Quebraram o coitado de vez

As coisas andavam de mal a pior.

Era quinta-feira. Não na semana seguinte, mas na próxima, eram as provas do meio do ano. Eu havia me tornado quase um brinquedo sexual nas mãos de Tsukasa - mais do que eu já era antes. O trio-parada-dura continuou insistindo na festa do pijama.

Meu estado emocional e psicológico estava aos frangalhos.

Era como se ambos fossem uma passarela de vidro. O material rachou e estilhaçou-se, criando um campo minado doloroso. E eu era obrigado a andar descalço sobre essa "passarela" a todo momento, indo e voltando, obrigado a não derramar lágrima alguma e sorrir e gargalhar.

Acho que minha dor ficou palpável o suficiente.

Forçava a comida a descer por meu estômago enquanto olhava ao meu redor. Meu coração estava acelerado.

Nene fora ao banheiro e estava demorando. E Tsukasa não rodeava-nos no momento.

— Será que ela ' cagando ou desceu p'ra ela? — Sousuke levantou a questão, levando um tapa do namorado.

— Eu estou tentando comer! — "lembrou", vermelho como um tomate.

— Mano, todo mundo caga. E toda menina cis menstrua. Qual o problema?

— O problema é que eu acho nojento falar disso enquanto comemos. É uma hora sagrada!

Eu quis comentar algo sobre como atualmente eu passava 75% dos meus almoços comendo com uma imensa vontade de vomitar, mas engoli essa vontade com mais um bocado do meu almoço.

Não mais me aguentando de ansiedade, deixei minha marmita pela metade tampada e levantei.

— Eu também vo' no banheiro. Licença.

— Se você for pegar a Rabanete-chan, vão prum lugar reservado! — "aconselhou" Mitsuba, levantando outro tapa do parceiro.

Com as bochechas coradas (de vergonha e nervosismo), andei calmante até o primeiro corredor vazio. Depois, quando ninguém testemunhava minha ansiedade, passei a correr. Não foi difícil de achá-los.

— (...) Entende, Nene-chan~?

Escondi-me atrás dum corredor. Pelo volume das vozes, estavam há uns dois metros e meio de mim.

— Desculpa, Yugi-kun. Eu não sei o motivo do seu irmão estar mais distante de você, agora. Deve ser por terem trocado ele de sala. — falou calmamente Yashiro, o tom levemente culpado.

-
— Sério? Ele não te falou nada? 'Ceis parecem tããão próximos ...

Meu sangue gelou. Meu estômago quase devolveu meu almoço ali mesmo.

Ah. A gente se dá superbem, eu não vou mentir! Só que ... — uma pequena pausa, e eu tinha quase certeza de que ela estava agarrando a barra da saia com nervosismo, como sempre fazia — ... Ele nunca me conta nada. Nadinha de nada.

O gelo derreteu, e não consegui decifrar o sentimento que apossou-se do meu peito.

— Sério? Ele não te falou nada?

— É. Ele não gosta de falar sobre si mesmo, pelo que parece. Mesmo que saiba bastante sobre mim e os meninos.

— Não achei que o meu maninho fosse babaca assim!

Cerrei os punhos e travei a mandíbula. "Eu posso ser muitas coisas de ruim, mas o único babaca aqui é você!"

— Eu não diria que ele é babaca, Yugi-kun ...

— Pode me chamar de Tsukasa-kun, Nene-chan! — pediu, e pelo som deduzi que ele se agarrou nela no abraço evasivo exclusivamente dele.

— Eu ... eu prefiro te conhecer melhor antes disso. — "negou" a aproximação, e o som denunciava que ela se desvencilhou do agarre.

Percebi que era a minha deixa para dar no pé.

Comecei a andar de pontinha para não fazer barulho.

— Hmmm. Então acho que vo' ter que passar mais tempo com você. Sabe. Para criar essa intimidade que você diz faltar no momento ...

Quase perdi o equilíbrio e caí. Vi minha curta e trágica vida passar diante de meus olhos. Minha cota de gentileza do ano inteiro se foi naquele momento.

— ... Talvez, Yugi-kun.

Não sei descrever com exatidão o que aconteceu em seguida.

Fingi ir ao banheiro e topar com ambos. Tsukasa deu qualquer desculpa para ficar sozinho comigo. Nene sorriu-me doce antes de ir. Quis implorar para que ficasse comigo, mas me contive.

Meu irmão puxou-me para o banheiro masculino e trancou-nos numa cabine. Ele enfiou sua língua na minha garganta antes que eu pudesse invocar a Loira do Banheiro para me proteger.

— Você parece gostar da Nene-chan, Amanee ... — sussurrou, rouco, mordendo minha orelha.

Engoli a bile que queria sair. Respirei antes de responder:

— É atuação. O Tsuchigomori parou de encher o saco depois que eu comecei a fingir.

— Uuh. Certeza? Ela é muito gata e fofa ... — passou a língua pela artéria do meu pescoço vagarosamente.

— Garotas fofas não são o meu tipo. — menti.

— E você não falou nada para eles, não é? — subiu as mãos por debaixo da minha camisa, arranhando-me.

— Não. Eu nunca falo nada de mim.

Essa era uma meia verdade ...

Tsukasa me deu um beijo molhado antes de sair, e nem olhou-me ao falar com a voz maliciosa:

— Boa, Vadiazinha.

Meu estômago embrulhou de vez. Não aguentei daquela vez: vomitei tudo o que comi do almoço.

"Vadiazinha".

Era isso que eu era. Uma boneca sexual. Um nada.

Saí da cabine. Olhei meu reflexo no espelho, vendo minha palidez e olhos marejados. Notei minha tremedeira.

Enxaguei a boca e lavei o rosto. Respirei fundo para acalmar meu coração e a tremedeira.

"Vadiazinha".

Caminhei lentamente até onde meus amigos comiam. Eu estava surtando.

— Tudo bem, Hanako-kun? — questionou Yashiro, preocupada.

Forcei um sorriso e assenti. Não confiava em minha voz. Voltei a tentar engolir meu almoço.

— E aí? ' vai na nossa festa do pijama? — perguntou o loiro, esperançoso.

"Vadiazinha".

— Se a minha mãe deixar ...

Eu não estava mais aguentando. Eu precisava ficar longe do meu irmão.

Mesmo que isso tornasse-me um egoísta e colocasse meus amigos em risco.

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