3° capítulo: E por quê aquele maldito relógio?
Por Leon
A semana de provas estava por perto, parecendo dizer: "Estou aqui para ferrar sua cabeça de preocupações e, principalmente, para acabar com a sua autoestima", fazendo minhas crises de ansiedade aumentarem ainda mais e surgirem com mais frequência. Isso fazia com que minha consciência pesasse ao perceber que não estudara quase nada e por isso estava ainda mais preocupado. Por consequência disso, ficava mais nervoso.
Meus pais também não ajudavam muito, principalmente quando se falava das matérias de exatas.
- Mas você não estuda, por isso não entende.- Minha mãe me dissera uma vez, quando reclamei que matemática parecia não entrar na minha cabeça.
-Mas eu tento, eu sento na cadeira animado, começo a fazer o dever e ... E quando vejo que não consigo, eu me irrito e... Desisto logo no primeiro exercício.-Fui baixando a voz até eu mesmo quase não conseguir me escutar, olhando para o chão com os olhos ardendo e mordendo o lábio para reprimir um soluço, quase chorando.
- Seja homem, rapaz!- Meu pai brotara não sei de onde e gritara comigo ao ver meus olhos marejados, sem conseguir conter aquele soluço que guardara há pouco tempo atrás.-Você não estuda porquê não quer, por achar que sabe e na hora da prova se ferra! Agora pare de reclamar igual a um bebê chorão e trate de ir estudar!-Ele gritara mais uma vez, mandando- me voltar ao meu quarto. E eu fui, secando os olhos com as mãos e fechando a porta atrás de mim, querendo que Rhavi estivesse ali para me consolar, como sempre fazia quando eu estava nesse estado.
Lembro- me que, um dia depois disso, eles vieram me pedir desculpas e, se precisasse de alguma ajuda, podia chamá-los, para me ajudarem nessas matérias. Eu apenas agradeci, mas sentia a falsidade deles em tudo, no jeito que falavam, com um sorriso que expressava qualquer coisa, menos um sorriso verdadeiro e, principalmente: os olhos, que transmitiam uma grande decepção por eu não ser tão bom em exatas - e inteligente, por assim dizer- quanto meu irmão.
E agora eu estou aqui, na cama, no meio da noite, com os pensamentos embaralhados e sem conseguir dormir por milhares de coisas que passam pela cabeça e ficando ainda mais nervoso a medida que o relógio roda os ponteiros, porquê sei que cada ponteiro daquele- principalmente o do minuto- está passando mais um minuto sem que eu consiga dormir. E por quê aquele maldito relógio estava em frente a minha cama, de modo que, quando eu me sento na mesma, o meu olhar recai automaticamente sobre ele enquanto eu sinto gotas d'água caindo em minha boca?
É sempre assim. Eu sempre termino ouvindo aquele "tick-tack" e, de alguma forma, eu sei que, quando eu reparar naquele imenso relógio e observar todos os detalhes dele, estarei nessa mesma posição, sentado igual a um índio, de pernas cruzadas e chorando tanto que minha cabeça comece a latejar, pedindo para eu mesmo: Pare. Eu não aguento mais sentir dor transformada em lágrimas.
Você pode pensar que, o motivo de eu estar chorando nesse exato momento foi "culpa"- por assim dizer- dos meus pais. Mas não foi. Amanhã tenho prova de química e não olhei nada na matéria antes de ir à casa de meu avô - que foi professor de química como ninguém mais sabe- e não foi nada legal. Tinha muita matéria acumulada, mas vovô não entendeu de jeito nenhum que eu tentava entender a matéria e não conseguia, e ele mais gritou comigo do que me ajudou em algo. Entretanto, desde sexta, parece que essa "aula" ainda estava girando em espiral em minha mente, como se nunca fosse capaz de parar; primeiro porquê eu não procurei a aula dele antes e apenas 2 dias antes da prova eu o procurei; e segundo, por eu já me sentir uma merda desde muito tempo e ir empurrando para o fundo da mente que deveria pensar sobre a autoestima, mas nunca realmente pensava. Isso foi a gota d'água e um pequeno peteleco para eu desabar de vez. No dia, Rhavi me apoiou demais, tentando me animar com Pelúcio- seu cachorro- e Noite- meu gato- arrancando de mim leves sorrisos que já o satisfaziam.
E sorrio, ainda sentindo as lágrimas descerem pelo meu rosto, lembrando desse momento e olhando para o maldito relógio. Acho que você deve ser desligado por enquanto.
Subo num banquinho com cuidado, fungando o nariz e sentindo que finalmente iria conseguir dormir, tirando o relógio da parede e desligando o mesmo.
Afinal, por quê aquele maldito relógio estava bem ali?
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Pela autora:
Obrigada por lerem e espero que estejam gostando! 💕
Bjs e até sexta que vem 😘
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