo lar. Olhei para o lado quando Davi entrou segurando a bola de pelo nos braços. Fechei a porta e respirei fundo olhando as caixas espalhadas pela sala. Fui até o sofá e sentei, estava cansada, e não havia aparecido nenhum bom samaritano para me ajudar.
A minha cama já estava no quarto, assim como o meu multi-uso e a cômoda dele. Um amigo do meu pai ajudou a trazer estes móveis na sua camionete.
- vamos organizar nossas coisas? - o menino assentiu meio emburrado.
Ficamos o dia inteiro tirando as coisas das caixas e colocando nos seus respectivos lugares, até todas estarem vazias. Logo depois desfizemos as malas, ou melhor, eu desfiz pois o Davi se distraiu com os brinquedos e foi brincar.
Quando todas as roupas estavam dobradas e guardadas no guarda roupa, meu e do Davi, desci para cozinha e a Botãozinho veio atrás de mim miando, olhei para a gata e sorrio indo ao armário pegar sua ração. Peguei sua tigela e enchi com sua comida, ela me olhava sentada no chão, como se já soubesse o que eu estava fazendo. Quando devolvi a vasilha ao chão Botãozinho correu com sua calda suspensa enfiando o focinho na tigela.
- Mãe! - Me assustei com o grito de Davi e corri para ver o que tinha acontecido.
Quando entrei no seu quarto o garoto estava no chão segurando fortemente a perna enquanto chorava, me aproximei dele.
- O que aconteceu?
- Eu cai - Ele olhou para o lado e eu acompanhei vendo um banquinho próximo a mesa.
- Por que subiu ali?
- Queria colocar a estrelinha, era a última. - Fitei as estrelas que havia comprado para decorar o teto do seu quarto e suspirei olhando sua perna que estava com uma mancha roxa na parte frontal da canela.
Levantei ele e o coloquei sentado na cama.
- Já conversamos sobre isso, na próxima vez me chame que eu o ajudarei.
Abracei seus ombros e beijei o topo de sua cabeça. Graças a Deus ele não havia quebrado nada apenas machucado, e logo ficará melhor.
- Ainda essa doendo muito? - Ele balançou a cabeça em afirmação - Logo sarará. Está com fome?
- Estou.
- Então eu vou preparar algo bem gostoso para você, fique aqui me esperando.
- Eu quero ir junto.
- Espere aqui.
- Não. Eu não quero ficar aqui! - Respirei fundo.
- Então fique de pé. - Ele levantou os olhinhos para mim.
- Minha perna dói.
- E como você quer descer comigo?
- Mamãe me leva. - Falou inocentemente me fazendo rir. - Faz cavalinho mamãe.
Apertei suas bochechas e o ajudei a ficar de pé na cama. Virei de costas para ele e senti quando o Davi pulou nas minhas costas. Ele passou os braços no meu pescoço e eu segurei suas pernas.
- Pronto?
- Sim!
Comecei a ir em direção a porta. Eu sabia que a perna dele não estava doendo tanto, era só birra para não ficar no quarto.
Coloquei ele sentando sobre a bancada e fui direção ao armário. Não tinha quase nada pois ainda não havia ido ao supermercado. Peguei um pacote de bolacha e deixei em cima da mesa, abri a geladeira e se não fosse pela jarra de suco que havia feito mais cedo, estaria praticamente vazia.
Depois que Davi lanchou o deixei assistindo Pocoyo em meu celular e subi para meu quarto. Peguei minha toalha e fui em direção ao banheiro e após um banho relaxante desci novamente para sala. Aproveitando que hoje era domingo, decido repor o estoque de comida.
- Davi, vamos ao mercado.
- Mas estou assistindo. - Respondeu sem tirar os olhos do aparelho.
- Quando voltarmos você continua assistindo.
- Tá bom mamãe. - Ele levantou, enquanto calçava os chinelos guardei o celular no bolso da minha calça.
Subi novamente e peguei um casaco e boné e protetor solar. Mas aproveitando que estava um pouco frio irei pôr um casaco também.
Houve um momento, no supermercado, que percdbi que passariamos no corredor dos brinquedos, então dei a volta e começei a puxar assunto com o garoto a fim se dustrai-lo. Pois se seus olhos batessem naquelas prateleiras cheias de pelucias e carrinhos uma coisa seria certa: o choro seria livre. Eu não tinha condições de comprar nada ali. Quando constatei que havia pegado tudo que precisava e o suficiente por um tempo, levei o carrinho para o caixa. A moça olhou para mim com tédio estampado no rosto, mas mesmo assim dei um sorriso, que não foi correspondido.
Coloquei três sacolas em um braço, e quatro no outro, estava pesado mas não tinha o que fazer. O tempo havia mudado e nuvens escuras enfeitavam o ceu. Davi segurava a barra da minha blusa, meus passos eram largos para que eu pudesse chegar rápido em casa, o que fazia a criança quase correr para me acompanhar.
Não conseguimos chegar sem antes tomar um banho de chuva.
Minha preocupação era com o Davi que tinha a imunidade muito baixa. Tomamos um banho quente e vestimos roupas secas. Enquanto ele assistia desenhos no meu celular eu voltei para a cozinha e comecei a guardar as compras. Muita coisa havia molhado e estragado a embalagem. Espero não ter estragado por dentro também. Meu celular começou a tocar e antes que eu chegasse na sala, Davi foi mais rápido atendendo a ligação.
- Alô? - ouvi ele falar com o celular preso entre a orelha e sua mão gordinha. - Tio Allan!
- Grande foi a minha cara de surpresa e indignação pela alegria que o Davi demonstrou.
- Estou bem. Hoje eu e a mamãe tomamos um banho de chuva. Humhum. A mãe ficou o caminho todo reclamando como um gatinho, mas foi tão bom tio Allan. Você já tomou banho de chuva?
Eles continuaram conversando e eu igual uma tonta assistindo encostada no batente da porta.
- A mamãe? Ela está aqui. Você quer falar com ela?...Toma mamãe, é o tio Allan. Tchau tio Alla!
Davi me entregou o celular e voltou para o sofá.
- Alô?
- Oi Rebecca, como você está? Sobe que se aventurou na chuva hoje.
- Não foi bem uma aventura. - Ouvi seu riso do outro lado e consequentemente ri também.
- Como foi a mudança?
- Cansativa! Mas já organizei tudo. Estou estranhando um pouco. Sempre estive junto da minha família. Está apenas eu e o Davi é silencioso demais.
- Com o tempo você se acostuma. E o Davi? Ele parece bem.
Sim.
- Queria ver você.
…
- Rebecca?
- Estou aqui.
- Quero levar você e o Davi em um parque de diversão da cidade vizinha. Você aceita?
- Quando?
- Quando você quiser e puder.
Está bem, eu aceito Allan.
- Fico realmente feliz.
Marcamos para o próximo fim de semana.
(...)
Neste momento estava rodeada de roupas e mesmo assim não encontrava nada apresentável. Começo a pensar que não trouxe todas da casa dos meus pais. Lembro que tenho uma blusinha básica, ela ficaria bem com a calça widileg que já tinha serapado. Mais o sapato branco. O melhor que achei para ir ao parque de diversões. Eu acho. Nunca estive em um.
Eu deveria passar maquiagem? Talvez algo básico também. Pó, rímel, glos.
Achei a blusa e eu tinha razão, o look estava bonito.
- Mamãe, você está linda.
Olhei para trás e me segurei para não cair para trás. A cena que vi foi Davi com a gata espremida nos braços, mas esse não era o problema. O problema era que ele já estava arrumadinho e usava uma camiseta preta.
Preto é inimigo de pelo.
- Filho! - Choraminguei indo até ele - Solta a botãozinho. Olha só, você sujou toda sua roupa. - A gata caiu de pé no chão e correu em direção a cama e deitou-se lá.
- Eu limpo mamãe. - Falou batendo a mão na roupa. Mas não adiantava.
Olhei o horário no relógio e repirei fundo indo até o guarda roupa. Peguei outra camisa e o troquei. Minutos depois alguém bateu a porta. Era Allan.
- Boa noite!
Tio Allan! - Gritou Davi correndo até está nos braços do tio Allan.
Ele estava com um suéter branco, combinando com o sapato e uma calça preta. Parecia mais jovem que o normal. De repente me senti constrangida por não estar tão arrumada. A verdade é que depois da gravidez nada ficava bom em mim. Ele olhou para mim e sorriu largo.
- Você está linda Rebecca. - O elogio, me fez sorrir.
- Obrigada! Você também…está…lindo.
Ele riu de minha timidez.
Davi ficou maravilhado quando chegamos no parque de diversões. Era um "mamãe vamos nesse" "Mamãe o que é aquilo?" "Mamãe compra pra mim" mamãe, mamãe, mamãe… que não acabava mais.
Fomos em muitos brinquedos, a alegria estampada no rosto do meu menino, era a minha alegria. Suas gargalhadas, misturadas com as do médico, era um som que eu queria aguardar para sempre. Allan a todo momento se preocupava conosco, perguntava se eu estava com medo na roda gigante, e sempre avaliava as expressões do Davi buscando algum desconforto. Ele não sabia, mas aqueles gestos também estariam guardados.
Davi só parou quando Allan lhe comprou algodão doce. Era a primeira vez que comia. Seus olhos brilharam no primeiro pedaço. Sua euforia só aumentou quando percebeu que o algodão derretia na boca. Ele colocava um pedaço na língua e ficava com a boca aberta nos mostrando sua descoberta.
- Eu amo algodão doce. - ouvi o menino dizer.
- Você quer mais Davi?
- Não! - Falei rápido - Já chega de doce.
- Ah, mamãe, eu quero!
- Você já comeu demais filho.
- Tio Allan. - Davi foi até ele enquanto o chamava de forma manhosa. - A mamãe não deixa o Davi comer doce.
- Ela tem razão, Davi. Muito doce não faz bem. - Respirei fundo quando seus lábios se transformaram em um bico. - Vamos fazer assim, na próxima vez voltamos aqui apenas nós dois, e eu vou deixar você comer todo algodão doce do parque.
Meu queixo caiu de indignação. Como ele pode me contrariar e ainda me excluir dessa forma? Voltei minha atenção para eles quando Davi começou a pular de alegria.
Voltamos a caminhar em direção ao carro para irmos embora.
- Então na próxima eu não virei? - perguntei me inclinando para que apenas Allan me ouvisse. Ele me olhou rapidamente.
- Nã..Não. quero dizer, sim. Eu só disse aquilo por… - comecei a rir de seu nervosismo.
- Obrigada, Allan. De verdade.
Davi reclamou o caminho inteiro por está com sono. Porém, não dormia pois queria que Allan o pusesse para dormir. Mas isso não me deixou surpresa. O que me surpreendeu foi Allan ter aceitado.
Quando chegamos em casa, dei um banho no Davi e lhe dei uma mamadeira de leite. Deixei que ele guiasse Allan até o quarto. Decidi aproveitar para me banhar também.
Após finalizar o banho, imaginei ele já estivesse no décimo sono. Mas quando me aproximei da porta ouvi vozes do outro lado.
- Eu durmo com a mamãe, porque ela não consegue dormir sozinha.
- Sério? A mamãe é uma bebezona.
- É sim, titio! Mas eu protejo ela.
- Ainda bem que ela tem você.
- Você também pode proteger a mamãe.
- Claro Davi, tudo que eu mais quero é proteger ela. Desde que nos conhecemos.
- Você conhece a mamãe há muito tempo, tio Allan?
- Nos conhecemos quando você ainda não havia nascido.
- Nossa, tio. Faz um tempão.
Ficaram em silêncio por um tempo.
- E o meu pai? Você o conheceu também?
Arfei assustada.
Cogitei entrar no quarto e interroper a coversa, mas havia curiosidade em mim de saber a resposta e a reação do meu filho em relação a ela.
- Não Davi, eu não conheci seu pai. Você queria conhecer ele?
- Não sei titio. Eu queria saber por que ele não está aqui. A mamãe nunca fala dele. Você acha que ele é um homem mal? Se ele fosse bom estaria com a mamãe, né?
Decidi que era a hora de pôr fim naquele assunto. Respirei fundo espantando as lágrimas e entrei com um sorriso artificial no rosto.
- Ainda acordado, mocinho?
- Mamãe, eu não estou com sono.
- Não foi isso que disse agora pouco. Eu vou deitar com você.
Deitei ao lado direito do Davi e fiz cafuné em seus cabelos e pouco a pouco seus olhos foram fechando. Allan ainda estava no quarto e me olhava com aqueles olhos negros.
Quando me certifiquei que Davi dormia, sai da cama após cobri-lo.
-Você ouviu.
- Eu não sabia que ele tinha esse desejo. Ele até perguntava quando era mais novo. Porém parou. Acho que de tanto eu fugir do assunto, ele cansou.
Sentia-me impotente. Um fracasso. Eu não estava suprindo a figura paterna. Eu não poderia fazer isso.
Estava distraída com meus pensamentos quando braços rodearam-me. Allan me abraçava. E eu deixei, pois há muito tempo não recebia um. De alguém. Respirei fundo encostando minha cabeça em seu peito.
- Você é uma mãe maravilhosa, Rebecca. Davi não te ama menos por não ter informações do Pai.
- Você acha?
- Tenho certeza. Davi tem muita sorte em ter você. - Apertei mais meus braços em volta da sua cintura.
- Obrigada.
- Você deveria ir dormir também. - Me afaste para olhar ele.
- Não estou com sono. - Ele riu.
- Mas está tarde. Amanhã você trabalha. - Suspirei cansada.
- Você também trabalha, porque ainda está aqui?
- Está me expulsando?
- Você me excluiu de um futuro passeio seu, com meu filho.
- Eu só estava brincando, Rebecca. Não acredito que levou para o coração isso? - Empinei o nariz fingindo estar chateada. - Tanta coisa para levar pro coração e você levou isso?
- Quais coisas?
- Eu.
Meus braços caíram ao lado do corpo. E ele sorriu de lado.
- E-eu. Ahn…acho que estou ficando com sono.
- Está bem. Eu já vou indo. - Allan se aproximou de mim, e antes que eu pudesse processar ele deixou beijo na minha testa.
- Vamos fazer isso novamente.
- Quê?
- O Passeio. Vamos repetir. Nós três.
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