Capitulo 15
Cris havia avisado por mensagem que não poderia vir hoje, pois tinha consulta marcada.
Após abrir a lanchonete, começei passando uma vassoura de leve, pois não estava tão sujo, já que, sempre limpamos antes de fechar. Depois coloquei as cadeiras nos seus lugares, no chão. Meia hora depois começou a chegar alguns clientes. Torcia para que o movimento não fosse tão alto hoje.
Se meu chefe, o qual mal vejo o rosto, soubesse desse pensamento meu.
Entrou duas crianças. Uma menina e um menino. A menin parecia ser mais velha. Ambos pareciam tímidos O garoto se escondia atrás dela. Eles se aproximaram do caixa.
- Quando custa o bolinho? - Olhei atentamete para a dona da voz.
- Qual deles?
- Esse - disse ela apontando para o bolinho com glacê de morango.
- Apenas um? - Ela assentiu. - É quatro reais.
Peguei o bolinho e a entreguei, a menina estou a outra mão com moedinhas.
Peguei as moedas e contei na palma. 3,50 reais. Sorrio com o pensamento de que eles podiam ter perdido os outro 50 no caminho.
- Aqui tem um pouco a mais. - Falei pegando outro bolinho e entreguei ao menino que se escondia.
- Obrigada - Disse a menina e pegou o bolinho. Observei eles saírem.
Pela porta que elas saíram, outra pessoa entrou. Era Allan.
Tomada pela surpresa, lhe dei as costas rapidamente.
O que ele faz aqui?
- Bom dia! - Fechei os olhos com força, e respirei fundo antes de abri-los e me virar. Ele sorriu largo quando virei de frente para ele.
- Bom dia… Allan. - Ele balançou a cabeça, ainda sorrindo. - Vai querer alguma coisa?
- Um café sem açúcar, por favor. - Enquanto preparava o café, me senti tímida, pois sabia que Allan me observava.
Uma mulher me chamou elevando a voz, pedi que esperasse um pouco, mas não deu 1 minuto, e ela já me chamava novamente. Entreguei o café a Allan, que estava ainda à minha frente e sai de trás do balcão indo até a mesa onde se encontrava a mulher.
- Pois não?
- Quanto deu tudo?
- Só um minuto. - Corri até o balcão e peguei a calculadora. Não me garanto em matemática. - Vamos ver. Um suco de maracujar por 7 reais , uma fatia de bolo por 5 reais, e dois Pasteis por 3 reais cada. Dá o total de… 18 reais.
A moça pagou recolheu suas coisas e saiu. Limpei a mesa e retornei ao balcão. Allan ainda estava no mesmo lugar.
- Por que está sozinha? Onde está sua amiga?
- Ela não pôde vir hoje pela manhã.
- Você trabalha o dia todo?
- Não, apenas pela manhã. Na parte da tarde é a Cris e a irmã dela, menor de idade. Devido ao estudo, ela só pode trabalhar à tarde. Ainda bem, por que, dessa forma, eu consegui esse emprego, e ainda fico com meu filho a tarde inteirinha. O pagamento daqui não é lá essas coisas, mas é o suficiente. Não vivemos com luxo, mas vivemos. É o que importa afinal. Como sabe, eu moro com meus pais e isso me faz economizar muito. Por isso eu tenho dinheiro guardado no banco. Quero um lugar para mim e para meu filho. - Parei de falar, mas tudo que recebi foi silêncio.
Ergui a cabeça e encontrei os olhos dele em mim. Aquilo fez meu corpo agir estranho. As batidas do meu coração aumentaram. Meu rosto esquentou.
- Depois de tantos anos, eu ainda gosto quando você fala mais de três linhas, Rebecca. - Respirei fundo piscando devagar. Nossos olhos ainda estavam conectados um ao outro.
- Você não ligou para mim.
- Desculpe.
- Tudo bem, sou paciente.
- Com licença.
Quebrei o contato olhando para um homem que acenava para eu ir até ele. Terminei o trabalho tentando não voltar para o balcão e tentando não pensar muito. O horário de fechar chegou e ele ainda estava lá. Sentado. Me assistindo.
- Preciso fechar. - Falei.
- Te ajudo.
- Não precisa.
- Só tem nós dois aqui, seria rude da minha parte deixá-la aqui sozinha. O que devo fazer?
- Realmente, não precisa…
- Não sou filho do dono, Rebecca. Não se preocupe.
Juntei minhas sobrancelhas com sua fala. Mas logo comecei a rir, no intante que lembrei de um momento nosso na fazenda, quando ele quis me ajudar a colher morangos, mas eu falei que não podia por ser filho do dono da fazenda.
- Nesse caso, você pode me ajudar.
- Vamos logo florzinha!
Esse djavu fez meu coração esquentar. Como um aconchego. Semelhante a quando deitados entre as cobertas quentinhas após um dia frio e exaustivo.
Allan me ajudou na limpeza, enquanto eu limpava as mesas ele colocava cadeiras em cima das mesas; enquanto eu varria ele passava o pano. Rapidamente terminamos.
- Te levo em casa.
- Vou pegar o Davi na escola.
- Te levo lá então.
- Não pre…- Parei quando ele ergueu uma sobrancelha. - Está bem, irei apenas tirar o uniforme.
- Estarei esperando.
Me virei e peguei minha bolsa indo até o banheiro. Respirei frustrada olhando as roupas que vim hoje. Por que não escolhi algo mais bonito. É melhor ficar com o uniforme. Quando voltei Allan falava ao telefone. Seus olhos logo cairam em mim, e suas sobrancelhas juntaram. Talvez por me ver com o unifome após dizer que iria me trocar.
- Júlia, você não sabe com quem estou aqui. - Allan mexeu no celular e depois se aproximou de mim.
- Quem?
- Oi Julia!
- Becca?
- Sim, sou eu. Tudo bem?
- Meu Deus Rebecca! Quanto tempo! Estou bem e você? E o Davi, como ele está?
- Estamos bem.
- Pegue meu número com o Allan, Becca! Precisamos manter o contato.
- Está bem.
- Agora preciso desligar, ju. Vamos pegar o Davi na escola. - Disse Allan.
- Espera…Vocês estão juntos?
- Não Ju, eu e Rebecca somos apenas amigos, ainda.
- Humm sei. Vão lá buscar o Davi. Me liga Becca!
- Ok. Tchau ju.
Allan me ajudou a desenrolar o portão de aço. E fomos até seu carro. O caminho todo fui pensando no que o Allan havia dito. Aquele "ainda" soava em minha mente.
Ele teria insinuado algo?
Se ele quisesse dizer que mantemos a amizade desde a fazenda o " ainda" ficaria antes do "somos".
Ainda somos amigos, essa seria a frase que não me faria pensar tanto.
Mas na forma que ele falou. Não sei. A colocação da palavra estava me incomodando.
Ou é coisa da minha cabeça?
E por que minha cabeça estaria preocupada com isso?
Davi fez uma festa quando reconheceu o Allan.
(...)
Ao chegar em casa Davi deixou a mochila próximo ao sofá e correu para a cozinha, certamente atrás da botãozinho. A casa estava vazia, minha mamãe não havia chegado e meu pai não estava mais no sofá como quando sai.
Fui em direção ao quarto maior da casa e entrei vendo que meu pai estava deitado de bruços na cama, me aproximei e puxei o cobertor para cobri-lo melhor, pois eu sei como ele costuma sentir frio, mesmo com o clima quente.
- Mamãe! mamãe! - Davi entrou no quarto gritando.
- Shiu! - Pedi silêncio com o indicador para não acordar o papai, mas me assustei quando vi os olhos da minha criança transbordando em lágrimas e os lábios trêmulos.
- O que houve?
- A botãozinho…não consigo encontrar a botãozinho. Cadê ela, mamãe? - minhas sobrancelhas se juntaram e eu peguei no colo saindo do quarto.
- Ela deve estar escondida em algum lugar dormindo.
- É?
- Sim, vamos procurar ela. - beijei sua bochecha.
A gata sempre arruma um novo lugar para dormir, às vezes em cima das cadeiras da mesa, às vezes em cima do armário ou em baixo da pia, outras vezes embaixo da cama e até mesmo em cima dela, quando encontra uma brecha dorme dentro do guarda roupa. Mas desde do dia em que ela sumiu por três dias, o Davi se preocupa quando não a vê nesses lugares.
Quando desci o último degrau, a porta da sala abriu, minha mãe passou por ela.
- Liga a TV. - estranhei seu pedido.
- O que aconteceu? - Perguntei pegando o controle remoto. Ela não respondeu.
Liguei a televisão, onde estava passando a reportagem de uma tragédia. Um incêndio.
- Não é o apartamento que iria comprar? - Olhei mais atentamente.
Os Bombeiros tentavam combater as chamas, outros carregavam corpos, pessoas choravam desesperadas do lado de fora. O jornalista diz não saber o motivo do incêndio mas o mesmo já havia tirado a vida de 8 pessoas. Não consegui reconhecer o lugar, e se era o mesmo prédio, mas quando um homem apareceu na tela da televisão, o ar fugiu dos meus pulmões, e apenas uma coisa passou em minha mente.
Denise e sua filha.
Não podia acreditar que aquelea moça simpática havia morrido junto com sua bebê.
Vendo o desespero de Hugo ao lado de outros pessoas que tambem havia perdido um ente, era possivel sentir a dor. Um homem jovem que não iria passar o resto de sua vida ao lado da mulher amada, tambem não assitiria sua filha crescer, casar e formar a própria familia. Apenas 3 pessoas haviam sobrevivido, mas estavam em situação de risco no hospital.
- Achei a botãozinho, mamãe! - Desviei minha atenção para meio filho que apareceu com a felina nos braços.
Meu peito apertou ainda mais, e cai sentada no sofá. Cobri meu rosto com as mãos quando o choro que estava preso decidiu vir à tona. Senti quando mãozinhas tocaram minhas mãos com delicadeza, ouvi sua voz infantil questionando se eu estava chorando, portanto meu choro intensificou ainda mais.
- Quer um pouco de água Rebecca? - minha mãe perguntou, mas eu não consegui responder.
Eu precisava colocar o que estava sentindo para fora. A ideia de que poderíamos estar naquele prédio, me apavorou. Sentir que poderia ser eu no lugar do Hugo, lamentando a perda de um filho. Mas não estávamos lá. Por que o Davi ficou doente, e passei quase o dia inteiro no hospital. Foi um dos piores dias da minha vida, mas que nos permitiu estámos vivos hoje.
Naquele dia eu fiquei muito frustrada, pois não entendi porque tinha que dar tudo errado, esqueci que Deus estava comigo o tempo todo, e que tudo sempre acontece como Ele quer.
Abracei meu filho com a gata entre nós, feliz por está com ele. Por estarmos seguros, e principalmente, pelo livramento dado por Deus.
- Você não vai comer? - neguei com a cabeça.
- Estou sem fome. Mas vou preparar algo para o Davi.
- Ele já comeu - Olhei surpresa para a mulher em minha frente, e sorri pequeno.
Minha mãe nunca me ajudou com o Davi, seja na comida, no banho, ou quando chorava por se machucar ou por está doente. Nunca demonstrou carinho, nem mesmo lhe dava atenção, às vezes apenas se dirigia a ele para repreendê-lo. Mas hoje, pela primeira vez. Minha mãe alimentou seu neto.
- Ele está lá no jardim com seu pai.
Eu não me admirava com a interação do meu pai com o Davi, até porque ele sempre o aceitou como neto, para falar a verdade, ultimamente meu pai está mais próximo do neto que de mim.
- Então, irei subir e tomar um banho.
- Você está bem? - Assenti, mesmo estando mal com o acontecimento.
Estava triste por está feliz, confusa por está aliviada.
(....)
Peguei o menino emburrado no colo e me despedi da professora dele com um chazinho. Pedi que Davi fizesse o mesmo mas este se recusou a largar o meu pescoço.
Meu menino estava zangado pois não teria a apresentação de São João que ele tanto ensaiou, por alguns motivos a escola teve que adiar para a volta às aulas, isso para não cancelar de vez. Agora havia entrado em recesso de duas semanas.
Davi sempre gostava de participar de qualquer evento na escolinha, nunca negava quando o assunto era apresentar algo para as pessoas. Ele ficou muito empolgado.
Neste recesso terei folga de três dias, contanto com o dia 24, e há algum tempo, venho pensando em visitar a vovô. Eu tinha um dinheirinho reserva guardado, que dava certinho para a passagem de ônibus. A primeira vez que retornei à fazenda após o nascimento do Davi, ele tinha 1 ano, lembro que ele estava aprendendo a falar mas a palavra "Caalo" não saia de sua boca. Fomos outra vez quando ele estava pra completar 3 anos, e foi um dos melhores momentos da minha vida, ver a alegria dele ao montar nos cavalos, correr atrás das galinhas e assistir os porcos comerem, foi único.
- O que você acha de fazermos uma viagem de amor?
- Viagem?
- É.
- Para onde?
- Para casa da sua bisa. - Seus olhos brilharam.
- Na fazenda? - Assenti.
- Você quer ir?
- E a apresentação mamãe?
- Ela vai demorar um pouquinho, meu bem.
- Eu queria hoje! - falou fazendo um biquinho.
- Hoje não dá filho, a tia Fernanda já explicou que só depois do recesso. Até lá você pode ensaiar mais para ficar perfeito.
- É?
- Sim. Não fique triste, ok? - ele assentiu, voltando a abraçar meu pescoço.
- Você quer viajar?
- Quero.
Quando voltei para casa, Karina estava sentada no sofá junto ao seu amigo assistindo algum filme na televisão. Cumprimentei o garoto e fui em direção a cozinha, encontrando o papai comendo doce de goiaba.
- O senhor não devia estar comendo doce pai.
- Uma vez na vida não faz mal.
- Você diz isso sempre que come algo prejudicial a sua saúde. - Ele revirou os olhos e guardou o doce na geladeira. - Onde está a mamãe?
- No trabalho, hoje vai ficar até mais tarde.
- Eu vou visitar a vovó nesse recesso.
- Hum. - deu de ombros e saiu do cômodo.
Respirei fundo. As vezes meu pai conseguia ser tão frio que me dava arrepios.
Subi para o guardo com o garoto e peguei a mala a colocando aberta sobre o colchão escuro. Abri as janelas e, logo após, comecei a pegar algumas roupas e jogá-las ao lado da mala. Aquilo pareceu ser o incentivo para meu filho se jogar em cima delas várias vezes. Enquanto ouvia o barulho da mola do colchão eu pegava também roupas do Davi. Bem mais dele do que minhas.
Juntei alguns brinquedos com as roupas, apenas o ursinho de pelúcia preferido dele, um carrinho, e um boneco de ação, que havia ganhado do avô. Encaixei tudo na mala, assim como os materiais de higiene e tudo que precisaremos.
- Porque está fazendo as malas? - Olhei para trás e vi Karina parada na porta com o cenho franzido. - Não me diga que vai embora, de novo?
- Vamos ver os cavalos!. - Gritou Davi.
- Vai visitar a vovó?
- Sim. - Ela suspirou aliviada e se aproximou sentando na cama - Quer vir conosco?
- Eu queria, mas eu ainda não estou de recesso.
- Podemos esperar e irmos quando suas aulas acabarem.
- Não mamãe, eu quero ir agora! - Falou Davi chateado com a hipótese de adiar a viagem.
- Filho!
- Tudo bem Becca, vocês podem ir. Na próxima vez eu irei.
- Tem certeza? - Ela assentiu. - Certo.
Minha irmã me ajudou a arrumar as coisas na mala e enquanto fazíamos isso, conversamos sobre algumas coisas. Ela me contou sobre ter dois seminários e duas provas para o mesmo dia, e como estava frustrada por isso. "Os professores se unem para fazer o aluno sofrer" ela exclamava. Me falou sobre estar cada dia mais próxima do Júnior, e que o mesmo demonstrava gostar de si.
Essa parte doía meu coração. Não que eu fosse uma irmã muito ciumenta, mas querendo ou não, tenho dificuldade em aceitar que minha irmã caçula estava crescendo.
Após dar um banho no Davi, e o vestir com uma bermuda, na cor vinho e uma camisa polo branca, deixei ele com Karina, essa que procurava o sapato mais novo dele para calça-lo. E fui tomar meu banho.
Estava ansiosa para estar logo na fazenda e ver meu filho se divertir com as coisas do campo.
Quando a mamãe chegou do trabalho, a comuniquei sobre minha viagem. E apesar de eu ser maior de idade ela não quis me deixar ir, o que eu não conseguia entender por que quando descobrimos minha gravidez ela me mandou para lá sem hesitar. Mas toda vez que decidia visitar a vovó, ela não gostava. A mamãe conversa com a vovó, mas é muito raro. Por algum motivo a mamãe era indiferente a sua. Porém como eu já havia decidido, não desisti apenas por que ela queria.
Durante toda viagem meu filho olhava para todos os lados eufórico. Era incrível ver o brilho em seus olhos quando estava feliz.
Assim que ônibus parou, Davi levantou do acento e mandou eu levantar também. Segurei a mão dele e com a outra mão, a alsa da mala. Pegamos um taxi até a estrada de terra que dava para a fazenda, ele nos deixou próximo a porteira. Quando a atravessamos, Davi soltou minha mão, e foi correndo em direção ao casarão, na mesma hora em que minha avó saia para fora com um pano de prato no ombro, ela olhou curiosa em direção ao Davi e assim que nos reconheceu abriu um enorme sorriso e foi de encontro com o bisneto. Arregalei meus olhos quando Davi pulou em seus braços, corri me aproximando deles.
- Davi, eu falei para não fazer isso com sua vó.
- Deixa o menino, Florzinha. - Ela disse olhando para mim.
- Tio! - Olhei por cima do ombro de minha vó e avistei Tio Rogério acenando. Davi quando viu não pensou duas vezes antes de correr em direção a ele e logo o pegou no colo.
- Davi tem esse costume de pular em cima de qualquer pessoa. - Falei vendo os dois brincando mais a frente.
- Ele é um menino de ouro.
- É sim! - Concordei em um suspiro orgulhoso.
- Como você está?
- Bem vó, aconteceu tanta coisa desde a última vez que estive aqui.
- Quanto tempo dessa vez?
- Temos o fim de semana inteiro, para colocarmos as novidades em dia.
Peguei minha mala onde tinha roupas minhas e do Davi, não havia trazido muitas coisas já que seriam apenas dois dias. Chamei Davi para entrarmos e ele veio correndo. Sempre que voltava aqui algo preenchia meu peito, eram sensações que não seria capaz de descrever.
No momento difícil da minha vida, todos me acolheram muito bem aqui, e através desse lugar eu encontrei forças para sorrir, claro que minha maior força vinha e vem de Deus. Ele sempre esteve comigo, em momento algum me abandonou.
Quando entramos Eduardo apareceu na escada, ele desceu e parou em minha frente.
- Quanto tempo, Rebecca! E esse rapazinho aqui? Céus! Como o tempo passa rápido!
- É mesmo. - Concordei - Diz "Oi" para o seu Eduardo filho.
- Oi!
- Oi, como vai?
- Bem! Mãe, eu quero ver os cavalos! - Exclamou Davi, segurando a minha mão.
- Agora não amor.
- Eu quero agora! - Falou batendo o pé no chão.
- Davi, não começa! - seus lábios se formaram em um bico chateado e ele cruzou os braços. - Como o senhor está? - Voltei a olhar seu Eduardo.
- Ainda com essa história de "senhor"? Assim me sinto como tal. - Reclamou ele fazendo todos nós rir.
- É o costume - Eu disse.
- Eu vou preparar algo para vocês - Se prontificou minha vó.
- Comigo não se preocupe vovó, já o Davi... Filho você está com fome? - Ele me olhou e afirmou exageradamente.
- Então vamos com a bisa - Chamou a mais velha erguendo a mão e logo o Davi a segurou e ambos foram para cozinha. Tio Rogério anunciou que voltaria ao trabalho e saiu.
- Sente-se Rebecca! - Pediu seu Eduardo. Assenti soltando a mala e sentando no sofá.
- O sen...digo, você. Você tem notícias da Júlia?
- Há uma duas semanas atrás, ela me ligou. Conversamos por uns minutos então ela desligou.
- Ela está bem?
- Acredito que sim. Bem, foi o que ela me disse.
- Por que ela não vem visita-lo? - Ele deu de ombros.
- Eu não sou seu pai verdadeiro, talvez ela não veja motivos para vir. - balançei minha cabeça lentamente pensativa.
Abandonar Eduardo dessa forma, não era algo que ela faria. Se bem me lembro, por mais que ela não o chamasse de pai, Julia o amava como tal.
- E a Verônica, tem visto a Júlia?
- Não, da mesma forma que eu, ela apenas recebe algumas ligações.
- Ela não acha isso estranho? - Ele deu de ombros novamente.
- Para a Verônica a Júlia está ocupada demais para nos visitar. Mas ninguém é tão ocupado ao ponto de esquecer a família por anos.
- Quando ela ligar novamente diga que estou com muita saudades dela. - O homem a minha frente sorriu assentindo com a cabeça.
- Eu direi. Quem sabe com isso ela dê as caras por aqui novamente. Também sinto saudades daquela pirralha.
- Ela deve está muito feliz!
- Concordo, era o sonho dela casar com o Paulo. - Falou revirando os olhos - Nunca fui contra o relacionamento deles, pois o Paulo é uma boa pessoa, porém, foi ele que tirou ela de mim.
- Passarinhos foram feitos para voar. Uma hora ou outra ela teria que levantar vôo.
- Se eu soubesse que voaria tão longe teria despenado as asas dela. - Gargalhei com sua fala.
- Quanta maldade Eduardo. - Ele riu também.
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