Special - The Tale Of Rafe

 Tinha essa garota nova que Suga estava de olho há um tempo. Sua voz tinha o timbre certo para um som que ele estava tentando criar.

Ele estava no estúdio agora, ouvindo a garota cantar. Ele ainda não tinha superado aquele timbre. Ela e Jimin fariam uma boa dupla, mas Suga estava com medo de seu relacionamento estar influenciando seu discernimento, ultimamente Suga queria enfiar Jimin em tudo que era projeto dele.

Jimin não tinha tempo nem para respirar e ainda assim se desdobrava para fazer o que Suga queria.

Ele sorriu, se xingando logo em seguida, por ter perdido a concentração na garota tocando do outro lado do vidro.

Suga respirou fundo, bravo consigo mesmo e apertou o botão da mesa de comandos do estúdio.

- Pode voltar do início, por favor? - ele pediu friccionando os dedos na testa.

Seu celular tocou o dia toco, era 18 de fevereiro, aniversário do JHope. Jimin já tinha ligado um milhão de vezes, ou para eu não esquecer de pegar o bolo, ou ajudar a escolher o presente, fotos e mais fotos das roupas novas de Kyung para festa, que seria no nosso antigo apartamento em Seul, pois é JHope ainda morava no nosso antigo apartamento, ele dizia que lá era confortável o suficiente pra ele. Na minha opinião ele só não conseguia se desapegar, ele sentia falta de todos reunidos. A vida nem sempre deixava que nos encontrássemos com tanta frequência como gostaríamos.

O estúdio de Suga era em Seul, então ele ia tomar banho no apartamento de JHope, vestir qualquer roupa emprestada que servisse e já tava ótimo.

O celular tocou mais uma vez, Suga xingou ao olhar a tela do celular.

O problema do Jimin é que se você não desse a atenção que ele demanda, você acabava com fotos de Shockers Pink, com strass ou calça branca delineando sua bunda empinada. E se Suga ignorasse mais um pouco as fotos começavam a beirar nudes. E Suga chegava em casa querendo amarrar Jimin na cama e fodê-lo até ele implorar perdão, o que nunca dava certo. Jimin era insaciável, Suga não conseguia seguir o ritmo do garoto.

Ele suspirou desanimado depois do vigésimo vibra de celular, decidindo por fim desligá-lo.

Ele tinha saído um pouco mais tarde do que previa do estúdio.

Suga estava no estacionamento ligando o celular antes de ligar o carro.

O celular começou a disparar um milhão de vezes. Suga tinha que admitir, o aparelho era bom por não dar pau, tendo Jimin como cliente.

Ele ia começar a ler as mensagens, mas o telefone tocou em sua mão.

"Que porra Yoongi". - Jimin gritou nervoso do outro lado da linha.

"Que merda você está fazendo?"

"Oi pra você também amor". - Suga respondeu conectando o aparelho no carro para poder dirigir.

"Oi é o caralho. Por que desligou o celular?"

Suga suspirou com a dor de cabeça começando a dar sinal de vida.

"A sua pupila, com o melhor timbre de voz do mundo, estava te mantendo ocupado? - Jimin perguntou abaixando o tom de voz.

"Jimin eu desliguei porque eu precisava me concentrar, só isso". - Suga parou no semáforo, sorrindo para o nada.

Jimin estava mudo do outro lado da linha.

"Seria muito escroto falar que eu amo você com ciúmes?" - Suga perguntou.

Silêncio de novo.

"Jiminnie" . - Suga chamou carinhoso.

"Que? Não. Quer dizer não sei". - Jimin suspirou cansado.

Suga olhou estranho em direção ao celular, voltando a dirigir, com o semáforo dando sinal verde para passagem.

"Amor, por que tão distraído? "

"É o Kyung, não sei. Ele tá com febre desde hoje a tarde depois do shopping. Já dei antitérmico, mas a temperatura não baixa".

Suga virou o carro com tudo, atravessando errado a avenida ao som de buzinas em sinal de revolta pela manobra louca.

Ele acelerou o carro mais do que o limite permitido, passando as mãos nervosamente pelos cabelos.

"Você está no JHope?" - Suga perguntou só para ter certeza.

"Sim. Para onde você estava indo?" - Jimin perguntou agora completamente calmo.

Quando se tratava de Kyung, a briga sempre acabava.

"Ia buscar o bolo que você me pediu. Chego em vinte minutos". - Suga falou pronto para terminar a ligação.

"Espera". - Jimin pediu às pressas fazendo Suga travar os dedos no meio do caminho.

"O que houve?" - Suga perguntou preocupado.

"Conversa comigo?" - Jimin pediu manhoso.

Suga sorriu.

"Claro amor, me conta sobre o seu dia".

A voz de Jimin tomou conta do carro de Suga, o acalmando.

Suga entrou em seu antigo quarto feito um foguete, o coração batendo a mil. Ele beijou os cabelos de Jimin, olhando para um ser minúsculo deitado encolhido na cama.

- Quando você deu o remédio? - Suga perguntou encostando a mão na testa do filho.

- Tem quase uma hora. - Jimin mexeu na barra da blusa ansioso.

- Uma hora? - Suga exasperou.

Ele pegou a criança no colo, jogando o cobertor ao redor. Kyung resmungou um pouco, mas logo voltou a dormir.

- O que está fazendo? - Jimin olhou perdido para os movimentos acelerados de Suga.

- Levando ele no médico, se ele tomou o remédio há uma hora e ainda nem começou a suar é porque não é um bom sinal, não é? - Suga falou, mais indeciso do que certo do que fazia, na verdade.

Jimin concordou com a cabeça, pegando uma bolsa de criança perto da cama.

- Vou avisar os meninos.

Suga estava em uma das salas de uma clínica privada, próxima de onde eles moravam.

RM tinha pedido para eles irem para aquela clínica ao invés do hospital, o que era estranho, mas ninguém questionou.

No fim das contas, tinha sido apenas uma infecção de ouvido e o médico receitou um anti inflamatório, que o Jimin foi buscar numa farmácia dentro do hospital.

Kyung não estava mais com febre, por causa de uma injeção que havia tomado. Agora ele estava sentado na maca de hospital brincando com um homem de ferro, que deve ter pego nas coisas antigas de Jungkook.

Suga estava o segurando pelos braços, sem conseguir se afastar muito, esperando o médico dar alta.

A enfermeira tinha ido chamá-lo havia uns quinze minutos e nada ainda.

A porta da sala abriu, o médico estava anotando algo na prancheta. Ele levou um susto quando olhou Suga, parando meio sem saber o que fazer.

Suga desviou o olhar para o filho, talvez o médico tenha reconhecido ele, Suga fingiu não perceber meio a graça.

- Park Min Kyung, certo? - O médico perguntou dando um pirulito para Kyung que concordava veemente ao ouvir o próprio nome.

- Você não lembra de mim, certo? - O médico perguntou olhando para Suga.

Suga olhou curioso para o médico. Ok! Por essa ele definitivamente não esperava.

- Eu deveria? - Suga perguntou meio grosso.

O médico sorriu torto.

- Eu tratei da sua mão cortada em Tóquio. - O médico falou sorrindo meio sem graça.

- Oh! Desculpa, eu estava muito distraído aquela noite, nunca gravaria seu rosto. - Suga disse relaxando com a conversa.

Ficou um silêncio constrangedor na sala.

- Você está na Coréia agora.- Suga declarou brilhantemente.

O médico concordou olhando meio indeciso para a porta.

- Eu acho que devia te agradecer por aquele dia, quero dizer, acho que nunca teria coragem de tomar as decisões que tomei sem seu conselho. - Suga sorriu tímido, olhando para Kyung que se sujava todo com o pirulito babado.

- Acho que estamos quites na verdade. - O médico sorriu para a cara de de Suga que não estava entendo nada. - Bem! Eu estava de plantão, eu vi a reportagem do seu show e a sua declaração.

Suga concordou distraído lembrando do momento.

- Eu tinha esse papel velho que eu carregava no bolso do jaleco, para lá e para cá, com o telefone da Soo Min, a garota da faculdade que eu comentei. - Suga concordou lembrando.

- Enfim, eu pensei por um tempo se eu não deveria seguir o mesmo conselho também, mas por algum motivo, eu descartei o papel desistindo.

O médico voltou a escrever na prancheta liberando o garoto para casa.

- Eu tive uma cirurgia de emergência naquele dia . - ele riu lembrando. - No outro dia, quando fui visitar a paciente para a avaliação do pós operatório, era ela.

- Não. Sério?! - Suga perguntou sorrindo largo para o médico.

- Eu estava pensando em ligar para ela enquanto ela estava na minha mesa de cirurgia sendo operada.

Os dois riram da situação.

- Estamos noivos, eu me mudei pra cá, porque ela queria ficar mais perto da mãe que está doente.

Suga sorriu largo, extremamente feliz sem saber muito bem porquê.

- Bom. Desejo toda felicidade do mundo para vocês. - Suga disse, pegando na mão do médico para o cumprimentar animado.

Jimin entrou distraído na sala com a sacola de remédios.

Ele parou na sala olhando para as duas pessoas sorridentes na sala é um Kyung com a roupa toda babada de um líquido vermelho.

- Amor esse é o, desculpa não perguntei seu nome. - Suga falou, sorrindo para o médico.

- Oh! Sang Hun. - O médico falou cumprimentando Jimin.

Jimin foi um pouco cismado para o lado de Suga o abraçando de lado.

- Ele costurou minha mão, naquele dia em Tóquio. Dr. Sang Hun, esse é Jimin, meu marido.

- Prazer em conhecê-lo. - Sung Jung falou sorrindo para Jimin.

Jimin sorriu carinhoso de volta. Então, sem ninguém imaginar, Jimin se aproximou do médico e o abraçou.

Suga enrugou a testa enciumado sem saber porque.

Jimin falou algo no ouvido do Sang Hun, que concordou em silêncio.

O médico se despediu, desejando boa sorte para todos e Suga podia jurar que ele chorava antes de virar para sair.

- Jimin, por que você tem que abraçar todo mundo? - Suga perguntou bravo, pegando Kyung no colo e a sacola de remédios.

Jimin apertou a bunda de Suga que não tinha como se defender por segurar a criança no colo.

- Já disse que amo quando você fica com ciúmes? - Jimin perguntou sorrindo.

Suga sorriu torto, mas revirou os olhos fingindo estar bravo quando Jimin tentou ver sua expressão.

...

Suga estava sentado no terraço do seu antigo prédio, tentando fugir da festa que acontecia no apartamento.

RM tinha comprado um sofá impermeável e colocado no terraço sem falar nada, um belo dia Suga foi lá pra cima pensar na vida e começou a rir ao ver um sofá no meio do nada parado lá.

Ele sentou no sofá, inclinando a cabeça para poder ver as estrelas agradecendo mentalmente ao RM pela seu incrível dom de dedução.

Ter filho não era nada fácil. Suga estava esgotado, tanto fisicamente, quanto psicologicamente. Ele raramente tinha tempo para só não fazer nada e sentia falta. O engraçado é que ainda assim, ele não trocaria essa vida por nada nesse mundo.

A porta pesada foi aberta. Jimin apareceu na visão de Suga com duas cervejas abertas na mão, entregando uma para ele.

- Kyung pegou no sono rápido. Obrigado por dado banho nele para mim. - Jimin falou, como se não tivesse o culpado por ter sujado o moleque com pirulito grudento e o obrigado a dar banho na criança, que não ajudou em nada por causa da dor e das injeções que tomou tê-lo deixado de mal humor.

Suga só concordou, tomando a cerveja que tinha na mãos.

Jimin encostou o corpo ao lado de Suga, colocando as pernas para cima, no sofá.

- Acho que eu nunca realmente te agradeci. Sabe, por tudo que tem feito por nós. - Jimin falou relaxando ao lado do mais velho.

- O que quer dizer Yaegiya? - Suga perguntou, acariciando os cabelos de Jimin.

- Você vem diminuindo o número de serviço que pega a cada dia. Fica com Kyung quando tenho reuniões, ajuda com a casa, cuida de mim. - Jimin deu de ombros. - Acho que só, nunca te imaginaria fazendo tudo isso. Já nos conhecemos há quinze anos e essa fase parece, não sei, surreal? - Jimin levantou o rosto depositando um selinho em Suga que sorria amoroso para o menor.

- Eu acho engraçado que você tenha transformado minha vida, tirado toda aquela bagagem de passado que eu carregava nas costas, me dado Kyung.

Suga suspirou um pouco emocionado

- O que é engraçado? - Jimin perguntou.

- Que você tenha feito tudo isso , só sendo você. - Suga deu de ombros. - Em nenhum momento você deixou de ser quem era para me ajudar, me mudar ou algo assim. É como se você fosse a natural cura para problemas na minha vida. - Suga sorriu inclinando o menor para passar o nariz por seu pescoço. - E ainda por cima tem um cheiro bom e uma bunda muito gostosa.

Jimin gargalhou batendo em Suga que não sabia se ria ou se defendia dos tapas inofensivos de Jimin.

A porta do terraço abriu. Todos entraram. RM e Jin traziam cadeiras de praia retráteis, V e Jungkook tinham fardos de latas de cerveja e JHope um taco de golfe.

- Já acabou a festa? - Suga perguntou, olhando para RM.

- Aparentemente, não ter bolo numa festa de aniversário é um erro grave. - JHope falou, rindo da cara de culpado de Suga.

- Eu não vou brincar de arremessos de latinha no telhado do apartamento sem saber onde a lata caiu, porque vocês sempre roubam nesse tipo de brincadeira. - Jimin fez massagem no ombro, como se o músculo tivesse acabado de ter uma memória ruim do passado.

- Temos que beber a cerveja primeiro Hyung. - Jungkook disse se ajeitando ao lado de Jimin.

Os meninos se acomodaram ao redor do sofá, conversando sobre nada em particular. Suga aproveitou a conversação cruzada para cochilar.

- Amor, antes que você durma. Temos que ir a um lugar amanhã, então vou ter que te acordar cedo. - Jimin falou cobrindo Suga com seu casaco.

- Não to dormindo. - Suga resmungou se acomodando no sofá, sentindo o cheiro de morango no casaco Jimin enquanto caia num sono.

...

Suga estava no volante do carro estacionado na frente de uma igreja velha. Jimin massageava o braço distraído, eles brincaram de arremesso de latinhas de cerveja no terraço do prédio na noite anterior pelo visto. Suga não sabia, ele dormiu exausto até ser acordado por Jimin, já quase de manhã para entrarmos

- O que estamos fazendo aqui mesmo? - Suga perguntou inclinando o corpo para olhar melhor o lugar, era um lugar assustador.

- É um orfanato. - Jimin falou baixo, pronto para ver Suga gritar algo.

Suga só voltou a posição no carro olhando sério para Jimin.

- Amor, o que estamos fazendo aqui? - ele perguntou com a voz grave e seca.

Jimin se arrepiou se excitando com aquele tom, mas balançou a cabeça tentando esquecer o efeito que aquilo causava. O assunto ali era mais importante.

- Eu faço reuniões aqui, para pessoas com distúrbios psicológicos.

Suga concordou com Jimin, sabendo do que se tratava. Jimin fazia a implantação do seu projeto em lugares que não tinha condição de pagar pela implantação, que era bem cara.

Tinha a opção de esperar pela implantação do governo, mas ele não tinha verba para aplicar na velocidade que o país necessitava. Então Jimin fazia o melhor que podia para ajudar.

- Em uma dessas reuniões, eu conheci um garoto, ele tem 12 anos...

- Jimin. - Suga o interrompeu. - Não temos condições...

- Calma, deixa eu terminar? - Jimin pediu, mexendo suas mãozinhas no ar.

Suga concordou com a cabeça, a boca formando uma linha fina. Ele não gostava do rumo da conversa.

- Enfim, o garoto não deixa ser tocado em nenhuma circunstância. Veio para cá depois de ser expulso de vários orfanatos, as freiras acham que ele sofria abusos, por causa das marcas no corpo.

Jimin suspirou desanimado.

- Só quero que você dê uma olhada no garoto, conversa com ele. - Jimin falou virando no banco para ficar de frente para Suga que se recusava olhá-lo.

Suga negou com a cabeça batucando no volante do carro.

- Jimin você não me fez atravessar metade da cidade, só para eu conversar com o garoto. Fala logo o que sua cabecinha tá tramando e para de me manipular.

Jimin enrugou a testa ficando puto com o comportamento de Suga, mas puxou algumas lufadas de ar para tentar se acalmar.

- Yoongi, você já sofreu nas ruas, certo? Eu não sei, só acho que poderíamos ajudá-lo de alguma forma. E sim! Eu quero adotá-lo.

Suga saiu do carro batendo a porta para depois passar as mãos nos cabelos, o sangue pulsando nas veias, seu punho fechado pronto para socar o carro ou qualquer outra coisa sólida, que não fosse o rosto de seu marido.

Jimin deu a volta ficando em frente ao carro, o mais longe possível de Suga olhando apreensivo para o quanto ele parecia conturbado.

- Você está louco? Não temos tempo para nós dois só com o Kyung em casa e você quer mais uma criança? - Suga se aproximou de Jimin que não se afastou, empinando o nariz em desafio para o mais velho.

Suga notou, que apesar de tentar esconder, Jimin estava com medo dele. Ele se aproximou alisando o rosto de Jimin, vendo o menor relaxar em suas mãos.

- Desculpa amor, não queria te assustar, mas não temos estrutura nenhuma para lidar com esse tipo de problema. Sem contar que, pelo que você falou, o garoto parece bem instável.

Jimin começou a fazer um bico enquanto suspirava cansado.

- Ninguém mais quer o garoto. Ele não pode entrar de volta para o sistema, por ter sido expulso já três vezes, as freiras não podem ficar com ele aqui, o garoto já tem 12 anos e eles só têm permissão para cuidar de crianças até 8. Ele não pode voltar para as ruas. E ontem o governo mandou uma carta dizendo que encontrou um tio distante, ou algo assim e que iriam enviá-lo, caso não fosse adotado.

- Isso é bom, não é? - Suga perguntou segurando Jimin pelos braços tentando animá-lo.

Jimin soltou algumas lágrimas fungando em seguida.

- Eu também achei, mas ontem ele tentou se matar no quarto.

- Porra, Jimin. - Suga se afastou esfregando o nariz pelo nervoso.

Jimin limpou as lágrimas se encostando no capô do carro.

- Jimin isso é confuso demais, não temos como cuidar de uma criança assim. Como salvaram ele? Encontraram ele a tempo?

Jimin negou com a cabeça se aproximando de Suga.

- Não. Ele tentou se enforcar no ventilador de teto e a casa é velha. Enfim, temos dinheiro sobrando, acesso aos melhores psicólogos. Porra! Eu sou psicólogo comportamental, me fala se você conhece um lugar melhor do que conosco e eu desisto agora da ideia.

Suga fechou os olhos sem saber o que fazer.

Por que Jimin tinha que ser assim?

Ele abraçou o menor beijando o alto de sua cabeça, chegando a conclusão de que se Jimin não fosse assim, ele jamais teria sido salvo.

Suga chegou a conclusão de que Jimin sempre seria atraído para causas perdida afinal.

...

Jimin tinha ido na secretaria resolver alguma coisa sobre a reunião daquela semana. Suga estava andando pelo corredor da imensa igreja velha. Ele viu um garoto sentado num banco de ferro no jardim, com um caderno velho mas mãos.

O que levou Suga atravessar o imenso jardim, para ir até o garoto é que o menor devia ter no máximo uns 8 anos, e era estranho uma criança tão perdida em pensamentos, com um caderno velho nas mãos, exatamente como ele fazia quando era criança.

Suga sentou do lado garoto, olhando um parquinho de madeira, caindo aos pedaços no meio do jardim à frente.

- Sobre o que está escrevendo? - Suga perguntou.

O garoto bateu o lápis no caderno suspirando fundo sem olhar para Suga.

- Eu posso saber, por que isso é da sua conta? - o garoto respondeu. Ele tinha uma voz fina, quase estridente, mas firme e autoritária.

Suga olhou para o menor, levantando uma sobrancelha se segurando para não rir do comportamento marrento com ele.

O garoto continuou escrevendo, distraído, no papel.

Suga se inclinou de leve. O garoto não escrevia. Ele estava desenhando e era incrível.

Ele fez uma réplica exata do parquinho à frente, em tons variados de cinza que a pressão do lápis o proporcionava, era incrível.

Suga arregalou os olhos, o garoto escondeu o caderno olhando feio para Suga, que voltou para posição, tentando disfarçar a intromissão.

O moleque suspirou desanimado, juntando as coisas para se levantar e sair dali.

- Bonito desenho. - Suga soltou, assim que o garoto levantou.

O garoto parou olhando curioso para a voz de tédio de Suga, pelo visto ele ainda conseguia fazer isso.

Ele viu o brilho nos olhos do garoto pelo elogio, mas o menino disfarçou dando de ombros.

- Tanto faz. - ele falou tentando partir mais uma vez.

- Bonito, pena que não está igual. - Suga disso fazendo uma expressão de quem não estava nenhum um pouco afim de conversar, mesmo sendo ele quem puxou a conversa.

O garoto sentou de novo, analisando o desenho.

- Está sim. - ele enrugou a testa olhando do papel para o parque, como se tivesse cometido um crime.

Suga nem sabia porque estava se esforçando tanto para conversar com o garoto. Talvez fosse o fato dele ver tanto dele mesmo no menor, não tinha como não achar aquilo curioso, afinal Suga foi uma criança diferente.

Suga apontou para as cordas do balanço, ao lado da casa com o escorregador.

As cordas estavam trançadas no desenho, mas eram lisas na realidade.

O garoto enrugou a testa confuso, amassando todo o desenho em seguida, jogando na grama.

Suga fingiu não se surpreender com a reação.

- Começa de novo. - Suga falou autoritário.

Ele sentiu o garoto se arrepiar, o corpo tensionado.

- Por que eu deveria ? - ele perguntou abrindo o caderno.

Suga deu de ombros, fingindo descaso.

Ele estava impressionado com quanto o garoto parecia mais maduro do que era.

- Você nunca vai se achar bom o suficiente, se não voltar e arrumar seus erros. - Suga respondeu honestamente.

- Você desenha? - O menino perguntou perdendo a pose revoltada.

Suga negou com a cabeça relaxando no banco.

- Eu escrevo. Comecei quando era novo. - ele olhou para o garoto que o encarava de volta. - novo como você. - ele terminou.

O garoto riu debochado.

- Escrever é coisa de gay. Escrevia o que? Poesia para meninas? - O garoto debochou ele, abaixando a cabeça quando Suga deu seu sorriso assassino.

O garoto poderia parecer mais velho, mas Suga era literalmente mais velho e sabia lidar com grosseria melhor que ninguém.

- Não acredito, você já achou o Rafe. - Jimin disse se aproximando, ao lado de uma senhora bem idosa, vestida com um hábito cinza e bege, daqueles que freiras usam

Suga olhou de Jimin, que parecia um filhotinho feliz, para o garoto.

Ele analisou melhor o garoto, notando uma marca roxa, quase preta em volta do pescoço, quase escondida por uma camisa polo listrada que já viu dias melhores.

Então aquele era o tal garoto?

Rafe era tão pequeno. Suga nunca pensaria que ele teria 12 anos.

O garoto era lindo, ele tinha os cabelos pretos e cacheados caindo nos olhos. Seus olhos eram um pouco puxados, porém ele com certeza era mestiço, pois tinha uma pele morena, os olhos arredondados e grandes, mostrando pupilas negras enormes. Os lábios grossos como os de Jimin e queixo fino.

- Rafael, vai fazer suas malas. Jimin vai te levar para casa. - A freira falou ríspida com o garoto, que tremeu com o tom da voz, finalmente parecendo uma criança.

Rafe olhou curioso para Jimin. Suga deduziu que eles deviam se conhecer das reuniões que ele oferecia na igreja.

Rafe sorriu para Jimin carinhoso. Com isso, Suga finalmente comprovou que não existe coração na Terra que não amoleça na presença de Jimin.

- Ah! E a propósito, Jimin é meu marido. - Suga falou sorrindo de forma maquiavélica para o garoto.

Rafe engoliu a saliva assustado, notando que tinha acabado de fazer merda chamando Suga de gay e o tratando mal, afinal a adoção era sua última opção para não acabar nas ruas, ou com um tio que aparentemente não era boa notícia.

- Vamos garoto, não temos o tempo todo. - A freira bateu palmas enxotando Rafe.

Rafe levantou com o caderno e o lápis grudado no peito, ele ia correr, mas travou virando para Suga.

- Desculpa senhor.

Suga bagunçou os cabelos de Rafe com um sorriso torto no rosto.

O garoto correu depois disso.

- Vou ver se ele não vai esquecer nada. - A freira falou se retirando.

Jimin sentou onde Rafe estava, com um sorriso largo no rosto, a felicidade contida.

- Ele parece um anjo. - Suga comentou distraído.

- A freira disse que acha que é por isso que deram o nome de Rafael para ele, por causa do anjo.

- Isso é papo de freira. - Suga resmungou.

- Ele não é incrível? - Jimin perguntou mudando de assunto ao virar de frente para Suga.

Suga suspirou, sabendo o tipo de problema que o garoto poderia causar com aquela personalidade, somado com um passado ruim.

- Ele é definitivamente peculiar. - Suga respondeu suspirando.

- Você viu que ele deixou você tocá-lo? - Jimin perguntou todo animado ao lado de Suga.

- Não amor, não tinha reparado. - Suga abraçou Jimin que mal conseguia parar no lugar com a excitação.

- Ele me lembra tanto você, quando nos conhecemos. - Jimin disse se afastando para olhar Suga com olhinhos apaixonados.

Suga sorriu de volta beijando o menor.

- Você é inacreditável Jimin.

Jimin sorriu com seu Eye Smile, quase fechando os olhos.

- Isso é algo bom?

Suga concordou com a cabeça, com o olhar perdido na direção do parquinho.

...

No carro, Jimin não parava de falar, virando a cabeça para trás na direção de Rafe, que se concentrava no caderno de desenho, vez ou outra enrugando a testa com o lápis na boca, tentando lembrar de algo.

Suga dividia sua atenção entre a estrada e Rafe, o olhando pelo retrovisor.

Ele virou para direita, saindo da avenida para uma estrada de Terra.

- Não é, amor? - Jimin perguntou esperando Suga responder.

Suga estava distraído olhando para Rafe. Jimin bateu no seu braço, chamando a atenção.

- Oi. Desculpa amor. O que disse ? - Suga perguntou dando atenção para Jimin que bufava perdendo a paciência.

- Estou dizendo que a Irmã Yang comentou sobre Rafe gostar de desenhar, pensei que podíamos colocá-lo em aulas de desenho.

Suga concordou em silêncio, vendo Rafe levantar a cabeça em choque.

- Poderiam? - ele perguntou animado, mas tossiu disfarçando a empolgação.

Suga enrugou a testa notando o comportamento do garoto.

- Vocês são ricos ou coisa assim? - Rafe perguntou debochando, como se odiasse gente rica.

Jimin não pareceu perceber, falando sobre escolas de arte pela região que ele tentaria inscrever o garoto, mesmo que o ano letivo já tivesse começado.

-...Mais um artista na casa, né amor? - Jimin terminou a frase olhando para Suga, que agora um pouco mais esperto, balançou a cabeça concordando para, seja lá o que for, que Jimin estivesse falando.

- Você é famoso? - Rafe perguntou curioso.

- Ele tem quase uma sala inteira de prêmios e não só como Suga, metade foi da época Agust D, também.

Rafe arregalou os olhos encarando Suga pelo retrovisor.

- Agust D, o rapper? - Rafe perguntou.

- Você conhece? - Suga perguntou, pensando com que idade o garoto ouvia aquele tipo de música, nada apropriada para crianças?

Rafe fingiu não estar abalado com a informação mais uma vez, dando de ombros enquanto olhava a estrada montanhosa pela janela.

- Um garoto órfão que dormia no mesmo quarto que eu, em uma das casas que morei temporariamente, me apresentou.

Suga concordou com a cabeça encostando o carro na entrada da casa.

- Wow. - O garoto arregalou os olhos para a mansão em que o casal tinha o levado.

- Essa é a casa de vocês? - Rafe perguntou ainda babando.

- É sua agora também. - Jimin falou amoroso saindo do carro para abrir a porta de trás.

Suga continuou sentado no carro. Rafe pareceu pensar em algo e rasgou a folha do caderno que ele estava rabiscando desde que entrou no carro, entregando para Suga antes de sair do carro.

Suga olhou o desenho, que era uma réplica exata do que ele tinha amassado há pouco tempo atrás, só que dessa vez a corrente do balanço estava exato ao que ele tinha visto no parquinho do orfanato.

Suga não conseguiu esconder o sorriso com o desenho. O garoto era talentoso.

Ele se assustou com uma batida na janela do carro, guardou o desenho dobrado no bolso do casaco, antes de descer.

- Irmão você tá ferrado. - RM falou se segurando para não rir da cara feia de Suga. - Aposto que quer fazer umas exceção. - RM falou entregando um copo com whisky e gelo que Suga ficou feliz em aceitar.

Suga foi caminhando para o banco embaixo da árvore no jardim com RM, ouvindo seu irmão falar animado das aventuras de Kyung, enquanto ele e Jimin estiveram fora.

Suga suspirou desanimado.

- Fala! No que está pensando ? - RM perguntou, notando que Suga precisava conversar.

Suga tomou um gole do Whisky, quase gemendo com a sensação antiga sendo reconhecida pela papilas gustativas.

Passou a língua pelos lábios e começou contar as coisas que pensava, seus problemas, suas dúvidas, inseguranças enquanto RM concordava com a cabeça fazendo um comentário aqui e ali.

Os dois relaxaram na espreguiçadeira compartilhando a visão do sol completar sua rotação, dando abertura para a noite começar seu turno.

Era só mais um dia que terminava para eles.

- Você acha que um dia, Jimin vai parar de mudar minha vida completamente, logo quando eu acabei de me acostumar com a última novidade? - Suga perguntou virando a cabeça na direção de RM.

- Você quer que isso aconteça? - RM perguntou levantando uma sobrancelha curioso.

Suga olhou para o lago, agora negro, à sua frente.

- Eu suponho que não. - ele respondeu distraído, pensando no quanto Jimin jamais deixou de o surpreender.

Suga chegou a conclusão de que sua vida jamais seria tediosa, enquanto tivesse Jimin ao seu lado.

Uma vez Suga disse para Jimin que não importava o título que ele desse para o que sentia por Jimin, o sentimento seria sempre o mesmo.

Ele estava errado.

Suga amava Jimin de tantas formas diferentes e conforme o tempo passava diante de seus olhos, ele via seu amor mudando de forma, Mutando, crescendo, aumentando e se transformando em algo mais.

Sim! Ele ainda era o Min Yoongi apaixonado por Park Jimin. Porém agora era como se ele não fosse mais uma pessoa em particular, é como se os dois tivessem se fundindo um ao outro, se tornando parte um do outro.

Duas pessoas, um mesmo amor compartilhado.

Suga aposta que se fosse uma Army escrevendo essa estória, ela os chamaria de Yoonmin.

Diferentes corpos , mesma alma.

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