Este é o Tsukasa. Ele gosta de abraços, e não precisam ser quentinhos.
Eu não sei se o meu irmão descobriu que eu me importava com a Yashiro ou se o tesão bateu, mas ele pegou pesado comigo na semana seguinte. Tanto que eu tinha que abotoar a camisa no último botão para não notarem as marcas de mordidas na curvatura do meu pescoço. Também usava blusas de gola fechada ou alta para dormir e evitar que meus pais suspeitassem de algo.
Cheguei a pensar que ele ia me forçar a ... aquilo. A mera possibilidade me fazia ter que engolir o vômito.
Esse era o menor dos meus problemas no momento.
Tsukasa estava bem à minha frente, seu sorriso cheio de falsa inocência estampando seu rosto. Na hora do almoço. Com o trio de pessoas que mais chegava perto de amizade que já tive nos últimos três anos, sendo uma integrante a minha primeira crush.
É. Eu estava fodido. E nem que fosse do jeito bom eu iria querer.
— Então 'ceis são os amigos do Amanee? — questionou, a voz fina e fofa — Posso almoçar com vocês hoje e conhecer todo mundo?
Meu sangue gelou. Engoli o pânico e tentei parecer o mais natural possível:
— Tudo ok por vocês, galera?
— Se ele não for alimentar seus sonhos pervertidos com a minha fofura ... — deu de ombros Sousuke, sorrindo ladino.
"Ah, ele vai. Se nem o irmão se salva, quero nem saber o que ele faria com você."
— EBAAA! — exclamou, "se jogando" sentado bem na minha frente, entre o Minamoto e a Nene.
Comer meu almoço sem parecer estar tendo um ataque de pânico ou vontade de vomitar nunca foi tão difícil.
— E aí? Quais os seus nomes?
— Eu sou o Kou Minamoto. O de nariz empinado ali é o meu namorado, Mitsuba Sousuke- ...
— Hey! Isso é bullying com a minha adorável pessoa! — interrompeu, indignado.
— ... E eu sou Nene Yashiro. Prazer! — terminou a apresentação, sorrindo doce.
Dando seu ímpar sorriso doce para o cara que era a razão de pelo menos metade da desgraça que me acontecia.
— Prazer, fofa! — puxou-a para um abraço apertado sem o menor aviso, cutucando sua bochecha com o indicador — 'Cê é muito bonita~!
Ela estava visivelmente desconfortável tendo seu espaço pessoal violado daquela maneira, mas era gentil demais para reclamar.
Sorte que eu não era.
— Cara, solta a mina. Vão te acusar de assédio depois.
"Não que as acusações não seriam verdadeiras ..."
— Humf. 'Tá bom, vai. — soltou a loira-platinada, catando seu almoço — Que fomeee!
Dei o meu máximo para participar das conversas na mesma frequência de sempre. Levantar suspeitas não era uma opção.
E, para o meu azar, o trio-parada-dura pareceu gostar dele. E a Yashiro riu de todas as bobagens que ele fez, apesar de evitar as tentativas evasivas de contato físico.
Isso me deixava puto. E com ciúmes.
Deixava-me muitíssimo putiumento.
E me encontrava 1000% ciente de que Tsukasa estava analisando cada movimento e fala e reação minha. Por sorte, eu era um bom ator e sabia incorporar minha personagem muito bem.
— 'Ceis são legaiiis! — falou, levantando — Ainda bem que o meu Amaneee tem amigos legais, agora!
— Valeu, cara. — agradeceu o loiro.
— Booom, eu já vou indo. Tenho que falar com alguém antes do sinal bater. Bye-bye, amores e amora~!
E saiu saltitando como um filhote de gazela.
Para a minha surpresa, o trio-parada-dura suspirou com alívio numa sincronia quase ensaiada.
— Não suporto ver gente tentando ser mais fofa do que eu. — declarou o rosado.
— 'Pera ... vocês não gostaram do meu irmão?
— Não leva pro lado pessoal, mas ele ... é meio infantil demais. E força um pouco a barra. — admitiu o Minamoto, tentando não soar rude.
— A gente prefere o nosso Hanako-kun. — "resumiu" Yashiro, sorrindo doce.
Também sorri, o peito quentinho.
Ok. Eu admitia. Eles não eram mais uma forma de despistar o Tsuchigomori. Eu realmente me importava com eles.
...
Quando o professor Aisawa chegou na sala, percebi que Nene segurava um bilhetinho e passava para mim por debaixo da minha mesa.
Desdobrei, notando como a caligrafia dela era caprichada. Senti minhas bochechas arderam e meu coração acelerar com o que estava escrito.
"Cá entre nós, Hanako-kun, o seu abraço é mil vezes melhor do que o do seu irmão. Esse é o nosso segredinho, ok? Dois beijos!"
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