Capítulo 8
— Sinceramente, Jubs, não estou certa de que conseguiremos conhecer Londres em apenas um fim de semana. — estávamos dentro do metrô, indo até o nosso primeiro destino, a tão famosa London Eye. — O seu roteiro está muito bem planejado e eu agradeço por isso, mas...
— Ah, Alice, assim você me ofende! — ela me lança um olhar ofendido. — Até parece que não tem fé em mim!
— A questão não é essa! — digo baixo. O metrô está relativamente cheio, e ao meu lado esquerdo, um senhor, de aproximadamente sessenta anos, está prestando atenção em cada palavra dita por nós. — Você está tão feliz e animada em ser nossa guia, só estou com receio de que se fruste quando... — ela crispa os olhos, e eu conserto minha frase. — se as coisas não saírem como você planejou. — sua expressão se suaviza. Minha amiga abre um pequeno sorriso e responde com convicção.
— Ali, se conseguirmos fazer tudo o que planejei, ficarei muito feliz! Mas caso isso não aconteça, continuarei feliz, pois você está aqui com a gente! — segura minha mão. — E o objetivo da nossa viagem não é te levar para conhecer todos os cantos de Londres, isso realmente seria impossível em apenas três dias. Mas te trouxemos aqui para que você tenha uma noção de como as coisas funcionam na cidade em que irá morar em breve.
Mordo os lábios com força.
— Eu realmente não tenho como agradecer por isso. — solto um suspiro.
— Apenas se divirta e aproveite a melhor viagem da sua vida! — pisca para mim.
Em poucos minutos estávamos saindo da estação Westminster. Jully segura o meu braço, puxando-me para o lado de fora depressa. O fluxo de pessoas e carros é intenso, fazendo jus à capital inglesa.
A primeira diferença entre Londres e Cambridge: o trânsito. Cambridge é uma cidade muito tranquila de se viver, apesar do grande fluxo de pessoas. A maioria estudantes e turistas.
— Uau, que trânsito... — comento sem desviar os olhos dos carros e ônibus.
— Lá em Cambridge é capaz de vermos um trânsito como este apenas no rio Cam, lotado de barquinhos. — diz rindo.
— Não exagera! — choco meu ombro com o dela, rindo também. Então vejo a enorme London Eye.
— Por favor, parem de correr! Estão parecendo duas crianças fugindo dos pais em um parque de diversões. — Oliver e Bruce se aproximam.
— Não seja estraga prazeres, só estava ansiosa para mostrar a cidade à Ali aqui! — ela passa o braço sobre os meus ombros e eu desvio minha atenção da grade roda gigante.
— Bom, devo observar que já temos uma grande e encantadora roda gigante compondo o nosso parque de diversões. E, sinceramente, estou doida para andar nela. — digo com animação.
— Somos dois! — Bruce para ao meu lado, acompanhando o movimento lento da roda. — Imagine a vista de lá de cima.
— Deve ser de tirar o fôlego. — faço o mesmo.
— Então é melhor andarmos logo! — Oliver passa por nós.
— Sim! — Jully o acompanha. — Mas antes o que acha de tirarmos uma foto com o Big Ben? Infelizmente, não é possível visita-lo, por conta das obras de reforma. Apenas algumas áreas do parlamento, mas isso é uma chatice! E temos coisas muito mais divertidas para fazer.
— Eu gostaria de visitar o parlamento! Na verdade, gostaria muito!
— Me perdoe, Bruce, não coloquei essa visita no roteiro. — balança o papel no ar. —Mas talvez o Oliver queira te acompanhar nessa. — os dois olham para ele, que observa o Big Ben distraidamente.
— O quê? — pergunta, ao perceber os olhares sobre ele.
— O que acha de visitarmos algumas áreas do parlamento? — pergunta ao amigo. No meu íntimo desejo que Oliver não aceite e venha conosco, mas seria muito egoísmo da minha parte.
— Se eu não me engano, isso não está no tal roteiro feito pela Smigol. — Jully fecha as mãos em punho, o que acaba amassando o papel, e solta um gruído raivoso, antes de falar entredentes.
— Foi o que acabei de dizer! Onde está com a cabeça? Acho melhor mesmo vocês visitarem o parlamento. — sinto sua mão em meu pulso.
— O quê? — Oliver arregala os olhos. — E deixar vocês perambularem sozinhas por Londres? — seu olhar encontra o meu. — De forma alguma! Prometi a sua mãe que cuidaria de você, e não sairei do seu lado. Vocês querendo ou não!
— Não há nenhuma criança aqui, Oliver! — digo, um pouco chateada. — Agradeço pela preocupação, mas saberemos nos virar muito bem sozinhas.
— Você é extremamente irritante, Oliver! — brada a irmã, bem mais chateada do que eu.
— Mas a ideia não era passearmos juntos? — frisa a última palavra. — Por que estão agindo como se eu fosse o culpado? O que aconteceu?
— Cara, eu apenas queria visitar o parlamento. Sua irmã falou do roteiro, e para não atrasar, ela deu a ideia de nos dividirmos. Seria apenas dessa vez, mas não tem problema. Na verdade, concordo com você, é melhor ficarmos juntos.
Jully bufa e me puxa novamente.
— Ele me irrita demais! E essa TPM está me matando. — sussurra a última parte.
Segundo Jubs, o melhor local para tirarmos foto com o Big Ben é no Parliament Square Garden, perto da estátua do Sir Winston Churchill. Assim o fizemos. Minha amiga ficou emburrada a maior parte do tempo, ainda chateada com o irmão. Já eu... bastou virarmos a esquina para me esquecer da preocupação excessiva de Oliver. Estava encantada com cada novidade.
Atravessamos a Ponte de Westminster, onde tiramos mais umas quinhentas fotos. Havia tanta gente na rua, que acabei esbarrando em pelo menos meia dúzia de pessoas, só na ponte. A maioria delas tiravam fotos, outras estavam encostadas na mureta apenas conversando e observando a paisagem londrina.
Jully e Bruce continuavam tirando suas fotos. Eu admirava o rio Tamisa, assim como Oliver. Entretanto, um movimento mais a frente chama minha atenção. Era uma dupla de artistas tocando e cantando. Sem esperar o restante do pessoal, sou atraída até o pequeno grupo que os cercavam.
Eles cantam uma música que aparentava ser antiga. Não reconheci, mas provavelmente era dos Beatles. Esse seria o meu chute. Os dois tinham vozes lindas e um verdadeiro talento musical. Tocam com maestria seus violões.
Estava me sentindo uma verdadeira turista. O que é irônico, visto que moro em uma cidade que fica praticamente ao lado de Londres. Se viéssemos de metrô, provavelmente levaríamos menos tempo para chegarmos do que de carro. E olha que levamos menos de uma hora e meia.
— Gosta mesmo de música. — Oliver se materializa ao meu lado. Não desvio os olhos dos artistas ao responder.
— Acho lindo quem tem o talento.
— De cantar ou tocar?
— Os dois. — viro o rosto em sua direção. — Eu costumava cantar na igreja, e era uma das coisas que mais gostava.
— Costumava? — ergue a sobrancelha.
— Digamos que já faz um tempo que não canto mais. — volto meu olhar para os dois, que já iniciaram outra música.
— Isso tem algo a ver com o que está acontecendo com os seus pais? — de soslaio percebo Oliver olhando para os músicos também. Viro-me de frente para ele.
— Podemos não falar sobre isso? Não aqui. Não agora. — ele sorri e assente.
— Claro!
***
— Então... Sabe aquela história de grande e encantadora? — engulo em seco, olhando para cima. — De encantadora não tem nada. Está mais para grande e assustadora roda gigante. Sinto muito, mas acho que permanecerei com os pés em solo firme. — dou um passo para trás, mas me esbarro em Bruce, que começa a rir.
— Achei que você não era daquelas que desistem tão fácil assim, Alice. — dá de ombros, tentando prender o riso. — Mas vejo que estou enganado.
Crispo os olhos em sua direção. Abro e fecho a boca algumas vezes, sem conseguir me defender.
— Ela só está com um pouco de medo. — Oliver fala por mim. — Mas conhecendo a Alice, tenho certeza que irá conosco. Ela é mais corajosa do que pensa. — pisco repetidas vezes antes de olhar novamente para o alto, respirar fundo e retirar o ingresso da bolsa.
— Acho que a vista irá compensar. — começo a andar e Jully me acompanha.
— É disso que eu gosto! — bate palmas ao meu lado.
Esperamos na fila por uns bons minutos, que fizeram Jully reclamar ao meu lado pelo tempo que perdemos enquanto discutia com Oliver por causa do Big Ben. Sabiamente, o rapaz permaneceu calado ao meu lado.
Quando chegou a nossa vez de entrar no vagão, que por sinal é bem maior do que eu imaginava, logo me assustei, pois só então percebi um pequeno detalhe.
— Ele não vai parar para subirmos, não é?
— Não! — os três responderam em uníssono.
— Mas não se preocupe, mulher, estarei aqui para te ajudar. — Oliver se inclina, falando ao pé do meu ouvido. Tento ignorar o arrepio que percorre pelo meu corpo.
— Então agora eu sou mulher... — murmuro.
— Perdão?
— Nada! — digo, no momento em que Jully entra, acompanhada por Bruce.
Em um rompante de coragem, corro atras deles. Ao meter o pé no vagão, com uma força desnecessária, a cabine balança e eu me desequilibro. Mas é claro que Oliver me segura a tempo de não ir ao chão.
— Venha! — abaixo a cabeça, envergonhada, e o sigo até o outro lado do vagão.
Em silêncio, observo as águas do Tamisa ficando para trás. Me seguro firme na barra de metal e tento relaxar um pouco. De forma lenta, mas agradável, a paisagem começa a expandir diante dos nossos olhos.
— A vista é linda demais, mas ao pôr do sol... É simplesmente espetacular! — Oliver resolve quebrar o silêncio.
— E por que não viemos mais tarde? — franzo a testa.
— Não fui eu quem fiz o roteiro. Além do mais, não quero mudar a programação da minha irmã. Já percebi que ela está bem estressada. — faz cara de espanto.
— TPM.
— Imaginei! — sorri de lado. Nos encaramos por alguns segundos, minutos talvez. Algo mudou na expressão de Oliver. Um brilho diferente no olhar. — Por que disse aquilo?
— Aquilo o quê? — pergunto, mais para tentar ganhar tempo, pois já imagino sobre o que ele está falando.
— Acha mesmo que não te vejo como uma mulher? — gelei.
— Eu só... — tento desviar o olhar, mas seus orbes parecem dois imãs, atraindo os meus de forma intensa. — Às vezes essa é a impressão que passa.
— Vejo que estou passando a impressão errada, então.
Sou pega totalmente desprevenida quando sinto sua mão tocando o meu rosto. O coração acelera no peito. O ar dentro da cabine se torna rarefeito à medida que ele se aproxima. Prendo a respiração, mas me mantenho firme. Oliver se inclina, ficando ao pé do meu ouvido.
— Nada mudou, Alice! — engulo em seco quando ele se afasta, voltando a fitar a paisagem ao nosso redor.
— Ali! — Jully me chama com animação. — Venha ver isso!
Com certa dificuldade, solto a barra de metal e me afasto de Oliver.
>>>><<<<
Oii, gente! Desculpem pela demora, mas o capítulo de hoje vale por dois, então estou perdoado né?
Espero que gostem! 😬 Não esqueçam da estrelinha pfv!
Att.
NAP 😘
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