Capítulo 10

A volta para casa foi banhada a risos e comentários relacionados a como o nosso dia tinha sido divertido. Em meio às conversas, Oliver e eu trocávamos olhares significativos. Apesar da alegria, creio que ambos estamos nervosos para a conversa que teríamos ao chegarmos na casa dos Walker.

Jully foi a primeira a entrar correndo e se jogar no sofá da sala de estar.

— Estou exausta, mas não quero dormir. Na verdade, não quero que esse fim de semana acabe nunca!

Rimos de seu comentário.

Há tempos não me sentia feliz, leve e descansada, mentalmente falando. O sorriso não saía do meu rosto. Com toda certeza, está sendo a melhor, e única, viagem da minha vida. Me jogo ao lado da minha amiga e ela me abraça.

— Eu te amo, Lice!

— Eu também te amo, Jubs! — beijo sua bochecha e retribuo o abraço.

— Que cena fofa, mas estou muito cansado. Vocês conseguiram sugar toda minha energia. — Bruce comenta, em pé ao lado da porta. Olie fita o chão, sentado em uma das poltronas perto da lareira.

— Estou falando isso, mas também preciso dormir. — Jully se coloca de pé e olha para mim. — Você vem?

Faço de tudo para não olhar para Oliver, mas quando ele ergue a cabeça e olha para mim, não consigo evitar. Expressivo como é, percebo que ele aguarda minha resposta com expectativa.

— Er... — volto meu olhar para Ju. — Eu vou ficar mais um pouco. Já, já eu subo.

Ela ergue uma sobrancelha e olha do irmão para mim. Sem dizer nada, dá de ombros e se despede, saindo da sala atrás de Bruce. Ficamos em silêncio por um tempo até não conseguirmos mais ouvir os passos de ambos subindo os degraus.

— Então... — encaro Oliver. — O que queria dizer no PUB?

Ele sai da poltrona e senta ao meu lado.

— Para ser sincero, eu pensei em me desculpar pelo que disse na London Eye, mas...

— Mas... — tento incentivá-lo a continuar, quando ele se cala.

— Eu não posso me desculpar por ainda te amar! — minha respiração trava e os olhos se arregalam um pouco. — Eu não consigo mais esconder os meus sentimentos, Alice. Na verdade, eu não consigo mais negar isso a mim mesmo, ou a você. — Oliver se arrasta para mais perto de mim, e une nossas mãos. — Eu fiz o que me pediu, juro que tentei! Durante três anos eu tentei arrancar você da minha mente e do meu coração, mas era como uma praga. Todas as vezes que eu deitava na cama o primeiro rosto que aparecia era o seu. — toca meu rosto com delicadeza. Meu corpo reage com um arrepio, ao seu toque suave. — Todas as vezes que eu saía com os meus amigos, a pessoa que queria ao meu lado era você. Cada descoberta, aprendizado, novidade... tudo o que eu queria fazer era compartilhar com você, Alice. Não importa o que eu fizesse, você sempre estava lá!

— Olie... — sinto a garganta apertar.

— Eu tive alguns relacionamentos, mas nenhum deles foi duradouro, pois não era você. Eu me senti um idiota, porque não parava de pensar em você, em como seria se estivéssemos junto. Sempre me questionei por que fui me apaixonar logo pela mulher que negou o meu amor.

— Oliver, você sabe que isso não é verdade! — consegui falar, apesar do aperto na garganta. — Nunca daria certo. Sua mãe nunca concordaria e...

— O amor que nós sentíamos um pelo outro seria capaz de superar qualquer barreira. E não seríamos os primeiros a enfrentar isso. Se você quisesse, nós faríamos dar certo, Alice! Eu permaneceria na Inglaterra para continuar ao seu lado, jamais teria ido para os Estados Unidos.

— Mas era o seu sonho! — meus lábios tremem.

Você era o meu sonho! — fecho os olhos com força, evitando uma lágrima, e meneio a cabeça.

— Não diga isso! — minha voz sai como um sussurro.

— Na verdade, — sinto o toque de sua outra mão em meu rosto. Ele segura os dois lados da minha face entre as mãos. — você não era o meu sonho, você ainda é! E eu tenho plena convicção de que você ainda me ama, com a mesma intensidade de três anos. — engulo em seco quando sua bochecha encosta na minha. — Sabe por que eu sei? Porque o seu corpo denuncia seus sentimentos, da mesma forma como denunciou quando me declarei pela primeira vez para você. — minhas mãos tocam seu peito. — Abra os olhos, Alice. Olhe para mim.

Com muito esforço, temendo as minhas reações, abro os olhos e encontro seus orbes verdes acinzentados olhando para mim com a mesma paixão e intensidade da primeira vez.

— Eu amo você! Isso nunca irá mudar, Alice! — ele umedece os lábios rapidamente. — Por favor, não ignore o que sentimos um pelo outro! Não dessa vez.

Em resposta imediata à voz intensa e profunda, ao pedido em forma de súplica, meu corpo se inclina sobre o dele, minhas mãos puxam sua nuca para mais perto e finalmente uno nossos lábios em um beijo ardente e saudoso.

Quando o ar se tornou rarefeito, nos separamos para tomar fôlego. Permaneço de olhos fechados, mas consigo sentir o sorriso de Oliver. Isso me faz encará-lo, completamente apaixonada.

— Vou tomar sua reação com um sim.

— Eu nunca deixei de te amar. Eu quero fazer isso dar certo com você!

— Obrigado! — ele deposita beijos em todo o meu rosto. A cada beijo, um obrigado. — Obrigado!

Após ficarmos juntos por mais algum tempo, subimos para o andar dos quartos. Nos despedimos com mais um beijo, dessa vez mais calmo e suave.

Entro no quarto com um sorriso de orelha a orelha. Faríamos isso dar certo!

— Que sorriso é esse? — quase grito de susto, ao ouvir a voz de Jully.

— Não faça mais isso, garota! — levo a mão ao peito e vou até a cama.

— Deixa eu adivinhar, o meu irmão se declarou a você, não foi? — meu silêncio responde sua pergunta. — Estava tão na cara! Só não imaginava que ele iria demorar tanto para fazer isso... — cruza os braços e nega com a cabeça, mas o sorriso nasce em seus lábios.

— Não está feliz por nós?

— Você aceitou? — Seus olhos se arregalam em uma mistura de alegria e preocupação. — Digo, vocês estão namorando?

Dou de ombros e assinto. Conto para Ju tudo o que aconteceu uma semana antes de Oliver ir para os Estados Unidos, quando ele me levou a casa das canoas, se declarou para mim, eu o correspondi, nós nos beijamos, e, por fim, eu disse que aquilo nunca daria certo.

— Coitado do meu irmão! — ela diz horrorizada.

Após analisar a situação por um instante, Jully solta um suspiro e segura minha mão. Ela sempre fazia isso quando queria me dizer algo importante.

— Lice, esse era o meu maior sonho, ver o meu irmão e a minha melhor amiga juntos. Coisa de filme, sabe? — sorrio e concordo com a cabeça. O sorriso que antes estava em seu rosto é desfeito aos poucos. — Mas você é serva de Cristo e, apesar de crer em Deus, o meu irmão não é! — começo a ficar tensa pelo rumo que a conversa está tomando. — A Jully, irmã e melhor amiga, fica extremamente feliz por vocês dois, mas como serva de Deus, me vejo na obrigação de te alertar sobre o jugo desigual! E você tem um exemplo disso em sua casa. Sabe sobre o que estou falando.

— Com o seu irmão será diferente, Jubs. Tenho certeza! — aperto sua mão de leve. — Então, quer dizer que agora, além de amigas, somos cunhadas, né?!— começo a rir de felicidade, e, mesmo relutante, ela faz o mesmo.

— Que Deus abençoe a união de vocês, minha amiga! O que eu mais desejo é que ela dê certo e que seja para a glória do Senhor. Que o meu irmão conheça a verdade, e que a verdade o liberte!

— Amém! — nós nos abraçamos e eu me levanto. — Agora vou tomar um bom banho, pois amanhã teremos mais um longo dia. — beijo sua bochecha e vou para o banheiro.

>>>><<<<

Oi, genteee!! Saiu mais um capítulo. E que capítulo... teorias? Gosto de saber o que vocês acham que irá acontecer 😬

Att.
NAP 😘

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