Capítulo 36
Após a conversa que tivemos no lago, decidi que o melhor a ser feito era evitar Oliver pelo resto do fim de semana. E assim o fiz. Era inevitável ignorá-lo durante as refeições. Em contrapartida, Bonnie pareceu esquecer da minha existência, o que por um lado era muito bom.
Aproveitei o tempo que tinha para passar com mamãe e os demais empregados. Há anos não nos víamos. Penélope quis que eu contasse detalhadamente o que estava acontecendo entre o filho mais velho dos Walker e eu. É claro que não o fiz! apesar de ser uma amiga antiga, não podia ignorar o fato de que ela é a maior fifi que já conheci.
Enfim, a segunda-feira à noite chegou, e cá estávamos Oliver e eu colocando uma Bonnie adormecida na cama. Eu disse que não tinha necessidade de ele subir, mas fui ignorada completamente. Na verdade, eu não conseguiria levar minha filha desmaiada e mais duas malas pequenas, mas também não queria estar na posição que me encontro no momento.
— Obrigada por trazê-la! — digo descendo a escada.
— Não tem de quê! — abro a porta da sala para que ele saísse, mas Oliver permanece parado ao meu lado. — Espero que tenha aproveitado o fim de semana.
— Sim, eu aproveitei! Obrigada por isso também. — passo a mão pelo cabelo e evito seu olhar.
— Bom, acho que é isso. — graças a Deus! — Nos vemos amanhã, no trabalho! — droga!
— É! — cruzo os braços, erguendo a cabeça. Ele me observa com um sorriso divertido no rosto. Mas antes que eu tivesse a chance de questionar seu sorriso, ele se despede e vai embora.
Fecho a porta com uma carranca. Esse homem está indo contra todas as minhas expectativas. Ele deveria estar me odiando, querendo me manter bem distante dele e de sua família. Talvez até querer pedir a guarda da Bonnie, algo que não permitiria, obviamente. Mas não! Ele escolheu me perdoar e me incluir em sua vida novamente. E o pior, Oliver realmente acha que vale a pena lutar pela minha alma.
Com os pensamentos e sentimentos a mil, decido subir e tomar um banho. São nove e meia da noite. Muito provável que Anthony esteja dormindo, se bem me lembro, amanhã ele estará de plantão. Mesmo assim, desvio da minha rota e bato na porta do seu quarto. Entro sem esperar por uma resposta.
Para o meu alívio, ele está acordado. E como de costume, encostado na cabeceira da cama com um livro em mãos.
— Oi! — cumprimento com um sorriso, entrando no quarto.
— Oi, Ali! Como foi a viagem? — Thony fecha o livro e o coloca de lado.
— Foi... — dou de ombros e sento-me ao seu lado, na cama. — estranha, eu acho!
— Como a mãe do Oliver reagiu? — vira o rosto em minha direção.
— Nossa, eu tinha até me esquecido dessa parte da viagem. — dou risada, e ele ergue a sobrancelha. — Ela foi uma cretina como sempre. Me acusou de um monte de coisas, mas isso não me afetou tanto. — deixo a parte do meu pai de lado. Não queria me entristecer novamente.
— E o Oliver? O que ele fez?
— Me defendeu. — falo baixo, fitando minhas mãos.
— Interessante!
— O que há de tão interessante nisso? — ergo o rosto e vejo o sorrisinho dançando em seus lábios.
— Ah, nada demais! Só acho que, de alguma forma, ele ainda se importa com você!
— Minha mãe disse o mesmo.
— Dona Abigail sempre foi uma mulher sábia. — pisca para mim.
Não digo nada, mas permaneço encarando o meu amigo, indecisa se devo abrir o meu coração ou não. Percebendo minha batalha interna, Anthony segura uma de minhas mãos e me incentiva a prosseguir.
— Anda, desembucha!
— Eu acho que ainda gosto do Oliver. — digo, com receio.
— E onde está a novidade nisso? — ergo as sobrancelhas.
— Eu tinha conseguido esquece-lo! — digo na defensiva.
— Não! Você só mudou o foco da sua vida, exclusivamente, para Bonnie. Além do mais, você ainda não conseguiu se perdoar. E isso não te permitia sequer cogitar a ideia de pensar nele de outra forma, apenas como o pai da Bonnie, o homem que você escondeu a existência da própria filha.
Suas palavras são como um grande e doloroso tapa na cara. Fico de boca aberta diante de tanta verdade.
— Eu te odeio!
— Sabemos que isso não é verdade! — ele bagunça o meu cabelo, fazendo-me rir.
— E você? Como foi o fim de semana? — apoio as costas na cabeceira e inclino a cabeça em seu ombro. — Conseguiu falar com a Per?
— Quer arriscar? — percebo o tom de sua voz mudar. Ele está chateado.
— Deixe-me tentar. — coloco a mão no queixo, fingindo estar pensativa. — A Harper fugiu de você, como sempre!
— Na mosca!
Apoio o queixo em seu ombro, acariciando o local.
— Sinto muito, Thony! Ela não sabe o que está perdendo. — ele deposita um beijo no alto da minha cabeça.
— Quem sabe, no tempo certo, Deus coloque uma outra pessoa em minha vida. — seguro seu rosto com uma das mãos, fazendo-o olhar em meus olhos.
— Eu só quero que você seja feliz! Que encontre uma pessoa que te ame de verdade, por quem você é: um homem incrível; gentil; íntegro; companheiro; amigo fiel; homem de Deus... — ele sorri sem mostrar os dentes. — Um partidão! Ainda mais quando coloca estes óculos de grau. — toco na lateral de sua armação. — Fica bem sexy! — digo em tom brincalhão, e ele começa a gargalhar.
E era esse som que eu esperava ouvir. Volto a encostar minha cabeça em seu ombro.
— Ah, Alice... — diz por fim, contornando os meus ombros com o braço e apoiando a cabeça na minha. — Seria muito mais fácil se a gente gostasse um do outro, não é? Acho que seríamos felizes.
— Mas a vida não é tão fácil assim, meu amigo. — sinto ele balançar a cabeça em concordância. — Que tal combinarmos algo? — afasto-me novamente, olhando para ele com um sorriso divertido. Ele faz o mesmo. — Se chegarmos aos 40, e ainda estivermos solteiros, o que me diz de casarmos um com o outro? — ele volta a gargalhar. — É uma ideia muito ruim?
— Até que não é uma das piores. Irei orar a respeito. — ele contorna minha cintura com os braços, puxando-me para junto de si novamente.
— Eu te amo, Thony! — abraço sua cintura com força.
— Eu também te amo, Ali!
***
Na manhã seguinte, entro no escritório da minha amiga feito um furacão. Ela ergue os olhos dos papeis que está analisando e me lança um olhar questionador.
— Qual é o seu problema? — questiono após fechar a porta atrás de mim.
— Qual é o seu problema? — une as sobrancelhas.
— Por que ainda faz isso com ele, Harper?
— Alice, esse não é um assunto para discutirmos aqui! Estou tentando trabalhar. — ergue as folhas no ar. — Como sua chefe, ordeno que faça o mesmo.
Seguro-me para não ri em sua cara.
— Sério, Harper? — cruzo os braços na frente do corpo e me aproximo. — Há poucas semanas você estava fazendo exatamente isso comigo. Então deixe de hipocrisia! Além disso, se quiser, use a sua autoridade como chefe para me mandar embora, não me importo! Você mesma sabe como eu não suporto este trabalho.
Ela apoia a cabeça no encosto da cadeira e fecha os olhos.
— O que quer saber? — pergunta enfim.
— Por que tem evitado o Anthony?
— Eu cometi um grande erro, Alice! — ela me encara. O semblante abatido, quase igual ao dele. — Não deveria tê-lo beijado.
— É, você não deveria! — volto a ficar na defensiva. — Se foi um erro para você, por que decidiu encher a cara, dar uma de idiota e acabar iludindo o meu amigo?
— Eu não fiz por mal, está bem?
— Ele sempre te amou, Harper! Você sabe disso. Sempre soube. — aponto para ela.
— E eu sou uma grande idiota por isso!
— Deus! E por que não fala isso, você mesma, para ele? Você ao menos quis ouvi-lo! Como sempre! Precisa parar de brincar com os sentimentos dele! Ele é um ser humano!
— Eu sou uma covarde! — sua voz embarga.
— Acho que vou ter que concordar. — digo com tristeza. — Você não o merece, Harper! Ele precisa de alguém que cuide dele! Que o ame! Que se importe! Não que fuja! Ou que o machuque! Ele é bom demais!
— E é por isso que eu nunca alimentei seus sentimentos por mim. Até sexta-feira. — seus olhos estão marejados e desolados. — Eu não mereço um homem como o Anthony! Ele sempre foi bom demais! E eu sempre fui a Harper maluca de sempre. Ele sempre gostou de estudar, de viver uma vida tranquila, sossegada, com seus livros, sua câmera, chocolate quente e poucos amigos. Eu sempre gostei da farra, de fazer novas amizades, descobrir coisas novas. Minha vida nunca foi sossegada e nunca será! Somos completamente diferentes! E eu sempre soube que ele merecia alguém muito melhor do que eu. — ela aponta para mim. — Eu juro que achei que essa pessoa era você. Principalmente quando ele praticamente adotou a Bonnie como filha. Vocês são perfeitos juntos.
Nego com a cabeça, mas concordo.
—Sim! Você tem razão, somos perfeitos juntos. Como amigos! — sento na cadeira de frente para ela. — Você mesmo sabe que o que sentimos um pelo outro é um amor fraternal. Ele é o irmão que eu nunca tive, e eu sou a irmã que ele nunca teve. Isso nunca irá mudar, Per! O coração dele pertence a outra, assim como o meu.
Ela ergue uma sobrancelha e abre um sorriso triste.
— Você é uma boa amiga, Ali! — ela segura minhas mãos sobre a mesa. — Eu prometo que irei pensar no assunto. Você tem razão, nada mais justo do que eu ser sincera com ele.
Dou um sorriso fraco e assinto.
— Obrigada! — abro um sorriso sem mostrar os dentes. — E me perdoe pelas coisas que acabei de dizer! Exigir essas coisas de você, tendo feito coisas semelhantes no passado... isso sim é hipocrisia. Perdão!
— Tudo bem! Você só está defendendo um amigo. Obrigada por isso!
>>>><<<<
Este postando este capítulo para comemorarmos a vitória da seleção brasileira no jogo de hoje, pela fé, porque cristão que é cristão vive dessa forma 😂😂😂 Foi um capítulo mais leve, fofinho (pelo menos na parte do Thony e da Lice kkkk)
Enfim, segunda estou de volta com um novo capítulo! Mas se Deus permitir, quem sabe eu não poste algum durante o dim de semana...
Att.
NAP 😘
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