7° capítulo: O que se passa nessa cabeça?
Por Leon
Tinha passado um tempo desde que conheci Layka e que tínhamos nos tornado "amigos".
Pelo menos da parte dela sim.
E sempre venho dando dicas que queria ficar com ela, como "uma garota tão bonita e doce como você, como conseguiram fazer isso contigo?"
Mas ela só me respondia: "-A vida têm dessas coisas. " E olhava para baixo, visivelmente envergonhada, sem me dar nenhuma explicação plausível.
Agora estávamos só nós dois, na arquibancada, apesar de ter várias pessoas envolta, prontas para assistir o jogo que teria dali a pouco; algumas comendo, outras rindo, mas a maioria apenas conversava, de maneira tão alta, que não conseguia escutar o que a garota ao meu lado queria dizer.
-Vamos sair daqui! -Ela gritou um pouco mais alto que os outros para que eu possa ouvir e eu concordei com a cabeça, me levantando e pedindo licença para sairmos dali e irmos para um lugar mais reservado.
-Ufa, aqui está melhor. -Fala respirando fundo, assim que sentamos em um banco no corredor, onde poucas pessoas circulavam. -O que eu estava tentando dizer é que a maioria dos meninos são fúteis. Nós, garotas, ficamos idealizando garotos "perfeitos", e ficamos suspirando por eles, porém apenas para vocês nos verem como um objeto sexual. -Layka falou como uma bala, de tão rápido que seu pensamento foi, demonstrando cansaço e uma leve irritação -para não dizer o contrário- em seus olhos incrivelmente verdes, que ficavam ainda mais bonitos com o sol batendo em seu rosto. -E ainda tem que ter o "corpo ideal", para eles se interessarem por você. -Complementou com uma risada irônica e um revirar de olhos, que me fez rir e ela me olhar sem entender.
-Eu realmente não posso saber como é ser mulher, mas eu imagino como deve ser chato. Porém, o machismo que tanto fala, não atinge apenas a garotas, e também os meninos, com alguns padrões também. - Layka concorda com a cabeça, portanto parece se irritar com o que falo, querendo rebater o meu argumento, o que faz com que eu me aproxime dela e fale:
-Sei que atinge muito mais vocês, meninas. Mas garotos não são sentimentais, são "machões"- Ela ri com o tom sarcástico que eu estava falando,entendendo o que quis dizer, principalmente porquê garotos são qualquer coisa, menos "machões".- "Pegadores". Se você não pegar muitas, é que não deve gostar de mulheres.
-Olha quem está falando. Não é o mais popular dos garotos, o que todas as garotas querem? -Estreitou os olhos e se ajeitou no banco, rindo baixo.
Não sei o que tenho de tão especial.
- Você ta zoando comigo? - Ri também, jogando a cabeça para trás. - Continuo sim, sendo popular, reconheço, mas talvez eu tenha mudado e não quero apenas ficar com muitas, e sim com uma em específico. - Sorrio de lado, olhando diretamente em seus olhos, mas isso não demora nem um segundo, pois ela abaixa o olhar, com suas bochechas parecendo que iam pegar fogo, de tão vermelhas que estavam. -Eu não sou isso tudo que falam. Eu já fui. Você precisa acreditar em mim. -Falo desesperado ao ver em seus olhos irritação e desconfiança, e a vergonha ir se esvaindo devagar, com seu rosto voltando a cor normal.
-Eu vou tentar acreditar. Mesmo. -Ela sussurra as palavras de maneira pausada, com muita dor ao pronuncia-las, além de seus olhos demonstrarem extremo incômodo ao pensar naquilo, como se fosse tão difícil fazer isso que ela preferia evitar a situação a enfrenta-la.
O que eu fazia a pouco tempo atrás, ignorando o que eu estava sentindo.
-Tudo bem então, só me prometa... Pensar sobre o assunto. -Falo tentando ser animado, mas minha voz sai como um sussurro no meio de uma sala de aula em completo silêncio. Layka, me responde apenas me olhando, dando um meio sorriso, indicando que não tinha certeza se realmente faria o que pedi. -Olha, foi difícil eu chegar até aqui para te falar isso, e agora você chega e me responde assim...-Sussurro mais para mim mesmo do que para ela, porém Layka arregala os olhos, parecendo que não acreditava no que falei.
- Difícil? Você fica com todas as garotas do colégio e foi difícil falar comigo? Eu devo ter algo de errado, não é? -Eleva o tom de voz, se levantando para ir embora, mas a seguro pelo ombro, fazendo-a parar e virando seu rosto para o meu.-Imagina para mim? Minha família toda me falou que eu não era bonita por ser gorda! -Ela faz uma pausa; assim eu podia respirar enquanto ela cuspia informações para mim.-Como você acha que foi para mim?-Ela enfatiza e sai correndo, com os poucos olhares ali fixado em nós dois.
Por um único momento da minha vida, deixei os outros pensarem o que quiserem e fui atrás dela, a alcançando no fim do corredor e a parando novamente, respirando fundo pelo esforço.
-Você entendeu tudo errado. -Falo baixo, de modo que só ela escute, mas sou interrompido pela própria ao se virar:
-Então se explique. Quero tentar entender. -Sua voz era completamente rouca e sua mudança de humor foi tão rápido que, apenas naquele intervalo, ela começara a chorar, pois seus olhos estavam marejados e limpava as costas da mão os olhos a todo instante, tentando respirar, mas falhando, já que soluçava.
-Certeza? Você não está bem, é melhor eu falar outra hora... -Falo hesitante, sem saber o que fazer ao vê-la naquele estado e me aproximo sem perceber de seu corpo, que tremia por causa das lágrimas que jorravam dos seus olhos, e não era apenas dor que ela transmitia. Era também um medo muito grande de algo que eu não fazia ideia, já que seus olhos também estavam arregalados e seu corpo todo comprimido, aparentando nervosismo.
-Não... Chegue perto de mim. -Layka fala com a voz arrastada, fechando os olhos logo em seguida, como se não aguentasse mais a situação e nem quisesse me ver ali.
-Eu só quero ajudar. -Minha voz sai dolorida, mas mesmo assim me afasto, fazendo o que ela pediu. Ela respira fundo várias e várias vezes, parecendo esquecer que eu estava ali, ao seu lado, com os olhos ainda fechados, com uma expressão de agonia.
Só queria saber o que passa nessa cabeça para te ajudar.
-Você... Me dá um tempo? Eu te ouço depois, mas se falasse agora, eu... -Quando finalmente fala, me olha nos olhos, suplicando para eu esperar o tempo que fosse, porque alguma coisa muito ruim passa ali, dentro de seu corpo, dentro da sua cabeça.
-Não ouviria porquê está com a cabeça em outro lugar. -Completo a última frase suspirando. Ela concorda com a cabeça e vira de costas para mim, empurrando a porta e saindo dali. Mas antes disso, me aproximo mais uma vez dela e sussurro em seu ouvido, vendo sua pele ficar arrepiada pelas simples palavras que pronunciei:
-Só me avise se está bem depois.
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Pela autora:
Hoje entrou uma personagem nova! Espero que tenham gostado e até quinta que vem 🥰
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