Epílogo
Passava o álcool com o cuidado de quem sabia como era estar no lugar de quem era cuidado. Isso não queria dizer que deixava de haver dor, mas ainda era bem menos pior.
— Me poupe das desculpas de que 'cê "caiu da escada", por favor. — pedi, encarando o azulado aos olhos — O que aconteceu de verdade?
Nagisa permaneceu em silêncio, a expressão denotando apenas como o álcool em contato com suas feridas ardia.
— Sua turma toda gosta de você, e o pessoal das outras não têm motivos para te machucar. Você não brigaria na rua a não ser que fosse estritamente necessário. Ou é algo na sua casa ou algum valentão de fora, o que é menos provável.
— Por que quer me ajudar, Yugi-sensei? — questionou, a expressão ainda vazia.
— Fora o fato de que você tem um potencial do caramba e o que quer que esteja acontecendo contigo 'tá atrapalhando isso? — pontuei, passando a fazer um curativo em suas feridas — Quando eu tinha a sua idade, um professor enxerido se meteu nos meus problemas e acabou salvando a minha vida. Se não fosse ele e a minha esposa, eu teria cometido suicídio antes de terminar o ensino médio ou afundado em depressão. Quero evitar que o que aconteceu comigo aconteça com meus preciosos alunos.
O silêncio estendeu-se até que eu terminasse os curativos. Tornei a falar, a voz branda:
— Eu sei que é difícil se abrir, então não vou te forçar. Mas, por favor, se tiver qualquer coisa que eu possa fazer p'ra te ajudar, me peça. Combinado?
Finalmente abriu um esboço de sorriso. Eu, com meus anos de prática em sorrir falso, podia dizer que havia sinceridade no gesto.
— Sim, Yugi-sensei. Combinado.
Sorri de volta, terminando os curativos. Saímos juntos da minha sala. Vi uma cabeleira vermelha ao longe e meu sorriso tornou-se perverso.
— Oe, sabia que eu não tive coragem de falar nada até conhecer a minha esposa?
— Hmmm ... não? — respondeu, confuso.
— Pois é. Acho que o amor salva muita gente.
— Onde quer chegar?
— Nagisa! — praticamente gritou o dono da cabeleira vermelha — Vamo' logo que o volume 18 de Star Treck lançou hoje na livraria!
— 'Tô indo, Karma! — respondeu, ajeitando sua mochila, mas eu segurei-o pelos ombros — Que foi, Yugi-Sensei?
— ... Será que você já achou a pessoa que te dá coragem? — sussurrei-lhe, olhando descaradamente o Akabane.
A compreensão passou por seu rosto junto da vergonha.
— Y-Yugi-Sensei!?
— Se a coisa ficar "picante", lembre-se sempre das minhas aulas de educação sexual. — pedi seriamente.
— Como é que é!?
Ajudar meus queridos pupilos era meu trabalho e também divertido, mas azucrina-los conseguia ser melhor ainda!
...
Destranquei a porta e entrei, tendo minhas narinas invadidas pelo aroma de comida caseira delicioso. Andei silenciosamente até a cozinha, amando ver como minha amada esposa parecia calma e adorável cozinhando o jantar enquanto murmurava uma melodia qualquer.
Ainda sem fazer alarde, caminhei até ela e só falei quando minha boca estava quase rente à sua orelha, sem no entanto toca-la:
— Voltei, Minha Estrela.
Ela deu um pulinho para o lado pelo susto. Revirou os olhos ao perceber que era apenas eu.
— Não se assusta uma mulher grávida, Hanako-kun! — bronqueou sem estar brava de fato.
— Relaxa que eu não ia fazer nada que tivesse chance de machucar a nossa princesinha e muito menos a minha rainha. — falei, abraçando-a por trás para acariciar seu ventre protuberante.
Seus músculos relaxaram, e descansou a cabeça sobre meu ombro.
Era nessas horas que eu agradecia a todas as entidades superiores existentes por conseguir ser maior do que ela com o passar do tempo.
— Não quis esperar eu chegar? Eu podia fazer o jantar p'ra você, Nene.
— Quis me mexer um pouquinho. E eu achei que você anda dando mais que recebendo nos últimos meses. — explicou, e meu coração deu uma acrobacia suicida em meu peito.
— 'Cê 'tá carregando a nossa filha na barriga. O que mais eu poderia receber nesses nove meses?
— Um mimo ou outro de vez em quando?
— Você que deve ser mimada nesses nove meses.
— Mas eu quero mimar o meu marido em troca.
— Nene ...
— Confia em mim. Você merece.
Suspirei pesarosamente, sabendo que ela não desistiria daquilo. Então, só pus-me em frente a ela e a beijei com carinho.
— Eu te amo, Minha Estrela.
— Eu também te amo, Hanako-kun.
Agachei-me perante o ventre dela, acariciando-o.
— O Papai também ama muito você, Chika. Eu vou cuidar muito bem de você e te ensinar um montão de coisa legal.
— Amane, daqui a pouco você vai chegar a latir de tanta cadelice. — riu-se Nene.
— Não me importo. E você bem que gosta, Minha Estrela.
— ... Talvez.
...
— Sabia que existe um tipo de estrela que, se você olhar mais de perto, vai ver que na verdade são duas estrelas girando uma ao redor da outra por estarem muito próximas e a gravidade puxa uma a outra?
— Hmm ... já ouvi falar. — "menti" para que ela ficasse mais alegre, sabendo como ela gostava de falar sobre o que aprendeu e descobrir que a pessoa era leiga sobre o assunto — Por quê?
— Você e a mamãe são assim!
Aquilo me pegou de surpresa. Sorri, bagunçando seu cabelo curto preto como o meu.
— Então você me considera uma estrela, também? A Mamãe não vai ficar com ciúme?
— P'ra que ciúmes quando é a pura verdade?
Virei, vendo minha (MINHA) esposa sorrir depois de fazer tal pergunta retórica. Ela sentou conosco sobre o cobertor roxo de estrelas onde observávamos o Cosmos pelo telescópio que ganhei tantos anos antes. Ela trouxe donuts.
— Já te disse como você está maravilhosa esta noite, Minha Estrela?
— Hmm, não. — sorriu doce, as bochechas rosadas.
— Você está maravilhosa, Nene. — declarei, apoiando a cabeça sobre meu punho fechado e olhando-a como se ainda fôssemos adolescentes no Ensino Médio.
— Eca. Peguem um quarto. — reclamou a única criança presente, fazendo careta.
— A dois segundos atrás, você falou que a gente era duas estrelas girando uma na órbita da outra e agora isso? Se decida, Chika. — pedi, rindo.
— Aquilo esgotou minha cota de melodrama da semana. — deu de ombros enquanto voltava a mexer no telescópio.
— ... Nene, é normal crianças de sete anos saberem o que é "melodrama"? — questionei com seriedade.
— Ela explica como dá p'ra uma estrela ser duas que giram uma ao redor da outra e você se surpreende por ela falar "melodrama"? — pontuou, levantando uma sobrancelha em ironia.
— É, 'cê tem razão.
— A Mamãe tem sempre razão, Papai.
— Nunca duvidei, Chika.
E assim passamos a noite toda admirando o Universo tão vasto e bonito que tanto amo. Chika parecia tão apaixonada por ele quanto eu, e isso deixava-me mais que orgulhoso. Nene adorava ouvir-nos falar sobre cada corpo celeste que conseguíamos puxar da memória enquanto brigávamos pelo último donut.
Minha vida agora era perfeita, e tudo que precisava fazer era confiar que nós três venceríamos o mundo juntos.
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Palavrinhas rápidas:
Agora acabou de vez :)
ENFIEI KARMAGISA NO MEIO PORQUÊ EU SOU A LEI NESSA BAGAÇA!!
Alguém mais amou a Chika? Porque eu amei! Precisava de momentos fofos em família p'ra fechar com chave de ouro encrustada em diamantes.
Estou planejando uma fic Mitsukou, mas não tenho nenhuma ideia de quando vou conseguir postar. No entanto, talvez saia algo de Haikyuu na próxima semana. Hehe
Muito obrigada por todo o carinho e apoio que me deram no decorrer da fic. Vocês são demais!
Beijos e roteiros,
Aliindaa.
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