Capítulo 06

Encaro-o em silêncio diante de mim, os seus olhos verdes me estudavam aguardando por alguma explicação que eu pudesse ter, teria alguma? Como explicar para alguém o que eu simplesmente sou? Os meus olhos vacilam encarando o chão, eu precisava dizer alguma coisa, tinha as palavras entaladas na minha garganta, elas simplismente não saiam, eu estava com medo da sua reação. Sarah pingarreou qualquer coisa quebrando aquele silêncio chamando a nossa atenção para eles.

— Bom, Igor nós vamos pegar os bilhetes, quando terminar a conversa encontra-nos na entrada do cinema. — Falou — Anda Josh vamos. — Ela ergue-se e a ele também, leio um pedido de desculpas mudo nos seus lábios, ambos afastam-se deixando-nos a sós.

— Então tu és gay? — Pergunta o meu irmão, ocupando a cadeira aonde minutos atrás a Sarah estava sentada, de frente para mim.

— Sim. — Digo firme.

— A Emy ou o meu pai sabem disso?

— Não, não acho que seja o melhor momento para contar, saberei quando chegar.

— Alguém mais sabe além de mim, da Sarah e do Josh?

— Não, isso muda alguma coisa entre nós? Digo na forma como tens me tratado até agora, ela vai mudar? — Pergunto receoso, a minha relação com o Noah mesmo que prematura era a melhor que eu consegui manter com os meus irmãos, perdê-la seria como retornar a estaca zero e ter que viver rodeado por leões, o seu rosto estava inesprecivo, sem deixar escapar qualquer sentimento ou emoção, vejo os seus lábios se comprimirem num sorriso.

— Claro que não. — Suspiro sentindo a sensação de alivio tomar todo o meu corpo. — O que tu fazes, ou o que tu és, não muda nada, não deixas de ser esta pessoa doce e gentil que estou a aprender a conhecer, embora eu ache que devias contar a Emy, tenho a certeza que não terá uma má reação.

— Eu sei... Talvez o faça depois do casamento. — Digo sob o seu olhar, a sua reação de alguma forma me intrigava, eu sei que ele é um cara legal, mas... — Porque não tem qualquer importância para ti? — Chuto a pergunta sem conseguir contê-la para mim.

— Devia? — Pergunta erguendo a sobrancelha.

— Não sei, é estranho estares a reagir desta forma, sei que é relativo mas a maioria dos hetéros não lida muito bem com isso, ainda mais sendo eu teu meio irmão, qualquer um pensaria que talvez eu tivesse desejos ocultos ou sentido atração por você...

— E estas? — Encaro-o vendo-o num movimento involuntário passar a lingua pelos lábios, engulo em seco sentido a boca seca, droga, o que eu estou a fazer?

— Não! — Digo, vendo o sorriso de canto surgir no seu rosto, evidênciando as suas covinhas, ele tinha covinhas? Sério isso, amigos ai de cima, porquê tanta provação? Vejo-o erguer-se dando a volta a mesa ficando diante de mim, eu sentado ele de pé, inclinou-se deixando o seu rosto a milimetros do meu.

— Bom, quanto a isso não precisas te preocupar, eu não sou hetéro, nem como a maioria deles. — Pisco repetidas vezes sem entender, como assim ele não era hetéro? — Sou bissexual.

— Bi isso significa que...

— Sim... — Disse aproximando ainda mais o seu rosto do meu. — Eu fodo com homens também. — Sinto o meu pau dar sinal de vida dentro da minha apertada calça jeans, uma onda de excitação atravessa todo o meu corpo, atingindo cada um dos meus pontos sensiveis.

— Ah... Ahm... Ok... — Digo enrolando as minhas palavras, sem conseguir esconder o nervosismo na minha fala, fujo da intensidade do seu olhar vendo algumas pessoas ali olhando para nós, imagino a quantidade de pensamento sujos e ofensas sordidas que vagavam pelos seus pensamentos. — Tem pessoas olhando, você pode... pode...

— Eu posso?

— Se afastar? — Completo. — Eles devem estar a minha espera. — Digo, vejo-o revirar os olhos contendo uma risada afastando-se de mim, solto o ar que não sabia que tinha preso nos pulmões, levanto-me e o fito. — Eu preciso ir.

— Tudo bem, depois continuamos a nossa conversa.

— Tudo bem. — Digo e sigo em direção ao cinema, paro a meio do caminho virando-me para ele. — O que fazes aqui? Não devias estar na universidade.

— Sai mais cedo. — Disse cruzando os braços sobre o peito. — Combinei com o Yuri de jantarmos juntos.

— Com o Yuri...

— Sim, se quizeres podes te juntar a nós depois do filme.

— Não obrigado, aproveitem, devem ter coisas para conversar e eu não quero incomodar, até a noite em casa.

— Até... — Disse, viro-me seguindo por fim ao encontro da Sarah e do Josh, encontrando-os na entrada do cinema como combinado, mesmo a tempo do inicio da sessão, veriamos um filme de terror, que apesar de ser o meu gênero favorito, não conseguiu atrair em nada a minha atenção pois estava totalmente voltada para o meu irmão, bi? O Noah? Meneio a cabeça em negação tentando afastar de mim a possibilidade de haver qualquer coisa entre nós, ele é meu irmão, e só me vê como irmão não? Se for isso, porque agil daquela forma?

— Igor, esta me ouvindo!? — Vejo as mãos da Sarah diante do meu rosto atraindo a minha atenção. — Tudo bem? Estiveste distraido durante todo o filme.

— Estou sim.

— Tem haver com o Noah? Eu sei que dei a maior gafe mais cedo, mas admito que passei o filme todo me roendo para saber como o boy reagiu a grande descoberta.

— Confesso que eu também. — Reforçou a Sarah. — Claro se quiseres contar.

— Reagiu bem, disse que ser gay não muda em nada o que eu sou ou a forma como ele me vê. — Digo ocultando a parte dele ser bi, afim de evitar um ataque cardiaco ao Josh e também por não saber o quão a vontade ele estava com a sua sexualidade para sair divulgando-a por ai.

— Que homem é esse mundo, sério que ele reagiu assim? —  Pergunta e eu assinto.

— Não me surpreende, o Noah sempre foi o mais centrado dos três, é carinhoso, gentil e atencioso.

— Homens assim são feras na cama. — Disse Josh — Imagino aquelas mãos me tocando e a sua piroca grande...

— Por Deus Josh! — Disse Sarah tapando a sua boca. — Me desculpem. — Pediu a senhora ao nosso lado que olhou-nos com estranheza, tapando os ouvidos da sua filha.  — Tenha modos.

— Deixa ele Sarah. — Digo sorrindo dos dois, será que a relação deles era sempre assim, tão verdadeira? Eles eram pessoas totalmente diferentes e no entanto entendiam-se perfeitamente, ou quase. — Então futuro cunhado, com qual dos meus irmãos tu queres ficar? — Pergunto.

— Não dá corda Igor... — Adverte a Sarah enquanto caminhavamos em direção a grande praça de alimentação. 

— Bom... O Ian, sempre despertou o meu interesse com aquele ar mistérioso a badboy, sempre me interressei em saber quais segredos ele mantinha guardado naquela trilha de pelos que vão do seu umbigo e desaparecem no côs da sua sunga nas aulas de natação. — Vejo-o suspirar com certeza imaginando a cena, e eu me pego imaginando-a também, realmente o corpo do Ian era bonito e aquele caminho secreto que fiquei a conhecer era tão inigmático como ele. Como será que ele esta? Levo os dedos ao pequeno corte nos meus lábios. Eu não devia ter dito nada.

O Noah, como dizia, homens calmos como ele são verdadeiras feras selvagens na cama, já tive um pequeno vislumbre dele comendo uma das suas ficantes no laboratória de informática e que negócio grande ele tem, bati uma no banheiro da universidade, me molhei todinho no dia seguinte quando nos esbarramos no corredor e recebi um dos seus sorrisos safados de menino travesso. — O Noah, será que aquela atitude foi realmente uma brecha? Poderia ser?

E o Yuri, imagina aquele monumento alto, exalando virilidade, sensualidade e dominação, fazendo-te não sentir nada além de submissão, aqueles olhos negros, aquela cara de mal, aquele corpo, que eu daria tudo para ver em cima de mim, suado, ô mundo. Confesso que me sinto mais atraido pelo Yuri, mas não nego o meu reguinho para qualquer um dos outros dois. 

— A quanto tempo os conheces? — Pergunto. 

— Alguns anos, vou pedir alguma coisa para comermos. — Disse Sarah levantando, afastando-se em direção a loja da McDonald's

— A Sarah hoje disse que já tiveste problemas com o Yuri...

— Isso foi no primeiro ano, entrei no banheiro e o encontrei, digamos que eu não consegui tirar o olho da sua piroca enquando era hábilmente manejada, isso me rendeu um bom hemátoma e muita dor de cabeça, eu acho que eu só uma especie de sádico, é normal eu ter sentido prazer na sua agressão? — Pergunta e eu rio da sua cara, uma figura e tanto.

— Não, o bom é que você não é normal. — Digo sem conseguir conter o sorriso imaginando a reação do Yuri, recebo um soco do Josh no braço.

— Valeu Apolo...

— Deixando eles para lá, como tem sido esta festa?

— De sabado? — Assinto vendo a Sarah se aproximar com os nossos pedidos, três refrigerantes, hamburgers e batatas. Josh leva uma delas a boca. — É muito divertido, faz-se uma grande fogueira, muita bebida, um dj sensacional, cada ano uma temática diferente, este eu não sei qual é, mas é o mais empolgante. — Disse dando um gole na sua coca.

— Tenho a certeza que vais gostar, será bom para conhecer novas pessoas, aproveito e te apresento o Matt, o irmão gato do Josh! — Vejo-o fazer cara feia com a menção ao seu irmão.

— Ele não disse que viria. — Ele diz seco.

— Vem sim, eu o convidei. — Diz Sarah, sendo fuzilada por Josh, ela ignorava o olhar assassino sobre sí. — Não me olha assim, ele também é meu amigo.

— Ele é um idiota, aquele cretino não é amigo de ninguém.

— Resolvam os vossos problemas e não me ponham no meio dos dois, já estou cansada de toda esta situação, sempre fomos nós os três e agora isso, resolveram brigar um com o outro e disputam a minha atenção.

— O que aconteceu entre vocês? — Pergunto.

— Ele é um idiota. — Murmurou — Preciso ir ao banheiro. — Levantou afastando-se de nós, vejo Sarah passar a mão pelo cabelo.

— Droga! O Matt é o irmão mais novo do Josh, eles tiveram um problema, foi ele que contou aos pais sobre a sexualidade do irmão, eles não reagiram muito bem a isso e o expulsaram de casa, eu sei que ele errou, mas são irmãos e ambos são meus amigos é lógico eu querer consciliar a situação.

— Ele ainda esta magoado.

— Eu sei... Mas também sei que não será por muito tempo, ele odeia deixar transparecer que as pessoas o afetam. Ele não esta irritado com o Matt, mas com os pais que não o apoiaram, nem o aceitaram como ele é  — Disse.

— Olhando para ele não parece ter todos estes problemas, esta sempre com um sorriso no rosto.

— Sim, ele sempre foi assim. —  Conversamos por mais alguns minutos até que o Josh regressou, estava totalmente diferente, com o mesmo humor de sempre, como se nunca se tivesse tocado naquele assunto, rimos e nos divertimos muito conhecendo um pouco mais um dos outro, cheguei a casa eram nove da noite, estava exausto.

— Oi mãe, Rodolpho. — Digo vendo-os na sala, estavam abraçados no sofá vendo um filme qualquer na televisão.

— Oi filho, como foi o seu dia? Se divertiu com os seus amigos?

— Sim. Vou dormir, tenho aulas amanhã e estou exausto.

— Tudo bem. — Disse.

— Descanse Igor. — Ouço o Rodolpho, assinto seguindo em direção as escadas rumo ao quarto totalmente vazio, tiro a camisa e a calça, pego a toalha e sigo para o banheiro, quando a porta é aberta por uma garota ruiva, vestia apenas uma langeri, e usava a toalha para cobrir os seios volumosos, vejo o Yuri, surgir atrás dela com um sorriso no rosto, os cabelos húmidos, usando apenas uma cueca boxer.

— Me desculpa. — Ela disse, a sua voz doce de certa forma me incomodou. — É seu irmão? — Pergunta para ele que dá de ombros e a pega por trás, encochando-a, as suas mãos tomaram os seus seios, fazendo-a soltar um gemido, os seus lábios beijam o seu pescoço.

— Não tens do que te desculpar, este quarto é meu e eu faço nele e trago quem eu quiser. — Disse fixando o seu olhar no meu.

— Para Yuri. — Diz desinvencilhando-se do seu aperto. — É melhor eu ir. — Fita-me e de seguida a ele passando por mim, vestiu a sua calça — Não precisa me indicar a saida. — Disse vindo até ele beijando-o. — Eu conheço-a muito bem. — Pegou a sua bolsa e saiu do quarto. Yuri volta-se para mim, lançando-me um olhar severo.

— Satisfeito?

— Com o quê? O show pornô que acabei de presenciar? — Pergunto. — Sei que o quarto é seu, mas por favor, poupa-me de ter que presenciar cenas tão tristes e explicitas. — Digo dando-lhe as costas entrando no banheiro, a tempo de ouvi-lo socar a porta atras de mim, sorri encostado a porta. Tomo um banho rápido, saio do banheiro secando os cabelos vendo o quarto vazio, sigo para o guarda roupa, pego uma cueca boxer e a visto, usando uma camisa como pijama. Fecho a porta do móvel vendo o Ian parado na porta do quarto, os seus olhos verdes me fitam.

— A quanto tempo estas ai? — Pergunto 

— Algum... — Disse, sinto o meu rosto corar de constrangimento. — Podemos conversar? — Pergunta, eu assinto vendo-o afastar-se da porta reduzindo a distância entre nós usava apenas a calça do seu pijama.  — Vim me desculpar pelo que aconteceu mais cedo, não devia ter acontecido e não voltará a se repetir.

— Eu já te desculpei, eu não devia ter dito nada, ainda mais num momento como aquele. A culpa não foi totalmento sua. — Digo, vejo o seu olhar em mim, aproxima-se diminuindo ainda mais a distância entre nós, surpreendo-me quando os seus dedos tocam o corte nos meus lábios.

— Desculpa-me por isso também.

— Sim... — Digo

O som da porta se fechando com brutalidade, atrai a nossa atenção, Ian afasta-se saindo do meu campo de visão permitindo-me vê-lo ali de frente para mim, engulo em seco, com o seu olhar felino sobre mim.

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